Poemas

Subverti a rima, perdi o rumo
E fiz o verso torto, sem tema
Limei a métrica: não saiu poema

Subsisti à sombra, na seca
E fiz da retórica minha temática
Li e reli: não virou poesia

Suspendi a letra, sequei a verve
E dispensei as palavras tolas
Literalmente zerei aqui.

Subsistirá a história, o enredo
E a paixão extrema sem freios?
Li e reli o poema. Faltou você ali

que mulher tesuda
de fibra
que vibra e me faz feliz

que reluz como ouro
que seduz
com seu corpo moreno

que me dá seu veneno
aos poucos
e vai me deixando
torto

que mulher maluca
que me chama pra si
que me atiça
me eriça e me deixa assim

que mulher sacana
que me doma
me ensina
e me prende entre

me toma pra si e me diz: É assim

Se fosse chegasse assim bela
na minha janela
com esse corpo teso
e esse sorriso sincero
eu te colocaria dentro
e passaria a tramela
faria do teu corpo meu horto
minha morada
te beijaria inteira
te faria princesa
nem puta nem senhora
mas uma senhora mulher

te faria ainda se sentir menina
dessas sapecas
alisaria teus pelos
entraria em teus meios
com jeito e carinho
beijaria teus seios teus lábios
acho que depois não teria adeus
nem seria você pedra no caminho
seria sim água, rio, nau

te beberia a toda hora e navegaria-te todo dia

O amor uma vez chegou a mim
Achei que era verdadeiro e mutuo
Me enganei mais uma vez...
Ele foi arrasador em sua chegada
E devastador em sua partida
Trouxe a tona sentimentos antes adormecidos
ou nunca demostrados
Foi simples e sincero,
Acolhedor e inocente...
Agora uma parte dele se foi
Ficou apenas as lembranças de momentos felizes
Do meu auto-conhecimento
e do amor perdido
Desta vez não chorei...
Mas ainda quero um amor...