2º Concurso Literário de 2007 " o amor de uma morte"

"Era já perto das 21h, quanto tudo aconteceu...
Agora que penso nisso, nem vontade tenho de pensar, viver, falar, rir ou sorrir...
Cada palavra que digo é como uma faca a apunhalar-se em mim mesma... sinto um vazio tão grande...
Cada recordação que tenho, é como o destruir do meu coração, lenta e calmamente, cheio de dor e melancolismo...
Cada pensamento que tento fazer, é como o reviver por tudo aquilo que já passei...
Cada segundo sem ti, é como o sufocar nas águas profundas do oceano..."

Primeiro Livro editado por Joana P.C.

Foi num jogo de futebol, onde Hugo conheceu Joana, ela estava sempre a ir vê-lo, nos treinos, nos jogos, sempre que podia ia vê-lo... ao início por pura apreciação... mas depois porque algo nascia dentro dela, algo forte, algo incontrolável...
Hugo, um rapaz de olhos pretos, estrutura mediana, moreno, com um físico bem estruturado, desde o primeiro dia que vira Joana também não deixava de pensar nela, ao principio por achar piada aquela "pequena perseguição", mas depois a troca de olhares entre os dois aumentara, e Hugo ficou também fortemente apanhado pelo doce sorriso da Joana, pelos seus olhos verdes esmeralda que faziam qualquer pessoa voar, pelo seu cabelo livre ao vento, pela sua pele morena, por tudo...
Quando se conheceram, foi um momento único, Hugo só pensava: " nossa, como pude eu estar tão cego durante este tempo todo, e não ter conhecido esta ninfa mais cedo?"… eles a partir desse dia passavam o tempo todo juntos... passou um ano... e com o decorrer do tempo eles conheciam-se cada vez melhor, tinham vidas muito diferentes, mas aceitavam o que cada um fazia... ao fim desse mesmo ano, começaram finalmente a namorar.
Parecia que tudo estava bem...mas algo ia mudar... a sorte dos dois, podia agora deixar de ser sorte e passar a azar....
Foi então que no aniversário de um mês de namoro, quando Joana e Hugo iriam festejar a tão nobre amizade e relação entre os dois, que uma tragédia aconteceu.
Ia Joana no carro com o primo, em direcção a casa do Hugo, e este ia num carro atrás, com a mãe, e com o seu melhor amigo, que também era amigo de Joana...
A casa do Hugo ficava numa rua com sentido único, e como era noite, não se via bem a estrada, Joana e o primo encostaram o carro para que a mãe do Hugo pudesse passar para a frente e assim conduzi-los até sua casa quando... entra em sentido contrario um carro, onde o condutor ia completamente bêbedo... foi tudo tão rápido que o Hugo, a sua mãe e o seu amigo pouco perceberam, pois quando viram o carro em contra mão, a altas velocidades, este já tinha ido contra o seu carro, e provocado um enorme acidente.
A pobre Joana, que assistia a tudo, não conseguiu reagir. Deste modo o seu primo, pegou nela para a afastar da explosão que se seguiu com os dois carros que tinham colidido.
Hugo, a sua mãe e o seu melhor amigo, morreram então nessa noite.
Joana que era uma rapariga sempre alegre, divertida, espontânea, uma pessoas que estava sempre a rir, que tudo o que sabia devia a ela mesma, que sempre aprendera com os seus próprios erros, deixou de sorrir, deixou de ter o brilho alegre no olhos, e passou a ter os olhos com um brilho de que precisa de choro que continha a toda a hora por não o querer fazer, um brilho que nunca ninguém nem nada apagaria.
Joana a partir da morte do seu grande amor nunca mais foi a mesma, assistir a alguém morrer daquela maneira já é aterrador, quanto mais, sendo a pessoa que se ama realmente.
Por isso, Joana para tentar deixar as suas lágrimas de lado, e continuar a tentar viver a sua vida, começou a escrever, mas a escrever com tamanho sentimento, que cada palavra que escrevia era uma dor diferente, era como se ela tivesse em si a dor de toda a gente que existe no mundo, mas os livros eram tão bonitos tão ternos, que ela não se importava de passar por tamanha dor, desde que a partir da sua dor, da sua melancolia, fizesse alguém sentir o que ela em tempos tinha sentido, o AMOR.
Mas Joana sabe que mesmo nos dias de hoje, Hugo, que se tinha transformado num belo anjo, todos os dias ele desce dos céus para a vir ver...Continua a olhar para ela com amor, alegria e dizendo para si próprio: Ela vai ser feliz! Ela vai ter um grande homem á beira dela no futuro... Só espero que aquele homem lhe possa dar o que eu não lhe cheguei a dar.
E se chegar a ter filhos e um deles seja homem, que ela lhe ponha o nome de Hugo em minha memória, para que ela saiba que eu sempre a amei. E sem Joana perceber, todos os dias, Hugo desce dos céus para lhe dar um beijo de bom dia e um beijo de boa noite, mas mesmo lá em cima, o próprio Hugo nunca tira os olhos dela.

A. C. *