José Roque e Mariquinha

Surpreza...Grita Zé Roque
Para assustar a mulher.
Mas, ele é quem toma um choque
Que trava o dedão do pé.
É que pra sua tristeza,
Em vez de fazer surpreza,
Foi ele o surpreendido.
Chegou em casa mais cedo,
E viu que a mulher sem medo,
Tava com outro marido.

Perguntou: o que é isso?
Que eu agora estou vendo.
Eu juro por padre ciço
Que vejo, mas não tou crendo.
Vamos Mariquinha explique,
Quem é este jovem chique.
Responda a mim por favor.
Que agora está aí,
Na minha cama a dormi,
Contigo fazendo amor.

Mariquinha revoltada
Disse:você quer me ouvir,
Eu sou uma mal amada
Que você tá vendo aqui.
Este moço que voçê,
Só falta pouco morrer,
Vendo ele em minha frente.
É um coitado andarilho,
Sem pai, sem mãe e sem filho,
No mundo é um penitente.

Estava sujo na rua
Ardendo de sede e fome,
Pobre com a peile nua
Se quer parecia um homem.
Então composta de pena,
Vendo esta peile serena,
Entregue a fome e ao pavor.
Dei a ele a refeição,
Que eu fiz de coração,
Porem, voçê não jantou.

Dei a ele aquele dinz
Que em te não cabe mais.
A loção fina que o rinz
Sentindo o cheiro tem pás.
A blusa fina de lã,
A jaqueta eo raibâ,
O seu perfume importado.
O sinto de couro fino,
Depois um banho divino
Para ficar perfumado.

Então, quando ia embora
Olhou sorrindo pra mim.
Disse diona, fale agora
Se ainda há algo em fim
Que o seu pobre marido,
Dele já tá esquecido,
Porem, algo que me empolgo.
Então, eu nem exitei,
A minha roupa tirei,
Peguei o moço e dei logo.