Ladislau Catuna

Foto de Jorgejb

Ladislau Catuna era um homem vulgar, tão vulgar que passava despercebido no seu pequeno mundo. Tinha todos os dias o seu momento, quando à noite se aventurava na rotina da bica depois do jantar, era já costume de anos, a pança encostada ao balcão, um múrmurio arrastado para a empregada: - uma bica por favor, a moeda já pronta nas calças, para trocar com a mão estendida, e um "não preciso de açúcar" - arrematado da mesma forma, desde que por ali juntava os pés.
De repente, quis meter assunto com toda a gente: - O assunto era a compra de um computador; que o tinha já comprado, bom preço, topo de gama, cheio de uma memória de muitos bites, como se houvesse nele alguma memória armazenada, tão fugazes eram os seus encontros e os seus desencontros. Os outros anuiam com a cabeça, para que depressa pudessem voltar a outros sons mais agradáveis.
De um dia para o outro, nunca mais o viram, o café deixou de ter a sua desnotada presença. Enterrava-se em casa, numa esquina do corredor onde colocara o tal computador, aprendeu a linguagem dos chats, de todos os sítios onde se podia introduzir sem grandes dificuldades, e então a verborreia foi crescendo. Adorava poder castrar e corroer os outros, esganava os pensamentos que não os seus, deleitava-se na provocação e na ordinarice, dando um ar de superioridade intelectual que provocava a risota e a pena, e ao mesmo tempo a necessidade de o poder enfrentar físicamente e dar-lhe cabo daqueles cornos duros, que concerteza teria. A principal causa era de quem aturava a sua arrogância, as falsas distâncias que continuamente criava, apenas porque não conseguia viver longe dos outros, porque as únicas coisas que lhe provocavam ínfimas descargas de adrenalina, eram a provocação, a ordinarice, o linguajar por dá cá aquela palha, as falsas pretensões a intelectualóide de esquerda.
Nunca ninguem encontrou o Ladislau Catuna, nunca ninguem o pode confrontar, aprender-lhe as manias, desfeitiar-lhe os dentes. Por detrás daquele computador, era a alegria do clandestino, do que escreve nas paredes à socapa da noite, ou nos WCs das estações, coisas sem sentido, sem mais nenhuma perspectiva que não, odiar-se e odiar o Mundo.
Um dia os bombeiros foram chamados a casa do homem. Pois que cheirava mal, não se ouvia barulho, alguma coisa se devia passar. Quando conseguiram arrombar a porta, Ladislau Catuna, estava imóvel, a cabeça enterrada no teclado, os cabelos sebosos pegados ao visor do PC. Ali tinha morrido, sem queixumes, sem respostas. Uma página inteira num chat qualquer, riscava ainda a tecla onde tinha aterrado a sua penca ranhosa, um contínuo ponto de interrogação, com o qual se libertara deste mundo. Vai em paz Ladislau, ninguém dará pela tua falta.

Fóruns: 
Foto de Anjinhainlove

Que conto deprimente, hein?
Realmente há dessas pessoas no mundo que nunca aprendem a arte de socializar e nunca são felizes, metem dó...
Gostei do seu texcto, tem coerência!
Parabéns!

Porque mais lindo que o amor, é só mesmo escrever sobre o amor:

Cheila Pacheco

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma