Não foi desta
Não é demais dizer que te amo.
Se não, então estou obcecado.
Esta falta de inspiração não tem outra explicação.
É nestas linhas que ela se manifesta.
Forço-me a escrever mas não estou obrigado.
É que tinha tanto a dizer mas não estou lembrado.
É uma festa.
Mas eu sei que não é demais dizer que te amo.
Senão, porque é que ainda estou acordado?
É que um coração nunca se empresta.
É como um isqueiro estrelado.
Mesmo que tenha pouco gás convém tê-lo por perto.
No bolso, longe do peito.
Longe do fogo.
Sempre mantendo a distância segura e honesta.
É por isso que não é demais esta falta de inspiração.
É nestas linhas que a vontade aperta.
E é precisamente nesta que eu te amo.
Nesta obrigação de que não estou lembrado.
Em que me empresto feito escravo.
É que eu tinha tanto a dizer
Mas por não ter explicação,
Não foi desta.
(Poema não concorrendo)
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