Nômade

Nômade

Pela manhã, ao partir,
faz dos deuses tuas criaturas,
antes que, à tarde,
os deuses dos outros te condenem.

Acarinhando palavras,
abandona trincheiras,
muda de crenças,
parte na trilha que te leva à tenda silenciosa das coisas
"carregando as próprias fronteiras".

Ao escolher entre os deuses e os homens
escolhe a terra,
te prende à vida,
te gesta semente e fruto,
escuta os jacarandás que na primavera
não contempla a glória divina,
nem no outono imploram a vida eterna.

Resiste às cores da esperança
antes que se atrelem aos sonhos dos outros
e seus caminhos de salvação.
Não entenderás tido de repente.
O vento não sabe das velas,
o sol não sabe da flor.
não te apresses.

Colhe o sabor de cada dia
nos pomares e acenos.
Não nos altares.

Que o ruído de crenças
na direção do poente,
não te impeçam de criar o ritmo dos teus passos.

No caminho,
a louquice,
andar sonhando;
sem deixar que os teus sonhos permaneçam longe de ti.

Se bater o tédio,
transforma em abraços.
Como o vinho,
faz sonhos do bagaço.

"Tanto mar te dê vento e vela
ou razão para ficar".

Edbrito