Uma gota de sangue assina a carta

Foto de Thathá

Entre lágrimas, fechou-a, enfim despediu-se.

Remeteu-a a uma tarde tão conhecida e vasculhada, de onde talvez tudo tenha partido, neste mesmo instante, ou simples confusão de sua mente.
Sempre envolta em suas inertes torturas de auto-afirmação e certezas vazias tão verdadeiras quanto uma doce mentira.
Conheceu-o de súbito modo, imperceptível ardor que começara a percorrer-lhe o sangue.
Ele lhe percebeu e compreendeu os sinais que ela emitia inconsciente.
Nascera um legado de lembranças que agora ela tenta esquecer.
Ela buscava negar a si mesma, em vão, desesperava a procurar lúcida explicação, porque não se reconhecia diante dele. Em contrapartida ele não procurava entender, pois buscava somente uma forma de poder brincar com ela, subestimando a força de seu sentimento nascente.
Impossível apenas se encontrar, deixando para trás as experiências vividas, talvez isto fosse algo benéfico, que ela não pôde compreender.
Ela buscava algo que a completasse, cometeu o erro da denominação perfeita àquele.
Ele, de uma visão externa, estava modificado, irreconhecível para os seus, talvez buscando algo para buscar, para construir.
Envolta em sonhos, se entregou por completo, entrelaçou-se tão profundamente que se tornara irreversível
Enquanto tudo permanecia bem, um universo independente para os dois. Lindo conto de fadas de final shakespeariano em dura realidade, em uma tempestade de uma comédia de erros.
Estranho desejo ela possuía, de complicar o tão simples.
A ‘razão’ era ele, ao menos, era o que ele esperava que fosse. Ela: a ‘emoção’ do ardor de Afrodite, inútil no momento mais necessário.
Amor de inverno-primavera, no aconchegante envolver mútuo de almas, findado num verão de atitudes fugazes e decisões inconseqüentes por toda a existência. Mas, as melhores que se pôde tomar.
As declarações de afeto ditas sussurradas, nos íntimos momentos, ainda a faziam estremecer. A simples presença dela , o instigava a agir. Construiu-se uma cumplicidade indissipável, irreversível a ambos.
Uma história construída dia a dia onde o entender tomou uma prioridade secundária, sendo substituído pelo que aprendera com ele: viver! Desfrutar o sabor da vida, descobrir uma positiva em seu submundo interno.
A companhia de um dava suporte à necessidade mútua, intransitiva do outro.
Cúmplices de um desejo, cúmplices de um mesmo segredo, decifrado num terno olhar, cúmplices de um mesmo pecado e condenados pelo mesmo crime.
Inconseqüência de um desejo que não se reprime, não se julga, e, com o qual ela não se conforma!
Matando uma história interrompe-se o processo, exaure novas possibilidades.
Ela, um repleto de sonhos que não desejava, mas tinha, um emaranhado de esperanças num futuro alimentado a duras penas e sonhos impossíveis. Lágrimas que derramou na necessidade de findar a tudo, sem êxito.
Ele, que não o posso dizer por se intrincar tão fortemente ao que desejava passar-se, a própria felicidade, somente permanecendo imutado.
Ela buscava-o em outros rostos, em tão diferentes olhares. Não o achara. Demorou a decidir enterrar esta história, intimamente dela. Enterrou-a, e junto, assassinou seu próprio coração. Coexistindo em um universo paralelo e indiferente ao real.
Desistindo de si mesma e se apegando a qualquer coisa que a permitisse esperar um próximo encontro com aquele que, por fraqueza do desejo, a aquecerá novamente em seus braços, conduzindo-a outra vez a um passado tão longínquo e tão presente. Viver novamente apenas para morrer na próxima volta.
Incontáveis dias mergulhara em angústia, não por ter vivido um impulso, tão doce impulso, mas por permitir-se morrer na solidão em que se via. De algum modo enlouquecia a cada noite que contemplava a lua, que jamais voltou a brilhar tanto, a procurar a sua estrela sem nunca a encontrar. Enlouquecia racionalmente da lucidez constituída de sentimentos insólitos de uma existência partida, sobreposta e imposta brutalmente a sua felicidade roubada. Escreve a missiva.

À um amor que não se deve culpar
Por se lembrar d’um entardecer
Sobrevive no pensamento tal amar,
Que da virtude jamais irá morrer

Escondo-me do mundo, a acordar
Por sentir-me indigna de o merecer
Contrapondo a esperança do sol nascer.
Realizando o desejo que não pôde evitar

Que meu desejo encontre ao anoitecer!
E de alegria e ardor possa exclamar,
Que sintas outra vez meu sangue correr,

Em ti, como parte sua que hei de ficar!
Somente em tua lembrança irei florescer,
Na aurora boreal que por ti irei formar!

Releu tas palavras e bem as compreendeu. Entendera o que bem fizera e as selaste com a última gota morna de sua vida para o único que poderia a sentir outra vez quente, e, leria de verdade, as entrelinhas.
Desistira de tudo por acreditar em a mais e deixara um adeus, sem sequer se despedir, ou tentar.
Ele a estava aguardando quando finalmente a recebeu, pálida e bela para concretizar um sonho do qual ele não conseguiu conter a emoção.

Abriu-a.

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frozen kisses

Thamires Nayara.copyright © 2007 proibida cópia ou venda sem o conhecimento do autor."A violação dos direitos autorais é crime"(lei federal 9.610)

p.s. Desculpem, rsrs minha primeira tentativa de conto e está mais para narrativa poética, contei com um auxílio espetacular para editá-lo mas ainda não terminei (bendito vestibular q não deixa tempo pra nada),
eu decidi postar esta como a primeira versão, a segunta estará mais objetiva rsrs, mas eu gostei desta tb... então fico com as duas :)
Agradeço de imenso a grande ajuda q me foi dada e prometo não lhe decepcionar... ;)

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