Amargo Veneno

Esmaga-me amargo veneno!
Peito aberto, tenebroso abismo,
Leis fatais do vitalismo,
Debalde guardará minha existência
A muralha que ergueu!

Marta Peres

Só

Um castelo construído
Lá, só eu vivendo,
Minha dor companheira
Em meio a canteiro
Em flor!

Marta Peres

Fel

Noite feral de sepultura,
Tornei-me descrente do amor,
Ventura, nem sei quem és?

Sorvo o fel da taça,
Bebo gota a gota,
Meu pó se mistura
Aos vermes do lodo,
Vida cruel,
Só ódio me resta!

Marta Peres

Namorando

Lá na janela azul
Do firmamento eu fito
Tenra estrelinha me olhando,
Ela diz: estou te namorando...
Estou te amando...
Eu vou me deslumbrando!

Marta Peres

Sina

No entanto, se prossigo,
Sigo simulando meu viver,
É minha sina,
Não vivo no paraíso,
Jamais fui desgraçada como agora!

Marta Peres

Menino

Vou falar-te assim: “Gentil menino,
Cerra a janela dos teus olhos,
Dorme em teu leito calmamente,
Dorme, eu velo teu sono
E te conto estórias,
Acaricio teus cabelos
Dorme,
Estou a te velar".

Marta Peres

Perfídia

Conta-me meu rio, em segredo,
As mesmas juras que
Um dia uma perfídia diria
Aos meus ouvidos, a medo.

Sozinha cá neste arvoredo,
Noite sombria
E sua história me agonia,
Seu segredo, é meu segredo...

Marta Peres

Coragem

Falta-me coragem,
dizer o que preciso
não consigo
e ele continua martirizando
minha vida,
em nada me transformei
nada sou, nada tenho,
busco força não encontro
choro e me calo, na solidão...

Marta Peres

Morte

Deitado naquela cama,
Pálido, cadavérico,
Olhos parados, gemidos doídos,
Espasmos esporádicos,
No cemitério preparando
A cova funda,
Vermes já se ocupavam
da espera...

Marta Peres