angústia

Foto de pttuii

A arfar

a arfar,
o frio tornava
menos duras
as coisas mais rudes,
o dia deixava-se pedir
às coisas menos fáceis
de concretizar,
quando as pessoas
constavam que de
si mesmas nada
transpirava exangue,
a arfar,
soluçavam por cegueiras
de cristal,
assim o que de noite,
restava,
depois de arfar....

Foto de pttuii

Diário dos porquês contraditórios

Abandona-te ao desejo. É simples. Aperta o coração entre as tenazes de uma alma forte e persistente. Só se conseguires dominar-te a ti mesmo, conseguirás abarcar a essência da vida. Podes resistir. Mas não passes os limites do razoável. A força de um ser humano esclarecido, far-te-á manter nos carris de uma existência saudável.

Eu descrevi a minha experiência no pergaminho dourado dos seres vulgares. A viagem começou por caminhos solitários. O meu transporte era um simples corcel. Conheci pessoas, visitei lugares, mas nunca alcancei a felicidade. No entanto, ganhei a noção de que a vida nunca pode ser um dado de faces rasas.

Deixa sempre pelo menos uma margem irregular. A tropeçar nas irregularidades do caminho, sobes no termómetro do razoável. Enriqueci, fiquei mais duro. Subi pela primeira vez à quadriga da maturidade. Senti-me bem. Quem interessa, surge sempre neste momento. Conheci o dono da caridade e da benevolência. É um ancião decidido, de peito cheio, e que não deixa para trás nenhum assunto por resolver. Ensinou-me a respeitar o próximo, mas tendo em conta a sempre necessária margem de interesse próprio. Achei-o, não obstante, pouco preciso nas considerações que tecia.

Perguntou-me se eu tinha planos para deixar a minha marca no mundo. Preferi não ser directo na resposta. Comprometi-me apenas a não desiludir os fantasmas que dormem comigo todas as noites. Aprendi, desde que me conheço, a partilhar a minha cama com os guardiões da pequenez de espírito. Conciliei-me com duas criaturas que não incomodam, e primam pelo completo desalinho com o que é conveniente.Quando parecia querer alcançar alguma mestria a manejar as rédeas da quadriga, o tempo mandou-me parar. Ordenou-me que descesse porque a velocidade me estava a fazer mal.

Conheci formalmente a mulher que dorme comigo nos dias que correm. Prefiro não saber o nome dela. É melhor assim. Interiormente sinto-me bem na sua companhia. Dá-me tranquilidade, e parece conhecer os pequenos pormenores do enigmático puzzle da felicidade. Mas o desejo. Eu sei descrevê-lo, consigo recomendá-lo a quem eu escolho. Só que me falta qualquer coisa. Talvez se acabar a página do diário da solidão que me entretém há tanto tempo, me possa aproximar desse desígnio.

Foto de DeusaII

Em oração...

Em oração fecho minhas mãos
Já suadas e gastas pelo tempo.
Meus olhos choram
Por um mundo ilusório.
Tento concentrar-me
Mas a angústia toma conta do meu coração
E na minha tristeza não consigo pensar.
Nos meus sonhos revejo as dores de um mundo
Já cheio de remendos e feridas que não cicatrizam.
Então fecho os olhos,
E procuro um foco de esperança algures,
Mas mais uma vez ela esconde-se nos pesadelos
De um mundo dominado por ódio e rancor.
E na minha tristeza,
Observo que as pessoas já não sonham,
Remetem-se apenas aos seus pesadelos
Que já não têm solução,
Já não lutam por um mundo melhor.
A ganância tornou seus corações negros,
Esqueceram-se que o amor vence sempre
Todas as lutas.
Esqueceram-se do verdadeiro sentido da vida.
Digam-me, meus amigos,
Que será deste mundo sem a esperança,
Expliquem-me porque a alegria de viver está a morrer
E o ódio a aumentar.
Digam-me meus companheiros,
Para onde vai a vossa vida,
Se estão sempre a olhar para trás,
E não avançam no vossos caminhos?
Deixem para trás a mesquinhice e,
Apesar de ser difícil por vezes,
Amem sempre incondicionalmente,
Porque o amor é o bem mais precioso
Que vocês têm.

Foto de João Freitas

SUICIDA

O que mata não é a dor,
Tampouco a tristeza da perda.
Mas o medo do todo dia.
Quando o tempo atrasa o relógio,
As horas tornam-s eternidade.
O desespero continuado, futuro.
No espelho, o sempre hoje.

João Freitas - Direitos autorais registrados

Foto de Donato Avelino

O meu viver

vivo uma profunda realidade,
cercado de palavras e parábolas,
mundo insatisfeito
mundo muito distante do meu ser;

vivo a insegurança
num mundo em que a dor é tão doce,
doce como a cana bangança,
mas que o homem luta pela sobrevivência;

Sobrevivência pela vida,
sobrevivência no mundo em que se encontra,
vivo a realidade que já mais foi vivida,
e sinto a dor que nunca ninguém tivera sentida;

sigo as pegadas daqueles que nunca passaram,
vivo o inseguro na insegurança.

Foto de Carmen Lúcia

Só o amor!

Fala-me com doçura...
Necessito embalar-me em tua paz!
Momentos de brandura,
que só tua presença traz.
Ajuda-me a renascer!
Já morri tantas vezes...
Ensina-me a viver!
Quero voltar a crer.
Abraça-me com ternura
e no mesmo compasso
da mesma emoção,
sejamos um só coração.
Afasta-me dos medos,
sombras e fantasmas
que impedem meus passos,
sufocando meus sonhos.
Vens libertá-los...
E, juntamente sonhá-los.
Traze-me de volta a mim
antes que seja tarde
e nosso tempo acabe...
Está em tuas mãos...Socorre-me!
Coisas que só o amor pode.

Carmen Lúcia

Foto de pttuii

Pintar o abandono

Pintar os teus medos é difícil,
Quadro de abstracção declarado,
Durmo na dilaceração da paleta,
E acordo a nadar em cores de morte,
Se quiseres mato o teu espanto,
E transformo-o em solo na minha tela,
Em troca, peço-te encarecidamente,...
...,única e exclusivamente,...
Não me abandones, por favor!!!

Foto de pttuii

Poesia que eu odeio

Poesia a cair,
Esfíncter a doer,
Deboche,...

No azimute de um velho,
a confessar,
a um padre assassino,
que comeu a alma ao vento...

Poesia em descrédito,
Verte o escroto do diabo,
Em risos mudos...

Poesia comedida,
É o ridículo do rabisco,
Que deriva à bolina...

Poesia que eu odeio,
Tanto desprezo,
Diluído em sopa de morte,...

Foto de pttuii

Dissertando no menor da morte

A morte discursa sempre numa sala repleta de sombras. Requisito essencial: janelas encerradas, e paredes ‘besuntadas’ de um cinzento entristecido, quase como se tratasse de um pedido de desculpas formal aos conferencistas.
São temas esparsos que nunca abrangem a compreensão de todas as multidões. Com o pé fincado no púlpito, a oradora só sai quando a retórica se esgota.Diz que tem pressa, e receio de invasões. As salas têm, por isso, de ser estanques. Em causa estão eventuais violações protagonizadas por elementos estranhos.
Especialmente receado é o arrependimento. Figura difusa, por vezes multiforme, capaz de estragar o encadeamento de um raciocínio.Por decreto, estão proibidas todas as manifestações deste sentimento durante sessões oratórias da morte. Devem evitar-se possíveis caminhos de retorno dos conferencistas convidados para os eventos periódicos.

Foto de Sirlei Passolongo

Qual a tua cor?

Se a pele
Não é alva
Não consegues ver
A alma?

Olhas com indiferença
Aquele que não consegues
Enxergar a grandeza
Do espírito...

Olhas com indiferença
Mas não vês a ti mesmo...
Julgas pela cor
Mas nunca observou
Quão negro é teu coração.

(Sirlei L. Passolongo)

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