vivo recolhendo coisas pelas ruas, reunindo minhas humanas incertezas abortadas de meu coração vazio que não entende coisa alguma de nada.
teu amor fala com as palavras de um idioma que desconheço, permanece preso em minha garganta, fala ao meu coração que bate, fala aos meus olhos que observam,
os ecos da casa ressoam em púrpuras horas todas as minhas ausências estão presentes, desvelo o último fôlego das memórias.
escrevi teu nome no vento. extraordinária angústia: os jornais e a falta de encanto do dia negaram a tua presença.
selvagem o corpo que me alimenta, me sacia, vermelhos os íntimos lábios que a minha boca suga, explora, em pressa, inquieta, em ânsia, em fome.
nas curvas do teu rosto o tempo que já não temos.
nas curvas da estrada a incerteza do caminho.
nos desvãos dos sonhos o vazio que nos suprime.
como se não te avistasse, diluída e mínima no dissoluto da despedida.
como se não te perdesse, nas ruas, nas estações, de anseios inundada.
de tuas entradas às tuas entranhas, da eterna morada dos teus segredos molhados, de mim, desde dentro, o momento é eterno.
o meu corpo a buscar teu corpo ausente, e minhas mãos a tocar o vazio, e esses meus olhos na eterna busca dessas tuas curvas de sedução.
decifrando teus abismos e teus açores emaranhei minha vida entre moinhos, atirei-me à sorte destes descaminhos.
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