CARTAS COM ESTÓRIAS DE ÁFRICA (I/VII)

Foto de cafezambeze
Autor: 

O DIA EM QUE TEU PAI LEVITOU/O DIA EM QUE SEU SANGUE FRIO E SUA INEGUALÁVEL PONTARIA SALVARAM UM AMIGO

Belém, 27/01/2006

Cara sobrinha

Faz tempo me perguntaste se não tinha fotos do teu pai quando em África, pedido que encaminhei para os meus imãos e que creio, devem ter dado uma de baianos. Amanhã... Amanhã...

Esta semana pegaram uma sucuri, prima da anaconda, com uns 4 metros, que passeava no galpão da empresa onde trabalho. Houve comentários e estórias e me lembrei d'algumas onde o teu pai foi a personagem. Não são fotos... mas tentarei enviar-te de vez enquando alguma estorieta.

O DIA EM QUE TEU PAI LEVITOU

Eramos garotos. Eu com uns 10 anos e teu pai com uns 13.
Moravamos em Vila Pery, mais ao menos no centro geográfico de Moçambique.
A alguns quilômetros da vila, destacava-se no horizonte uma formação rochosa conhecida como a Cabeça do Velho.
Não sei mais de quem foi a idêia, acho que dele, mas resolvemos escalar a Cabeça do Velho. Menos temerário, me lembro de atentar para o problema das cobras que eram uma praga. Que nada, argumentou, vamos levar o cavalo marinho do pai (um chicote feito de couro de hipopótamo com um metro e meio mais ou menos), uma chicotada na cobra que aparecer e quebramos-lhe a espinha.
Pegamos um lanche, cantis com água e um caixote kodak e, lá fomos a pé.
A escalada correu bem e em poucas horas chegamos ao topo. Depois de algumas fotos (que ainda devem existir) começamos a descida.
Seguiamos por uma espécie de trilha ladeada por capim seco. Teu pai caminhava uns 5 metros à minha frente quando duas cobras resolveram atravessar a trilha.
Eu gritei e, instintivamente, talvez alertado pela restolhada das cobras no capim, teu pai pulou. Como em câmara lenta e com o coração querendo sair pela boca, vi as cobras de cabeça levantada passarem por debaixo das pernas dele.
Devem ter sido talvez frações de segundo, mas ele ficou parado no ar, de pernas encolhidas. Só caiu depois das malvadas terem passado.
Do susto, me vinguei por uns tempos aconselhando-o, todas as vezes que saíamos, a não esquecer o cavalo marinho para o caso de aparecer alguma cobra.

O DIA EM QUE TEU PAI, SEU SANGUE FRIO E SUA INEGUALÁVEL PONTARIA SALVARAM UM AMIGO

Teu pai, desde pequeno, sempre foi um exímio atirador, tanto à bala como com arma de cartucho.

Devia ele ter uns 14/15 anos, quando fomos fazer uma caçada na farm de um amigo. O Aguiar.
Fomos de bicicleta, eram só 14 km. Na propriedade nos reunimos com o Aguiar e os irmãos, e lá fomos nós. Além das fisgas e pressão d'ar, a arma que levávamos era uma 410 (cartucho) de 5 tiros. Uma adaptação feita com uma culatra de fuzil Mauser.

Depois de matarmos algumas rolas e galinhas do mato (cangas), já de volta para a sede da farm, um dos funcionários que nos acompanhava começou a gritar:
Inhoca! Inhoca! (Cobra)
Era uma senhora Mamba Negra (veneno suficiente numa mordida para matar 10 pessoas em pouco tempo), bem grossa, que serpenteava rápido. Enquanto ela corria, teu pai fez quatro disparos e, embora depois constatássemos que todos a tinham acertado, eles não a pararam.

A bicha se arrastou para um grupo de arbustos, e esse nosso amigo Aguiar correu com um pau para afastar os arbustos à procura da cobra. Logo que ele se chegou aos arbustos, vimos a cobra levantar-se à altura da cabeça dele. Tudo se passou na velocidade de um raio. Um tiro e a cabeça da cobra voou... O susto veio depois quando nos apercebemos de como a morte nos rondou.

O Aguiar ficou branco como papel e sem conseguir falar por um bom bocado.

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