Blog de João Victor Tavares Sampaio

Foto de João Victor Tavares Sampaio

O Nome do Amor

O amor verdadeiro sempre foi de graça. Sempre esteve ao seu lado, ali, jogado num canto. O amor te abrigou no dia frio e cinzento da realidade nua e crua, o amor te guardou na chuva, te abriu as portas de um sonho bom. O amor não te pediu identidade, não te cobrou ingresso, não olhou a sua cara antes, foi cego, te amou assim que te sentiu. O amor te prendeu como uma corrente que segurou seus pés e suas mãos, não deixou você sair mais, se arrastou em suas pernas quendo você foi na esquina, te arranhou, te castigou para o seu bem, te xingou, de tudo quanto era nome, quando o único que pensava em dizer mesmo era o seu. O amor se declarou sem você pedir, te desejou até quando você esborrachou a cara no chão, ao não olhar direito a pedra que tinha no meio do caminho.

O nome do amor é o nome do meu viver.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

O Nome da Amizade

Amizade é uma coisa espontânea e esparsa. Acontece algumas vezes na vida de uma pessoa, e por parcas vezes também, só por uns momentos. Amizade se cria de pouco, por bobagens, por detelhes ignorados nas explicações babacas que os vigaristas dão do destino. A amizade, impertinente ao egoísmo, quebra espelhos trágicos, fragiliza mentiras que de tão ridículas parecem mesmo ridículas, dificulta a existência da distância, da saudade, da morte, de toda e qualquer situação que te irritou e você declarou. A amizade é o cobertor dos dias frios da vergonha alheia, própria, terceirizada, da rua que nos soca migalhas que sequer pedimos. Amizade vem de mansinho, quando a gente menos percebe, quando menos persegue, quando menos dá valor. A amizade, que é cantada por toda a jovem américa, que segue nos bailes da vida juntando trocados que os bêbados jogaram-nos de tão loucos, não cabe num poema ou só num dinheiro emprestado, que eu sei que você nunca vai devolver, e nem eu. A amizade é uma atitude que de tão suicida se torna vivaz, que de tão impensada se torna fundamental, que traz adrenalina pura em um mundo já muito cruel, que de tão boa é mais perigosa que saltar do precipício com a corda no pescoço.

Eu sou seu amigo, e não precisa admitir. Eu sou seu amigo, e não precisa retribuir. Eu te amo loucamente mesmo que não diga o meu nome.

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Senso Comum - Parte 5

- Oi. Você continua infeliz?
- Não, eu estou bem.
- Eu jurava que você era infeliz. Você me parece tão estranho.
- Mas eu estou feliz, sério. Eu estou aproveitando o que a vida me deu de bom.
- Como assim, feliz? A sua vida é uma porcaria. Você não tem dinheiro. Sua mulher é feia, pode te trair e você está sem emprego. Você não é respeitado nem pela sua mãe. O que você diz, mesmo sendo do fundo do coração, não é escutado. Você é um artista e um homem horrível. Tudo que você faz dá errado. Você tem azar e não pode negar. Você não desfruta o que sobra para todos os outros. Você é um lixo. Você é o motivo de vergonha do seu pai. Eu realmente acho muito estranho que você esteja feliz.
- Eu estou feliz pois apesar de todos os meus problemas eu continuo sendo humilde e sincero, e por não tentar humilhar os outros para me sentir melhor como você.

E desse modo eu descobri que a vida da minha amiga que era uma droga.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

A Suprema Anarquia

Você sabe o que é um estado?

Segundo o Houaiss
É o conjunto das instituições

Segundo Weber
É o que contém o monopólio da violência legítima

Segundo a classe média
É o que os obriga a compra de
Colégio particular
Plano de saúde
Previdência privada
Vigilância especializada
Automóvel
Contas no interior de paraísos fiscais

Segundo os maconheiros
E sua religião fundamentalista
O estado é o que proíbe e oprime
O que eles livremente fazem e todo mundo sabe

E segundo os pobre-diabos e humildes indigentes
Ou seja, eu
O estado é uma cerca invisível
De poeira e vento
Que não serve pra nada

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Avenida Ultramarino

Tomara que não seja verdade o que vi ontem à noite.
Tomara que aquela luz na mão do mendigo não seja a de um cachimbo de crack.
Tomara que ele não esteja revirando o lixo em busca de comida.
Tomara que aquilo que ele coloca na boca não seja restos com chorume.
Tomara que a sujeira realmente não lhe cause as doenças que me passam pela mente.
Tomara que essa miséria toda seja apenas por vagabundagem.
Tomara que não seja assassinato e sim um mero descarte.
Tomara que aquela chama seja para o esquentar.
Tomara que não seja o seu corpo morto após a cobrança de uma dívida ridícula.
Tomara que o sapato jogado não contenha ainda o que foi o seu pé.
Tomara que aquele pedaço de manta não embalasse seu dono.
Tomara que o transeunte que jogou algo no fogo não tenha percebido mesmo o mesmo que eu.
Tomara que o pedaço de carvão que parece uma canela não seja uma canela.
Tomara que a minha impressão do fogo alto e sem fumaça tenha sido apenas uma impressão minha.
Tomara que não haja a cumplicidade para um crime cometido na frente de todos, que não pode ser sequer denunciado, que levanta a questão nunca citada pelas pessoas pertinentes de que a cidade é um palco para o desespero, a fome e o vício desenfreado, placebo dos desenganados.
Tomara que a vida seja uma coisa boa.
Tomara que Deus exista.
Pois se o que eu vi o que se repetiu na Avenida Ultramarino ontem foi realmente o que vi, então nós mostramos finalmente do que é feita a matéria humana.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

À quem possa interessar

Venho por meio desta deixar bem claro o meu posicionamento quanto ao regimes autoritários de qualquer espécie.

Eu os odeio, sejam eles de farda azul ou comandos vermelhos.

Se em algum momento critiquei a liberdade atual, é por justamente a amar e não quer desperdiçar de jeito nenhum.

Quando eu falo da repressão de 64, é justamente para criticar as situações absurdas vividas àquela época, como o arrocho salarial, a abandono de crianças e jovens, o moralismo exacerbado e preconceituoso, a hipocrisia da coragem dos fortes contra os fracos, a impossibilidade de saber se um governante era corrupto ou não, e, se fosse, a impossibilidade de retirar a figura do poder constituído.

Eu não sou reacionário e não aceito essa pecha.

Só estou sendo ambíguo em homenagem aos que mentindo descaradamente só nos diziam a verdade.

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A Marcha da Coragem

Nos tempos da ditadura era tudo melhor.
As pessoas tinham mais disciplina, tinham ordem, moral e cívica.
Nos tempos da ditadura não era essa bagunça. Se as pessoas tinham um casamento infeliz, não podiam se separar. As pessoas passavam fome com dignidade, com um sorriso no rosto. E ai de você se chamasse o presidente de ladrão! Enfim, nos tempos da ditadura era tudo mais fácil.
E você, quer que ela volte?

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Independência

Eu sou feliz pois eu tenho liberdade.
Eu tenho a liberdade de obedecer a polícia, a milícia e o tráfico.
Eu tenho a liberdade de beber e fumar compulsivamente.
Eu tenho a liberdade de comprar o remédio genérico que me venderam para amenizar a dor do rombo da previdência e a falta de algum médico.
Eu tenho a liberdade de ir para todo canto, pagando pedágio.
Eu tenho a liberdade de ser favelado, morar mal e cheirar pior.
Eu tenho a liberdade de ver a novela em baixa definição.
Eu tenho a liberdade de ser ignorante e deixar meu dinheiro para um estrangeiro.
Eu tenho a liberdade de sentir catarse ao ver a cidade alerta.
Eu tenho a liberdade do toque de recolher das oito da noite.
Eu tenho a liberdade das águas que cercam minha casa.
Eu tenho a liberdade de ter que ter um celular com Bluetooth para ser respeitado.
Eu tenho a liberdade de ser sociável a todo custo.
Eu tenho a liberdade de ter o ensino médio e seis meses de experiência na carteira.
Eu tenho a liberdade do voto e do serviço militar obrigatório.
Eu tenho a liberdade de ficar atrás das cercas.
Eu tenho a liberdade de ouvir os Racionais dizerem o quanto é melhor ser negro do que brasileiro.
Eu tenho a liberdade de ser o individualista, de morrer jogado num canto, depois de esperar a visão dos tantos olhos que vigiam a minha felicidade.

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Muito Além da Rede Globo - Capítulo 19

Eu não me incomodo em dizer a verdade.

Eu não me incomodo em dizer a verdade, ainda mais quando ela me complica.

Eu não me incomodo em dizer a verdade, e nem de errar pensando que estou falando a verdade, passar toda a vergonha possível, sendo sincero e me fodendo, perdendo mais um emprego, mais uma falsa confiança de uma falsa pessoa, ganhando inimigos, e perdendo e perdendo batalhas, guerras, oportunidades de sossegar o facho, passar no concurso público, morar sob as asas do primeiro comando da capital.

Eu não me incomodo em ser odiado e estragar tudo.

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Muito Além da Rede Globo - Capítulo 18

Essa lei que vocês inventaram e não seguem, essa lei que lhes dá armas e munições, essa lei que protege o próprio e individualiza o público, que generaliza, que almiranta, que inflaciona os narizes cheio que vocês desfilam madrugada afora, essa lei que discrimina em se fazer de vítima aquele que destrói, aquele que é doente em ser doente, aquele que faz sentido e coloca o alheio na reta, que suga os farelos e lambe os escapamentos, essa lei que obriga o vício, o sevicio, a democracia obrigatória e militante, a ditadura dos costumes, das repetições, de cada garrafa e cada cilindro, e cada pino ou pavio, conforme o seu vapor conformista, mutante continuísmo, egoísta, fascista em se olhar em espelhos que nunca se quebram mesmo sendo de vidro, a sua cocaína e as suas igrejas universais não me convencem do contrário, que vocês insistem em alegar favorável, eu não vou comprar um lugar nos seus camarotes, não vou recrutar mais meninos para a morte precoce, de não aproveitar a vida de forma simplória, descarregada, desencanada, desembriagada, a vida simplória de se saber que não é necessário encará-la dopado, que seu desempenho é o seu melhor, sem broxantes olimpíadas de masturbação coletiva, sem coleira e cartões de crédito, sem importâncias, sem barreiras para mostrar quem é certo e quem é errado.

Eis aqui minha plenitude.

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