Blog de João Victor Tavares Sampaio

Foto de João Victor Tavares Sampaio

As Paredes

Ninguém liga para o que eu escrevo.
Ninguém se importa:
Estão apressados demais com o fato de não fazerem nada.

Ninguém tem a sensibilidade de realmente entender o que eu digo
Ninguém se importa com as minhas dores
Ninguém, e sinto um vazio enorme quando digo isso
Nenhuma pessoa se identifica com os meus poemas
Pois quando declamo algum
Há o eco
E não é de outras vozes.

Ninguém liga para os meus chiliques
Mesmo quando tento chamar a atenção de todas as maneiras.

É por isso que leio
Ouço os artistas, coleciono todas as suas frases;
Eu copio as placas e os cartazes
Os dizeres nas músicas
Eu replico a vida como se eles soubessem o que tenho passado

É por isso que continuo apaixonado
Por essa mulher bonita que se chama vida.

Espero que as paredes gostem.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Cantarolando

Posso perder o dia
Posso perder o fio da meada
Posso perder o tudo e o nada
Só não posso perder a poesia

Posso perder o dia
Posso perder o fio da meada
Posso perder o tudo e o nada
Só não posso perder a poesia

Posso perder o dia...

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Um ano de eternidade

Um ano de eternidade.

Um ano de eternidade, mulher
Consegue acreditar?

Um ano ao que der e vier
Um ano em seriedade
Um ano sem perder a simplicidade.

Vencemos, mulher!
Vencemos e nos merecemos!

Eu te amo ao respirar
Eis aqui minha sinceridade.

Só você me faz sentir vivo no mundo.

A troca de juras em pequenos versos
Milagres manifestos
Ao longo de cada segundo.

Nós vencemos, mulher!
O nosso amor.

Eis o doce de ser vencedor.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Sem Açúcar

Dizer o óbvio e nada mais que o óbvio;
O real sem firulas
Não sou o Neymar;
A retórica sincera
A habilidade dialética de um Sarney;
Mulheres de roupa
Social worker:
A dignidade é um caminho muito longo
E muito simples ao seu final.

A vontade de ganhar na loteria
A falta de medo de parecer banal.
Poesia posada?
O cacete

Despir-se do ideológico
É o cúmulo da seriedade:
A falta de medo de parecer ridículo
E ser.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Sucesso

Nossa...
Nossa...
Assim você me mata...

Tire a mão do meu pescoço
Assim você me mata...

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Deus

Poesia.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Pela Última Vez

O que transcende o tempo e as memórias
O que transcende o silêncio do que é abafado por
Interesses questionáveis
O que transcende a saudade
Mais que a certeza estabelecida nos discursos
Nas inverdades absolutas
Imposições dos tipos mais frios

É quente, inevitável, legítimo
Encontra-se ferido
Agonizando
Com a branda consolação de permanecer vivo
No fio de uma suave esperança
De ressuscitar o que parece desenganado
Na cura de um olhar impossível
Falsa cegueira
O laço que se tenta indispor
Que de tão firme não se desamarra preso ao que existe de fato

O que transcende
E não pode ser admitido
Perpetua-se de modo
Inapagável
Como sentimento que de tão sufocado
Explode
Na sinceridade dos dias que passam e nunca param

O que não importa não é proibido
O que não releva não causa sofrimento

Assim te declaro meu amor pela última vez

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Senso Comum - Parte 3

Num rompante de seriedade, resolvi escrever algo seriamente no meu seríssimo Facebook.

"O mundo é grande e maravilhoso. Eu o amo. Deus existe. Tudo aquilo que eu fizer será bem-sucedido e tudo aquilo que eu acreditar se contretizará em verdade."

Aí, por um milésimo de segundo, minha consciência preguiçosa trabalhou.

- Não seja ingênuo. O importante é você se bancar. Se você se bancar, aí ninguém vai te obrigar à aceitar o que é certo.

Eu persisti na minha crença sobre a vida. Eu estava e estou resoluto! Nenhuma resposta da minha consciência me fará parar de brisar! Minha existencia é diferencial ao destino do planeta!

- Se mata, seu otário. A vida não é para os de mentalidade fraca. Chumbinho custa só cinco reais! Pega seus panos de bunda e vai embora.

Foi assim que eu descobri que tinha a alma pequena.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Senso Comum - Parte 2

Sábado à noite...

- Nossa, que tédio, eu não saí para dar um rolê...
- Meu filho, se você está em casa, é porque tem um teto. Lembre-se disso antes de gastar sua grana pra pegar baba dos outros.

E foi assim que eu perdi a ânsia por cachaça multinacional.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro – Capítulo 7

Essa noite eu tive um sonho estranho. E esse sonho, por assim se dizer, foi muito complicado de se decifrar. Nele, os absurdos imperaram. Os seres, sem serem claramente separados como na nossa realidade, lutavam entre si. E os fracos subjugavam os fortes, os devoravam, sem que lhes sobrassem sequer os cadarços. Tremulavam estranhas bandeiras, de estranhas causas, e estranhos países. Crianças mandavam em adultos, que as obedeciam. Outros homens, rendidos, suicidavam-se, alegando merecer o falecimento. Hinos desconexos ecoavam nas paredes pelas ruas tumultuadas. Senti, se é que é possível sentir algo com um sonho, um desejo por uma inquieta tranqüilidade, uma tranqüilidade quase que inviável diante da necessidade das evoluções e modificações. Houve uma voz que conclamava, chamava os santos adormecidos para a fúria das incertezas e das discórdias. Carros aceleravam, carros indomáveis aceleravam com um sorriso irônico em sua parte dianteira. Ouviam-se sirenes, buzinas, caos. Não assimilei bem o que o sonho me passou. Também, não deve ser algo importante...
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O tempo se seguiu.

- A dona Clarisse é boa! A dona Clarisse passou para o nosso lado!

O burburinho tinha razão de o ser. Comentava-se, à boca pequena, que o nosso líder estava mancomunado com os seres dominantes. E o nosso líder não deixava por menos. Ele estava bem mais contido nos discursos de contrariedade aos nossos inimigos. Diferentemente da dona Clarisse. Ela, segura de si apesar das provações que lhe ocorreram, se colocava cada vez mais como uma liderança para toda a comunidade, e com o ponto positivo de se impor de maneira pacífica na resolução dos problemas do gueto em geral. Sendo mais específico, ela era a ponte entre a comunidade e o nosso líder. E esse, cada vez mais distante das necessidades, vinha perdendo a sensibilidade que o levou a ascender à branda influência que exercia aos seres de sangue quente.

- A dona Clarisse é a nossa esperança de vitória!

Tomava corpo uma nova representante do existir do gueto.
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A torta me olhava.

- Dimas...

Era a única que me chamava pelo nome.

- Dimas...

Novamente a ignorei.

- Dimas...

Eu me recolhi. Tinha nojo da torta. Engraçado sentir isso dela. O normal é os outros se enojarem comigo.

- Dimas, você pode até me ignorar, mas saiba que eu te amo e isso é uma verdade.

Senti muito medo de ela estar sempre comigo, em todos os momentos que eu precisasse.
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Parece que tudo me é mais sofrido.

- Inúteis! Ou trabalham direito ou não vão poder comer!

Os mais fracos no gueto são os responsáveis pela produção e preparação dos alimentos, pela limpeza de vias e aposentos, pelos reparos gerais e pelos afazeres menos aceitáveis. Já os mais fortes, por sua vez, garantem a segurança e a fiscalização do cumprimento das regras na comunidade, sendo sustentados para tal, e mantendo o equilíbrio da nossa calma convivência comparada ao tormento horrível da subjugação aos seres de sangue frio.

- Trabalhem seus inúteis, trabalhem!

Até eu subir de vida, será assim.
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- Justo, venha.

A voz de Clarisse era doce e acalentadora.

- Justo, beba.

Clarisse poderia seduzir qualquer homem que bem quisesse. Era uma bela mulher. Poderia seduzir apenas com o nome, que de tão belo fazia jus ao seu significado, de clareza, em meio à escuridão do nosso mundo, rochoso, opaco. E Clarisse, uma pessoa de bem, uma figura moldada para conseguir o melhor e sempre o melhor, não simplesmente seduzia ao homem que bem entendesse. Clarisse, ao invés disso, seduzia o homem do qual precisasse.

- Justo, dorme, dorme...

Ele obedeceu, como em poucas vezes em sua vida.

- Morre... Isto... Morre...!

E com presteza nosso líder foi a óbito.

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