Abstinência

Foto de Paulo Master

Doce Transição, a Carta

Prezada solidão... De todo custo, relutante comunica-lhe esta, com muito pesar. Julgo não mais carecer a sua companhia. Contudo, outrora convenhamos muitas e pomposas vezes deixei-me levar o sentimento por seu lúgubre encanto. No entanto, sinto-me a fibrilar de emoção por outro sentimento. Ora, tal abstinência a seus efeitos geram em meu ser tortuosa comoção, uma terrível perda sem precedentes, embora certamente a título influente de uma epifania fulgurante e tenaz. O devaneio inspirador e iluminante tomou-me o raciocínio. De maquinação ardilosa e metafórica veio-me uma saudosa recordação da madrugada cadente e da aurora ascendente. Logo cedo, no limiar do pôr-do-sol, ainda em tom matiz, sentia-me vivo e feliz, pulsando inebriado sobre tua influência. A inspiradora manifestação da vida revelara-me poeticamente.
Porém, lamento dizer que em súbito fora assaltado por outro sentimento, talvez conhecido teu, embora me caiba com decência, a cerca de questionamento admitir que por ele tenhas alguma afinidade. Descrevo a doce transição com palavras suntuosas a eufóricas, oriundas do meu mais profundo íntimo. Todavia, me oponho a postergar tal decisão, essa postura semovente segregou nossa harmonia, roubando-nos a ávida união.
Adorada solidão... Agora vivemos mundos divergentes, distantes quanto à eternidade. Ironicamente seu atroz por natureza é um sentimento inerente, persuasivo, tende coagir meu entendimento com sucintos pulsos enigmáticos de felicidade. Em deleite, recobro o passado feérico que mantivemos. Um tom apólogo guiava solenemente nossas madrugadas, uma relação que subjetivamente encanta toda a criatura sucumbida a seu íntimo. Em prelúdio, anuncio nossa terrível e inevitável separação, decisão sumariamente aspirada por um incontestável sentimento. Não obstante, devo-lhe a cortesia do encanto que como cônjuge mantivesse por todos esses anos.
...Com amor, Coração!

Foto de nelson de paula

EVANGELHO CIRCULAR (de "Vozes do Aquém")

Repetir o que já foi feito,
não parece uma boa idéia.

De cada página virada,
melhor é tirar proveito,
trocando em miúdos
o valor recolhido.

Não vejo lógica em expor outros
ao mesmo sacrifício,
o que foi feito, está feito.

O preâmbulo não deve
circunscrever o ato,
é ele quem confere autoridade
ao poeta,
pela qual transcreve a vida
em mera linha reta . . .

E depois alcança, do outro lado,
o entroncamento, mas não a cruz.

Assim, a luz exerce o seu direito
e repõe no centro da pauta
a questão da abstinência,
que interrompe,
mas não oblitera
o direito a tentar.

Não há como não voar.

A força das asas vai levantar o planeta,
embora os elos ainda mantenham
coesos os pés
e alma,
possuídos pelo mau mentor
da escuridão.

Foto de Ozeias

Gozo eterno

E quando despertou do que os humanos chamam de morte, viu que o que o esperava para além da vida era algo extraordinariamente fantástico.
Um infinito campo de corpos misturados, sem preferência de beleza ou físico se mostrava diante dele. O som ambiente eram gemidos de prazer, sons maravilhosos das bocas masculinas e femininas.
-Seja bem vindo!-Disse uma majestosa mulher nua indo ao seu encontro com um belo sorriso.
-Que lugar é este?-Perguntou confuso, olhando para aquela enorme suruba.
-Aqui é onde todos vão depois do que vocês chamam de morte. O que imaginou que fosse, o inferno?
-É que me ensinaram que quando se peca demais, vai para o inferno...
-O inferno é a abstinência sexual, querido.
- Quer dizer então que estou no paraíso? Cadê Deus?
-Bom, apenas está com Deus quem tem o grau de experiência sexual avançado. Você ainda não chegou lá.
- E quando é que ocorre isso?
- Quando você tiver o orgasmo infindável, quando não se cansar do sexo. Aqui estão todos no aprendizado. Como você pode ver, não há orientação sexual: Todos transam sem nenhum pudor, entregando-se ao prazer. Não se sinta envergonhado caso sentir-se atraído por um homem.
-Então quer dizer que aqui não existe homossexualidade?
-Exato! Há só o prazer!
Ele ficou um longo período observando aquele monte de corpos entregues ao prazer. Reparou que o prazer dali parecia ser muito melhor do que os que se sentia em vida na Terra.
- Deve ter reparado que aqui o prazer é muito maior. Algo que em vida essas pessoas nunca sentiram,não é?
-Foi o que reparei agora.
A mulher sorriu.
-Venha, vamos que há mais coisas a ser mostrada.
Enquanto caminhava por entre os montes de corpos, ele reparou na natureza. Ela parecia de alguma forma proporcionar prazer. O brilho do sol acariciava-o calorosamente, a fragilidade da grama produzia uma sensação leve de cócegas. Depois, ele passou a ouvir gritos e barulhos de objetos, como chicotes.
-Aqui há também o sadismo e o masoquismo. –Disse apontando para um enorme grupo com diferentes espécies de objetos sado masoquista.
- Meu Deus... – Disse ao ver uma mulher sendo lambuzada por uma substância que parecia ser parafina.
-Vejo que você aceitou facilmente esta idéia a respeito do paraíso.
-É que... Isso tudo ainda me parece um sonho, embora eu tenha certeza que não seja.
-Tudo bem... Sei perfeitamente como é.
Continuaram a prosseguir e ele pôde ver coisas que enchiam seus olhos. Coisas que ele jamais poderia imaginar ser possível na Terra.
- O que você vê aqui não é nada comparado às que há no plano de Deus.
- É mais extraordinário ainda?
- Não há palavras para descreverem.
Ele, atordoado, tentou imaginar como seria o plano sexual de Deus. Não conseguia imaginar algo mais extraordinário que aquilo. Depois de muito refletir, voltou a si com algumas questões.
- Escuta, e as crianças?
A mulher riu, como se já esperasse essa pergunta.
-As crianças que morrem antes mesmo de aprimorarem suas experiências sexuais, voltam imediatamente para o planeta de onde vieram.
Ele assentiu com a cabeça, pensativo. Mas logo voltou a falar.
- E por que essa verdade além da vida não é exposta aos seres de uma vez? Por que nós humanos não fazemos sexo a vida inteira ao invés de trabalho, comida e outras coisas que julgamos necessárias?
- Assim quiseram vocês viver. Os primatas passavam a maior parte do tempo transando, o único trabalho era para o alimento. Mas com o tempo,vocês foram se adestrando, criando o pudor e tudo que você vê. Mas há planetas que são voltados apenas para o sexo. São os planetas evoluídos.
- E aqui vocês não comem?
- Nos alimentamos com a troca de energia, entende?
-Perfeitamente.
- Mas não pense você que só transamos o tempo todo. Conversamos, fazemos nossas artes,também.
-Arte?
-Sim, criamos coisas...
-Coisas?
-Sim, mas isso você verá com o tempo. Vamos caminhar que há muito mais coisas a ser mostrada.
Enquanto caminhava, ele viu diferentes espécies de animais em meio aos montes humanos.
-Zoofilia?
-Sim, por que não? Os animais também sentem e produzem prazer!
Continuaram a caminhada até o anoitecer. A noite tinha uma atmosfera prazerosa, o brilho da lua tornava as coisas mais desejáveis. As estrelas eram mais brilhantes e ajudavam na iluminação do infinito campo. Uma música sensual vinha de algum lugar que ele não sabia onde. Só depois foi ver que era de um enorme palco onde se encontravam pessoas que tocavam instrumentos de diferentes sons e formas que parecia provocar sensações de prazer em quem os manejassem.
- A cada segundo aqui me surpreendo!
-É assim, mesmo.
- Mas por que não me lembro de ter vindo pra cá antes?
- Porque esta é sua primeira vez neste plano. Logo entrarás no lago das recordações.
-Lago das recordações?
- É onde lhe é devolvido todas as lembranças de cada vida sua no seu planeta e em seus planos.
-Fabuloso!
Mais coisas lhe foram sendo revelado, e a cada revelação, mais maravilhado e excitado ele se sentia.
- E ao amanhecer, já podes começar sua prática sexual aqui no campo. Começarás comigo.
-Mal posso esperar-Respondeu ele sentado, ereto, olhando sorridente para ela.
- E posso sentir que tens uma boa experiência- Ela pegou em seu pênis. Pegada esta que fez com que ele tivesse uma maravilhosa sensação.
- E bem cedo, logo que o sol nascer, você vai ao Lago das Recordações.
Ele adormeceu ali, sobre os gemidos e sons decorrentes dos prazeres, ao lado de sua primeira parceria sexual.
Até o sono e o repouso ali era mais fantástico. Algo que ele não soubera descrever a si mesmo após acordar.
- Então, como se sente?-Perguntou sua orientadora.
- Estou ótimo!
- Agora vamos ao lago das recordações.
Quando aproximou-se do lago, encantou-se com a visão. A água do lago era colorida e tinha um aroma Fechou os olhos e aspirou, vendo alguns flashes de suas vidas. Espantou-se.
- Não se preocupe, essa visão é natural. Agora entre.
Todas as recordações das vidas e estadias em planos anteriores lhe vieram.
- Pode ver suas vidas anteriores?
-Sim. Tenho consciência de tudo! Absolutamente tudo!-Disse admirado, fazendo com que ela sorrisse.
Naquela manhã, os dois eram os únicos a estarem acordados. Até o silêncio ali era mais prazeroso.
E após novas contemplações, os corpos dos dois se juntaram na beira do lago. E ali começou o início de um prazer longo, onde cada segundo são eternos, onde o prazer não cessa.

Foto de Carmen Vervloet

Tórrida Paixão

Participando do Concurso "Dizendo que te Amo"

Quando penso em você
Vibra o meu corpo
Navego rumo ao seu porto
Ancoro em seus braços
E entre abraços
Entrego-me por inteira
No calor da lareira
Chamas que incendeiam
Essa tórrida paixão
Hormônios em combustão
No prazer do momento
Bálsamo para sua ausência
Incômoda abstinência
Que persiste
Só porque você existe!

Carmen Vervloet

Foto de Carmen Vervloet

Tórrida Paixão

Participando do concurso "Dizendo que te amo"

Tórrida Paixão

Quando penso em você
Vibra o meu corpo
Navego rumo ao seu porto
Ancoro em seus braços
E entre abraços
Entrego-me por inteira
Ao calor da lareira
Chamas que incendeiam
Essa tórrida paixão
Hormônios em combustão
No prazer do momento
Bálsamo para sua ausência
Incômoda abstinência
Que persiste
Só porque você existe!

Carmen Vervloet

Foto de LUCAS OLIVEIRA PASSOS

AS ESTRELAS

As estrelas Lucas Oliveira Passos

As estrelas estavam lá, no pedaço de céu que me cabia apreciar pela janela, naquele leito de hospital em que eu me encontrava, arrasado e sem entender nada...mais uma vez minha vida mudava completamente, numa guinada imprevizível...a necessidade da cirurgia, a gravidade da doença, e por fim a notícia que tentaram me passar e que me recusava a entender, sabia que era algo terrível, algo que teria que me lembrar e aceitar para o resto da vida, mas naquele momento o bloqueio não permitia, eu não conseguia pensar, apenas aquela imensa tristeza, e um gigantesco desejo de morte que nunca havia sentido antes em toda minha vida.

A enfermeira se aproximou sem fazer qualquer barulho, e cuidadosamente fechou a pequena janela, próxima ao meu leito, minha única referência para o mundo exterior, minha única fuga para os pensamentos terríveis que invadiam minha mente.

- Tenho que fechar a janela, os outros pacientes estão reclamando do frio, me desculpe, sei que é a única coisa que parece lhe interessar...

Assim, todas noites, meu céu quadrado e pequeno, contido nas dimensões daquela janela, se apagava irremediavelmente, as estrelas, que eu tanto estudara e pesquisara, por puro deleite, em certa etapa da vida, eram agora meu único consolo, me faziam pensar no tão pequeno que eu era, naquela imensidão tamanha do universo.

Não sabia quanto tempo já se passara desde o dia em que me internei com câncer e uma hérnia abandonada por muito tempo, calculava algo em torno de uns seis meses, tudo fora um sucesso segundo os médicos, mas meu corpo não era mais o mesmo, meus 75 anos pesavam bastante no processo, o restabelecimento era lento, a angústia era grande, havia algo medonho a ser encarado, assimilado e entendido...um amargo na garganta, um peso imenso no peito...por que meu cérebro se recusava a processar a notícia que foram me dar? Minha filha Aninha, por que não aparecia mais no hospital para me visitar?

As lágrimas brotavam abundantemente nos meus olhos, não devia ser assim...tão acostumados com o sofrimento devido aos anos de trabalho voluntário na ajuda desvalidos...comecei a lembrar palavras que foram ditas...concluí que havia acontecido com Aninha algo terrível, agora ela era apenas uma pequena estrela no céu e ao mesmo tempo uma chaga aberta para sempre no meu peito, para o resto do resto de minha vida, pois minha vida agora só seria um resto, que talvez nem merecesse ser vivido...chorei a noite inteira...nunca fora de chorar, nunca chorava, mas era impossível evitar...comecei a recordar o passado e parei exatamente quando Aninha havia entrado em minha vida...antes de nascer...ainda quando era nada mais que uma promessa de vida no corpo de uma mulher, quinze anos atrás...em um ponto de ônibus em Copacabana...

- Tu podes me ajudar? Estou com fome, estou grávida, meu namorado me abandonou, minha família não quer me ver, cheguei de Curitiba ontem e não como nada a dois dias, preciso que alguém me ajude...

Olhei a mulher nos olhos atentamente, estimei não mais que 30 anos para sua idade, observei todo seu corpo, era bonita, estava maltratada, entretanto vestia roupas de qualidade...seus olhos mostravam que estava em situação de carência e mêdo, o corpo, uma gravidez de no mínimo dois meses, senti muita pena dela, eu nunca abandonaria uma mulher à própria sorte, mesmo sendo desconhecida, e assim me senti envolvido e pronto para ajudar...

- Qual é o seu nome, moça?

- Sonia, mas tu podes me chamar como tu quizeres, se puder me ajudar te agradeço muito...Tu és casado, posso ajudar no serviço da tua casa?

Aquela pergunta me fez lembrar que já fora dezenas de vezes, não no papel, mas a muito tempo este conceito de ser ou estar havia perdido o significado em minha vida, deixava o amor fluir da forma que viesse, amava as mulheres incondicionalmente, deixando-as livres para entrar e sair de minha vida como bem entendessem, aprendi a recomeçar sempre que fosse possível, sem olhar para trás e sem me importar com nada, estivera diversas vezes no topo e na base, e sabia que após tempestades a terra se torna fértil e pronta para a fecundação, e que o importante eram os dias de sol que viriam, trazendo lampejos de felicidade...pequenos momentos que tinham que ser aproveitados antes que se acabassem...não fechava nunca qualquer porta que pudesse permanecer aberta em minha vida, essa era minha filosofia de vida, era como eu me sentia...

- No momento estou morando sozinho, se você quizer, eu te levo para minha casa, lá você pode se alimentar, tomar um banho, trocar de roupa e ficar quanto tempo quizer...até ter um lugar melhor para ir...quando quizer ir...

E assim, desde o primeiro dia morando em minha casa, Sonia se posicionava como minha mulher, sem reservas, na cama inclusive, sem nada perguntar, sem nada pedir, com seu olhar meio ausente e distante, por vezes inquieto.

Comecei a perceber que Sonia seria um pássaro passageiro em minha vida e não demoraria a se lançar em novo vôo, e isto me incomodava, havia me apaixonado mais uma vez e agora amava Sonia e a pequena semente que crescia no seu útero, fecundada por outro homem, mas já adotada totalmente por mim. Passei a visitar minhas tias levando Sonia e a promessa de Aninha, cada vez maior em sua barriga, apresentando-a como minha nova companheira, na extrema tentativa de faze-la gostar daquela opção de vida, mas sentia que o olhar de Sonia estava cada dia mais longe.

Tinha percebido desde o início que Sonia, assim como meu falecido filho Lalo, apresentava sintomas típicos de viciados em drogas, a abstinência estava lhe pesando cada vez mais e chegaria a um ponto em que ela não suportaria ultrapassar...isso me aterrorizava e me fazia passar noites em claro procurando uma alternativa, abri o jogo com ela, mas ela negou tudo e inverteu a situação, dizendo que se eu queria um motivo para me livrar dela e de Aninha. Talvez Sonia nunca tenha sabido o quanto me feriam essas afirmações...o quanto era grande o meu amor por ela.

O tempo foi passando, dias, semanas, meses e finalmente Aninha nasceu, pequenininha, indefesa, totalmente dependente de tudo e de todos, sem saber em que mundo fora lançada e por quanto tempo...eu tentava esconder as lágrimas que brotavam de meus olhos quando observava a total indiferença de Sonia em relação a Aninha, e comecei quase por adivinhação do que viria, a ler tudo sobre crianças.

Quando Aninha completou duas semanas de vida, cheguei de uma entrevista para um novo emprego e não encontrei mais Sonia, ela havia partido, deixando apenas um pequeno bilhete junto ao berço. Sonia levou quase todo dinheiro de nossas reservas, Aninha passou nesse momento a ser responsabilidade e problema apenas meu. Eu me recusei a acreditar, andava pelas ruas olhando em todas as direções, procurando por Sonia, levando fotos, falando com drogados, mas nenhum sinal de Sonia, devia estar longe...talvez em Curitiba...talvez em qualquer lugar do mundo, bem longe dos meus olhos mas ainda dentro do meu coração, ocupando um espaço imenso e significando talvez a maior derrota de toda minha vida.

Sentia uma imensa agonia e abraçava Aninha toda vez que precisava sair para conseguir algum trabalho, agora eram apenas eu e ela, apenas nos dois para enfrentar o mundo e lutar pela vida. Como conseguiria trabalhar e ao mesmo tempo cuidar do bebe, teria que conseguir uma atividade que pudesse ser feita em casa, que não tomasse todo meu dia...tinha que conseguir voltar ao topo, com bastante dinheiro seria mais fácil resolver as coisas... nunca me importava com o dinheiro, mas agora ele era a coisa mais importante para que eu pudesse cumprir meu juramento, daria o máximo do resto de minha vida para que o futuro de Aninha fosse o melhor possívcel...eu sempre recomeçava...já não me assustava com isso... e assim fui vivendo aqueles dias de angústia e amargura, tendo como único prazer observar a vida e o tempo fazendo de Aninha uma menininha cada vez mais linda.

O tempo foi passando e meu trabalho em casa, com desenho, arte final e fotografia, conseguia manter Aninha na escola, ela estava cada dia mais linda, com seus dois aninhos completos, me chamava sempre de paizinho, o que me deixava orgulhoso, eu já aceitava que iria viver apenas para que aquela criança pudesse ser alguém neste mundo hostíl, e assim evitava agora me envolver com outras mulheres, vivia só para Aninha.

Quando Aninha completou quatro anos, escrevi para minha tia que morava em Porto Alegre, que não via já a uns vinte anos. Informei sobre minha vida e minhas preocupações em relação a minha filha, a incerteza das coisas e a necessidade de ter alguém que pudesse ajudar caso eu ficasse doente ou morresse. A resposta de minha tia veio rápida, “venha para Porto Alegre, só aqui poderemos te ajudar, precisamos de alguém de confiança para a fábrica de tecidos, minha filha Tânia separou do marido e já não consegue tocar tudo sozinha, ele participa do conselho de administração, mas não do dia a dia da fábrica, entre em contato, poderemos nos ajudar, sei que você é competente quando está motivado, te esperamos aqui ”.

O convite me deixou orgulhoso e me fez sonhar com a possibilidade de estar perto de Curitiba e conseguir encontrar Sonia, ainda moradora em meu coração apesar de tudo o que acontecera, e assim, em poucos dias eu e Aninha já estávamos reduzidos a apenas duas grandes malas, que continham tudo que tinhamos na vida, também cheias de esperanças e sonhos de melhores dias em nossas vidas.

Quando os momentos são felizes, passam muito rápido, e assim, Aninha já estava fazendo dez anos de vida. A ida para Porto Alegre fora muito boa para mim, Tânia estava muito abatida com a separação e se dedicou totalmente a mim e a filha, embora tivesse suas duas filhas adolescentes para cuidar. Aninha vez por outra me abraçava e lamentava por mais uma vez não poder ter a oportunidade de conhecer sua mãe. Eu procurava a todo custo esconder as lágrimas que teimavam em rolar de meus olhos cerrados enquanto a apertava fortemente contra o peito, dizendo que um dia isso seria possível, que ela voltaria e seríamos felizes. Estava muito bem posicionado na empresa, como diretor de produção, mantinha dois detetives mobilizados na busca por Sonia que parecia ter se transformado em pó. Não sei até hoje, se foi por me observar sofrendo e sem ninguém para compartilhar, ou se foi para causar ciúmes em Silvio, que a largara para viver com outra mulher, que Tânia começou uma aproximação maior, me fazendo seu acompanhante a festas e jantares e fatalmente acabamos nos gostando e começando um relacionamento amoroso escondido.

Era um sábado de manhã, acordei bem cedo pois havia combinado com Tânia um passeio nas regiões serranas, recebi um recado de Tia Albertina, me chamando no seu escritório, não imaginava o que poderia ser, lembro que eu estava muito orgulhoso com as novas máquinas que haviam dobrado a produção, embora a contragosto dela, que achava que as empresas tinham que operar sem dívidas, e que votara contra a compra do novo maquinário financiado. Tânia ficara pela primeira vez em posição contrária a dela e a de Silvio, durante a votação do conselho de administração. Silvio visitara tia Albertina na véspera e falara em reparar um erro e voltar a viver com Tânia. Até hoje não sei se eu estava certo ou não, mas nunca imaginei ouvir de minha própria tia o que ouví alí;

- Canalha, acabou para você, eu confiei em você e você me traiu, não adimito, não posso acreditar que você se envolveu com Tânia, ela é muito mais nova que você, isso é um desrespeito, quero que você volte para o Rio de Janeiro, não quero você mais aqui, já fiz as contas e este cheque é tudo que você tem direito, pegue sua filha e suma daqui, hoje mesmo...

Rasguei o cheque na frente de minha tia e fui buscar Aninha, preparamos as malas, apenas duas grandes malas, largando todo o resto para trás, novamente cheias de esperanças e sonhos de melhores dias em nossas vidas...

Hoje, um ano após sair do hospital, começo a procurar pelos parentes que me restam e pelos vizinhos, só agora consigo falar em Aninha sem que a voz me escape e um pranto enorme me sufoque, foi muito duro tentar recomeçar a vida e tentar entender como tudo se passou, eu e ela fomos vivendo nosso amor fraternal, que aumentava a cada dia, e nos bastávamos, o mundo não tinha mais sentido, até que a necessidade da cirurgia nos separou pela primeira vez na vida, aquela profunda tristeza e o medo da minha morte foi capaz de matar Aninha, de uma forma tão violenta que o coraçãozinho dela, de apenas quinze aninhos, não aguentou a solidão, se recusou a bater e parou para sempre. Eu e meu velho coração, ficamos em coma várias semanas, porém já tantas vezes vacinado pelas angústias da vida, aguentei firme até hoje, embora não consiga aceitar o que se passou e sinto, cada vez que olho as estrelas, que Aninha está lá, linda como sempre foi em sua curta vida, sempre ao alcance dos meus velhos e cansados olhos, minha amada estrelinha...Minha filha Aninha!

Sigo a jornada da vida, cumprindo minha missão, voltei ao trabalho voluntário com os desvalidos, tentando dar um pouco de utilidade a este resto de vida, sei que é questão de pouco tempo, breve estarei com ela para sempre...junto as estrelas...

Foto de ANACAROLINALOIRAMAR

" ABSTINÊNCIA DE VOCÊ "

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Meus pés já não sabem onde me levar.
Meus braços impulsionados querem te alcançar.

Meus olhos perdido meio multidão.
Procurando sua presença em vão.

Parece um grito solto no ar.
Preciso logo o seu ser encontrar.
Preciso de você como preciso do ar.
Sua falta me faz sufocar, delirar!

O coração bate a todo o momento.
Preciso de você para acabar esse sofrimento.
Minha vida já não faz sentido
Sem você e seu belo sorriso.

Parece-me que tudo me foge das mãos.
Sem tua presença, para sustentar meu coração.

Isso é abstinência não tem cura!
Tentei ficar longe de ti
Mas nosso amor é loucura!

Volte! Venha matar meu vício.
Essa abstinência que não é capricho.

Preciso de você como alimento.
Para acabar com esse tormento.
Queria saber por onde anda você?
E acabar com essa abstinência.
Que me leva a enlouquecer!

*-* Anna A Flor de Lis

http://www.blogger.com/profile/01846124275187897028
http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=39704

Foto de ANACAROLINALOIRAMAR

" SABER VIVER E RESPEITAR AO PRÓXIMO" (Reflexão)

♣♣♣♣
♣♣♣ " Reflexão em poesia"
♣♣

Saber viver...e respeitar ao próximo.

Existem situações, que temos
Que nos fazer de cegos surdos e mudos
Mesmo que nos chamem de loucos.
Pois como já se diz,
De médico e louco todos nós temos um pouco.

Existe sempre uma barreira na nossa frente
Querendo entupir nossa mente.
Sempre obstáculos a serem oferecidos.
E jamais poderemos nos dar por vencidos.

Sempre uma nova pedra lançada.
Mas não podemos deixar,
Que a nós ela seja alcançada.

Para levarmos a vida sem problemas fúteis.
Não vamos nunca responder as provocações
Se pedras te jogam, use-as para construir
Tua muralha.

Se obstáculos lhe são oferecidos.
Use-o como desafio.
Se barreiras, lhe aparecem.
Use-a como diversão, escale-a.

Se alguém falar de você,
Veja que você tem existência.
E a muitos provocam com a sua aparência.
Mas nunca perca sua resistência.

Se alguém lhe falta respeito.
Não discuta com esse sujeito.
Deixa que a vida se encarregue.
De cuidar d’este, com jeito.

Se não te aceitarem como você é...
Não se incomode por ser julgado.
Cada um tem o seu jeito,
Seja grosso ou afinado.

Cada um tem o seu jeito próprio
E um mundo a ser conquistado.
Então não dificulte sua vivência.
Vivendo sua vida com abstinência.
Permitindo que os outros te tirem a paciência.
Comece sua boa vivência.
Não vivendo no mundo de aparências,
E cuidando da vida dos outros
Com freqüência.

Podemos todos viver bem,
Mas nunca atirando pedras em alguém,
Telhados de vidro, quem não os têm?
Bons cuidados lhe convém...
Pois o que vai vem....

Vamos procurar nesse mundo viver bem
Mas sem querer passar por cima de ninguém.
Erros e defeitos quem não tem?
O certo é você cuidar dos que você tem.
E não se preocupar com os erros e defeitos de alguém.
Pois ninguém é perfeito, se perfeito os fosse...
Talvez, seriamos vistos como anormais....

*-* Anna A FLOR DE LIS.

http://www.blogger.com/profile/01846124275187897028
http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=39704

Foto de ANACAROLINALOIRAMAR

Preciso dos Seus Carinhos!

***
**
*
Preciso dos seus carinhos!
Me abrigue no seu ninho.
Meu passáro, meu condor.
Sabes me da valor,
Trata-me com amor.

Preciso dos seus carinhos!
Nos dias de hoje, amanhã e sempre!
Vamos voar o contente,
E fazer nosso amor presente.

Preciso dos seus carinhos!
Para poder enxergar,viver
prosseguir,partir para nosso espaço.
Sem embaraços, viver nosso compasso.

Preciso de seus carinhos!
Me deite em teu colo,mecha em meus cabelos.
Faça-me um cafuné,beije-me
quero ser sua mulher.

Venha sentir o sabor dos lábios.
Estão secos com sede do teu amar.
Minha carne treme de abstinência da sua.
Só seu carinho, acabará com essas inquietude.

Preciso de seus carinhos!
Assim como precisa dos meus.
Vamos nos encarnar, fazer desse amor.
Um só objetivo,eu você e o amor.
mas nâo deixe de me da carinhos.
Você é meu passáro que me jogou o laço.
Contigo quero voar,nesse eterno amar.
E sempre com seus carinhos!

Anna Flor*-*

Foto de DAVI CARTES ALVES

ESSA MINHA OBSSESSÃO DE AMAR VOCÊ

Marcastes n’alma tua imagem
com ferro de marcar,
Musa predileta das minhas canções de amar
Tantas vezes, meu porque de sorrir
Quantas vezes, meu porque de chorar

Sereia das minhas praias de desejo
Onde o prazer de buscá-la mais ao fundo
Se intensificava maviosamente
Em cada toque, em cada beijo

Agora o fogo faminto se alimenta
Reclamando em mim
Sua ausência, abstinência
Incendiando,
escravizada alma sedenta

Sente falta de sua brisa tépida
Em sopros fagueiros o açoitando
Por fim em vão,
Terá que arrefecer com as lágrimas
As laminas de fogo,
em seus pesadelos balbuciantes,
o beijando

Terá que apagar com prantos,
Os slides intermitentes na memória
De seu sorriso melífluo,
nos recantos d'alma,
reboando,
chamando... chamando...
reboando...

poesiasegirassois.blogspot.com

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