Alma

Foto de quimnogueira

Queria ser o teu relógio...(Quim Nogueira)



...serei o teu relógio...

...dizia-te eu , há pouco...

...o relógio da tua alma e do teu próprio corpo...

...o relógio do teu sabor e do meu sentir...do meu riso...da minha voz...

...incendiando os teus desejos...

...serei o teu relógio...

...dizia-te eu, há pouco...

...o relógio da fruição sonora ecoando dentro de ti...

...não te fazendo esperar como os minutos desta hora deste relógio que há em mim...

...ecoando em ti...

...numa ânsia de libertação de desejos apaixonados...

...num libido mental em constante crescendo...

...serei o teu relógio...

...dizia-te eu, há pouco...

...o relógio das horas alucinadas e felizes dos encontros esperados e desesperados...

...duma espera na ânsia de que o relógio pare...

...e os nossos corpos se encontrem num momento eterno de paixão...

...e ardor, sentindo teu corpo leve de pele acetinada feito...

...deleitando-me com o fogo do teu querer...

...e também da minha vontade de ti...

...serei o teu relógio...

...dizia-te eu, há pouco...

...o relógio das horas sem repouso num corpo morno...

...denso e arrebatador...

...numa onda frenética de prazer e dor...

...nos momentos em que o relógio não conta os momentos de em ti deixar...

...todo o meu amor...

...e... o relógio pára...

...pára, para que o tempo não se esgote...

...pára, para que os nossos corpos se fundam

num misto de agonia...

...num misto de prazer, êxtase e dor...

...e não mais exista a monotonia das horas vividas sem ti...

...e no fim, em espuma me espraiarei sobre o teu corpo lindo...

...deixarei de ser o teu relógio...

...o tempo deixou de existir...

...passarei a ser a tua própria existência...

Quim Nogueira

Foto de quimnogueira

Ouvindo a noite...(Quim Nogueira)



alguém a ouve?...

...sentado nesta cadeira de frente para o meu computador, numa mesa de madeira, branca de sua cor, eu teclo nas letras paradas ao redor dos meus dedos...preparo um texto, sem contexto, com uma textura qualquer, talvez de amargura...não me preocupa a forma, nem as palavras que me vão deslizar pelos dedos e destes para o écran que, de vez em quando, olho prevenindo um possível erro de escrita...não me preocupa o tema, mesmo que sem lema não se torna um dilema neste plural sistema de escrever prosa ou poema...

...trata-se de fazer deslizar apenas o teclado pelos meus dedos e deixar sair as palavras da minha mente numa constante busca da semente do significado para aquilo que estou a fazer neste momento...e que faço eu, nesta hora, aqui, sozinho e agora, batendo lento ou apressado nas teclas do meu teclado...olho em frente e vejo um relógio que marca as horas lentas que passam por mim e que marcam o tempo de viver a sorrir e a amar...tudo e todos, sem olhar a quem...somente por amar...

...e que espero eu obter desse amargor doce da alma que sofrendo não chora, pelo contrário, vive e implora...e que espero eu senão encontrar o caminho mais leve que me percorra o corpo como quente neve branca como o luar que lá fora, no céu cinzento, teima em espreitar numa noite fria de chuva que se aproxima do meu solitário estar...

...não percorro os corredores do dia que passou nem choro as lágrimas que retive dos acontecimentos que por mim passaram como uma brisa leve pousando no lugar onde estou e me sinto pairar dentro do meu próprio eu...

...procuro o sentido da vida que não encontro, numa procura constante de mim mesmo, na luta insana da loucura que afasto de mim nem que seja por um instante...

...e esse instante está chegando na forma da noite que se aproxima, daquele estado de espírito que me anima, pois a solidão resta a meu lado sem um mudo som nem qualquer grito abafado de dor...

...e aqui fico...

...esperando a noite chegar para nela me agachar e aninhar...povoar nela os meus sonhos de aqui me sentir e de aqui gostar de estar, neste lado do meu mundo, sozinho, de dia ou de noite, a mim próprio mentindo...

...mentindo-me em constante delírio duma busca que ufana luta me provoca na mente que, pensando, não me escuta...

...e não me oiço a pensar, nem quero sequer isso imaginar; oiço apenas a noite chegar e a sua escuridão me abraçar, sem me possuir nem me ter, apenas me rodeando de um leve prazer por ouvir os seus sons sobre mim verter...

...e vertem-se esses sons em pancadas surdas de palavras mudas, livres e desnudas de sentido ou de intenção...

...a noite traz paz ao meu coração...ouvindo-a, fico sossegado e dou a mim próprio a minha própria mão...segurando-me para não a possuir...para ficar aqui e não ir...

...senti-la apenas num, pequeno que seja, luxuriante som...

...ouvindo a noite, parto para o êxtase do meu ser, não pretendendo ver, apenas ouvi-la...

...dentro de mim, a bater...

Quim Nogueira

Foto de LEOANDRADE

Partida (Leonardo Andrade)

Você se foi com a noite

e o novo dia não trouxe luz

Você levou minha alma,

deixou um corpo vazio ...

vagando entre rostos inexpressivos,

lugares sombrios,

palavras sem emoção,

vidas sem razão.

O jardim não tem mais flores,

as paisagens perderam suas cores.

Não há mais risos, só dores ...

Aqui, em mim, sobreviverá um terreno estéril, semi-morto.

Enterrada bem no fundo uma única semente,

tênue esperança de renascimento.

Só pode florescer sendo regada pela saliva dos seus beijos

ou pelas lágrimas de felicidade da sua volta...

Volte .. antes que o deserto queime a esperança e a semente seque.

Enterrando um amor que morreu por amar demais

Leonardo Andrade

Foto de LEOANDRADE

Algemas (Leonardo Andrade)

Os nós que nos atam

Embora etéreos são indissolúveis

Invisíveis além do universo de nós dois

Elos imantados de amor



Encaixe perfeito

Côncavo e convexo

Yin e yang

letra e melodia, amor e poesia.

Preso a você, sou livre

Para amar, viver , sonhar

Sou inteiro, amo de forma plena

Sou todo, delicio-me com cada parte

sozinho, sem você

Sinto-me encarcerado num vazio

habitante de um universo sem sentido

sem cores, flores, amores...

Somos fragmentos de uma engrenagem

Que separados são peças inertes,

Juntos movimentamos nosso mundo

E geramos uma existência de amor

Amor, prendo-me a você

Entrego-me de corpo e alma

Pois na cela da solidão,

minha única liberdade é você.

Leonardo Andrade

Foto de LEOANDRADE

A Última Dança (Leonardo Andrade)

Seu perfume mudou, está mais cítrico

Reflexo involuntário (ou não) do tempo.

Sua leveza ao dançar ainda me fascina,

Me faz deslizar e sonhar...

Traz a tona tantas noites

Com você feliz em meus braços

Em ritmos diferentes

Todos executados com a mesma performance

O ar é quase palpável , denso

A música abafa as batidas do meu coração

Os passos parecem ensaiados

Tudo parece tão perfeito

Onde nós nos perdemos?

Em que ponto saímos do tom?

ou mesmo erramos a coreografia?

Onde? Como? Por quê?

Perguntas se desfazem como nuvens

Respostas que se calam

A música está acabando

Você vai embora

O sorriso que era de "até logo"

Agora é de adeus

As despedidas são silenciosas

Mas isso não as torna menos dolorosas

As mãos que se afastam não querendo se afastar

Dizem zil coisas num suave toque

As lágrimas se fundem com a chuva

O vento parece gritar ás arvores

A orquestra para

Você sai sem olhar para trás

Leva com você meu coração

Minha vida, minha alma

Sempre haverá outras danças

Mas sem você , minha partner

Será apenas um "sacudir" de corpos

Você leva a música , fica o som vazio ...

Gritos do silêncio que insistem a ecoar

Sem fim

A noite acabou e eu quero fugir

Mas não tenho para onde

É impossível se esconder de si mesmo

Leonardo Andrade

Foto de FERNANDO_JOSÉ

Que saudade... (Fernando José)

Para a minha Rosinha

Queima a alma, que não acalma...

Queima a vida, que é sofrida...

Murcha a flor, com tanta dor...

Minha Rosa multicolor

Meu jardim, contigo assim...

Já de belo, é só perfeito...

Cantar-te assim, é o meu jeito...

Inda que por verso, tão imperfeito...

Mas amor, por nós nascido...

Nosso amor, assim vivido...

È o sol, que nos ilumina....

É a vida, que floresce...

É a chama, que nos aquece...

É loucura, que entontece.....

És uma Rosa, de amor bonita...

És um desejo, que florifica....

És minh’alma, que por ti grita...

És meu jardim, és minha vida...

És meu carinho, és meu mimo...

Em ti me sinto, homem...

Em ti me sinto, menino...

Fernando José

Para a minha querida mulher Rosinha com muita saudade

Foto de Carlos

Queima o sangue um fogo de desejo (Alexander Puchkin)

Queima o sangue um fogo de desejo,

De desejo a alma e ferida,

Da-me os teus labios: o teu beijo

E o meu vinho e a minha mirra.

Reclina a cabeça

Ternamente, faz que eu durma

Sereno ate que sopre um dia alegre

E se dissipe a nevoa nocturna



Alexander Puchkin (1799-1837)

Foto de Carlos

O Crescimento do Amor, ou a Primavera (John Donne)

Mal acredito que o meu amor seja tão puro

Como pensava que era,

Porque tem que suportar

Vicissitudes, e estações, como a erva.

Penso que menti todo o Inverno, quando jurava

Meu amor infinito, se a Primavera o aumentou.

Mas, se o amor, este remédio, que toda a mágoa cura

Com mais, não for qualquer quintessência, é mistura

De todas as matérias afligindo a alma. Ou dos sentidos,

E ao Sol rouba o seu vigor operativo.

O Amor não é tão puro e abstracto como costumam

dizer os que por amantes têm a sua Musa.

Mas como tudo o resto, sendo também elemental.

Por vezes será contemplativo, outras agirá.



Mas nem por isso maior, apenas mais eminente

Se tornou, com a Primavera

Como, no firmamento,

Com o Sol, as estrelas, se mostram mas não aumentam.

Como botões num ramo, ternos gestos amorosos,

Da despertada raiz do amor florescem agora.

Se, no agitar da água mais círculos procedem

De um, também assim o amor se acrescentará.

Esses iguais

Foto de Carlos

À Cantora Tarabe (Ibne Amar)

A minha alma adora-te mesmo se a torturas

e uma alegria a excita para ir ao teu encontro.



É estranho que a nossa ligação se tome impossível

quando os nossos desejos concordavam.

Que desejaria pois meu coração

quando te procurou sem poder obter-te

quando os meus olhos te quiseram e te viram?

Como eu desejo que não esteja presente o raquibe

quando nos encontrarmos

e assim obterei o favor de me dessedentar

na deliciosa fonte dos teus lábios purpurinos.

ABU BACR IBN AMMAR (1031-1084)

Foto de Carlos

Este Inferno de Amar (Almeida Garrett)

Este inferno de amar - como eu amo!

Quem mo pôs aqui na alma...quem foi?

Esta chama que alenta e consome,

que é a vida - e que a vida destrói -

Como é que se veio atear,

Quando - ai quando se há-de ela apagar?



Eu não sei, não me lembra; o passado,

A outra vida que dantes vivi

Era um sonho talvez...-foi um sonho-

Em que paz tão serena dormi!

Oh! Que doce era aquele sonhar...

quem me veio, ai de mim! Despertar?

Só me lembra que um dia formoso

eu passei... dava o Sol tanta luz!

E os meus olhos, que vagos airavam,

em seus olhos ardentes os pus,

que fez ela? Eu que fiz? - Não no sei,

mas nessa hora a viver comecei...

Almeida Garrett (1799-1854)

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