Átomos

Foto de Allan Dayvidson

QUEBRA-CABEÇA

"Alguém disse uma vez que é um abismo o que separa uma pessoa de outra. Disse também que o ato sexual elimina esse abismo apenas momentaneamente..."

QUEBRA-CABEÇA
-Allan Dayvidson-

Meu quebra-cabeça tem milhões de peças,
Minha mochila, zilhões e zilhões de promessas,
Mas nenhuma boa razão para iniciarmos essa conversa...

Você mal conhece uma fração de mim.
E novas partes estão sempre a surgir.
Mas cada fragmento meu está prestes a se libertar...

Pelo ar,
os átomos se movem... se permitem... se desligam.
Saia de seu lugar,
E abandone também alguma de suas peças...

Seus sapatos lar-gados
Na porta de entrada.
Seu jeans des-botado
Jogado na escada.
Bom senso des-pido.
Mas não se atreva a consertar absolutamente nada!

Permita-me tirar vantagem de você.
Trata-se de muito mais que uma oferta,
Quero cruzar nossas fronteiras.

Mas, depois de tudo, não vá se surpreender
Se, dessa vez, eu for o primeiro a puxar as cobertas.
Cansei ficar apenas com a beira...

Não se preocupe, não pretendo medir
ou etiquetar nada do que faremos aqui.
Somos só eu e você,
quebra-cabeças eternamente incompletos.

Pelo ar,
Nossos estilhaços... se chocam... se misturam.
Saia de seu lugar
E aprecie plenamente cada momento...

Coração dis-parado
E meus olhos em você.
Estou quase sem-fôlego,
Mas ainda consigo dizer
Que assim é de-verdade
E não se atreva a consertar absolutamente nada!

E quando chegarmos ao fim,
Seremos como dois astronautas
Voltando do espaço.

Levarei daqui o que pertence a mim.
Não quero tudo de você,
Apenas um belo pedaço...

Foto de Jerry junior

amor inferno amor

Amarra-me posso estar louco
pois, nele não acredito
Mesmo o sentindo não creio...
O peso de tal fardo só me afunda,
Coisa terna? Só pressiona o peito.
Como pode ele ser nobre,
Quando é duro, demais duro, demais bruto
Impetuoso o bastante para nos picar
Feito pontas cortantes. Fere até espinhos!
E eu simples que dele nada entendo,
Aceito-o, embora corro.
Ou devo forças ter para enfrentá-lo?
Dilacerá-lo enfim...
Assim devo fazer? Assim devo ser?
Então quando, mesmo a luz, da noite,
Que me queima, essa mesma luz
De lágrimas de tristezas,
Me aquecerá e me confortará.
Esperto o homem que não o toca,
Esperto este que não o sente.
Certo é não procurá-lo nos sonhos
Que por certo é só tê-los
Nas noites tardes
Enganando-se tardes dias
Pois, mentem os sonhadores...
Que ao ver então estrelas não brilhantes
Quando o amor chega,
E as mesmas somem
Quando eu não mais olhar.
Mas, elas continuarão lá,
Pequenas e lindas como fadas,
Tão pequenas qual uma pedra de ágata.
E o amor que só febre, fere febre,
Abre feridas tamanho de Jade
E então fujo, cubro-me
Num grupo de átomos,
Pois, só assim dores não sentirei.

Foto de Arnault L. D.

Metafísica

O que é um apenas?
Se no mínimo, nada é sólido.
Pois, entre as células há espaços,
entre os milhões de zilhões de dezenas,
átomos flutuam, no inteiro inválido.
Orbitando por magia e não por laços.

O que nos mantém inteiros?
Se as partículas soltas giram
na atração de micro galáxias orbitam,
a compor o barro, vaso, flor e oleiros,
o sábio e os que deliram...
Sendo todos do mesmo, e diversos resultam.

Mas isto, não impede de dizermo-nos um.
O paradoxo, verdadeiro pode ser...
Se nada é inteiro, o todo é unido.
Então, o que nos difere do comum,
de elétrons gravitando no éter... ?
O pensar, etéreo, o querer puro e fluído.

Por isso, quando enlevados de amor
nos sentimos plenos; o querer move a balança.
És parte de mim, por você é: “Nós”.
E isto, é o mais próximo em teor
do inteiro. E há esperança
de dois formar um, e mais que sós.

Foto de Marilene Anacleto

Teu Abraço

Teu abraço é minha plenitude.
Melhor dizendo, completude.
Sem ele não posso voar,
Os limites da persona ultrapassar.

Teu abraço é vida plena,
Que abençoa a célula mais pequena.
No giro luminoso dos meus átomos
Encontro luzes no cosmo estrelado.

Na dança da vida em suspenso
Em constelações acesas me encaixo.
No sereno calor do teu abraço
Consigo avançar mais um passo.

És a asa que faz alar a minha,
Assim posso ir aonde quiser.
Posso pensar alto e sentir na alma
O grande mérito de ser mulher.

No nosso abraço desapareço,
Viro e reviro-me do avesso
Solto-me toda, vivo a esmo,
Misturo tudo, dos pés à cabeça.

Marilene Anacleto
31/05/02

Publicado em: http://rotadaalma.spaces.live.com/
Publicado no site http://www.itajaionline.com.br, em 04/03/2002
Publicado no livro Jardins, Jardins : [poemas[ / Marilene Anacleto. – Itajaí (SC) : 2004. 72 p. : il.

Foto de Herickvoodoo

Descubro

...E me inundam faíscas elétricas velozes,

Ferozes, no encéfalo bucólico, enlameado,

Que rege meus átomos de si atrozes,

Buscando então serem desencadeados.


Me dizem mil e um detalhes perdidos,

Queridos, necessários de nova atenção

Para serem de novo gemidos

E surgirem em nova correção.


Uma melhor lembrança, se espera, surgiria

Na razão de que nova experiência se faz

No momento qual se mude o que errado seria,

Mesmo se normal fosse o momento mordaz.


Planos nada mais, porém, aquém do esperado

De quem sempre se espera cumplicidade,

Mas na dubiedade vê seu petardo

Mesmo na sincera ingenuidade.


Que aos Diabos vá os fortes desejos

Que quebram o controle químico-neural

Que ao todo me afasta os ensejos

Que haveria de ser o natural.


Não importa o tempo requestado

Firmes serão os laços não Epicuristas

Onde nenhu’alma teria agüentado

Não fosse a Ágape em mim esculpida...

Foto de Nailde Barreto

ARMADILHAS.

Armadilha atrativa atual altera aspectos agradáveis,
abala a alvorada ativa, assegura, aliena a absoluta
alheia autoritária, asfixia ambiente, ácidos alheios,
adocicados, aglutinam, acelera a aflição.

Armadilha atual, assassinos atraentes,
assegura aplicações asquerosas, âmbito aflito, anormal,
aspira atrocidades, almejando atmosfera acabada.

Armadilha atual atinge alturas absurdas,
átomos aplaudem abrasivamente a ascensão agressiva,
abrupta, atrevidas ações, aprisiona, apavora, anoitece.

Armadilha atual aglutina a atenção, alerta
ansiosa armadura apazigua atitudes absurdas,
avassaladoras...

Nailde Barreto e B.Carvalho.

Foto de jessebarbosadeoliveira27

ÁS PORTAS DA PSICODELIA POÉTICA

Ando comendo água pela vastidão dos bares da mente.
Ando zarpando pelo Atlântico da memória náufraga, dolente e incontinenti!
Ando constantemente prenhe de paisagens
Pululantes e sôfregas por gente.

Ah,
Como eu queria
Que soubéssemos
Ser o errático bólide do córrego infrene:

Conhecendo o sentido de se estar
Com a planta dos pés na terra;

Levados pelo remanso
De se estar plenamente
Ao sabor do ar livre;

Dispostos a polenizar a matéria
Do desconhecido que
--- á nossa frente ---
Placidamente fica á espera.

Ando sob o efeito
Da alterosa poeira,
Deixada pela energia cinética das ideias
Quais rebentam dos pensamentos quânticos:

Olhar além da gravidade,
Cujo códice de leis nos circunscreve e rege;

Mergulhar no infinito oceano
De mundos paralelos,
Fervilhando nos átomos
Da nossa pele e osso;

Flutuar sobre a onipresente
Neblina da estupradora Tirania,
Juntando-me ás Estrelas
Que formem a Luz da Chama Coletiva
Para derrotarmos a pérfida Realeza da Hipocrisia
E parirmos --- finalmente ---
O Reino da Pax-Poesia.

Ah, que temeridade que digo:
A bem da verdade,
Estou comendo água demais por dias a fio!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

http://bocamenordapoesia.webnode.com.pt/

• http://twitter.com/jessebarbosa27

Foto de Raiblue

Juramento

.
.
.
.

Como se o mar
Invadisse a noite
Marulha o silêncio
Em meu ouvido
Sussurra lembranças
Penetra poros
Dilata veias
Por onde você
Corre, em ondas
Que me engolem ...
No espelho
São seus olhos
O meu reflexo
Vestida de você
Desapareço
Dissolvida,abduzida
Por alguma força mística
Poção mágica
Grudada nas retinas
Castanhos delírios
Sinestesias...
Alquimia de corpos etéreos
Explosão de átomos
Mistura volátil
Encontro marcado
Numa noite lúdica
Fluida
Quase música...
A guardar em suas notas
A respiração ofegante
Do beijo imaginado...
Adormeço sobre a seda
Do seu corpo astral...
Sobre as sobras dos sonhos
Amanheço...
Procuro o espelho
Preciso do ópio
Dos seus olhos
Só por mais uma noite
A última
Eu juro...
Depois...depois...
Quebro o espelho...

(Raiblue)

Foto de all_nites

qual o sentido de tudo isto???

Qual o sentido de tudo isto?
Acordei esta manhã com este estranho pensamento. Abri os olhos a pensar em algo que torturava a minha cabeça ao longo dos tempos. Essa pergunta impertinente não me largava e tudo o que eu queria fazer, era despachar-me para ir para escola. Tanto ela me chateava que decidi, por fim, sentar-me na cama desarrumada e pensar sobre o assunto.
Tudo o que estava a pensar tinha a ver com o sonho que tinha tido. As imagens e os filmes do meu subconsciente passavam rapidamente na minha cabeça e sem problemas, consegui finalmente, perceber a base de tudo isto. Como é que tudo se formou?
É claro que segundo a ciência, a vida formou-se na Terra, devido a condições favoráveis, ou seja, os quatro elementos criaram uma situação estável de forma a permitir a formação de aglomerados moleculares, células e por fim seres vivos.
Mas a minha pergunta não ia para tão perto, ela ia ainda mais para longe. Os animais formaram-se através das células, as células formaram-se a partir de moléculas, as moléculas provêm dos átomos e então, “DE ONDE VÊM OS ÁTOMOS?”.
Finalmente! Tinha conseguido achar a pergunta. Mas faltava o mais importante, a resposta. Ninguém sabia a resposta. Desde daquele tipo de pessoas fúteis, que não se interessam por nada e só querem viver as suas vidas segundo o padrão social, até aqueles grandes cientistas e filósofos, mentes brilhantes que atravessam a vida pelos caminhos mais difíceis e mais sabedores, como Platão, Newton ou Da Vinci, não têm uma resposta certa quanto a essa resposta.
Bem, o certo é que, depois de tudo isto, tive que me despachar a vestir e a comer para não chegar tarde à escola.
O dia foi interessante. Era uma Quarta-feira e por isso as únicas disciplinas que tinha eram Educação Física, Filosofia e Matemática.
Em Educação Física, a minha turma teve a jogar Softbol (parecido com o basebol mas com uma bola de ginásio) e consegui fazer um Home-run.
Em Filosofia, teve-se a falar da ciência, um tema porreiro quanto a mim, e o professor deu-nos um trabalho para fazer ao longo do terceiro periodo. O que nós tinhamos de fazer era criar um texto em que se falasse dos limites da ciência, segundo a nossa opinião e não com ideias retiradas de outros lugares.
Eu já tinha um tema acerca do trabalho.
Durante as férias da Páscoa, eu surgi com uma teoria acerca da viagem inter-espacial. Falei com os meus amigos, João Jalé e Rui Gamboa e todos concordámos em realizar essa experiência. Essa ideia consistia em comparar a massa e a carga de um átomo de modo a construir um modelo semelhante a essa partícula, mas em tamanho real.
Toda a experiência foi projectada. O modelo foi desenhado e os objectos eram de fácil acesso mas, o pior foi os cálculos. Segundo um átomo de hidrogénio (que é o mais leve de todos os elementos), para construir um sistema de massa 5g a energia necessária para fazer a carica viajar no espaço, não era nem mais nem menos, do que 2 x 1013 volts. Bem isso era um bocado díficil de atingir e por isso esquecemos essa ideia.
Mas agora podia falar dela no trabalho.
Cheguei a casa, coloquei-me em frente ao monitor e fui buscar toda a informação que possuia da experiência. Retirei os textos que explicavam a actividade, os gráficos e esboços do projecto e comecei a escrever um texto, a expôr a minha ideia.
Demorei pouco tempo a fazer o trabalho pois já tinha muita informação.

O período passou num instante. Faltava poucas semanas para terminar as aulas e o prazo de entregas dos trabalhos para Filosofia era hoje. Apesar de ter uma semana para entregar, só me tinha lembrado de trazer o trabalho para a escola no último dia.
Entreguei o trabalho ao professor assim como os outros alunos e expliquei ao Jalé e ao Rui o que tinha escrito. Eles disseram que segui um bom exemplo para o trabalho e que era boa propaganda da ideia.
Tocou para saída, arrumei o material e juntamente com os meus colegas saímos da sala em direcção ao átrio da escola. Encontrei a Diana, a minha namorada e cumprimentei-a com um beijo doce.
O intervalo era de quinze minutos e por isso não valeu a pena sair da escola. Quando estava quase a tocar para a entrada, um certo indivíduo colocou-se à minha frente era o meu professor de Filosofia.
- Podes vir comigo ali fora para eu te apresentar uma pessoa? – perguntou-me ele apontando para a saída.
- Claro, tudo bem. Diana, já vai tocar, podias ir já para a aula.
- Está bem. – respondeu ela dirigindo-se para as escadas que levavam às salas de aula.
Acompanhei o professor até à saída da escola e junto ao passeio, estava a estacionar, um Mercedes SLK 600. Um senhor de fato saiu do carro e dirigiu-se a nós.
- Bom tarde, doutor.
Apertaram as mãos após o senhor também cumprimentar o professor.
- Doutor, este é o Bruno. – começou ele. – Tiago, este é o Doutor José Cunha, ele é o responsável por um laboratório situado perto daqui.
- Olá. – disse eu apertando a mão ao Dr. José.
- Olá. Então és tu o génio que deu asas a esta ideia? – perguntou ele.
- Qual ideia?
- Teoria Atómica da Mudança de Espaço.
- Hã... Sim fui eu. – disse eu embaraçado.
- Estou espantado! Onde arranjaste tal ideia?
- O meu pai tem um livro antigo e nesse livro está a falar de um experiência Top Secret, que não se sabe se existiu ou não, chamada Philadelphia Experiment, a Experiência do Filadélfia.
Então eu lá falei durante minutos sobre a tal experiência que a marinha norte-americana tinha feito durante a segunda guerra mundial, eles tinham conseguido, sem se saber como, fazer desaparecer um navio em alto-mar e fazê-lo aparecer numa baía. A marinha negou tudo mas houve muitas testemunhas. Após ler aquilo fiquei curioso e pus-me a pensar sobre o assunto. Tanto pensei que, por fim, veio-me à cabeça uma ideia: qual é uma das únicas coisas instantâneas no mundo? A passagem de nível electrónico dos electrões para a camada seguinte. Segundo a química, quando um átomo recebe demasiada energia, os electrões ficam excitados e por isso passam instantaneamente para uma camada electrónica superior. Fiquei com esta ideia na cabeça mas foi logo substituída por outra, e se desse para criar um modelo com as semelhanças de um átomo mas numa escala real. Pensei mesmo muito nisso, fiz textos sobre isso, desenhei projectos, fiz tudo, inclusive os cálculos que estragaram tudo, pois era preciso uma carga de 2 x 1013 volts para o objecto de 5 g passar para o nível seguinte e viajar no espaço, e por isso desisti do projecto porque com uma energia dessas, mesmo que fosse possível criar, poderia fazer estragos com tamanha carga, como no caso dos trovões.
Acabei de explicar tudo e reparei que ambos olhavam para mim fixamente.
- Espectáculo! – disse o doutor. – Há anos que tento arranjar alguma forma de viajar no espaço e tu conseguiste primeiro que eu. Queres juntar- -te à minha equipa?
- Uau! Seria um prazer. Quando?
- Sei lá, talvez nas férias.

Falámos por mais uns momentos, mas já eram três e meia e tinha que apanhar o autocarro. Dei o meu contacto ao Dr. Cunha e despedi-me.
Ia a caminho de casa, no passeio junto à estrada e uma criança ia à minha frente a andar também, mas mais devagar. Acelerei o passo para a passar ao lado da menina e quando passei por ela, uma voz fina dirigiu-se a mim.
- Não o faças! – disse a menina com um ar triste. – Por favor, não estragues o mundo!
- Não faço o quê? – disse eu espantado pela reacção da criança.
- Teoria Atómica da Mudança de Espaço. – disse a menina levantando a cabeça e mostrando os seus olhos azuis brilhantes.
Fiquei paralizado, como é que ela podia saber? Não contei a ninguém, a não ser ao Jalé, ao Rui, à Diana, ao professor e ao doutor. Eles não iam espalhar isso por aí e mesmo assim, como é que uma miudinha conseguia perceber isso?
A criança virou-se e começou a caminhar para o lado contrário.
- Espera aí! Como te chamas? – perguntei eu acompanhando, por momentos, a menina.
- Gabriela do Paço Castanheira Esguedelhado. – disse ela olhando de relance para mim. – E não me sigas. Adeus pa....
- Adeus quê? – disse eu gritando para ela já ao longe.
Ela não respondeu. Começou a correu e virou para uma rua escondida. Durante minutos fiquei ali parado espantado pela situação.
Cheguei a casa lentamente a pensar sobre este estranho episódio. Entrei em casa, abri a porta para os cães irem à rua, abri os estores da sala e deitei-me no sofá. Estava muito cansado e custava manter os olhos abertos. Tudo se escureceu e por fim adormeci.

Acordei agitadamente, saltando do sofá violentamente e caindo para o chão. Olhei para o telemóvel, eram seis e vinte e tinha uma chamada da minha mãe.
Sentei-me no sofá e levei as mãos à cabeça, tinha tido um sonho horrível, o fim do mundo. Tinha sonhado que a terceira guerra mundial tinha rebentado devido a uma associação criminosa que usava a minha teoria para tudo o que era mau. Roubar, infiltrar e até matar. Parecia tudo tão real.
Finalmente tinha compreendido o que queria dizer a rapariga sobre o estragar do mundo. Finalmente tinha percebido que, se calhar a minha teoria não era assim tão boa como tinha pensado. Possivelmente era mais negativa do que positiva. Era boa como transporte rápido de pessoas e mercadorias mas era mau devido aos assaltantes e associações criminosas que eram facilitados no seu trabalho devido a esse transporte.
Estava decidido! Ia esquecer tudo. Era difícil mas era o melhor. Tinha que pôr tudo nas costas. Tinha que dizer ao Rui e ao Jalé o que se tinha passado e explicar ao meu professor e ao doutor a minha opinião.

Na sexta-feira, dirigi-me ao professor de filosofia que estava na sala dos professores e expliquei-lhe tudo certinho e o mais directo possível. Após acabar a explicação, o professor com uma cara de desânimo virou-se para mim.
- Tens razão. – disse ele. – Também já tinha pensado nisso.
- Então quer dizer que o professor me apoia nessa escolha.
- Claro que te apoio. Foste tu que criaste isto e és tu que tens a escolha de desistir do projecto. – disse ele pondo o braço a minha volta. – O Dr José é que vai ficar muito desiludido.

O professor voltou a chamar o doutor e eu expliquei a situação toda outra vez.
- Tens a certeza que queres fazer isso? – perguntou o doutor.
- Tenho, muita certeza.
- Que pena! Era uma grande oportunidade para seres famoso. Pelos vistos afinal vou ser só eu o famoso.
- O que quer dizer com isso? – perguntou o professor.
- Bem, já que ele não quer levar o projecto avante e como já tenho conhecimento acerca da teoria, levo eu isto para a frente.
- Não pode fazer isso! A ideia é minha e para além disso você vai provocar muita alteração no mundo. – gritei irritado com a atitude.
- Está bem! Quando me mostrares o Pai Natal, eu acredito no teu sonho.
Ele dirigiu-se para o carro e foi-se embora em grande velocidade.
- O que se pode fazer para evitar? – perguntei ao professor.
- Nada! Tu não patentiaste a ideia logo ele pode usá-la à vontade.
- Onde fica o laboratório dele?
- Fica no Bombarral. – disse o professor.
- O professor tem carro? – perguntei insistindo numa hipótese.
- Tenho.
- Então vamos fazer-lhe uma visitinha. – disse olhando para ele à espera de resposta.
O professor pensou durante momentos, até que por fim concordou comigo. Entrámos dentro do carro dele e fomos rapidamente até ao Bombarral.

Quando chegámos ao laboratório, este não era nem mais nem menos do que uma fábrica velha de tijolo.
- É aqui? – perguntei.
- É. – disse o professor. – Ele usa o laboratório debaixo da fábrica.
Entrámos dentro da fábrica e fomos dar a uma porta que necessitava de uma palavra-chave. O professor digitou uma combinação de números, a porta abriu-se e um elevador levou-nos para baixo.
Descemos poucos metros e quando a porta se abriu fiquei paralizado de novo. Já estava tudo pronto para a experiência. Os meus projectos já estavam todos construidos à minha frente e uma contagem decrescente de três minutos tinha-se iniciado.
O laboratório tinha aproximadamente três andares e no último estava, dentro de uma sala apenas com uma janela, o Dr Cunha. Ele viu-nos e rapidamente começou a descer as escadas. Ouvia-se da sua boca as palavras “Continuem a contagem”. Após descer os três andares e aproximou-se de nós com um passo rápido.
- Então gostam da minha experiência? – disse ele ironicamente.
- Pára já com isto! – disse eu directamente olhando bem para os olhos dele.
- Não sabes o que estás a fazer! – disse o professor.
- Claro que sei!
“Um minuto e meio para actividade.”
- Com essa potência, toda a população desta vila vai morrer electrocutada. – disse eu.
- Não vai não! Estão a ver estas paredes todas à volta. – disse o doutor apontando para elas. – São feitas de um material que isola grandes cargas eléctricas.
- Cala-se! – disse eu. – Voçê vai provocar muitos estragos mundiais e eu vou evitar.
- Como? A fazer birra? – deu uma gargalhada seca.
“Trinta segundos”
Comecei a correr em direcção ao projecto. Poderia fazer qualquer coisa para evitar. Estragar a experiência, rouba o objecto, qualquer coisa.
O doutor seguiu-me e quando cheguei perto do projecto, ele agarrou-me fortemente.
- Não me vais estragar tudo! – disse ele com um tom de voz irritado. – A experiência é minha.
- Não! É dele! – olhei para trás e vi o professor a dar com uma cadeira no Dr. Cunha deixando-o inconciente sobre o projecto.
- Obrigado. – disse eu.
“Dez...nove...”
- Temos que sair daqui! – disse ele.
- Mas e o doutor?
- Não dá tempo! – disse o professor agarrando-me na mão e puxando-me até ao compartimento, de onde saiu o doutor, atrás das paredes isolantes.
Um forte clarão se deu durante segundos e após ouvir-se um estalo intenso tudo se normalizou. Esperámos uns segundos e por fim volt´mos à sala. Tinha desaparecido! O doutor e o objecto tinham desaparecido totalmente. Não havia sinal deles.

Com toda esta confusão, após fechar-se o laboratório e isolar-se os acontecimentos, eu quis voltar para casa. Não podia contar isto a ninguém, não convinha. Poderia acontecer tudo novamente.
Sentia a mente aliviada enquanto ia no carro com o professor. Eu e ele não tinhamos falado mais sobre o assunto. Simplesmente agradeci-lhe por tudo.
Cheguei a casa. Já o carro se tinha ido embora e ia eu abrir a porta quando um “Obrigado” surgiu de uma voz fina. Olhei para trás e vi a menina do outro dia. Agora ela já estava feliz e despreocupada. Eu tinha tantas perguntas para fazer mas limitei-me a dizer:
- Gabriela do Paço Castanheira Eguedelhado né? Não me vou esquecer desse nome. Obrigado eu por tudo.
- Não vai ser preciso lembraste. – disse ela sorrindo e voltando a correr, afastando-se de mim.

Era Sábado e por isso estava com a Diana. Contei-lhe a situação do laboratório, ela era de confiança apesar de ter sido difícil fazê-la acreditar.
Falei-lhe da rapariga mas não sei porquê, não me lembrava do nome dela.
- Diana, se tu tivesses uma filha, que nome lhe davas? – disse eu tentando-me lembrar do nome dela.
- O meu nome favorito é Gabriela e, se neste caso, tu fosses o pai ela chamava-se Gabriela do Paço Castanheira Esguedelhado.
Voltei a paralizar. Será possível? Será que aquela rapariga era de facto, minha filha?

Fim

Foto de Raiblue

Ponto de fusão

.

Minúsculas partículas
Átomos, íons ,divisão
Repulsão, atração
Fluxos de energia
Pulsação...
Pupilas, retinas
Fantasias...
Esferas que viajam
Pelo o espaço dos sonhos

Atmosfera mística...

Projeção, pressentimento
Guiando o fluxo
Da alma e dos corpos
Sem destino...
Mistura de elementos fluidos
Química entre delírios úmidos
Desejos ácidos que corroem a pele

Mas não dói...

Portais são abertos
Para encontro secretos
Marcados na linha de um tempo
Só nosso, habitantes da noite...
Na realidade, estrangeiros...
Oniricamente, companheiros
Tripulantes da mesma nave...

Viajantes insanos, demasiadamente humanos ...

(Raiblue).

P.S.:Todos os meus textos estão registrados na Biblioteca Nacional.
Lembre-se que plagiar é crime!!

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