Ausência

Foto de Carmen Lúcia

Indecisão

...Contudo, faltou-me a decisão...
Uma só palavra me absolveria,
bastaria um sim sem grande alarde,
estava ali em minhas mãos,
mas o dilema me tornou covarde...
Nem sim, nem não...
Calei meu coração.

E essa indecisão agora me consome,
faz-me seguir com passos indolentes
por calçadas infindas e disformes,
caminhos íngremes, incoerentes
com a esperança de que um dia retornes...

Por companhia... a solidão,
sempre presente
quando a ausência se nos apresenta
impondo sua presença,
invasão tamanha,
retrato da fragilidade da condição humana.

...Contudo, faltou-me tudo...
Modificar o enredo,
falar sim sem sentir medo,
reviver nossa trajetória
onde marcas de amor marcam nossa história...
Traçar na folha em branco
o que sempre quis....
Ficar ao teu lado e te fazer feliz.

(Carmen Lúcia)

Foto de Fernanda Queiroz

Antes que o Ano Termine

Falta um dia para que o ano termine. Um dia intenso que pode mudar toda minha existência. Só preciso ter coragem e ir até onde você está... Antes, 450 km, agora 50 km. Por que veio para cá? Queria me confundir ainda mais? Estaria esperando que a proximidade me fizesse ser mais mulher... mais corajosa? Sabe que meu destino está traçado. Não me deixaram editá-lo. Sabe que não posso voltar, então porque não vem... Rouba-me, Toma-me, Leva-me para nosso mundo de sonhos; onde tua ausência presente foi marco de nossa história.

O sol está se pondo, o alaranjado de céu é o contraste perfeito com a relva que se estende verde e úmida pelas chuvas de dezembro. Tanta calmaria vem de contraste a minha alma conturbada e sofrida. Posso sentir meu coração batendo forte, tão forte quando o podia ver por aquela janelinha mágica do computador, cenário de nossa história, testemunha de nosso amor, cúmplice de nossos segredos, arquivo de momentos que perpetuarão dentro de mim. A brisa suave sopra. Parece querer brincar com meus cabelos, alheia a tempestade que envolve meu coração. Deixo a mente explorar o passado... Tão presente... Teus olhos, tua mania constante e única de apoiar teu rosto nas mãos. O sorriso espontâneo, a cara emburrada, os olhos se fechando de sono, e a vontade de ficar um tempo mais...e mais ...até o galo cantar...a madrugada... o sol nos encontrar ...felizes ou tristes...juntos.

A noite traz a transparência de minha alma, negra, sem luzes, sem amanhecer. Preciso me movimentar, sair deste marasmo de recordações. Thobias, meu companheiro de peripécias, que um dia correu tanto quanto no dia em que estouramos uma colméia; está selado, entende o que me vai à alma, conhece meu estado de espírito, sabe quando é preciso deixar as paisagens para trás, mais rápido, mais rápido, até se tornarem uma massa cinzenta, sem cor, ou forma retratando o mais profundo que existe em mim. Agora, no embalo do cavalgar, meus sonhos se afloram. Estou indo ao teu encontro, nossas mãos se tocarão, nossos corpos se unirão, nossos corações baterão em um só ritmo. A brisa tornou-se um vento tão gélido quantos minhas mãos que seguram as rédeas de um futuro-presente. Gotas de chuva descem sobre minha face, misturam-se as minhas lágrimas. Tenho a sensação de não estar chorando e sim caminhando para você. Na volta para casa nem o aconchego da lareira, o crepitar constante elevando as chamas transmite liberdade, as sombras sobrepõe à realidade que trará o amanhecer, elevo ás mãos solitárias tentando voltar ao tempo de criança onde elas davam vidas retratadas na parede imagens de bichinhos animados, mas não se movimentam, parecem presas ao aro de ouro reluzente que por poucas horas trocarão de mão fecundando o abismo que se posta diante de nós. O cansaço e as emoções imperam. Entre sombras e sonhos, meu pensamento repousa em você, na ilusão, nos sonhos, na saudade pulsante de momentos mágicos vividos, onde nossas almas se encontravam, onde nossos corpos não podiam estar. De desejos loucos e incontidos de poder realizar, antes que o ano se finde, antes que as horas levem tudo que posso te dar.

O amanhecer desponta, caminho a esmo, no escritório, ao lado direito da janela que desponta para colina verdejante (cenário de nossa história). O computador me atrai.. Você está off, está há apenas 50 km, mas em meus arquivos de vídeo teu rosto se faz presente, tua boca elabora a mímica de três palavras mágicas “EU TE AMO”.A musica no fundo é a mesma que partilhamos tantas vezes juntos COM TI RAMIRO, gravada em meu studio amador ao som de flauta. As notas enchem o ar, a melancolia prevalece, meu coração se enternece, “POR FAVOR, VENHA ME BUSCAR”, não vou conseguir sozinha, você sabe disso, é exigir demais de quem só soube amar, sem nunca saber lutar, sem nunca poder gritar, com um destino a cumprir, um dever de tempos idos e protocolados nos princípios de toda uma existência. O dia se arrasta imortalizando o passado. Estou diante do espelho, o rosto moreno não consegue esconder a palidez, o vestido branco de seda cai placidamente sobre meu corpo inerte. Vestido que outrora minha mãe usara com os olhos brilhantes de felicidade. Os meus não têm brilho, este fora reservado às perolas que adornam meus cabelos negros, sempre me achei parecida com ela, mas a imagem reflete somente uma semelhança física onde a mortalidade de meu semblante contradiz a vida de tempos passados.

Pedi que me deixassem ir só, queria ficar com meus pensamentos, onde você é soberano. Que bom que ninguém pode me tirar isto: tua imagem, teu sorriso, tua forma única de existir para mim, mesmo que em sonhos, mesmo que em lembranças, mesmo que em minha morte para a vida que se inicia. A escada imperial e central se desponta com teu corrimão de prata por onde desci tantas vezes lustrando-o com minhas vestes. Minhas mãos se apóiam nele, trêmulas, frias, para que eu não quede diante da realidade... Apenas trinta degraus? Deveria ser trezentos, três mil, ou trinta milhões? Eu os percorreria com gosto, antes de pisar na relva verde coberta por um tapete de pétalas de rosas que conduziam à capela. Porque desfolhá-las? Porque enfeitar a vida com a morte? Rosas brancas, pálidas como minha alma, desfolhadas e mortas como minha vida. Ao lado o lago que outrora me fazia sorrir, brincar e acreditar....queria parar...descalçar o pequeno sapatinho branco e sentir a frescura das águas elemento mais forte e presente da natureza em minha vida...mas agora não posso parar a poucos metros está minha rendição, meu destino onde o oculto será sempre meu presente, onde o passado será minha lembrança futura, onde você viverá eternamente, onde ninguém poderá jamais alcançar. A capela parecia lotada, não guardei rostos, somente sombras. No altar uma face, feliz, despreocupada, livre, sentado em uma cadeira de rodas estava papai, tuas pernas não mais suportavam me conduzir, teus braços que muito me embalaram, já não mais me apoiavam...segui em frente. Pensei em me voltar ..olhar para trás, mas não iria te encontrar. Palavras ditas e não ouvidas... trocas de alianças...abraços de felicitações....buquê lançado ao ar, festividades...todo ar de felicidade.

Faltavam dez minutos para findar o ano...minha existência já tinha terminado, o celular em cima do piano da sala...8 minutos...mãos tremulam ao aperta a tecla da re-discagem...minutos eternos...do outro lado a apenas 50 km, tua voz ...doce...amada...terna, parecia querer ouvir o que eu queria falar e não podia...engolindo as lágrimas. Apenas um pedido: seja feliz, seja feliz por nós dois...uma resposta que mais parecia um lamento, que por mais suave, parecia um grito...Seja feliz também.....um tum tum era o sinal de desligado....zero hora. Fogos explodindo no ar...

Fernanda Queiroz

Direitos Reservados

Foto de poetisando

Fuga ao destino

Fujo deste meu destino
Tenho que o fazer agora
E ir viver a minha vida
É chegada a minha hora

Não quero estar mais exilado
Da ausência de ninguém
Só quero como prémio
A vida viver também

Viver cada momento
Viver o dia de hoje com alegria
Sem ter sombras do passado
Sem tormentos durante o dia

Viver o dia cheio de felicidade
Com a alma sempre em paz
Esquecer o meu passado
Viver o dia como me apraz

Irei viver cada momento
Como se fosse o ultimo dos meus dias
O passado já o estou a cicatrizar
O meu futuro não o conheço
Nem vou nele mais pensar

Vou fugir do meu destino
Está chegada a minha hora
Vou viver a minha vida
Tenho que o fazer agora

De: António Candeias

Foto de poetisando

Fuga ao destino

Fujo deste meu destino
Tenho que o fazer agora
E ir viver a minha vida
É chegada a minha hora

Não quero estar mais exilado
Da ausência de ninguém
Só quero como prémio
A vida viver também

Viver cada momento
Viver o dia de hoje com alegria
Sem ter sombras do passado
Sem tormentos durante o dia

Viver o dia cheio de felicidade
Com a alma sempre em paz
Esquecer o meu passado
Viver o dia como me apraz

Irei viver cada momento
Como se fosse o ultimo dos meus dias
O passado já o estou a cicatrizar
O meu futuro não o conheço
Nem vou nele mais pensar

Vou fugir do meu destino
Está chegada a minha hora
Vou viver a minha vida
Tenho que o fazer agora

De: António Candeias

Foto de poetisando

Saudade

Saudade não tem forma nem cor
Não tem cheiro nem sabor
Falam nela, mas não se vê
Só pensa na saudade quem acredita nela
Ela é parte da ausência
A saudade é parte do amor
A saudade tem realidade
Mas quem a tem sente dor
Uma dor pequenina
Que cresce dentro do coração
Que nunca vem sozinha
Vem acompanhada da solidão
Quem a sente nunca esquece
Nem nunca a esquecerá
É um sentimento que nunca adormece
Quem ama sofre de saudade

De: António Candeias

Foto de Arnault L. D.

Sonhar o próprio sonho

Lua, minha amiga, andei distante um pouco.
Sonhar o próprio sonho devaneia...
Ébrio de esperança, esqueci do real,
não fiz assim de meu ouvido mouco
as canções da musa, ou melhor, sereia.
Atirei nos olhos, marejar de água e sal...

Olhos cansados, miragem passageira...
Lua indiferente a minha ausência, espera,
confiante em saber que eu voltaria
ao contemplar, só, a vida da vida à beira.
Amputar o sonho, o peito dilacera...
Ah... Quem dera... Volta a Lua, sai o dia.

Farei novo poema, distante de mim,
pois, sou corpo e ele apenas diz a alma...
Tal a luz do Sol a refletir na Lua
que fria se dilui..., não mais parece assim.
Em brandura, a chama jaz na calma
do luar que o brilho só alcança a rua...

Dentro das casas, fundo dos corações
a penumbra prevalece... E a pode olhar,
projetada fria, longe luz que veja,
o sabor da doçura, desejo e paixões
emprestados de um Sol... Já sem queimar;
direi que é garoa, o que o rosto goteja...

Foto de Ednaschneider

Poesia- Fonte de Juventude

Afastei-me de todos os poetas
Enterrei meus talentos
Agora o que me resta?
Chorar a todo momento?

Minha riqueza não eram em cifrão
Era fortuna de contentamento
E por causa de uma paixão
Deixei os versos soltos ao vento.

Um poeta será eterno
Na fonte em que se bebe
As águas da juventude: os seus versos
E inspiração que o rejuvenesce.

Por isso amigos poetas
Perdoem-me a minha ausência
Estou frágil, mas ainda resta
Meu pensar, a minha essência.

Nesse período distante
Eu não consegui cantar
as músicas a mim ofertadas
nem um quadro de natureza consegui pintar.

A lua era minguante nas noites frias
Nos dias quentes o sol queimava
A beleza da vida inteira não mais via
Nem o canto do pássaro admirava.

Meus cabelos ficaram grisalhos
A voz rouca
O ouvido falho
A visão fosca.

Não consegui cantar
Não ouvia o vento
Não via a beleza do mar
Mas restou-me o sentimento
A vontade eterna de poetizar.

Nas águas da poesia agora me vejo
Nas eternas fontes da inspiração
Bebo versos e me rejuvenesço
Mais forte estou: satisfação!

16-10-2012 Joana Darc Brasil *
*Edna Schneider Lemos

Foto de Rosamares da Maia

Buraco Negro

Buraco Negro

Queria falar mal de você, te denegrir.
Descarregar a minha raiva,
Rasgar cada pedaço do teu retrato.
Queria chorar, te insultar, me importar.
Mas não consigo sentir nada,
E não sentir nada é dor insuportável.
Você é um grande buraco negro,
Obscuro lugar onde a luz morreu.
Nada, você é um grande nada!
Paisagem deserta e insipiente.
E a sua ausência não me faz falta.
Buraco negro da minha galáxia,
Por ele, todo sentimento foi atraído,
Tragado juntamente com o meu coração.

Rosamares da Maia

11/08/2009

Foto de Rosamares da Maia

O Presente do Silêncio

O Presente do Silêncio

Maravilhoso presente é este silêncio.
Muda transparência que reedita pensamentos,
Devolvendo-me imagens tuas, sem ruídos,
Tão limpas e claras que consigo ver-te a alma.
Capturo e posso sentir cada um dos teus gestos,
Afagos antigos devolvendo a ilusão do teu afeto.
O brilho do teu olhar, a tua ansiedade contida.
Mesmo o improvável aroma da loção em tua pele,
Perfuma meus sonhos e a realidade deste silêncio.
E sinto o quanto esta tua ausência me é essencial,
Quando o pranto soluça alto preenchendo o quarto,
Rompe o silêncio como um frágil cristal quebrando.
Perde-se o precioso presente desta minha solidão.
De mim te ausentas e de ti me perco para sempre.

Rosamares da Maia
30.08.2004.

Foto de Carmen Vervloet

Adeus Hebe Camargo!

Breve acordarás entre anjos,
num mundo de amor e paz
ao som de violas e banjos,
rompendo obstáculos,
alegre e audaz!

Teu destino na terra acabou de se cumprir,
partiste deixando aqui saudade
e boas recordações...
O som da tua voz não mais vai se ouvir,
tua imagem sobreviverá em todos os corações.

A televisão está de luto
e de luto também está todo o Brasil...
Foste da espécie humana um bom fruto,
poderosa e talentosa mas, indulgente e gentil.

Adeus Hebe, até algum dia!
Ninguém suprirá tua ausência,
pincele este céu com tua alegria
e junto à Virgem Maria eternizará a tua essência.

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