Aviso

Foto de carmenpoeta

Chegada

Chegaste…
num dia qualquer
de uma certa estação…
Sem aviso, sequer,
nenhuma empolgação,
como quem chega sem querer,
dissimulando o querer ficar…
Como um bem maior, um privilégio,
presença indispensável, sortilégio,
burlando o fuso horário,
mudando o calendário,
o itinerário, a hora , o fadário,
senhor absoluto do tempo.

Chegaste…
Surpreendendo a manhã
ao entregar o cetro para a tarde,
revelando sombras em vertical
de pessoas vagando sob o sol,
rito costumeiro e pontual
anunciando o meio-dia,
do dia em que escolheste pra chegar.
Entremeio de manhã e tarde,
das entrelinhas para o baluarte,
da surdina ao gesto de alarde,
na expectativa de espreitar a beleza,
roubar tons em gradação,
cores em formação
no momento exato do impacto
causado pelo sol tingindo o céu
e logo se perder no horizonte.

Foste…
Junto com as cores do arrebol
morrer também atrás dos montes,
renascer, talvez, um novo sol
a irromper no amanhã,
com a manhã de cada dia.

(Carmen Lúcia)

Foto de carmenpoeta

Alegria triste

A alegria voltou.
Andara tão distante…
Nem sei por onde trilhou
sua presença exultante.
Partiu sem deixar aviso,
quis conhecer outros risos,
eternizar sua existência,
contagiar sua intensidade
entre os que vivem de aparência.
Alcançar, quem sabe, o paraíso
e onipotente, ser exclusividade
dos que são alegres, somente.

Meio tímida se aproximou…
Sorriso trêmulo, embargado,
um tanto envergonhado,
frágil em seu torpor…
Não era a mesma alegria,
trazia vestígios de dor.
O mundo sonhado não havia vingado.
Em contraste com seu júbilo
plantou-lhe desilusão
e seu riso escancarado
de pura alegria, gerado,
sem conseguir seu intento,
chorou.

_Carmen Lúcia_

Foto de carmenpoeta

Buscas

Busquei na transparência da manhã
motivos pra desencadear o riso
ante a melancolia exposta em cada rosto,
a reviravolta de um ideal deposto,
como se fora um grito de agonia,
um pedido de socorro, uma premonição,
um aviso…

Busquei no matiz das cores
flores para enfeitar o dia,
mas o encanto se murchou
junto à flor mais recolhida,
perfume a desimpregnar rancor
diante do desencanto da aflição,
olhares perdidos na mesma direção…

Busquei levar consolação,
porém o desconsolo fez-se solução
e meu alento para mim voltou
feito flecha a penetrar o coração
sangrando a liturgia da doce ilusão…
Ideologia não se muda da noite pro dia,
nem se vende feito peça de leilão.
Eis a questão.

Busquei falar através de versos,
da poesia que canta o perdão
e acalanta os reversos
restaurando a união,
mas o coração machucado
jamais ouve qualquer canção…

Recorro ao tempo…
Nele busco compreensão,
o amor que se desfez ao vento,
a paz que reina na exclusão,
que retornarão numa manhã
banhada de luz e recomeços,
no silêncio da oração.

(Carmen Lúcia)

Foto de Carmen Lúcia

Mudanças

Em fase de reconstrução
quebro meus tabus, estereótipos vencidos,
normas, padrões, regras , princípios,
tudo o que faz infeliz
e que a mim já não condiz.
Boto o pé na estrada...
Mudo a fachada, a cor descorada
mantida por nada.
Ausência de vida, pulsação, ação atrevida
acomodada em mórbida situação.
Perco a chave de casa
ao deparar a saída
e me entrego ao que vier, sem despedida,
ao que me desperte o desejo de viver.
Tiro da bagagem o supérfluo,
o peso, o excesso,
o desânimo expresso
num cansaço mental, moral, letal.
A inércia sem controvérsia, sem manifesto.
O sim bradado em contradição,
o não engolido por persuasão .
Quero gargalhar até chorar
lágrimas que brotem do sorriso...
Gritar mil vezes sim e não.
Florir em qualquer estação
sem respeitar placas de aviso.
Pisar na relva verde
e de verde reabastecer a alma
até que ela aporte num cais que seja calma,
onde seja feliz, onde conforte a alma.

_Carmen Lúcia_

Foto de Paulo Gondim

Lições do tempo

Lições do tempo
Paulo Gondim
26/11/2014

O que se aprende com o tempo
Se as lições são sempre reais
Nelas não há fantasias
A lições do tempo são frias.

Mas é preciso aprender
Nelas não há disfarce
E o tempo não espera nosso viver
Com o tempo, tudo é face a face

E o tempo cobra e não espera
Ele passa de forma invisível
Sem aviso, do que seja possível.
Ele passa. É imprevisível

Mas o tempo serve de remédio
Quem sabe esperar atinge a calma
O tempo cura as feridas da alma
E um desamor que nos faz sofrer
O tempo nos faz esquecer.

Foto de José Herménio Valério Gomes

Um poema dentro de ti

Porque serà,que o tempo volta sempre
Sem pré-aviso falar ao coração
Passeando nas nossas vidas agora ausentes
Daquela que foi uma loucura de paixão

Algo o faz sentir,algo me faz saber
Que vem acompanhado de sofrimento
Por um dia na vida,ter deixado perder
E que pensa reavêr a todo o momento

Como sem o magoar,ensinar-lhe a haver amado
Como eu aprendi,guardando o que tanto amei
E hoje vive no regresso do passado
Para vivre o que vivo,tambem

Dentro das tantas poesias
Acendem-se sorrisos na tristeza comigo
Que nos fazem ser o livro por um dia
Rarrando uma historia de amor perdido

Por vezes quero desistir nas palavras
Do que escrevo,como ultimo para ti
Mas este amor é um poema que não acaba
Como unico que foi para ti

Como a cigana joga os dados
Eu baralho palavras viciadas
Quanto são os sentimentos guardados
Para nasceres poema de palavras cruzadas...

(Zehervago 15/05/2014. Carouge)

Foto de Carmen Vervloet

Sob as Asas Do Silêncio

O silêncio abre suas asas sobre a noite
enquanto dúvidas são plantadas no coração,
batem em minh’alma feito açoites,
não consigo resposta nem para uma questão.

Por que, meu Deus, tanta acusação,
tanto maldade, tanto descaso,
parece praga, feitiço ou maldição
ou serão apenas coisas do acaso?

Passa por mim uma nuvem de tristeza
e se instala bem dentro do coração,
a chama de minh’alma já não fica acesa...

Já não oculto minha dor num sorriso,
deixo as lágrimas escorrerem sem interrupção,
quem sabe elas são prenúncio de um bom aviso?!

Foto de Carmen Lúcia

Mudanças...

Em fase de reconstrução
quebro meus tabus, estereótipos vencidos,
normas, padrões, regras , princípios,
tudo o que faz infeliz
e que a mim já não condiz.

Boto o pé na estrada...
Mudo a fachada, a cor descorada
mantida por nada.
Ausência de vida, pulsação, ação atrevida
acomodada em mórbida situação.

Perco a chave de casa deparando a saída
e me entrego ao que vier, sem despedida,
ao que me desperte o desejo de viver.
Tiro da bagagem o supérfluo,
o peso, o excesso,
o desânimo expresso
num cansaço mental, moral, letal.

A inércia sem controvérsia nem manifesto.
O sim bradado em contradição,
o não engolido por persuasão .
Quero gargalhar até chorar
lágrimas que brotem do sorriso...
Gritar mil vezes sim e não.

Florir em qualquer estação
sem respeitar placas de aviso...
Pisar na relva verde
e de verde reabastecer a alma
até que ela aporte num cais que seja calma,
onde seja feliz, onde conforte a alma.

_Carmen Lúcia_

Foto de cafezambeze

CARTAS COM ESTÓRIAS DE ÁFRICA (II/VII) (FEIJÃO MACACO)

Belém, 31/01/2006

RECARREGANDO CARTUCHOS E MAIS...

Uma coisa que gostávamos de fazer era caçar. Uma das poucas opções para passarmos o tempo nas férias. Mas munição custava dinheiro, que era algo que não tínhamos, e armas, nossos pais raramente as punham nas nossas mãos, senão na companhia deles.

O Aguiar, a quem já me referi, nos ofereceu usar a caçadeira do pai, mas... e cartuchos?

Descobrimos que o nosso vizinho, o sr Roque que nem arma tinha, possuia uma caixa com pólvora, chumbo, espoletas, enfim, os apetrechos necessários para a recarga.

Para quem não sabe, e nós não sabiamos, em cada carga, tanto a pólvora como o chumbo têm que ser pesados, e no caso da pólvora o peso varia também conforme o tipo.

Bem, pusemos a mão no material e resolvemos recarregar cartuchos usados.
Para medir a pólvora fomos cortando um cartucho até a encontrarmos. Essa seria a medida.

Cartucho com espoleta nova, enchíamos a medida com pólvora, umas vezes rasa, outras formando um montinho acima da medida (era tão pouco), outras comprimindo-a com o dedo, e lá vai a carga para dentro do cartucho. Uma bucha feita com jornal, cada uma com o seu tamanho, e o resto do espaço livre cheio de chumbo.

Com um saco cheio de cartuchos, chegamos à farm do Aguiar e fomos recebidos também pelo funcionário que na outra estória tinha dado o grito de aviso: cobra! cobra! Lembras? Ele tinha virado fã do teu pai e veio-nos mostrar o seu arco que era uma obra de arte de perfeição de acabamento e, certamente, ganharia de qualquer coisa industrializada. Me lembro que só tinha uma flecha. Se acertasse algo e o animal não caísse, ficava na pista dele o tempo que fosse preciso.

O teu pai pegou no arco e na flecha e começou a mirar uma pequena tabua de uns 20 x 40cm que estava encostada nuns bambus a uns 50 metros. Ele nunca tinha atirado com arco e pensei que ele só estava testando o arco...Que nada! A flecha partiu e foi cravar-se no centro da tabua.
Chiii!!!! Chiiii!!! Tem cuche-cuche! ponta maning! gritava o moço. Chi é uma esclamação de admiração, cuche-cuche é a palavra para feitiço, ponta é pontaria e maning era usada como muito/muita com concanetação de máximo.
Sorte de novato! Tentamos que ele repetisse a façanha, mas ele não caiu na armadilha.

Quando pegamos a caçadeira do pai do Aguiar, olhamos de esguelha um para o outro, pois o estado da arma era lastimável. Desengonçada, cheia de folgas, com vários pontos de ferrugem e com cara de quem nunca tinha visto um óleo na vida.
Mas tinhamos de experimentar os cartuchos. Tinhamos tido um trabalho danado e eles estavam tão bonitinhos...

O Aguiar, que ficou com medo de cobras, pegou o trator da farm.
Nos encavalitamos nele e lá fomos nós.

O primeiro tiro foi tão forte que a espingarda e o teu pai rodaram com o coice.
A espingarda ficou inteira?... Vamos continuar. Umas vezes o chumbo caía a poucos metros do cano, outras havia um coice violento, mas não havia estampido. Só um vuuummmm, como uma bazuca. Também sairam tiros normais. Me lembro de uma perdiz que o teu pai enchofrou e de que não se aproveitou nada tal a violência do tiro.
A espingarda do Aguiar não era tão má assim. Devolvemos ela inteira.

Montados no trator, a corta mato, acabamos inadvertidamente por passar numa moita cheia de feijão macaco. Porquê feijão macaco?
É uma vagem parecida com um feijão, mas coberta por uma penugem dourada muito bonita. Só que a penugem dourada, ao menor toque se solta, e provoca uma coceira danada. As rodas do trator levantaram uma nuvem que nos cobriu.
Não tinha parte do corpo que não coçasse. Quando chegamos à farm, já com o corpo vermelho de tanto coçar, corremos para tomar banho. Piorou! A mãe do Aguiar apareceu com uma pomada de não sei o quê. Nada adiantou. Nossa sorte foi um moleque que trabalhava na casa e que não parava de rir da gente. O Aguiar o ameaçava com porrada se ele não parasse com a gozação, mas ele ainda ria mais e emitava um macaco se coçando. Por fim, ele se compadeceu de nós e nos levou para o quintal onde nos deu um banho de terra.
Isso mesmo! A terra esfregada no corpo removia a penugem dourada...

Tãooo Bonitinhaaaa!

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro - Capítulo 9

Por três exatos milésimos, simultâneos, milimétricos, Dimas e a torta, seguros de toda a sorte, sentiam-se maiores que a morte. Mas então a dona Clarisse, e ela é escrita assim mesmo com dois "ésses", para que exista um ar mais nacional-socialista ao texto, interrompeu a alegria. O erro é proposital e sempre foi. Esse texto é um erro. Ele começou como uma história de amor, passou ao gênero fantástico, ameaçou ser sociológico, ou até mesmo filosófico. Meu aviso, aos que aguardaram um final para isso, é que essa estória ao menos não terá um desfecho religioso. Deus, e Ele fez os judeus, os cristãos, os muçulmanos, Deus não me orientou em que época situar os acontecimentos aqui descritos, se são verdadeiros, falsos, se é em primeira, segunda ou terceira pessoa. Mas assim segue. Eis o fogo em seu rosto, meu amigo.
_________________________________________________________________________________

- Antes de a gente morrer, vou lhe dar o maior presente que se dá.

A torta se torna bonita por um instante.

- O maior presente que uma pessoa pode receber é um nome. Um nome é a identidade de um ser, é a sua alma expressa em um tempo. Um nome, e qualquer nome serve, desde que seja um nome, confere para a pessoa aquilo que há de mais sagrado, que é a sua consciência em fazer parte do mundo, que é se definir, que é ter valor, dignidade, no meio do lixo ou no meio da abastança. Eu vou te dizer o meu nome, Dimas. A única prova do meu amor por você é o meu nome, pois o seu eu já tive o prazer de ter nos meus lábios passageiros.

A vilã interrompe a sequência brechtiana.

- Chega. É hora de morrer.

- Não é.

- É.

- Não é.

- É.

- Então morra primeiro.

A infantilidade da disputa entre as duas meninas tornou uma grave situação de pavor em uma briguinha idiota por razão e sentimento. Mas os presentes e principalmente o autor não se importam com tanto. As mulheres serão sempre reducionistas. Sempre vão turvar as palavras em seu favor, na sua fragilidade superior, na sua sinceridade que nunca menciona tudo. A mulher é o tipo mais fascinante de ser humano, pois nunca em momento nenhum de suas vidas vão reconhecer que são um. Dimas era sonso e manipulável. O perfeito exemplo do que idealizaram Sade e Masoc, ainda que não os tenha lido, bem como os cinquenta tons do cinza, Dimas representa o herbivorismo, o verme que carregamos e nos faz sobreviver em um planeta de falsidades e maravilhas inigualáveis. Ele toma a oportunidade, para se tornar o homem que sempre quis e nunca teve forças para alcançar.

- Lasque-se. Ou foda-se. Vamos sair daqui.

Os capachos se tornavam capachos até segunda ordem. O líder agora mudou de cara.
_________________________________________________________________________________

E a guerra tomou a tudo e a todos, como já fora imaginado. Não vou descrever o ocorrido, já escrevi oito capítulos, imagine o grande espetáculo, você pode fazer muito melhor que eu. A trama saiu totalmente do meu controle, e o prazer de quando isso acontece é surreal, arcadiano, barroco. Bombas aéreas, pessoas espatifando, "epitafiando", bacanais, como na época da peste negra, uma fila em frente a um campo de concentrações, de lamentações. Músicas ressoavam, vidas tomando e perdendo forma. Tudo dentro de si, da sua cabeça pensante, dos dez por cento que a sua alma declara que usa para a sua consciência, aquilo que você esconde de si mesmo, que não se lembra para a sua própria segurança. Os seus antepassados clamam por serem recordados, os seus antecessores clamam para sentir o calor do nosso Sol. Não se sinta culpado. Você é só uma pessoa, uma pessoa com os complexos e desejos, eu também, não se cobre perfeição alguma, eu vou repetir a palavra pessoa e aquelas que forem necessárias quantas vezes forem necessárias, ainda que não acrescente nada na sua vida. Voltarei agora ao diálogo, compreenda você ou não.
_________________________________________________________________________________

- Corram, carreguem os que puderem, mexam-se todos, continuem a passagem!

Dimas resplandecia em utilidade.

- O meu nome é Tânia e eu te amo. Eu te amo e sempre vou te amar. Nunca se esqueça que eu te amo. Eu te amo e quero você, vou te prender se for preciso, e vou te prender se não for.

Os corpos seguiam no jogo do trabalho e na dança das mãos.

- O meu nome é Tânia, podia ser outro, mas agora é Tânia. Escute-o. É o que eu tenho pra te dar agora. Pode ser que mude, pode ser que se torne outra coisa com os anos. Mas é o amor que eu tenho para o momento.

Clarisse fugiu com seus olhos laranjas, seu nariz de porco, suas pernas de bode. Ela ficou feia e sem brilho. Talvez o anonimato deveria recuperá-lo.

A torta tinha uma aura que lhe cobria a pele. Era uma linda monstra, uma linda e esplendorosa monstra.

- Dimas, eu te quero para até depois do último dos seus dias.

Não havia tempo hábil para a recíproca.

- Corram, corram todos os que puderem...
_________________________________________________________________________________

O texto não se define nem erudito nem popular. E ele acabou dessa maneira.

- Eu voltarei, pois só é forte aquele que subjuga o outrem, aquele que tem o poder e o tenta até o último suspiro, aquele luta com o destino na ansiedade de ser imortal definitivamente.

Clarisse dá margem para mais um capítulo, distanciando-se completamente da jovem na qual foi inspirada.

Páginas

Subscrever Aviso

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma