Avós

Foto de usuario12345

Mulheres da minha vida

Essa magia que contagia,
Que faz tocar a melodia,
Na minha vida,
É minha estrela tão querida,
À benção minha avó...

E a saudade,
Trago do campo,
Felicidade vai jorrando,
Pra todo canto,
À minha avó tão querida,
Os meus parabéns...

Se poderia, eu não devia,
Esquecer a minha mãe querida,
Da minha vida,
Minha bela, minha bendita,
À benção mãe,
Senhora da minha vida!

Me orgulho tanto e vou cantando,
E eu vivo me encantando,
Com suas histórias,
As mais lindas,
Senhoras da minha vida!...

Às minhas avós Maria e Josefa, e à minha mãe Cleide.

Foto de betimartins

Sempre me encanta...

Sempre me encanta...

Sempre me encanta ver um belo sorriso de uma criança
caminhar de mãos dadas com aquelas mãos pequenas
sentir a sua felicidade inspirando por todos os lados
olhando para mim como sua fiel protetora e amiga...

Sempre me encanta ver os rios correrem suavemente
nas suas margens o verde e suas terras molhadas
olhar os peixes nadarem nas suas águas claras
e ver todas as pedras debaixo de água brilhar ao sol...

Sempre me encanta a delicadeza aqueles que passam
ver o quanto são gentis e amáveis aos seus semelhantes
sentir alegria, sonhar com eles num mundo de amor
e poder acreditar em um novo dia e um futuro melhor...

Sempre me encanta ver as belas borboletas a voar
com aquela delicadeza beijando as flores, pulando
deixarem-se ser guiadas pelas brisas quentes e suaves
que só o verão pode dar a gente e deixar a sonhar...

Sempre me encanta escutar as belas historias de nossos avós
onde sempre são dotadas de muita sabedoria e amor
ver seus sorrisos e olhos bem brilhantes cheios de amor
onde os anos são apenas breves passagens para outras paragens...

Sempre me encanta ver o mar, sereno, revolto e em tempestade
onde vejo os barcos nas suas pescarias para a terra retornar
ver toda aquela algazarra de venda de peixes e olhar encantada
as belas gaivotas famintas pelos restos largados dos pescadores...

Sempre me encanta ser livre e poder caminhar no amor
poder cantar, ser feliz, dançar e gritar aos sete ventos
que não importa as dores, a tristeza, a maldade dos homens
pois em cada momento eu sei que eu vou sempre te amar...

Betimartins

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Super Humano

Abre-se o gibi. A primeira página está colorida por tons fantásticos, criaturas flamejantes saltavam aos olhos sem sair do papel. Um herói, na sua superioridade, resguardava seus poderes das identificações em um segredo. Voava feito pássaro ou avião, era forte como uma manada inteira, via o que só as máquinas perfeitas tinham alcance.

Nos mais recentes dias da sua jornada, lutando contra os piores tipos de adversários maléficos, rasgando os céus da metrópole recebendo aplausos da população em peso, o herói de ritmo automático persistia em manter a justiça na cidade que amava. Não havia tempo hábil sequer para pensar. A velocidade lhe empurrava ao próximo desafio.

Mal reparava no que rodeava sua existência magnífica. Os pais de família se apertando nas conduções, as mães solteiras entregando panfletos nos faróis, os avós vigiando os netos. Não havia reparado que na prática a importância de uma pessoa não se determina pelo seu cargo, mas pela sua dedicação. A embriaguez de seus poderes o induziria à tragédia.

Desta vez, o que se abria era a primeira página do jornal da trama. Os cidadãos se apinhavam para ler as fofocas do incrível astro. Incompleto nas conquistas afundava no existencialismo frívolo e no doce dos ópios. Sua cabeça não suportava mais a consciência, pesada pelas derrotas nas quais falhava. Seu ideal era a perfeição.

Mas, a mais humilde das pessoas lhe ensinaria a lição mais valiosa. Era um chefe de família. Ele, que sempre observara com certo desdém quem estava nessa posição, que parecia não aproveitar o que a vida tem de bom, viu em um ato de heroísmo que só um pai faria o sentido que faltava ao seu preciosismo, sua coragem inabalável.

O heroísmo aqui citado chama-se sacrifício. É o ato de levantar-se cedo, trabalhar, ser honesto em um mundo repleto de trapaça, continuar humano, aliás, nunca deixar de ser humano, e do mesmo jeito ter ações extraordinárias. Sacrifício de ser de verdade em um mundo de mentiras. O herói, humano na sua essência, era humano também no seu heroísmo.

Enfim, a superioridade dos poderes deu lugar à simplicidade dos afazeres, e o herói finalmente decidiu sê-lo na realidade. O herói, agora um também um patriarca, sabia que a felicidade é como uma plantação, que se semeia na menor dos grãos e se colhe na maior das árvores. Esse foi o seu alimento, a fé dos que acreditam que o bem resolve os problemas.

Foto de Jessik Vlinder

Mulher Perfeita

Se eu fosse homem eu seria completamente apaixonado por cada mulher. Porque cada uma delas, por trás de brincos e pulseiras, batons e blash e de saltos e perfumes, tem uma essência de beleza que vai além de todos esses adereços. Eu ficaria sim muito louco ao vê-las produzidas e fatalmente poderosas, desfilando e distribuindo a sensualidade feminina linda de se ver a qualquer hora e em qualquer lugar. Porém, mais encantado eu me permitiria ficar ao observá-las após aquele último banho diário. Aquele em que elas não molham o cabelo, deixando o cheirinho do shampoo suavemente mais gostoso. Em que passam o removedor de maquiagem e permitem assim mostrar a verdadeira cor das maçãs dos seus rostos tímidos ao receberem um elogio. Permitindo sentir o mais puro sabor dos seus lábios... Aquele banho em que usam a esponja vegetal no corpo e por “cuidados cutâneos” não passam nada além do sabonete, no máximo um hidratante suave. E assim, exalam de suas peles seus verdadeiros cheiros acompanhados ao longe do perfume leve do banho... Eu me permitiria ficar ainda mais envolvido por elas ao observá-las se olhando no espelho com aquele conjuntinho de dormir que ganharam das suas avós, aquele mesmo, amarelinho ou rosa de bichinhos ou florzinhas. Eu me envolveria nas ondas que os seus cabelos ganham ao passar do dia agitado, no discreto bronzeado pelo sol que as acompanham na rotina diária, nos olhos vivos e cheios de amor apesar de cansados... Eu somente perceberia o quão lindas são todas elas dentro do que há de mais simples em cada uma. E faria dessa simplicidade meu refúgio, minha fonte de prazer e alegria, minha grande alucinação e minha maior idealização. A verdade é que a mulher perfeita só vai existir quando os olhos certos pousarem sobre cada detalhe dela...

Foto de betimartins

Natal tempo de paz e reflexão de vida.

Natal tempo de paz e reflexão de vida.

Todos se alegram com Natal, tempo de comemoração e amor, mas será mesmo que todos entendem o significado desse dia? Prendas, comida farta onde nada poderá faltar para cada um, sorrisos e alegria. Para muitos é este o significado do verdadeiro Natal.
Para mim Natal é uma época de tristeza, reflexão e comunhão com Deus, este Natal posso fazer a diferença, posso sair de casa na ceia, também posso ir distribuir um pouco do que Deus me ofertou e partilhar o meu sorriso e alegria por estar aqui.
Para mim Natal é uma época de tristeza não pelo nascimento de Jesus, mas sim porque anos mais tarde ele teve que morrer para o que mundo aprendesse algo, algo tão valioso que nenhum bem na terra poderia se comparar ao bem mais precioso do mundo “O Amor”, a partilha, a doação, a cura e fraternidade em cada um de nós.
Será que aprendemos algo com isso? Não aprendemos não! Enquanto existirem lágrimas correndo da face de uma criança esfomeada, do mendigo maltratado, da mãe aflita, do avô abandonado e da indiferença de cada um cada dia maior e mais dilacerante aos olhos do Nosso Pai.
Natal deveria ser partilha, comemoração de nascimento da nova esperança de vida e da nova terra, uma aliança de paz entre os homens e seus semelhantes. Natal deveria ser mesa farta para todos, casa, roupa e dignidade e não lágrimas, para muitos que por solidão, abandono, burrice, simplesmente encostadas a um canto e nada mais.
Natal para mim seria ver o sorriso nas nossas crianças, alegria nos rostos dos nossos avós e uma mão estendida àqueles que mais precisa.
Natal é para refletir em nossos afetos, atitudes, seguimentos de vida, aprendendo a viver com amor e alegria nunca esquecendo a partilha dos que mais precisam e muitas vezes meu irmão de luz a partilha poderá vir numa palavra, num abraço, num agasalho e num prato de comida feita com amor.
Este Natal, não feche a porta a quem bate, pega em alguma comida de tua casa e sai a rua e partilha, verás que será o teu primeiro Natal, renascido na esperança e amor.
Este Natal faz as pazes com aqueles que possas pensar que te magoaram, perdoa e sejas perdoado, terá dentro de ti uma paz que nunca viste e sentiste.
Este Natal lembra-te do tio, do avô e faz uma visita e sejas feliz, ao veres os sorrisos iluminados daqueles que se julgavam esquecidos no tempo.
Este Natal, eu suplico que te perdoes e abras teu coração e vejas o mundo com mais amor e partilha.
Um bom Natal para todos vós e obrigado por terem estado aqui comigo só por isso já valeu a pena e eu sou verdadeiramente feliz.
Sejam como eu
Feliz Natal para todos.

Betimartins

Foto de onil

DOCELIMA

CHAMAVA-SE DOCELIMA
REZA A HISTÓRIA AQUI EM RIMA
NOS VERSOS DESTA CANÇÃO
VIVIA SÓ POBREZINHA
E QUANDO VINHA A NOITINHA
SENTIA A SOLIDÃO

TÃO CEDO PERDERA OS PAIS
UM DESGOSTO QUE JAMAIS
DO SEU PEITO SAIU
OCUPOU-A A MELANCOLIA
E PASSAVA TRISTE O DIA
SEU OLHAR NÃO MAIS SORRIU

ENTÃO TRISTE CANTAVA
E QUEM SUA VOZ ESCUTAVA
SENTIA SUAS DORES
ERA LINDA A SUA VOZ
HERANÇA DE PAIS E AVÓS
QUE TAMBÉM FORAM CANTORES

COSTUMAVA IR LAVAR
SUA ROUPA E A CANTAR
NA FONTE SE ENTRETIA
E A VELHA FONTE GUARDAVA
OS SEGREDOS QUE ELA CANTAVA
NINGUÉM MAIS DISSO SABIA

ERA TRISTE O PENAR DELA
QUE EM SUA VOZ TÃO BELA
REVELAVA MIL TORMENTOS
SUA ALMA DESGUARNECIDA
DE QUEM A TROUXE Á VIDA
NÃO ESQUECEU NEM POR MOMENTOS

DOCELIMA ERA POBRE
MAS TINHA UM CORAÇÃO NOBRE
DE TERNURA E BONDADE
E A VELHA FONTE COITADA
CHORA AGORA MAGUADA
COM A SUA INFELICIDADE

DOCELIMA JÁ PARTIU
ALGUÉM A DESCOBRIU
JÁ FRIA NO SEU LEITO
O RETRATO DE SEUS PAIS
QUE ELA NUNCA ESQUECEU MAIS
APERTADO CONTRA O PEITO

O OLHAR QUE NÃO VIVIA
PELA DOR QUE A CONSUMIA
PARECIA ENTÃO A SORRIR
A SEUS PAIS QUE AMAVA TANTO
A RAZÃO DO SEU TORMENTO
POR FIM SE FOI UNIR

QUEM PASSAR AQUELA FONTE
NA LINDA ALDEIA DO MONTE
NEM SEQUER IMAGINA
OS SEGREDOS ALI CANTADOS
DOS TORMENTOS PASSADOS
NA VIDA DE DOCELIMA

NUNCA EM SI PERDEU A ESPERANÇA
PELOS PAIS SEU AMOR CRIANÇA
MANTEVE SUA PAIXÃO
EIS A HISTÓRIA TÃO SINGELA
DE UMA MOÇA QUE ERA BELA
TINHA NO PEITO A SOLIDÃO

QUE LUTOU SEM GANHAR NADA
DESTA VIDA AMARGURADA
NEM TÃO POUCO AMOR MATERNO
GANHOU SIM DIREITO AOS CÉUS
COM SEU PAIS JUNTO A DEUS
O SEU LAR SERÁ ETERNO

ONIL

Foto de Paulo Zamora

DUAS REFLEXÕES IMPORTANTES (AUTOR: Poeta e escritor Paulo Zamora- www.pensamentodeamor.zip.net)

Uma pequena visão do atual sistema
O nosso atual sistema é muito evoluído em tecnologia, os avanços da medicina com certeza nunca foram tão bem apreciados como hoje em dia; nas áreas do entretenimento vemos pessoas cada vez mais envolvidas; a preocupação existente é que as pessoas infelizmente não conseguem separar as coisas, se auto-sufocam e acabam pensando que a vida é sem graça, que não há objetivos.
O comandante da sua vida é você mesmo, o ser que decide, determina seus caminhos. Algo é notável, nossas crianças são mesmo mais espertas do que em outras épocas; mas estão deixando de ser mesmo criança muito cedo; raramente gostam daquilo que se é apropriado para a idade. O crescimento evolutivo das tecnologias e outros são com certeza favoráveis à vida, a falta de equilíbrio de muitos fez com que se dessem menos valor aos sentimentos, ao mundo interno, sem querer o sistema desenvolve um certo egoísmo na maioria das pessoas. O vinculo de amizade por exemplo, parece que é somente para freqüentar um bar ou coisa assim; amigos verdadeiros atuam em diversas áreas das nossas vidas, em primeiro lugar devemos dar prioridade para a nossas família, este é o segredo de uma vida “ feliz”; a má formação de algumas pessoas fazem com que a família seja um lugar de batalhas e não de descanso e compaixão. Há muitos anos atrás, talvez na época em que nossos avós eram jovens fala-se de mais respeito entre as pessoas, que até mesmo quando um adolescente se interava nos assuntos dos mais velhos eram repreendidos ou que os pais arranjavam casamentos para os filhos, se isso era bom ou mau, mas o tempo mostra que antes havia mesmo mais respeito e confiança. São os pais os culpados? Exatamente não sabemos para quem cabe a culpa, porque educação e respeito difere entre pessoas.
Infelizmente só se fala de crise, de assassinatos, de roubo, do medo até mesmo de sair de casa, o que aconteceu com a vida humana? O egoísmo é tanto, parece que os sonhos dos nossos semelhantes não são importantes, como pode ser assim? Acreditar num novo tempo é acreditar na vida, embora o mundo tende a piorar em questão respeito, de ameaças nucleares, guerras, fomes, destruição. Surge uma pergunta; o que a política causou ao planeta tem cura?
A religião perdeu seu lugar dentro dos lares, afinal parece que a liberdade é estar distante de Deus; a mente humana aceita facilmente coisas contrárias ao que é realmente liberdade.
Acompanhar a maioria é perder seu tempo, porque ainda são valiosos os abraços, a carícia, o afeto, a amizade fiel, independente da evolução mundial você pode proteger seus bons conceitos, crer na sua religião e saber que a vida é curta e todo o tempo é precioso demais para ser desperdiçado em drogas, intrigas, ambição, nada nos acalenta mais que os bons sentimentos que possuímos.
As palavras possuem poder; assim como o perdão abre tantos caminhos para uma vida...
Aproveite as novas tecnologias, os bons cursos, mas não se esqueça da medidas; porque isso envolve o sentido da vida, e nunca espere sentir uma forte saudade para perceber como se foi amado, se esse amor está diante de você querendo ganhar asas e voar.
Sabia que a reflexão nos mostra quem realmente são os donos da razão?
Então, espere contribuir com seu comportamento para o melhoramento do mundo, para o aperfeiçoamento dos seus sonhos, e saiba usar as doses certas de cada coisa na vida, e verá como é satisfatório viver e confiar em Deus.
(Escrito por Paulo Zamora em 24 de Outubro de 2009)

O aperitivo de um Cristão é fazer uma oração antes das refeições.
Paulo Zamora

O pior é quando
O pior é quando se percebe que o frio está dentro de você, e você se perde sem encontrar o seu caminho, mesmo havendo uma infinidade de caminhos para seguir. Discussões não são caminhos...
O pior é quando se tenta por anos mudar outras pessoas e acaba se esquecendo de mudar você mesmo, porque nunca mudaremos os outros...
O difícil é perceber que a chuva está demorando para passar, e chove dentro de casa; molha sentimentos, empobrece sonhos e tira a sensação de prazer da vida.
O pior é quando se sabe a decisão certa a tomar, mas pensa mais nas outras pessoas do que em você, isso é amor, é acreditar nas mudanças; é ruim quando ninguém percebe sua solidão ou o quanto você está sofrendo; é quando sua vida parece estar parada e, no entanto são tantas as lutas e os cansaços.
O pior é quando você se confunde; não quer abandonar, mas sabe que pouco a pouco você está enfraquecendo seu viver; esse é o sofrimento, o qual você desabafou tantas vezes, chorou em muitos ombros e ele ainda não passou.
Há uma luta constante pela sua privacidade, provar que você também tem sentimento, o pior é quando você se faz de tudo para ser o todo de algumas pessoas e elas não contribuem, e cabe a você saber que; uma nova vida é decisão complicada de ser tomada, é se soltar das grades invisíveis que o aprisionam; e depois saber que consegue novamente perceber a beleza até mesmo de uma borboleta...
(Escrito por Paulo Zamora em 24 de outubro de 2009

Foto de Carmen Lúcia

Quero meu mundo de volta...

Quero de volta meu mundo de outrora
onde se podia, a qualquer hora,
sair sem trancar o portão,
jogar pedrinhas, pular Amarelinha
nas calçadas, de pés no chão,
sem medo ou indignação.

Dar esmola sem temer o ladrão,
ter como base a fraternidade e a união,
respeitar pais, mestres, avós, irmãos,
dar-lhes afeto, ter-lhes consideração.

Hoje me dei às lembranças
de meu tempo de criança...
De tudo que tínhamos e perdemos,
das crenças que hoje descremos...
Ou ainda cremos?
Comparo o ontem com o agora.

Regalias à revelia...Megalomanias...
Cabelos brancos...Pedofilia;
exploração sexual, humano irracional,
crime passional, descomunal, brutal...
Meras banalidades de notícias no jornal,
esquecidas após o próximo
intervalo comercial.

Inverteram-se os valores...
Pais e filhos trocam abraços por carros,
pra que a vida não seja uma droga...
E por isso pagam preço muito caro...
De repente...Vira droga o presente!
E o hoje, esquecido vagamente.

Me perdi no tempo de agora...
Nada mais é como outrora!
Cada um por si, cada qual pro seu lado,
Cabisbaixo, calado, sozinho...
Esqueci até o nome do vizinho...
Desde quando me fechei?

Quero o meu mundo de volta...
Simples, comum, solidário,
sem cercas elétricas, calvários,
abrir portas, ver as cores,
tirar grades das janelas,
tocar as flores amarelas.

(Carmen Lúcia)

Foto de Carmen Vervloet

OLHOS QUE VEEM, CORAÇÃO QUE SENTE

No meu coração, gravada em felicidade, a fazenda Três Meninas! O casarão caiado em branco, portas e janelas pintadas em ocre, a varandinha, como mamãe chamava, com jardineiras repletas de gerânios coloridos e camaradinhas que caiam até o chão. Em frente à casa, estonteante jardim, onde borboletas faziam seu ritual diário, beijando com amor a cada exuberante flor, cena que meu coração menino guardou para sempre. As cercas todas cobertas por buguenvílias num festival de cores. Em seguida ao jardim, o pomar com gigantescas fruteiras (olhos de criança, enxergam tudo maior), mangueiras, abacateiros, laranjeiras, goiabeiras e tantas outras que não se conseguiria enumerar, onde com a agilidade da idade subia, não só para colher e saborear os frutos maduros, mas, para ver de perto os ninhos de passarinhos, que papai com sua profunda sabedoria, já me ensinava a preservar. Passava horas sobre os galhos das minhas fruteiras prediletas, principalmente goiabeira, que era só minha, ficava ao lado do riacho, onde também costumava pescar. Lá do alto, no meu galho preferido, junto aos pássaros, voava em meus sonhos de criança feliz!
Nos meus devaneios, fui mãe (das minhas bonecas), fui anjo (nas coroações de Nossa Senhora), viajei pelo mundo (sempre que via um avião passar), fui menina-moça (sonhando o primeiro amor). Na vida real fui criança feliz, cercada pelo amor e carinho de minha doce mãe, de meu sensível e amigo pai (ah! Que saudade eu sinto de você, pai), de minhas duas irmãs mais velhas que faziam de mim sua boneca mais querida, colocando-me sobre uma pilha de travesseiros, num altar improvisado sobre a cama de meus pais, onde eu era o anjo, na coroação que faziam de Nossa Senhora. Nesta época eu tinha apenas dois anos e se o sono chegava, a cabecinha pendia para o lado, logo me acordavam, pois não podiam parar a importante brincadeira.
Já maior, menina destemida, levei carreira de vaca brava, só porque me embrenhei na pasto, reduto das vacas com suas crias, para colher deliciosa jaca, que degustara com o prazer dos glutões. O cheiro da jaca sempre me reporta às boas lembranças da Fazenda Três Meninas... Até hoje tenho uma pequena cicatriz na perna, que preservo com carinho, sinal de uma infância livre e feliz. Desci morros em folhas de coqueiros, cavalguei cavalos bravos, pesquei com peneira em rio caudaloso! Ah! Tempo bom que não volta mais!...
Mês de dezembro. Tempo de expectativas e alegrias. Logo no começo era a espera do meu aniversário, da minha festa, do vestido novo, do meu presente, o bolo, a mesa de doces com os deliciosos quindins feitos por mamãe. Depois a expectativa do Natal, a escolha do pinheiro, do lugar estratégico para montar a imensa árvore, os enfeites coloridos, estrelas, anjinhos, bolas que eu ajudava mamãe a pendurar, um a um, com delicadeza e carinho, junto à certeza da chegada do bom velhinho, em quem eu acreditava piamente, com todos os presentes que havia pedido por carta que mamãe me ajudava a escrever. O envelope subscritado com os dizeres: Para Papai Noel – Céu
E depois era esperar a chegada do grande dia. Era o coração batendo em ansiedade, era a aflição de ser merecedora ou não da atenção do bom velhinho. Quando chegava o dia 24, sentia o tempo lento, as horas se arrastando, o sapatinho, o mais novo, sob a árvore, desde muito cedo, o coração batendo acelerado. Mal anoitecia, já deixava a porta entreaberta para a entrada de Papai Noel e corria para minha cama tentando dormir, sempre abraçada a minha boneca preferida, para acalmar as batidas do meu coração. O ouvido apurado para tentar ouvir qualquer ruído diferente. Era sempre uma noite muito, muito longa! Os olhos bem abertos até que o cansaço e o sono me venciam!
No dia seguinte, cedo pulava da cama. Que grande felicidade, todos os meus presentes lá estavam sob a árvore. Era uma festa só! Espalhava os presentes pela casa toda, na vitrola disco LP tocando canções natalinas, função de papai que adorava música... (Ah! Papai quanta coisa boa aprendi com você). Lembro-me bem de um fogãozinho, panelinhas, pratos, talheres que levei logo para o meu cantinho, onde brincava de casinha. Lembro-me também de uma boneca bebê e seu berço que conservei por muitos e muitos anos.
Todas essas lembranças continuam vivas dentro de mim, como se o tempo realmente tivesse parado nestes momentos de paz e felicidade. Os almoços natalinos na casa de meus avós paternos onde toda a imensa família se reunia em torno de uma enorme mesa. Vovô na cabeceira, vovó sentada a sua direita, tios, tias, primos e mais presentes para as crianças, comidas deliciosas, sobremesas dos deuses, bons vinhos que eu via os adultos degustarem, (depois do almoço, escondida de todos, eu ia bebericando o restinho de cada copo), arranjos de frutas colhidas no pomar, flores por toda a casa e depois minhas tias revezando-se ao piano, já na sala de visita, onde os adultos tomavam cafezinho e licores. A criançada correndo pelo quintal, pelo jardim, pelo pomar... Tantos momentos felizes incontáveis como as estrelas do firmamento! Momentos que eternizei no meu coração.
Hoje o tempo é outro, a vida está diferente. Muitos se foram... Outros chegaram... Os espaços estão reduzidos, as moradias se verticalizaram, as janelas têm grades por causa da violência, as crianças já não acreditam em Papai Noel, desapareceu o espírito cristão do Natal para dar lugar a sua comercialização, as ceias tomaram o lugar dos grandes almoços em família, da missa do galo...
Mas a vida é dinâmica e temos que acompanhá-la. Os grandes encontros de família são raros. As famílias foram loteadas, junto aos espaços, junto a outras famílias, junto à necessidade de subsistência.
Nada mais é como antes, mas mesmo assim continuamos comemorando o nascimento do Menino Deus, em outros padrões é verdade, mas com o mesmo desejo de que haja paz, comida e felicidade em todos os lares.
Feliz daquele que tem tatuado nas entranhas da alma os venturosos natais de outrora vistos por olhos que vêem, olhos atentos de criança, sentidos com a pureza do coração!
Olhos da alma, sentimentos eternizados!...

Carmen Vervloet
Vitória, 23/12/2008
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À AUTORA

Foto de Rosendo

REFLEXÃO--- CARTA NÃO ENVIADA

QUERO FALAR

_ Quero falar, quero gritar, quero cantar,quero dizer ao mundo que estou feliz.
_ Quero me sentir como um sonâmbulo, andar pelo tempo, de braços abertos e abraçar, a quem encontrar em meu caminho.
_ Quero esquecer os pesadelos que me assombraram e criar, em mim, um jardim de maravilhas, rosas e azaléias, com cores, as mais diversas possíveis para ter, sempre em mim, a imagem bela do mundo.
_ Quero me sentir grande, grande o suficiente para mim sentir pequeno, humilde e amar a todos que me rodeiam, sem nenhuma pretensão.
_ Quero lembrar de meus filhos e sentir o quanto sou agraciado por Deus, por tê-los tão perfeitos, não somente na condição física, mas tambem,nas condições afetiva, psíquica e moral.
_ Quero me lembrar de genro e nora como o são, e saber que são consequências, do filho e da filha, e mais uma vez me sentir agraciado por Deus, pelo que são e o quanto sabem fazer meus filhos felizes.
_ Quero olhar meus netos e lembrar
meu antepassado: meus tataravós, meus bisavós, meus avós e com muita saudade, meus queridos pais, porque meus netos têm a responsabilidade da continuidade desta árvore que tem dado tão bons frutos.
_ Quero lembrar de dona Chiquinha, com lágrimas nos olhos, pela saudade que me chega neste momento, mas com muito agradecimento a Deus, por tê-la me dado,para junto comigo, construirmos as nossas vidas, e por que não dizer: sinto um orgulho imenso por tê-la amado tanto.
_ Quero me lembrar de todos os meus bons amigos, e saber que realmente são bons amigos, porque me aguentar não é fácil.
_ Quero me lembrar de que nunca é tarde para me acontecer coisas boas. Pois tenho uma grande amiga, que posso dizer que é maravilhosa. Dela, quem fala por mim, é um poema, feito há algum tempo:

VEJO VOCÊ
Vejo meu mundo colorido
nas cores da natureza:
o azul do céu, o verde dos mares,
o branco da neve,
o castanho de teus olhos
e a calma de tua beleza.

O cinza da madrugada fria,
o claro da noite de luar.
O lilaz do jambo maduro
e o preto de teus cabelos
que não me canso de olhar.

O amarelo do por do sol,
o cristal de cor marrom.
O rosa puro da azaléia,
a minha face marcada
com a cor de teu batom.

Vejo um mundo colorido.
E vejo um grande jardim:
Gramados, canteiros e trepadeiras,
lagos, peixes e vielas.
E vejo você,
que é o meu jasmim.

PARA VOCÊ FILHA. NÃO SE
TRATA DE DESABAFO OU DESPEDIDA. MAS UM MOMENTO DE SAUDADE E MUITA INSPIRAÇÃO.
MAS TENHA CERTEZA DE QUE TUDO ISTO É UMA FOTOGRAFIA DO SENTIMENTO DE TEU PAIZÃO

De Antonio Rosendo

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