Canto

Foto de Pedro Rodrigues1969

Dorme meu amor...

Dorme meu amor
Estou olhando por ti
Em silêncio escuto o teu dormir
Toco ao de leve teus cabelos
Sem te querer acordar de teus sonhos

Dorme meu amor
Eu sinto o teu respirar
O teu cheiro doce
Que me faz sonhar
Com belos versos

Versos que invento
Poemas celestiais canto
Meu bem, meu anjo
Tu és o meu encanto

Amor dorme em paz
Embalada e acarinhada
Por quem te ama…

Autor
Pedro Rodrigues

Foto de HELDER-DUARTE

Canto

Sim! Ainda escrevo!... Ainda estou, vivo!
Mesmo, estando morto e tão torto. Sim, isso.
Mas neste alma, estado, em mau fado... Canto...
O amor, que não me deste. No meu tanto, pranto!

Tu! Sim. Porto, do norte... Lugar da minha dor.
A ti, que dei tanto, tanto, o meu amor...
Nesse tempo, já passado, mas tão presente...
Agora e para todo o meu, vosso sempre...

Canto, com tanto encanto. a canção...
Eterna, do «logos» e da minha razão...
Pois o «logos», é a nossa acção...

Foto de Marilene Anacleto

Não me Fira!

Se de mim te aproximares,
Não me fira, por favor!
Em estado de fragilidade
Estou, por uma grande perda:
Arrancaram-me as esperanças,
As alegrias, a auto-estima.
De lutar, perdi até a vontade.

Ao te aproximares de mim,
Traga-me afago, sorriso, elogio.
Receber-te-ei com carinho
Retribuir-te-ei com gratidão
Por respeitares meu vazio,
Dar-me força para vencer a dor
Do abandono de um coração.

Sou peça rara, de inestimável valor.
Abandonada no canto de alguma vida,
Ofusquei-me por uns instantes
Para erguer-me feito brilhante, polida,
Dourada em vitalidade e sabedoria,
Suave feito as cores do arco-íris.

Sou forte e leve: necessito apenas
Que não me machuquem mais
Minha força vencerá o abandono
De mais um amor que se vai
Vem comigo! Abraça-me sem dó
Tua grande amizade afastará a minha dor.

Foto de Delusa

Lágrimas em flor

Quando chora o coração
Sinto um doer que não é dor,
As lágrimas caem no chão
E aí nasce uma flor.

Quando se ausenta o amor
Invade-me a triste solidão,
E das lágrimas nasce uma flor,
Nasce uma rosa em botão.

Quando canto p'ra não chorar
Envolve-me um oceano de rosas
De todos os tamanhos e cores.

E para o coração contentar
Prometo-lhe coisas maravilhosas
Mas ele não esquece as dores!

Delusa

Foto de Cabral Compositor

i a ô

Chegou...
E veio assim como uma figa guiné
Num mantra de paz, de santa... e até
Com a disposição de proteger... amparar (chegou.., chegou...)

Chegou...
Com toda forma vigor de quem leva e traz a fé
Em todo de tudo, em canto... o que é?
Com a leveza segura de um protetor

Chegou!!!
Veio mostrar e apontar... minha dor
Tocou naquilo, no nó, na saudade que apertou
E tirou meu sossego de pescador

Virou, virou
A direção pra me aliviar
Como o calor , o abraço de mãe ao beijar
O filho que busca se proteger

Virou, virou
Meus olhos pra me contemplar
E me fez esquecer do sofrer do chorar
Essa minha vontade de querer amar

Foto de Drica Chaves

Língua mater

Língua crua, nua, insinua
Tantas locomoções, exageradas emoções
- De sonhos, fez-se o canto -
Encantos dourados e encontros
Língua falada, rasgada, jogada
Ao sabor dos ventos;
dos tempos...
Quanta motivação! Quanta apreciação!
Orgulhosos intuitos de comunicação.
Língua acesa, avessa, avizinhada
Volumosas conciliações
Língua mãe, língua irmã
Ímã de soluções.
Oscilantes palavras,
eternas mutações,
insigne o homem a compor histórias
de invasões e inclusões
A Língua nossa de cada dia
Companheira fidedigna, honrosa origem
máxime de proximidade.
Geração proliferada.
Imaginarium de criações antre tantas funções
está a Língua a ordenar entre todos os discípulos
A impertinente evolução...

(Drica Chaves)

*Direitos autorais reservados.

Foto de Marilene Anacleto

A Paz

Na busca da felicidade que cada ser humano faz,
Esquece da água da vida, cujo nome eterno é paz.

Encontra paz no momento em que se perde na vastidão
Que surge no firmamento, ou, dentro do coração.

E, quando pára um instante a busca da tal segurança,
Encontram-se mil motivos para se sentir uma criança.

A paz apresenta sua face no buquê de flor vermelha,
E no barco, em meio às ondas, que refletem as luzes acesas.

Também vem daquelas estrelas que povoam o firmamento,
E embalam as emoções que varrem o pensamento.

Seja a garoa que chega e invade o céu devagar;
Seja o sol avermelhado que, de manso, tinge o mar;

E até o canto do pássaro tão alegre, o dia faz,
Traz a luz e a quietude: traz o movimento da paz.

Os pardais na goiabeira, beija-flores de brilho intenso,
A paz de uma confidência a aliviar o pensamento,

São mínimos raios da Essência a se apresentar num lampejo.
E, no momento mais precioso de um susto abençoado
Recebe, então, do amado o mais esperado beijo.

Feito à hora do crepúsculo, quando o mistério se faz
Tudo se torna uno no movimento da Paz.

Foto de albertokaique

Poema de fases

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ㅤㅤㅤPoema de fases

ㅤㅤㅤㅤㅤI
No sertão vasto
O ser homem é poesia.
A palavra é arma

O chão rachado
E fome por justiça.
O povo grita!

Sol extenso sol
Deixa pele morena
Do trabalhador

Estação seca
Faz baiano lutador
Com terço na mão

ㅤㅤㅤㅤㅤII
Não sei pra que me serve
ser homem como todos
os outros empestados,
e assim devasso.

A politica não é corrupta, O homem
que se faz corrupto. E assim desonra
a câmera desta cidade-coragem.

Meu orgulho fica escasso.
Adoro a arte baiana,
mas não esta terra gana
que me arde em chama

Moro na terra manchada com o sangue
dos donos, erguida com o sangue negro
e colonizada por um povo exangue.

ㅤㅤㅤㅤㅤIII
E minha poesia se esvai!
Os versos ficam livres
Des... fra... g-men... ta… dos.

ㅤㅤㅤO Eu então se abusa
Escreve sobre ele mesmo. Sem mais métricas,
sem suas varias rimas pobres, e ricas,
sem crítica e apego pela a sua terra.
ㅤㅤㅤO Eu então escreve:

ㅤㅤㅤㅤㅤIV
Nasci...
Olhos a observar o outro
Mãos a tocar o outro
Ouvidos a escutar o outro
Língua a provar o outro
Nariz a cheirar o outro
Nasci...

Mas não tenho os mesmos olhos dos outros
Mas não tenho as mesmas mãos dos outros
Mas não tenho os mesmos ouvidos dos outros
Mas não tenho a mesma língua dos outros
Mas não tenho o mesmo nariz dos outros

ㅤㅤㅤㅤㅤV
E lá no canto eu canto
A minha ultima canção:

- Acender meu corpo!
Ascende minha alma!
Emergir de todo este caos!
Imergir em toda calmaria!

ㅤㅤㅤㅤㅤVI
E outra vez a minha poesia se esvai!
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤSem haicais
ㅤㅤㅤSem métricas
ㅤㅤㅤㅤSem rimas
ㅤㅤㅤㅤSem críticas
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤSem versos livres
ㅤㅤSem anáforas
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤSem Eu
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤSem palavras.

Foto de Marilene Anacleto

Será Que Ele Volta?

Quando entro em minha sala
É como se descesse um véu
Ainda bem que eu tenho
A minha janela do céu.

Quietinha no meu canto
A ninguém preciso ouvir.
O que mais desejo agora
É dali não mais sair.

Mas, toca o telefone.
Eu o atendo cordialmente
Embora esteja, no momento,
Só com o corpo presente.

Quando o amado se vai,
Eu, da alma, sou ausente
Nem um fato interessante
Por estes dias me prende.

Volto a olhar a janela.
Prende-me o azul-verde do morro
Alguém chega à minha porta
E eu quero pedir socorro.

Quando será que ele volta
Para tirar-me esse véu?
Quando sentirei de novo
Minha sala como um céu?

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Minha Elis – Parte 2

Passaram-se quase três meses desde que escrevi a primeira parte dessa homenagem à Elis Regina. Não mudou muita coisa na minha vida. Continuo o mesmo. Para os americanos, a expressão “loser” serviria para designar o atual momento pelo que passo. O equivalente ao termo em português brasileiro seria “trouxa” ou “vacilão”. Pois bem, eu que me lasque. Quero falar da minha cantora favorita, que nunca terei a oportunidade de encontrar, mas que eleva minha condição e compreensão além das possibilidades naturais. Elis morreu em 82. Não ligo para o tempo. Sua expressão se faz influente e positiva, como artista brasileira, que soube mostrar nossa identidade em uma obra curta, mas consistente.

Voltemos ao ano de 2008. Lá, o bicho pegou um pouco para o meu lado. Eu tinha dois trabalhos, estudava, cuidava da minha irmã e ainda escrevia. Vínhamos de um despejo e da recente morte de um parente próximo. Nada parecia promissor, o que não se difere muito da situação atual, mas quem me dava força era Elis. As pessoas que se lembram da novela “Ciranda de Pedra”, versão de uma novela da Rede Globo de 81, sabem que a nova abertura era a música “Redescobrir”, composição de Gonzaguinha. Tanto ele como Milton Nascimento e Ivan Lins tornaram-se parte do meu gosto musical por influência da saudosa gaúcha. O que escrevo foi orientado de maneira decisiva pelas construções desses artistas. Algo que não tem preço, que tem valor inesgotável e inestimável.

Mas Elis morreu cedo, em demasia. Aos trinta e seis anos. Vítima do abuso de drogas. Da mesma causa faleceu Amy Winehouse, nascida em 83. Era muito talentosa também, a inglesa Amy. Então me pergunto: como seria Elis se estivesse viva? Ou melhor: como seria o Brasil se Elis estivesse viva? Elis, que vendia menos discos que uma Gretchen ou um Sidney Magal, na ocasião de sua partida, provocou uma comoção muito forte, recordada não apenas por seus fãs. Elis provavelmente teria participado dos movimentos de abertura política, dos quais já era simpatizante. Mas será que manteria a condição de mito? Se uma Elza Soares, cantora de nível parecido tem o reconhecimento internacional significante, seguiria Elis o mesmo caminho? Ou iria ao caminho dos tropicalistas, que se envolveram ainda que timidamente com o governo e hoje recebem algumas críticas severas por seu comportamento? De qualquer forma, ficam os vazios da carreira interrompida e do exemplo questionável. A obra de Elis é indelével, seu talento indiscutível, mas seu final foi trágico. Logo essa interrogação se torna mais delicada, tal como a da artista inglesa, o que transforma o paralelo em questão atual, em como o tempo passou, mas a situação da alteração de consciência não foi sequer tocada, frente ao que se

decorre disso. Dói saber que a morte de Elis podia ter sido evitada. Dói saber que isso influencia que outras pessoas também se deixem levar pelos vícios e excessos. O mesmo vale para Amy, e para tantos outros.

Elis Regina, na sua arte, passava uma postura ao mesmo tempo melancólica e otimista, emocionada e realista. Copio, por assim dizer, esse estilo. O subtexto encaixado nas metáforas características da produção da década de 70 é bastante parecido com o que tento apresentar hoje nas minhas linhas. Já Allan Sobral, meu amigo abençoado e crente, que sempre cito pela espécie de rivalidade camarada que nutrimos, vai por uma trajetória totalmente divergente, embora também muito digna e mais interessante. Allan Sobral é um tórrido romântico, tão apaixonado que quase já o admite. Seu estilo de escrever vai diretamente de encontro à proposta do site Poemas de Amor. É um fã confesso de Casimiro de Abreu, e adora o samba mais clássico, de Noel, Cartola e Paulinho. Outro dia, diz ele, sonhou com o João Nogueira. E no sonho recebeu o que todos esperam ter de um grande ídolo: Allan foi agraciado com um dessas bênçãos que só quem merece muito recebe. Ele abraçou o João Nogueira, falou com o João Nogueira. Desnecessário dizer que isso me deu uma inveja daquelas. Ainda assim, fiquei feliz: meu amigo ganhou um presente que nunca podia imaginar. E se ele pode, porque eu não? Tudo bem, o Allão é um grandíssimo poeta, sabe o que faz e vocês o conhecem. Mas, sei lá, a sorte também pode vir para o meu lado, se bem que a Elis deve estar muito ocupada, cantando para Deus enquanto Ele escolhe se teremos seu perdão ou não...

Bom, o que eu quero dizer mesmo é que sempre devemos lembrar-nos de Elis e seu canto. Basta ter a sensibilidade de ouvir sua mensagem, tão brilhante em vida. Se Elis se foi pelo mal, isso não anula o bem que ele nos deixou. Tenho certeza que é isso que ela me diria, se me encontrasse.

(Continua...)

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