Capacidade

Foto de Darsham

Tenho medo

Tenho medo
Quando os sentimentos
São confusos
Quando as palavras
Me fogem
Quando a tinta da caneta
Não escorrega,
No papel
Ao sabor da liberdade.
Tenho medo
de me perder
Tenho medo
de não me saber encontrar
Tenho medo
de fugir de mim própria
De não saber quem sou
Tenho medo que a vida
Me transforme
Que perca a capacidade
De sonhar
Tenho medo
dos dias de tempestade
Do som da trovoada
A bater à minha porta
Tenho medo
dos dias
E das noites
sem rumo
Tenho medo
que os sonhos
Se transformem em fumo
Tenho medo
de amanhã acordar
E não ser mais eu…

Vânia Santos

Foto de Donato Avelino

O Sinto vem de Dentro

O corpo é despresado pela alma,
quando o homem se torna o elo de ligação com o mal;
mas as palavras de que veem de dentro;
são obras de algo menos vulgar vindos de quem ama.

Onde está a capacidade de viver;
quando o sono se torna mais profundo.

Obras de espirito são pensamentos do homem?
A expressão que o mundo legitimou no mais profundo do ser;
o trouxe no lado de quem nunca foi;
no lado daquele que ontem nasceu;

Que nasceu no tempo em que nunca foi registado;
Em que não foi registado nenhum recado;
Nenhum nascimento;

Obras de espiritos são pensamentos;
Pensamentos colocados na mente de um bebé;
Bebé que nunca Chorou!!

Mas só o sorriso do homem mais triste;
Só nos lábios daquele que já mais ouviu o suspiro de sua voz;
Só nele, o sol brilha de noite;
Na hora em que o sono tornou-se brisa do amanhecer;

E a noite fazendo parte do meio dia,
pondo as pessoas em palpadelas.

Foto de fabricio da silva dias

"Um Velho sábio me disse..."

Um velho sábio me disse!

E andava pelas ruas de uma pequena vila em um lugar esquecido por deus!

Dei-me de cara com uma pessoa que sussurrava “A verdade será dita”.

Era uma pessoa velha já de idade, ainda lhe restava pouco tempo de vida.

Mais no fundo de seus olhos pude enxergar uma um brilho profundo que nunca havia visto antes, aquilo me chamou atenção, então resolvi parar para conversar um pouco com ele e saber um pouco mais da verdade que ele havia dito.

Perguntei lhe o nome, e ele me respondeu.

“Sou o inicio e sou o fim, sou a verdade e sou a mentira, sou o bem e sou o mau, sou a vida e sou a morte, sou a realidade, sou apenas um velho conversando com um jovem iniciante”.

Naquele momento eu não havia entendido o que acabara de ouvir, e respondi na inocência.

“Eu apenas lhe perguntei o nome senhor.”

Ele deu risada e respondeu bem baixinho para ninguém ouvir.

“Meu caro jovem! Não a por que se preocupar com um velho no fim da vida, irei te dizer palavras não fará sentido algum a você,Porem mesmo com a idade avançada Irei dar lhe uma dica de um grande conhecimento a você meu jovem iniciante.Um planeta e iluminado por uma luz que não é dele próprio”.

Eu já estava muito confuso sem entender o que o velho queria me dizer. Eu sem noção do que estava acontecendo fiz uma pergunta a o velho senhor.

“Você acha a realidade cruel?”.

Naquele momento ele deu risada de me afirmou.

“vivemos em um mundo onde não há igualdades! Mas a chances e probabilidades!”.

A partir daquele momento percebi que o velho não era alguém com conhecimentos baixos, então fiquei interessado em ouvir algo que me chamaste muito a atenção, então fiz outra pergunta ao velho senhor.

“O senhor aparenta ter muito conhecimento e experiência vivida! Porque não fala algo que me chame bastante à atenção.

O velho deu risada e me respondeu. ”Caro jovem você não imagina o quão feliz eu fico em saber que ainda a pessoas jovens, com grandes capacidades, e objetivas!”

Ele ficou serio do nada mais estava feliz, e completou

“Meu jovem! Você realmente tem o interesse em saber coisas alem do que você imagina?

Eu achando o velho muito interessante respondi.

“Acredito que minha capacidade vai alem de meus desejos por riqueza ou algo ainda não revelado. mais acredito mais ainda em seus conhecimentos que se forem herdados pela pessoa capacitada de usar poderá ir alem do que eu sempre imaginei ser capaz de conquistar.”

O velho caiu na risada e disse “Garoto acredito que você seja capaz de herdar os conhecimentos de um velho simples que viveu esperando um sucessor.”

Naquele momento consegui entender que o velho só descansaria em paz quando sucedesse eu enorme conhecimento.

Eu imaginava que o velho ia ficar Horas e horas me explicando coisas que eu ainda não sabia mais o velho apenas me disse “Acredite em você, faca de seu sonho um campo de batalha que certamente será vitorioso, faça de seus desejos a sua inspiração, faça de sua força a sua riqueza, faça de suas lagrimas a sua tristeza, faça de seu sorriso a sua felicidade ACREDITE!

VOCE CONSEGUIRA!

Naquele momento havia despertado uma luz em mim uma visão da realidade, logo a seguir ele afirmou, “Você e capaz de conquistar seus sonhos! Apenas faça acontecer.”

Então percebi que o velho me falava a verdade. Olhei bem em seus olhos e agradeci-o com um grande aperto de Mao, eu não tinha palavras de agradecimentos.

Logo da despedida me retirei do local. Alguns dias depois voltei La para revê-lo, mas tive noticia que o velho havia morrido. Então dali em diante eu havia descoberto que tinha herdado o grande conhecimento do velho, e que finalmente ele poderia estar descansando em paz!

Por isso eu te digo, “UM VELHO SABIO ME DISSE”.

Contos e historias

Fabrício da silva dias.

Foto de Graciele Gessner

A Fusão das Almas. (Graciele_Gessner)



Ela adora tudo o que é social. Procura o equilíbrio e a harmonia em tudo. Gosta da justiça. Aprecia os valores da sociedade. É ponderada, e assimila as coisas rapidamente.

Já ele tem garra de leão, gosta de mandar porque é independente e digamos um tanto quanto autoritário. Tem demasiado orgulho e certa cobiça. Gosta de dar conselhos. É honesto, franco, leal, comunicativo e íntegro.

Há alguns aspectos positivos nela: Ela é uma pessoa enérgica, determinada, corajosa. É também uma pessoa cheia de confiança em si própria. Gosta de se impor, de mandar, de dirigir. Com a sua imensa força de vontade, ultrapassa todas as dificuldades que encontra no seu caminho. É uma pessoa muito franca. Gosta de mudanças, de reformas. É alérgica a qualquer rotina. Tem uma personalidade forte... Adora a aventura. É ágil, entusiasta e liberal. Tem uma grande aptidão para comparar e avaliar. Antes de dar a sua opinião, ouve as versões propostas por outras pessoas, e consegue colocar todos os dados obtidos, sobre a mesa, para avaliar sozinha.

Os aspectos positivos dele: Ele é inteligente e sabe o que quer. É um bom organizador. Gosta do movimento, das viagens. Demonstra apreciar a literatura. Porém, é necessário se policiar quanto ao seu orgulho leonino. Ele tem uma boa análise e uma boa memória. É inteligente e tem muita imaginação. Além do mais, ele é uma pessoa franca, honesta, cheia de vigor e de ambição. Tem uma grande força de vontade e é perseverante no seu trabalho.

Ela gosta do discreto, da tranquilidade; considera-se uma filósofa, uma pensadora. Atração pelo misticismo ou assuntos fora do comum. É uma pessoa séria, gosta da ordem e possui uma energia excepcional. É uma pessoa impulsiva, mas audaciosa. Ela gosta de reunir-se com os amigos, é considerada uma pessoa alegre, simpática. Há momentos na vida que ela gosta da calma, da solidão. Ela chega a ser tímida e delicada, mas é orgulhosa, corajosa e viva. Por vezes, é uma pessoa brusca e irritante. Não se deixa influenciar. Não suporta contrariedades, sejam elas quais forem. Gosta de longas viagens, do estrangeiro, da água. Gosta de estudar, é uma pessoa aberta a qualquer novidade. Também gosta de conhecer pessoas diferentes.

Ele é ambicioso, teimoso, sincero, leal, cordial, nas suas maneiras simples. Grande capacidade de organização. Golpe de vista e clareza de ideias. Gosta de crianças e de lazer. É uma pessoa trabalhadora e paciente. Ele fala muito, tem sempre a réplica pronta, gosta de discursar, de contestar, da polêmica e da crítica. Ele irrita-se com facilidade e perde o controle. É provocador, impulsivo, dinâmico. Tem um espírito empreendedor. Ele possui uma grande generosidade, é altruísta, e ajuda as pessoas com dificuldades.



... A fusão das almas é incrível, nada tão contraditório do que as vidas que vivemos sem saber ao certo quando vamos encontrar a nossa metade, a nossa verdadeira alma gêmea.

30.05.2010

Escrito por Graciele Gessner.


*Se copiar, favor mencionar a devida autoria. Obrigada!

Foto de Paulo Zamora

Para mudar de vida (Paulo Zamora www.pensamentodeamor.zip.net)

Para mudar de vida
Um dia para pensamentos; um dia em que se pode ver todas as fases que atravessaram e atravessam diariamente uma vida. Pensamentos de palavras, atitudes e virtudes, enriquecem os corações que amadurecem, por saberem que mudar os rumos não é nada fácil, mas também não é impossível.
Isso requer rever conceitos...
Isso requer rever relacionamentos...
Arrependimentos nos ensinam muito, nos fazem escolher, nos fazem abrir portas, e no entanto nos momentos de meditação saber ver além dos olhos, buscar nas imagens a certeza de um novo rumo. A nova vida é acontecimento em todo bom recomeço. Recomeçar é preciso. Deixar de ferir-se e ferir outros é capacidade de entendimento para muitos assuntos importantes.
Que frutos queremos dar na árvore da vida? Quem somos? Que escolhas estamos fazendo? Como cultivar a liberdade, a tranqüilidade, a vida satisfatória por assim dizer?
É preciso esclarecer todas as dúvidas. Rever os conceitos e prestar atenção aos conselhos. É reconhecer quando errado. É manisfestar-se diante das boas razões em pauta. É se abrir com quem se confia e compartilhar os pensamentos ativos na mente. Sabe do poder da oração? Reconhece que todos erramos, talvez quando até mesmo pensamos em acertar?
Medite sobre:
Amizade verdadeira. Família. Sexo. Trabalho. Sonhos. Fé. Defeitos. Desafios. Coisas a deixar. Coisas a conquistar. Acredite em seu potencial, assim sendo possível ter tolerância, perdão, consciência da natureza humana.
A nova personalidade adquirida é assunto muito sério, é você corrigindo com justiça a sua própria vida.
O tempo nunca vai parar, no entanto nunca pare a sua vida. Almeje ter ao lado pessoas que se dediquem como você, saibam o valor dos encontros, assim como o valor do ouvido nos momentos de conflitos. O sucesso pode estar por perto, rodeando a quem não tem capacidade de ver ou sentir, ou se soltar de uma rotina proibitiva da alegria. Decida a sua vida. Medite. Retrate. Esclareça seus pensamentos. Tenha a certeza de que se fizer assim, você tomará decisões importantes. O que você pode estar precisando é de um tempo para você mesmo, onde poderá meditar sobre muitos assuntos, ser sábio não ter grande conhecimento, e sim aplicá-los diante as provações e comportamentos. Compreende? “Acertar” exige mudança na vida, conter-se diante dos desafios, amar a verdade, amar em tudo... o pensamento muda. O comportamento muda. A vida muda de rumo mesmo quando pensar estar no poço. Depende de você. De quem busca apoio? Quantos o realmente entendem? Você é dono das suas atitudes, do seu próprio mundo. Tomando novas decisões sentirá como sua vida irá mudar. Não importa quanto tempo está preso numa situação, nada é por acaso, nada muda num piscar de olhos, tudo acontece no seu devido tempo. Você acredita? Em quem você busca conforto? Para quem você usa toda sua compreensão? Será que não tem mesmo se esquecido de você?
Ninguém está aqui para viver somente de infelicidades, de culpas, de intrigas, de problemas somente dos outros; a vida é muito mais do que podemos imaginar. Temos o direito de vivermos bons momentos, de termos alegria, mas às vezes estamos atravessando uma fase difícil, o que fazer? É quando a gente se perde dentro dos pensamentos, porque ficamos inquietantes. Reflita na sua vida, nos seus sonhos, na família de deseja formar, nas amizades que podem durar uma vida, enfim, trate de você como se deve ser tratado, nunca se esqueça...
Esclareça os assuntos importantes, isso é para mudar de vida, e não viver somente de ansiedades e desesperos, porque a preocupação nos envelhece, envelhece tanto a alma como o coração...
(Escrito por Paulo Zamora em 06 de Maio de 2010)

www.pensamentodeamor.zip.net

Foto de Diario de uma bruxa

Sentimento

Luto contra um sentimento
Que não posso explicar
Sentimento este...
Que veio pra ficar

Mexe com minha mente
E com meu coração
Tem a capacidade de tirar
Minha concentração

Sentimento gostoso
Um pouquinho maldoso
Pela distancia em questão
Mas que esta em meu coração

Vale bem.... Correspondido
É o artificio da
Grande PAIXÃO

Poema as Bruxas

Foto de Diario de uma bruxa

Mulher

Mulher...
Tem um encanto
Único
Em seu interior
Uma capacidade enorme
De lidar com os problemas
De lidar com o amor

Existem mulheres desesperadas
Mergulham de cabeça
Olha o que acontece depois
A dor que causa a si mesma

Outras são cautelosas
Tem paciência e espera a
Sua hora...
Nada na vida e por acaso
O destino já esta traçado

Existem as vacinadas
Não acreditam em mais nada
São decepcionadas
Amargas e fechadas para o amor.

Mulher... Em seu interior
Há muito amor
Criança, menina, mulher
Fada, bruxa ou poetiza
O coração da mulher
É cheio de magia

Mulher, simplesmente mulher
Todo seu encanto deposita
Assim é querida
Flor que perfuma o dia e contagia
Feliz o homem que conquista
A mesma mulher
Todos os dias

Poema as Bruxas

Foto de Fernando Poeta

Falando de Amor

Eu não te amo por tua beleza física,
Pois esta um dia se acaba,
Eu não te amo por teus bens,
Pois estes são temporários,
Eu não te amo por tuas qualidades,
Pois sei que tens defeitos,
Eu não te amo pelo que dizes,
Pois nem sempre te ouço,
Eu não te amo por isso, eu não te amo por nada disso...

Eu te amo pela beleza incomparável, incontestável e infinita de seu espírito...
Eu te amo pela total capacidade de doar-se completamente à quem sequer conheces...
Eu te amo pelos teus defeitos, que impedem que seja perfeito...
Eu te amo pelo teu silêncio, que fala tão forte em mim...

É desta forma que te amo,
Em todos os momentos,
Quando estou aqui, ou quando estou ausente,
Não aparto-me de ti,
Pois em mim, você está sempre presente,
Quase vejo teu sorriso, quase escuto tua voz,
Quase aperto tua mão e quase estreito-lhe num abraço,
E mesmo neste quase, nele me satisfaço...

Porque você é muito,
Do melhor que tenho,
É assim que te amo!!!!

Foto de Felipe-Mazza

Saudade é uma palavra pequena

Difícil é tentar esquecer uma pessoa, é uma tarefa árdua, complicada, quase impossível.

Eu às vezes me pego pensando o “porque” dessas coisas acontecem, pensando se eu estraguei tudo, se não era pra ser, pensando nas coisas que aconteceram durante, depois, e principalmente nas coisas que não iram acontecer.

São essas que me deixam mais triste com tudo, saber que elas não vão acontecer, saber que nunca mais ocorreram brigas, nem reconciliações, que não terão mais encontros, nem despedidas, que um futuro a que eu sonhei tanto que acontecesse não existira, que a vida que sonhei com ela também, que aniversários, natais e dias dos namorados e o próprio dia-dia com ela deixaram de existir, que filhos e netos e envelhecermos juntos já não acontecerá.

É ai que surgi à saudade, mais que saudade é essa de uma coisa que nunca ira existir. Sempre ai que me pego com lagrimas nos olhos, a saudade bate e nunca vai embora.

Saudade é uma palavra pequena para descrever o que eu sinto, sinto falta de tudo nela, de como falava, de como brincávamos, de como agia comigo, sinto falta de simplesmente saber que ela já esteve lá, e agora sei que não está mais. E pensar que estraguei tudo simplesmente me arrasa.

Queria ter sido uma pessoa melhor para ela, ter mostrado tudo de mim, toda a minha capacidade, mais não consegui e acabei pagando o preço, e a perdi totalmente, isso que realmente machuca por dentro é o que faz meu coração sangrar ainda mais, saber que ainda a amo e ter a certeza que ninguém jamais chegara perto desse sentimento que eu tive por ela, só quero que onde quer que ela esteja nesse momento e com quem ela esteja, que esteja feliz.

Às vezes ainda me pego lendo coisas antigas, vendo suas fotos, e lembrando de como era, de como eu me sentia bem com ela, de como eu amei, de como quis que desse certo e não deram. Sinto falta dela todos os dias, não só pelo amor que sinto por ela, mas pela amizade que tínhamos criado.

O destino une e separa pessoas, mas mesmo ele sendo tão forte, é incapaz de fazer com que esqueçamos pessoas que por algum momento nos fizeram felizes.

“Eu prefiro ter a beijado uma vez, ter a abraçado uma vez, ter a tocado uma vez do que passar a eternidade sem isso”

Foto de Lou Poulit

UM INCENTIVO À REFLEXÃO DE TODOS OS PROSADORES TÍMIDOS

Continuando uma conversa, esquecida noutro lugar...

Dei-me conta de um outro conceito integrante do curso, que também tem tudo a ver com essa reflexão sobre os nossos personagens na vida. E avança sobre fazer arte, sobre percorrer um trajeto evolutivo, lucidamente. O que inclui escrever prosa (a arte da palavra fluída) de modo mais artisticamente pretensioso, e não exatamente presunçoso...

Depois de entrar no ateliê, com a coragem e a desenvoltura de quem entrasse no castelo de Drácula, e tentar compreender alguma coisa da parafernália que havia ali, que equivalia a uma avalanche de informações visuais e olfativas nem sempre esperada, pinturas e esculturas por toda a parte, rascunhos espalhados como que por alguma ventania, uma infinidade de miudezas, coisas difíceis de imaginar e fáceis de fazer perguntar "pra que serve isso?"... O aluno iniciante dizia, como se ainda procurasse reencaixar a própria língua: eu não sei desenhar nada, sou uma negação, um zero à esquerda, nem sei direito o que estou fazendo aqui...

Eu tentava ser simpático, e sorria sem caninos, para provar que não era o Drácula. Depois pedia ao rapaz espinhento (convenhamos que o fosse neste momento) que desenhasse aquilo que melhor soubesse desenhar, entregando-lhe uma prancha em formato A2 e um lápis. A velha senhora (agora convenhamos assim) procurava uma mesa como se houvesse esquecido a sua bússula, e a muito custo conseguia fazer a maior flor que já fizera, de uns 15 cm numa prancha daquele tamanhão, e muito distante do centro da prancha. Claro, eu não conseguia evitar de interromper, se deixasse ela passaria a tarde toda ali improdutivamente. Aquele desenho já era o bastante para que eu pudesse explicar o que pretendia.

O executivo que arrancara o paletó e a gravata para a primeira aula, depois do expediente, com a gana de quem subiria num ringue para enfrentar um Mike Tison no maior barato e cheio de sangue no álcool, olhava pra mim, a interrompê-lo, como quem implorasse deixá-lo continuar! Queria mostrar talvez que eu deveria investir nele, que estava disposto a tudo, e que ele estava ali para que eu fizesse com ele o que bem quisesse. E eu finalmente explicava: não é necessário, já vi que você pode fazer. Me diga, quantas vezes você estima que já tenha desenhado esse mesmo Homem-Aranha que acabou de rascunhar?... Ah, não contei, mestre... Claro que não, mas talvez possa fazer uma estimativa, em ordem de grandeza. Uma vez? Uma dezena? Uma centena? Mil vezes?...

O velhote, com jeitão de militar reformado, pôs a mão no queixo. Mas em vez de estar fazendo alguma conta para responder, na verdade tentava avaliar (com a astúcia que custa tantos cabelos brancos) que imagem a sua resposta produziria, na cabeça do jovem mestre. Afastou as pernas uma da outra e naquele momento eu pensei que ele pretendia bater continência para mim, mas não, aquilo era um código comportamental. Sempre fui antimilitarista, mas procurei entender o seu personagem íntimo. Afinal, ele resolveu arriscar: Mais para mil vezes... Alguém poderia acreditar nisso – perguntei a mim mesmo? Se o velhote houvesse desenhado Marilyn Monroe, vá lá que fosse. Ou a bandeira do Brasil, um obuz, uma bomba atômica, ao menos um pequeno porém honroso canivete suíço!... Mas não. Um militar que estimava ter desenhado quase mil vezes o Papa-Léguas – antigo personagem de quadrinhos e desenhos de televisão – ou tinha algum grave desvio (talvez culpa do canivete) ou estava construindo naquele momento um personagem específico para a sua insegurança, o que mais convinha deduzir. Antes que ele dissesse “Bip-bip” e tentasse correr pelo ateliê, eu tratei de prosseguir com a minha aula.

Mas qualquer que fosse o aluno, eu pedia então que sentasse nas almofadas que ficavam pelos cantos do espaço, e em seguida me sentava no chão, sem almofada. E perguntava: você já ouviu falar no Maurício de Souza, o “pai” da Mônica?... Sim, das revistas... Isso mesmo. Sabe que ele é capaz de desenhar a Mônica (mas talvez não outro dos vários personagens que assina) de olhos vendados?... O aluno tentava refletir, mas eu não esperava pela resposta. Garanto a você que ele faz isso. Sabe por que?... Acho que não, assim de surpres... Por um motivo muito simples e óbvio: ele já fez tantos desenhos semelhantes, que não precisa mais se preocupar em construir nenhuma imagem do desenhista que ele é. Muito menos com o desenho que vai fazer.

Eu não estou pretendendo estabelecer nenhuma comparação com a sua pessoa, mas somente adiantando para você uma espécie de chave para quase todas as perguntas inerentes a aprendizados. Você pode achar até que é um zero à esquerda, quer diga isso ou não. Não é. Mas a sua memória técnica é. E essa seria a principal razão de você achar que não sabe desenhar, ou não ser capaz de ver-se como artista. Todo mundo nasce com alguma sensibilidade, percepção para o belo, capacidade de fazer associações psíquicas, afetivas, emocionais e tal. Isso tudo é inato, intrínseco à natureza humana. Contudo para transpor o que está dentro de você (imaterial) para fora, de modo que outros, além de você próprio, possam compreender através de alguma sensorialidade, é preciso usar um meio físico, também chamado de veículo. Para fazer essa materialização você terá que lançar mão de uma técnica, e a técnica não é inata (salvo em raros casos).

Essa é razão mais elementar pela qual está me pagando. Mas eu não fabrico desenhistas. Apenas, com base na minha própria experiência e na minha memória técnica, vou traçar um atalho para você chegar ao que definiu como suas preferências, na nossa conversa inicial. Bastará que você faça apenas algumas coisas simples, mas que podem exigir alguma disciplina: que não faça os exercícios como faria um robô, que preste atenção com intuito de memorizar o que vou lhe dizer (como se fôsse um robô!) e que não jogue fora nem mesmo o pior dos seus resultados, pelo menos até que termine o curso. Os seus resultados de exercício, em ordem cronológica ou pelo menos lógica, por mais que pareça entulhar a sua vida, serão como os frames de um filme que só existe na sua memória, e que serve para estruturar a sua memória sensorial. Será a mais eficiente forma de avaliar o processo de aprendizado, e poderá estar sempre disponível para reavaliações.

Sua verdadeira obra, será construir um arcabouço de informações técnicas. Muito naturalmente e sem começar pelo fim ou pelo meio, você irá armazenando o conjunto da sua sensorialidade ao exercitar. Não irá memorizar tão somente o desenho em si, mas a interação entre os materiais, os sons, o cheiro, a impressão tátil de manusear e pressionar, enfim, tudo será memorizado, e a partir de certo ponto, além de saber, você estará compreendendo o que faz. Contudo, não tem que esperar o fim do curso para estabelecer uma relação mais madura consigo próprio, enquanto artista. Poderá começar a amadurecer (e reorientar) desde logo o seu foco preferencial, a sua linguagem e estilo próprios, seus conceitos e o seu próprio personagem de artista...

Isso mesmo, o artista, seja pintor, músico ou escritor, tem um personagem próprio. Para as pessoas que só podem conhecer a sua arte a partir do veículo e não a sua pessoa, será inevitável eleger atributos para agregar referencialmente ao seu nome, ou para humanizar o seu nome, e torná-lo mais compreensível. As pessoas “tocam” o produto artístico como se tocassem a pessoa do artista subconscientemente. Por isso, se você não quiser criar lucidamente o seu personagem e torná-lo compreensível para eles, os admiradores da sua arte o farão instintivamente e você só saberá depois, ou talvez passe pela vida sem saber como é visto, ou pior ainda, imaginando o que não corresponda nem de longe à realidade.

Não importa muito a linguagem artística que se escolhe. O processo evolutivo é muito semelhante. E todo aquele que reluta em mostrar seu trabalho e predispor-se a um julgamento que não se submete ao seu próprio, apenas retarda a sua própria evolução.

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