Céu

Foto de LEOANDRADE

Quero Fazer Amor com Você (Leonardo Andrade)

Quero fazer amor com você

Como sol faz com a madrugada

acendendo o céu

e incendiando o mundo de vermelho paixão

Quero fazer amor com você

como a abelha fecunda

sua mais bela flor

e dela extrai seu melhor mel

Quero fazer amor com você

como o mar que se desmancha

em ondas na areia , lambendo-a sensualmente

e invadindo-a ...gradualmente

Quero fazer amor com você

como uma tempestade súbita

surgindo do nada e te inundando

de tesão , loucura, desejo

te afogando num mar de sonhos molhados...

Quero fazer amor com você

como o rio deságua no mar

e se mistura , funde-se a ele

ambos sendo parte e todo do Tao do prazer

Quero fazer amor com você

recriando o significado da expressão

além da sua profunda exaustão

gerando uma nova dimensão

Quero fazer amor com você

com a intensidade de dois mundos que se colidem

como duas energias ditas plenas que se chocam

e resolvem-se na resultante perfeita

Quero fazer amor com você

como duas metades que voltam a se encaixar

e o fazem de forma perfeita

sem espaços ou brechas

Quero fazer amor com você

como ato final da nossa história de amor

como prenúncio de uma nova existência

como ponto definitivo de começo e fim do ciclo
perfeito do amor.

O mundo gira , as eras passam

a vida morre e renasce

as estações se alternam

e o amor sempre retorna ao começo renovado...

e gira, gira, gira ....

Leonardo Andrade

Foto de Carlos

Dinamene (Luís de Camões)

Ah! Minha Dinamene! Assim deixaste

Quem não deixara nunca de querer-te!

Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te,

Tão asinha esta vida desprezaste!


Como já pera sempre te apartaste

De tão longe estava de perder-te?

Puderam estas ondas defender-te

Que não visses quem tanto magoaste?

Nem falar-te somente a dura Morte

Me deixou, que tão cedo o negro manto

em teus olhos, deitado consentiste!

Oh! Mar! oh Céu! oh minha escura sorte!

Que pena sentirei que valha tanto,

Que inda tenha por pouco viver tanto?

Luís de Camões (1524-1580)

Foto de Carlos

Ah! Minha Dinamene! (LuÍs de Camões)

Ah! Minha Dinamene! Assim deixaste

quem não deixara nunca de querer-te!

Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te,

tão asinha esta vida desprezaste



Como já pera sempre te apartaste

de quem tão longe estava de perder-te?

Puderam estas ondas defender-te

que não visses quem tanto magoaste?

Nem falar-te somente a dura Morte

me deixou, que tão cedo o negro manto

em teus olhos deitado consentiste!

Oh mar! oh céu! oh minha escura sorte!

Que pena sentirei que valha tanto,

que inda tenha por pouco viver triste?

LuÍs de Camões (1524-1580)

Foto de Carlos

O céu, a terra, o vento sossegado... (Luís de Camões)

O céu, a terra, o vento sossegado...

As ondas que se estendem pela areia...

Os peixes, que no mar o sono enfreia...

O nocturno silêncio repousado...


O pescador Aónio que deitado,

Onde com o vento a água se maneia,

Chorando, o nome amado em vão nomeia,

Que não pode ser mais que nomeado:

Ondas - dizia - antes que amor me mate

Tornai-me a minha ninfa, que tão cedo

Me fizeste

Foto de Patrícia

Rosa Pálida (Almeida Garrett)

Rosa pálida, em meu seio

Vem querida, sem receio

Esconder a aflita cor.

Ai! a minha pobre rosa!

Cuida que é menos formosa

Porque desbotou de amor.


Pois sim...quando livre, ao vento,

Solta de alma e pensamento,

Forte de tua isenção,

Tinhas na folha incendida

O sangue, o calor e a vida

Que ora tens no coração,

Mas não era, não, mais bela,

Coitada, coitada dela,

A minha rosa gentil!

Curvam-na então desejos,

Desmaiam-na agora os beijos...

Vales mais mil vezes, mil.

Inveja das outras flores!

Inveja de quê, amores?

Tu, que vieste dos céus,

Comparar tua beleza

Às folhas da natureza!

Rosa, não tentes a Deus.

É vergonha...de quê, vida?

Vergonha de ser querida,

Vergonha de ser feliz!

Porquê? Porquê em teu semblante

A pálida cor da amante

A minha ventura diz?

Pois, quando eras tão vermelha

Não vinha zângão e abelha

Em torno de ti zumbir?

Não ouvias entre as flores

Histórias de mil amores

Que não tinhas, repetir?

Que hão-de eles dizer agora?

Que pendente e de quem chora

É o teu lânguido olhar?

Que a tez fina e delicada

Foi de ser muito beijada,

Que te veio a desbotar?

Deixa-os: pálida ou corada,

Ou isenta ou namorada,

Que brilhe no prado flor,

Que fulja no céu estrela,

Ainda é ditosa e bela

Se lhe dão só um amor.

Ai! deixa-os e no meu seio

Vem, querida, sem receio,

Vem a frente reclinar.

Que pálida estás, que linda!

Oh! quanto mais te amo ainda

Dês que te fiz desbotar.

Almeida Garrett (1799 - 1854)

Foto de Patrícia

Cantata de Dido (Correia Garção)

Já no roxo oriente branqueando,

As prenhes velas da troiana frota

Entre as vagas azuis do mar dourado

Sobre as asas dos ventos se escondiam.

A misérrima Dido,

Pelos paços reais vaga ululando,

C'os turvos olhos inda em vão procura

O fugitivo Eneias.


Só ermas ruas, só desertas praças

A recente Cartago lhe apresenta;

Com medonho fragor, na praia nua

Fremem de noite as solitárias ondas;

E nas douradas grimpas

Das cúpulas soberbas

Piam nocturnas, agoureiras aves.

Do marmóreo sepulcro

Atónita imagina

Que mil vezes ouviu as frias cinzas

De defunto Siqueu, com débeis vozes,

Suspirando, chamar: - Elisa! Elisa!

D'Orco aos tremendos numens

Sacrifício prepara;

Mas viu esmorecida

Em torno dos turícremos altares,

Negra escuma ferver nas ricas taças,

E o derramado vinho

Em pélagos de sangue converter-se.

Frenética, delira,

Pálido o rosto lindo

A madeixa subtil desentrançada;

Já com trémulo pé entra sem tino

No ditoso aposento,

Onde do infido amante

Ouviu, enternecida,

Magoados suspiros, brandas queixas.

Ali as cruéis Parcas lhe mostraram

As ilíacas roupas que, pendentes

Do tálamo dourado, descobriam

O lustroso pavês, a teucra espada.

Com a convulsa mão súbito arranca

A lâmina fulgente da bainha,

E sobre o duro ferro penetrante

Arroja o tenro, cristalino peito;

E em borbotões de espuma murmurando,

O quente sangue da ferida salta:

De roxas espadanas rociadas,

Tremem da sala as dóricas colunas.

Três vezes tenta erguer-se,

Três vezes desmaiada, sobre o leito

O corpo revolvendo, ao céu levanta

Os macerados olhos.

Depois, atenta na lustrosa malha

Do prófugo dardânio,

Estas últimas vozes repetia,

E os lastimosos, lúgubres acentos,

Pelas áureas abóbadas voando

Longo tempo depois gemer se ouviram:

«Doces despojos,

Tão bem logrados

Dos olhos meus,

Enquanto os fados,

Enquanto Deus

O consentiam,

Da triste Dido

A alma aceitai,

Destes cuidados

Me libertai.

«Dido infelice

Assaz viveu;

D'alta Cartago

O muro ergueu;

Agora, nua,

Já de Caronte,

A sombra sua

Na barca feia,

De Flegetonte

A negra veia

Surcando vai.

Correia Garção (1724-1772)

Foto de Patrícia

Aquela nunca vista formosura (António Ferreira)

Aquela nunca vista formosura,

Aquela viva graça e doce riso,

Humilde gravidade e alto aviso,

Mais divina que humana real brandura.


Aquela alma inocente e sábia e pura

Que entre nós cá fazia um paraíso,

Ante os olhos a trago e lá a diviso

No céu triunfar da morte e sepultura.

Pois por quem choro, triste? Por quem chamo

Sobre esta pedra dura a meus gemidos,

Que nem me pode ouvir nem me responde?

Meus suspiros nos céus sejam ouvidos;

E enquanto a clara vista se me esconde,

Seu despojo amarei, amei e amo.

António Ferreira (1528-1569)

Foto de Patrícia

Endechas a Bárbara Escrava (Luís de Camões)

Aquela cativa

Que me tem cativo,

Porque nela vivo

Já não quer que viva.

Eu nunca vi rosa

Em suaves molhos,

Que para meus olhos

Fosse mais formosa.



Nem no campo flores,

Nem no céu estrelas

Me parecem belas

Como os meus amores.

Rosto singular,

Olhos sossegados,

Pretos e cansados,

Mas não de matar.

Uma graça viva,

Que neles lhe mora,

Para ser senhora

De quem é cativa.

Pretos os cabelos,

Onde o povo vão

Perde opinião

Que os louros são belos.

Pretidão de Amor,

Tão doce a figura,

Que a neve lhe jura

Que trocara a cor.

Leda mansidão,

que o siso acompanha;

Bem parece estranha,

Mas bárbara não.

Presença serena

Que a tormenta amansa;

Nela, enfim, descansa

Toda a minha pena.

Esta é a cativa

Que me tem cativo,

E, pois nela vivo,

É força que viva.

Luís de Camões (1524-1580)

Foto de Patrícia

Alma minha gentil, que te partiste (Luís de Camões)

Alma minha gentil, que te partiste

Tão cedo desta vida, descontente,

Repousa lá no Céu eternamente

E viva eu cá na terra sempre triste.


Se lá no assento etéreo, onde subiste,

Memória desta vida se consente,

Não te esqueças daquele amor ardente

Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te

Alguma cousa a dor que me ficou

Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,

Que tão cedo de cá me leve a ver-te,

Quão cedo de meus olhos te levou.

Luís de Camões (1524-1580)

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