Chão

Foto de Chácara Sales

A Voz de um Mendigo

Ando com a solidão
Pelas ruas nuas, pelas ruas vagas,
Pelas noites escuras, pelas noites claras,
Pelos cantos sujos, pelos cantos limpos,
Sem o ar da graça pela imunda praça.

Na chuva fria, canto alegre;
Observo-a lavar as calçadas,
Formar no chão lindas poças d'água,
Correr de uma esquina à outra
E depois de cansada tornar-se garoa.

Tremo com a roupa molhada.
Passo de bairro em bairro, bato de porta em porta,
Como o que me dão, um pouco de sobras.

Adormeço em um banco qualquer.
Durmo sem um: Boa noite!
Acordo sem um: Bom dia!
Bate forte o sol no rosto,
Da pra dar um sorriso.

Não preciso de cômico nem de circo,
Só a fé em Jesus Cristo.

Sob a noite estrelada elevo a prece,
Voa como águia, sobe como foguete,
Chega como trovão, humildemente.
Lá no alto há quem escute a voz de um mendigo,
É o Deus da Gente!

*Autor: Chácara Sales

Foto de pttuii

Interior II

Alguns lugares mais atrás, um outro adulto jovem fita o azul claro dos mosaicos da repartição pública. Parece estar perdido, e quem souber analisar a profundidade da linguagem gestual humana, com certeza que descobrirá um pedido de socorro. As mãos fincadas nos bolsos de uns jeans rasgados. Um cachecol multicolor a afundar uma cabeça que tremelica ocasionalmente. O pé direito a 'embicar' com uma saliência no chão impecavelmente limpo da repartição estatal. Assim ao longe, o jovem parece estar apenas a fitar uma simples barata doméstica que corre pela vida no meio de passos 'gargulescos'.
Na realidade, ele procura a chave para a dissolução de uma personalidade que só lhe tem dado tristezas.Transporta consigo um currículo de relacionamentos amorosos falhados. O último levou-o mesmo ao Hospital, já que terminou com uma tentativa de suicídio. O jovem fechou-se na garagem da moradia recém-construída dos pais. Com botijas de gás armazenadas no porta-bagagens do 6 cilindros da família, montou um esquema de transporte de gases que o matariam em pouco tempo. Não fosse a intervenção casual da irmã, e teria sido encontrado inerte, no lugar do condutor da viatura. Ao fim de uma semana de internamento nas urgências de um hospital, começou a ser acompanhado por um psiquiatra de renome. Ainda está na fase do reconhecimento da enfermidade devendo, a breve prazo, ser-lhe receitada a devida medicação.
Noutro contexto, dois homens de meia idade repartem uma fila de cadeiras de plástico, como únicos passageiros de uma calma astronómica. A calvície de um, claramente incomoda o outro. Um fitar quase assassino disseca os pequenos pelos de uma meia-lua que parece aumentar a uma velocidade constante, e envergonhadora. É este o universo onde, previsivelmente, poderá ocorrer o crime. O autor repete. Ainda é cedo para estar a afirmá-lo taxativamente. Mas o cidadão calvo parece estar a ceder a uma pressão que poderá ser explicada pelas contingências da vida.
Foi despedido nesse mesmo dia. O outsourcing, a ditadura dos cortes económicos da empresa de fabricação de motorizadas, levou-o nessa manhã ao gabinete do senhor administrador. A um condescendente 'desculpe, mas já não contamos mais com os seus serviços', respondeu com um silêncio preocupante. Já tem na sua posse um cheque com uma indemnização correspondente aos melhores 15 anos de uma carreira contributiva de 30, e aguarda agora pelo seu lugar na atribulada agenda da técnica de comparticipações por desemprego da segurança local.
Quem o observa não faz por mal. João, um João talhado para as pequenas coisas da vida de uma localidade de interior, tem um quotidiano marcado pela missão que Deus lhe deu. Cuidar de uma avó idosa. Tão velha, que já se esqueceu de quando nasceu, nem do local onde deu o primeiro beijo. João está confinado, tantas horas quantas necessárias por dia, às quatro divisões de uma moradia do seculo XIX. É uma casa grande, de paredes grossas, e que já lhe está prometida quando o inevitável acontecer. João não trabalha, já que se comprometeu a servir a avó. Por isso, não terá culpa de a sua mente estar formatada para uma realidade tão doméstica, quanto triste. (continua)

Foto de m.vinicius

Nathália!

Um coração,
novamente de asas abertas,
cansado de vagar pelo chão frio e cinzento.

Deseja subir,
e cada vez mais alto sorrir.
Nem o céu será o limite,
pois cansado de ser triste
as nuvens quer tocar,
e acariciar...

...seu leito sagrado,
um manto forrado
feito de algodão.
AH! Pobre coração...

Um dia eu te laço
nem que seja a cardaço
eu te ponho no chão,
pra pegar na mão desta menina,
esta flor cristalina
a luz na escuridão.

Foto de Chácara Sales

Magnitude (Soneto)

A voz da poesia,
A cor da imensidão
O balanço das flores,
O decolar de um avião.

Um lírio no minadouro,
Um barco no alto mar,
O cheiro de um bom licor,
Um colorido balão no ar.

O poder e a grandeza do céu,
Seu imenso e noturno luar.
O desfrutar...

O amor em suas formas difíceis,
Os arranjos de uma canção,
A borboleta ao pousar no chão.

Foto de carlosmustang

SAMBEI SAMBISTA VIDA...

O linda, você não sabe que é amar
E sem orgulho se entregar
Deixar seu homem te amar
E dizer que a vida é mesmo assim

Te deixar sempre afim, e depois
Ir embora, e pra sempre te amar
E pra sempre assim chegar
De tão louco perdoar, e te abraçar

Porque você es tudo que posso desejar
Mas não custa desprezar, e deixar-te louca
no chão.

Fazer de conta que estou morto
Deixar-te no desgosto
E eu no samba, dançando, para valer...

Foto de Belinha Sweet Girl

Minha descrição de você, Mãe...

Pequeno lírio, sem qualquer cor vibrante,
Mas que tem a capacidade de colorir a minha vida.
Seu perfume suave deixa rastro por onde passa,
Fragrância esta que esbanja pureza.

Nobre orquidácea, amiga querida,
Sinto-me tão vazia quando estás longe!
Desamparada, sem chão...
És tudo aquilo que me mantém forte.

Tuas sépalas me acolhem quando creio desabar,
E tuas pétalas me envolvem num longo abraço.
Tens um jeito singular de florescer,
De espalhar teu vistoso e aprazível pólen.

Se um dia fores atingida por uma tempestade,
Por favor, tenha coragem para enfrentá-la!
Mantenha-se firme ao chão até o sol aparecer,
Pois se teu viço murchar, não sei o que pode me acontecer.

Enquanto puder, farei de tudo para te preservar assim,
Vigorosa, de beleza simples, rosácea...
Serás sempre essencial em meu jardim,
Como protetora, como amiga, como a mulher da minha vida.

Te amo, mãe!!

Foto de ANACAROLINALOIRAMAR

QUER IR, VÁ!

****
***
**
*
Quando fores embora.
Não bata a porta esse som é ensurdecedor.
Pode soar em ecos no seu ouvido um dia.
Não saia pisando o chão.
Achando sempre que tem razão.
Admita seu erro sem muita explicação.
Sua atitude é a sua virtude.
De enganar e mentir.
Cansei de história.
Cansei da sua falta de tempo.
Pois eu lamento,
Vamos acabar logo com esse sofrimento.
Nem você me deve explicação.
Nem eu te cobro satisfação.
Uma coisa você pode certeza.
Amei-te com todas as minhas forças.
Mas usarei a mesma para te esquecer.
O amor é muito bom de viver.
O que não é bom é permitir
Que alguém nos faça sofrer.
E saber que depois de você,
Muitos pretendentes irão aparecer.
Quer ir, vá! Mas não bata a porta!

*-* A FLOR DE LIS.

http://www.blogger.com/profile/01846124275187897028
http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=39704

Direitos autorais reservados.

Foto de pttuii

Estou chateado e provo-o

Escrever, para menos que viver. Será esse o antídoto certo para quem ilude o acto de criar, com o simples acto de viver? Mas será que resta alguma ilusão por descrever? Menos certo que o amanhã vir adocicado, é o hoje que somos obrigados a consumir amargo. Com todos os requintes de envolvência medricas que sublinham, a negro, os detalhes insignificantes da nossa vida. Aliás vida que, a existir, morre logo no dealbar de uma existência desnorteada.
Para informação coerente, que fique registado a minha opinião pessimista. Nem sequer penso chegar a qualquer das ilusões poéticas que já criei. Não passo de indecisão. Como o próximo, comisero em doses irregulares. Interrogo o que nunca se justificaria interrogar, e no fim ganho o som agudo da flatulência indiscreta de um sonho discriminatório.
Sinto-me perseguido, angustiado, massacrado pela irregular torrente de paranormalidades que nos atacam diariamente. As nossas vontades estão presas ao chão, porque nunca se conseguirão soltar do agrilhoamento efectivo. A escola, tirei-a com a certeza de que no fim ‘orientei’ um mapa para me orientar na displicência que é estar vivo.
O mundo borrifa-se para a plena realização do homem, porque o homem nunca existiu. A felicidade é a prova disso. Estamos felizes, na mesma medida em que o apetite da morte sabe bem a um canceroso em fase terminal. Jesus foi prova disso, porque Cristo é o apelido dos inexistentes. Dos falhos de espírito. Figuras ridículas somos nós, com capa de gordos, magros, pobres, ricos, gays, fodilhões, lésbicas vedetas de televisão, velhas com mini-saias e tatuagens. Tudo são soluções para problemas que recalcitram o nosso viver. A morte poderá ser um acrescento à indecisão. Mas no fim, a emoção deve morrer aconchegada, em noite de chuva ácida.
Só nos resta mesmo um mícron de pedantismo, para que a envolvência do desvanecimento, seja um quadro surreal com assinatura descompassada....

Foto de pttuii

O homem que quis matar a luz

Disseram-lhe que a luz morria quando contida num frasco opaco. Bem definida a separação, levantou o cós da bainha do mundo em que tresandava, e pôs-se à coca daqueles raios que os outros falavam em dias de reflexões preconcebidas. Queria sentir nas veias, nos traços azuis de hesitação que lhe pintavam os braços, a dor de decidir o destino ou a felicidade dos que dependiam disto para simplesmente andar. Lembrou-se dos pais do pai que chorava nas tardes de chuva. Eram dois velhos sem pernas, que adoptaram aquele cagalhão, que depois cagou o cagalhão que era. Na súmula destes deslizes, nasceu um mundo cónico. E fora dele corria tudo o que verdadeiramente interessava, porque dentro do irreal já existe o que as pessoas pensam que não lhes fará falta. A luz é sinónimo desta inenarrável certeza de quem respira. Fez de si mesmo aquela chuva de recordações cinzentas que pintava o chão de farelos do mundo que contava, para depois vir o que se prometia. Rasgou o céu acobreado, deu um silvo na água suja que mexia em musica aquele torpor apetecido do entardecer, e morreu tão depressa como havia dealbado. Acocorado, percebeu que tinha hipóteses de sobreviver a um mundo que não conhecia. O que contava depois seriam os instantes fatais de querer ter mais depois de um momento que pouco mais foi que menos.
De novo o céu encolheu o esfíncter. De acobreado a amarelo, e quando o vermelho se desenhou em manchas etéreas, já estava posicionado para o destino. A luz caiu no ponto de não retorno, mas não morreu. Eram pequenas criaturas risonhas que se movimentavam, num bulício dificil de explicar. Agitou o que lhe pareceu ser um momento de viragem no processo da criação, e da luz fez-se noite. E da noite, consumou-se o amor com a madrugada. E quem morreu foi quem quis mudar o que o destino nunca pretendeu deixar de controlar.

Foto de BlackAngel

Confio em você

Encontrei o equilíbrio perfeito quando te conheci
Você sabe o que realmente eu preciso ouvi
Em suas palavras eu encontro segurança
Segurando em minha mão como se eu fosse uma criança
Percebo que não queres me iludi
Me leva ao ponto certo
É uma perfeita concordância
Te amo e você me ama
Você só me dá provas disso
Confio em você de olhos fechados
E me impressiona essa confia que eu te digo
Contigo voou sem tirar os pés do chão
Te confio esse segredo,
Sempre te levarei em meu coração.

Páginas

Subscrever Chão

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma