Corpo

Em meu epitáfio,
Não quero "aqui jaz(z)!!!"
Prefiro, no frio jazigo,
"Aqui valsa em paz!!!"
Foi o que mais fiz na vida,
Do que fui capaz!
Nas pontas dos pés,
Criei meu bailado,
E as decepções,
Fui deixando de lado...
Valsando meus sonhos,
Pisei desenganos,
Driblei os enganos...
Enquanto a minh'alma era só poesia,
A razão vomitava toda a hipocrisia...
Meu corpo valsava exalando alegria
E meu eu execrava a mais vil agonia...
Por isso, nada de jaz(z),
Blues americano,
Tanta amabilidade, nefário engano!
Só quero um réquiem, com originalidade,
Um simples tributo, com sonoridade...
Palavras, bem poucas, crivadas na lápide,
Sinceras, singelas, a minha verdade,
Jamais "aqui jaz(z),
Mas sim..."Valsa em paz!!!"

De facto, VIVER não é assim tão mau, passamos 99% da nossa vida a planear, a tentar não errar outra vez, a tentar nao sofrer, etc...

Assim, passamos o tempo somente a tentar VIVER...

A incerteza dos nossos actos, a incógnita da resposta ás perguntas que fazemos, o agir por impulso, seguir o nosso coração e arriscar na incerteza do caminho por onde nos levam os nossos sentimentos.
Perder o controlo porque na altura a nossa fome de amor, carinho e paixao fala mais alto que a razao.
Adormeçer com aquele aperto no peito a pensar se a pessoa que nos deixou assim estará a sentir o mesmo.
Cada vez que pensamos em alguem parecermos bebés deliciados com uma nova descoberta.
O tremer do corpo quando em certo momento do dia, um simples facto aleatorio nos faz lembrar daquele beijo, daquele abraço...
A isto sim eu chamo VIVER e aproveitar a oportunidade que recebemos ao poder amar e ser amados...

Anelos
Pensamentos se conectam
Num grito
Num gesto
Confidências
Segredos
Encontro marcado
No meio da noite
Janelas fechadas
Estrelas no teto
Diálogo não verbal
Os olhos ,o canal
Sensações, movimentos
Dos corpos em desalinho
No chão
Na cama
Tudo é chama
Que nos consome
Fome que não cessa
Amor que tem pressa
Sexos latejantes
Encharcados
Delirantes
Gozo que explode
No céu da boca
Mar e firmamento
E o sentimento nascendo
Infinito horizonte
Sem nenhuma
Linha dividindo...
Apenas as curvas do seu corpo
Meu destino...

(Raiblue)

TURISTA EUROPEU

Corpo que pede corpo
Ser sem ser nada
Deseja o horripilante
Sem encanto
Dominado pelo desencanto
Cheio de anseios soltos
Querendo apenas ser pegado
Sem risos
Sem alma
Sem prolongar prazer
Ter apenas
Ser usado
Sem amanha
Sem cheirar
Sem ver mesmo
Só Ter
Sem tédio
Sem escândalo
Sem emoção
Baixar a zero a solidão intensa
Corre na praia sem sentir o vento
Se afoga na cana
Acorda com a cara carmim
Ver a rolha na areia
Sem sereia
Sem rir
Sem chorar
Sem magoa
Sem memória
Sem sentimento
Totalmente nulo

Zamy Pesci 18/02/2004

Brasilia-df