Crítica

Foto de Rosamares da Maia

Desconstrução

Desconstrução

Assim nasce o dia e passa num rodopio,
Ao arrepio da pele numa vontade cigana.
Desatino vislumbre inerte, destino torto,
Jeito imperfeito de gente abandonada,

Alguém que para estilo nenhum converge.
E nem por irreverencia se deixa governar.

Tem gente inteira, mas folha ao vento.
Sem paradeiro, rumo e sem assentamento,
Nem parâmetro de qualquer sentimento.
Se há muito a voar, vai e perde o assento!

Pergunto cansada sobre horas do nada.
Horas a fio, perdidas construindo ninguém.
Na vida estou longe de Ser alguém concreto.
Por coerência não quero, não sei se é correto.

O correto de gente não é a eterna construção?
Mesmo com obstrução do destino e desilusão?

Gente é obra sem patente, delírio da Criação.
O Criador mais que perfeição buscava o amor.
Permitiu-se deslumbrar e descuidou da criação.
Amou como criou e revestiu o erro de perdão.

Por incoerência, concedeu sem razão - a mão,
Dotada de régua torta e compasso invertido.

Interesse mínimo por uma consciência crítica.
Amou mais, dotou-a de pensamento e animação,
Atrevimento bastante para corrigir a construção.
E num fio de humildade tênue, reza pela cartilha:

Aquele a quem criou por nada de amar deixou.
Apoiado na prerrogativa a criatura rogou:
- Deus por meus erros perdão!

Rosamares da Maia – 03 de Nov. 2016.

Foto de Avila Monteiro

culpas

Fui cúmplice, insolente, imperdoável,intolerante e assim vivi um drama. Deixei de ser a musa amável, deixei de ser a poetisa que se ama.
Fui crítica e vivi um pesadelo, em etapas que pareciam sem fim. Desisti, sou assim, tive medo! Não é dessa forma que trarei você pra mim.
Fui frágil e paguei pelos meus atos, não vigilante, o que me levou a nada.Eu precisei, já respirei muitas angústias, batalhei, perdi! estou cansada.
Me dissestes que fui muito impaciente, aceitei reconheci-me como uma errante, talvez falei tudo que veio na mente, levando embora a nossa última chance.
Não resisti! Não resisti! e por toda a vida irei me culpar, mas vou lembrar do dia que te conheci, só não carrego a culpa de tanto te amar.

Foto de Vinícius Edart

Tempos Contemporâneos

O poema "Tempos Contemporâneos" é uma crítica minha contra a mídia e o governo brasileiro.

Sem fé,
Sem resultado,
Sem saber,
Sem conhecer,
Sem rir,
Sem chorar.

Vivendo em uma estância,
Vivendo em uma falácia,
Vivendo como escravo (da mídia),
Vivendo lambuzado (de informações),
Vivendo em um tempo colonial,
Vivendo em um tempo des
igual,
Vivendo em meio a mentiras,
Vivendo em meio a iras,
Vivendo na informação,
Vivendo sem opinião,
Vivendo..
Não sei mais se estou.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Minha Elis – Parte 3

Elis Regina Carvalho Costa. Cantora brasileira. Mesmo morta é mais importante que um bocado de vivos que eu conheço sem os querer ofender. Elis deixou a herança de seu talento até no sangue de seus filhos. Todos os três trabalham com música. Pedro Mariano é cantor. Maria Rita também. O primogênito João Marcello, que fora pai recentemente, é um produtor e crítico de mão cheia. Quando as revistas e os jornais se referem ao seu pequeno nascido como o ‘filho da Eliana’, fico um tanto desconfortável. Quero dizer, sem meias palavras, eu fico é puto mesmo! A criança é filha de Eliana, sim, que é uma apresentadora competente e que tem todo o direito de aproveitar sua maternidade. Agora, que seria muito importante recordar-nos de seu parentesco com a saudosa gaúcha, isso sim, seria bom. Mais do que ser ‘filho da Eliana’, essa criança deve ser apontada também como o ‘neto da Elis Regina’, uma das maiores cantoras que já tivemos, senão a maior. Fica aqui o meu singelo protesto. Mas não desejo me ater a essa discussão mais apaixonada do que pertinente.

O álbum mais famoso de Elis Regina é o Falso Brilhante, de 1976. O disco contava com músicas presentes no show homônimo, um espetáculo que juntava teatro, dança e canto numa apresentação memorável. O show locado no Teatro Brigadeiro teve 180 mil espectadores, o que o coloca como maior êxito da carreira da cantora e prova incontestável de sua popularidade e relevância no cenário da nossa arte. Quanto ao espetáculo, nunca o assisti seu vídeo completo. Mas o disco, não apenas pelas suas canções de maior sucesso, a citar, ‘Como Nossos Pais’ e ‘Fascinação’, marcou época. No auge do regime militar, que começava a ensaiar uma tímida abertura, o Falso Brilhante significou exatamente essa possibilidade, já que, ainda que veladamente, a crítica e a denúncia se faziam presentes na concepção da obra. O país vivia um declínio econômico considerável, a ditadura apesar de consolidada se encontrava desgastada e a incerteza, somada com o acobertamento sobre os desmandos realizados pelo então poder instituído tornavam a realidade brasileira numa situação difícil e pouco encorajadora. Valendo-se da brecha política, Elis remou contra a maré. Ainda que o Falso Brilhante seja um disco imerso na melancolia, sua mensagem final passa um fio de esperança durante a tempestade de seu tempo, um brando sopro de vida na austeridade de um país fechado, um suspiro diante das lágrimas causadas não somente pela violência como também pela miséria que tais circunstâncias trouxeram ao Brasil. Elis provou seu talento. E sua iniciativa ficou para o futuro, como marco da retomada da arte nacional como objeto de expressão dos anseios populares e de opinião.

Todavia, meu disco predileto da cantora não é o Falso Brilhante. Saudade do Brasil, um disco de 1980, pode ser considerada a obra definitiva de sua carreira. Não exclusivamente por ser seu último LP, Saudade do Brasil, que foi lançado em dois volumes, apresenta todo o desenvolvimento de Elis como artista. Numa estrutura seqüencial que de tão coesa chega a até se aproximar de algo conceitual, no sentido de se montar uma narrativa ao invés de se amontoar canção após canção, como que relatando o contexto histórico e social no qual se incidiam os brasileiros àquelas décadas, dando preferência a uma abordagem jornalística em detrimento do universalismo pessoal e intransferível nas artes gerais que encontramos desde então do final do golpe militar. Sem contar a gravação contou com uma quantidade de recursos muito maior para sua execução, o que elevou em muito sua qualidade, dando a cantora e seu repertório uma roupagem atual, destoante da imagem elitista e retrógrada atribuída para Elis antes desse trabalho. Elis, firme e ousada como nunca antes, decidira conduzir sua turnê de maneira até então inédita no país. Seu espetáculo seria montado em circos, para facilitar a mobilidade do show e reduzir seu preço. Ou seja, Elis queria levar sua arte aos mais pobres. Diante da negativa dos governos em obter uma autorização para o seu projeto, com toda a certeza surgira uma grande tristeza e amargura no âmago da cantora. Isso facilitou o processo que a levou à morte, pelo vício em remédios e drogas. Isso facilitou para enfraquecer a cultura nacional, tão restrita aos mais ricos, que temerosos de perder sua posição sempre pressionaram o desestímulo com a educação, a distribuição de renda e a justiça social, que em longo prazo causam mais do que prejuízos, causam o sofrimento de uma vida inteira de humilhações para nossos entes queridos, mal que conhecemos tão bem.

Minha mãe tinha doze anos quando Elis morreu. E certa vez, num desses especiais de televisão, passava a cantora, justamente num cenário que reproduzia um circo, justamente interpretando o repertório desse disco. Ela chorava, não somente pelo ídolo que Elis representa, mas pela realidade em que ela viveu e pelo plano de fundo em que calcava seu pensamento, nada mais que o desejo de paz e felicidade sempre cerceado aos mais simples. Foi ali que eu entendi o que era ser gente e ser artista de verdade. Foi ali que eu entendi que deveria não me abalar diante das dificuldades da vida, por maiores que elas sejam. E se Elis não viveu para ver suas expectativas suprimidas, esse é tributo que devemos ter com ela, que é o tributo de não nos conformarmos com a consternação, de tornarmos o Brasil um lugar onde a dignidade se faz presente, e onde o amor vale mais do que tudo.

Foto de luzimar xavier

VOCÊ SABE O QUE É TER UM AMOR?

Amar... há quem não gosta de amar? Sim, somente aqueles a quem não
Lhes é facultado o direito de pensar, que são os
Insanos, os desprovidos do raciocino, em suma, os que
Não “batem bem da bola”, como se diz na gíria. Só
Esses, com certeza, por serem desprovidos de sensibilidade,

Realmente não gostam de amar. Aliás, só ama
Ou “só fala sobre amor quem tem amor para
Dar”, conforme diz o ditado popular. Porque não tem esse tipo de
Relacionamento, que surge com o sentimento, só pode ser coisa de
Imbecil (esse é o têrmo mais certo) não se importar com o amar. Veja só que tão
Gostosa de cantar (e de ouvir) essa musiquinha: “Você sabe o que é ter
Um amor, meu senhor, ter loucura por uma mulher,
E depois encontrar esse amor, meu
Senhor, nos braços de outro qualquer... Eu só sei é que quando eu a vejo, me

Dá um desejo de morte ou de dor...”. Quando
O Lupicínio Rodrigues compôs essa música,
Sem dúvida alguma estava bastante inspirado e foi

Sábio o bastante ao acrescentar a crítica que pessoas há que, por não
Amarem, só pode ser porque não têm sangue nas veias e
Nem coração. E você? Você sabe o que é
Ter um amor? Se sabe
O que é ter um amor, que maravilha! Então você tem
Sangue nas veias e tem coração...

...E IMBECIL NÃO É.

Elixis- 26/10/07

Foto de albertokaique

Poema de fases

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ㅤㅤㅤPoema de fases

ㅤㅤㅤㅤㅤI
No sertão vasto
O ser homem é poesia.
A palavra é arma

O chão rachado
E fome por justiça.
O povo grita!

Sol extenso sol
Deixa pele morena
Do trabalhador

Estação seca
Faz baiano lutador
Com terço na mão

ㅤㅤㅤㅤㅤII
Não sei pra que me serve
ser homem como todos
os outros empestados,
e assim devasso.

A politica não é corrupta, O homem
que se faz corrupto. E assim desonra
a câmera desta cidade-coragem.

Meu orgulho fica escasso.
Adoro a arte baiana,
mas não esta terra gana
que me arde em chama

Moro na terra manchada com o sangue
dos donos, erguida com o sangue negro
e colonizada por um povo exangue.

ㅤㅤㅤㅤㅤIII
E minha poesia se esvai!
Os versos ficam livres
Des... fra... g-men... ta… dos.

ㅤㅤㅤO Eu então se abusa
Escreve sobre ele mesmo. Sem mais métricas,
sem suas varias rimas pobres, e ricas,
sem crítica e apego pela a sua terra.
ㅤㅤㅤO Eu então escreve:

ㅤㅤㅤㅤㅤIV
Nasci...
Olhos a observar o outro
Mãos a tocar o outro
Ouvidos a escutar o outro
Língua a provar o outro
Nariz a cheirar o outro
Nasci...

Mas não tenho os mesmos olhos dos outros
Mas não tenho as mesmas mãos dos outros
Mas não tenho os mesmos ouvidos dos outros
Mas não tenho a mesma língua dos outros
Mas não tenho o mesmo nariz dos outros

ㅤㅤㅤㅤㅤV
E lá no canto eu canto
A minha ultima canção:

- Acender meu corpo!
Ascende minha alma!
Emergir de todo este caos!
Imergir em toda calmaria!

ㅤㅤㅤㅤㅤVI
E outra vez a minha poesia se esvai!
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤSem haicais
ㅤㅤㅤSem métricas
ㅤㅤㅤㅤSem rimas
ㅤㅤㅤㅤSem críticas
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤSem versos livres
ㅤㅤSem anáforas
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤSem Eu
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤSem palavras.

Foto de Paulo Zamora

Inconformismo (www.pensamentodeamor.zip.net)

Muitas vezes torna-se difícil entender a falta de compreensão de algumas pessoas, dá-se a impressão que as pessoas dedicadas não são dignas de afeto e retribuição. Por que? Observando vários casos notei que alguns passam a ver outros como “SempreTorreForte” , tipo como se a pessoa fosse um ser humano auto-consolativo, forte e determinado em tudo, como se não chorasse e sempre soubesse se virar porque já provou ser capaz em muitas das situações, pode ser o tipo de pessoa que raramente se entrega e passa necessitar de outros para algo, o que significa que não precisa de alguém. Todos nós podemos ser carentes por algo, todos nós precisamos do outros, e a maior felicidade é ser compreendido nos momentos de conflitos, enfim, em necessidades. Alguém aparentemente sempre forte terá momentos de cansaços e inconformismo por se dedicar e quando necessitar estar sozinho, e talvez ainda seja humilhado, ou rejeitado, ou ter que esperar um longo tempo por algo talvez simples.
Os humildes não esperam receber nada na mesma medida, querem simplesmente poder contar com as pessoas as quais deposita confiança e acredita.
Precisamos de pessoas que somam em nossa vida, aqueles seres humanos que acreditam em nossas novas atitudes, nas correções e nos projetos; não temos como considerar pessoas que sempre duvidam da nossa capacidade; e que talvez nos deixem pra baixo quando deveriam reconhecer que nossa auto-estima precisa ser alimentada. Aqueles que julgam pensando nos conhecer, mas que ainda assim talvez não assuma reconhecer nosso potencial como pessoa de garra e determinação.
Esse é um assunto que me chama muita atenção, porque tenho visto esse tipo de comportamento crescendo de maneira exorbitante, parecendo que aqueles que sabem amar precisam sempre sofrer. O reconhecimento é algo tão simples, elogiar uma pessoa é grandeza, poucas palavras fazem-se capaz de mudar sentidos.
Dá-se a impressão que as coisas boas que fizemos no passado devem ser apagadas, se interessam por aquilo que somente podemos fazer no presente; a vida é uma soma de atitudes, de atos...
Há muitas decisões difíceis de serem tomadas, como por exemplo deixar de lado pessoas as quais admiramos, porque muitas vezes acreditamos que essa pessoa vai mudar e simplesmente nos ver em sua vida como Importante; assim como as sentimos em nossa vida. Compreende como esse assunto é forte? São nossos sentimentos que ficam em jogo. Será sempre do mesmo jeito? Aceitaremos viver sempre da mesma maneira, amando sem medidas pessoas egoístas? Prego a união como vital para o ser humano, mas não sei como dizer em alguns casos, de pessoas que já consideramos caso perdido.
Esse mundo apagou o valor da amizade verdadeira. Aprenda a “ Ser” e não a “ Ter” quando o assunto for os relacionamentos pessoais, a pessoa que você é conta muito mais do aquilo que você tem, o “ ter” é comercial. Espero que esteja me compreendendo neste assunto importante, onde a idéia é aperfeiçoar a qualidade de vida, não considere como crítica, é que na correria do dia a dia talvez vamos deixando de lado nossas qualidades sem perceber e também ferimos sem notar.
Se pessoas sensatas tivessem o poder de mudar o mundo; com certeza fariam obras maravilhosas. Queremos permanecer ao lado de pessoas que nos consideram importantes. Perdoar é um ato de amor, de fé e brandura, mas será que você quer sempre estar ao lado de pessoas que precisam ser perdoadas o tempo todo? Medite comigo neste assunto, não confunda nada por favor, ame sempre, perdoe sempre, escolha como amigos pessoas de brilho e sensatez.
Que tipo de comportamento você adota diariamente? Pisa nas pessoas ou é verdadeiro no que sente? Quer ser sempre maior ou se iguala para manter viva a chama do bom companheirismo? Olhe-se...
Será que seus alvos na vida são somente materiais? Já pensou em conquistar relacionamentos que durem a vida toda? Sei, as pessoas tem o direito de serem imperfeitas, e isso devemos ter plena consciência, embora a imperfeição não nos proíba de sermos pessoas honestas e sinceras, pessoas que se importam, que amam e se entregam em bondades.
Viver é ter habilidades para saber questionar, ter razão quando preciso, acreditar naqueles que desejam mudar, enfim, contribua com o que ainda resta de amor ao próximo no mundo, porque amar não é somente falar, é demonstrar nas atitudes diárias da vida...
(Escrito por Paulo Zamora em 22 de março de 2011)
www.pensamentodeamor.zip.net

Foto de Deni Píàia

Terminal Rodoviário

-Pipoca é cinquennnn... té cinquennnn... té cinquennn
-Meus irmãos, está aqui na Bíblia.
-Amendoim torradinho só setenta.
-Pipoca é cinquennnnn...
-Tem um trocadinho pra me ajudar?
-Chocolate Suflé, só num é mais doce que mulé.
-Um é dois, três é cinco.
-E Jesus falou...
-É cinquennnn... té cinquennnnn...
-Moçô, passa na rodoviária?
-Água só um e vinte.
-E a pipoca?
-É cinquennnn... té cinquennnnn...
-Torradinho, torradinho!
-Vrrrrrummmmm...
-Peraí, moçô!
-Quando Jesus perguntou aos seus apóstolos...
-Tem uma moedinha?
-É cinquennnn... té cinquennnnn...
-Suflé é da Nestrê!
-A que horas vai sair?
...
Marqueteiros, vendedores, pastores, pedintes... Povo. O terminal de ônibus me parece uma grande colcha de retalhos humanos onde cada um busca seu lugarzinho ao sol, embora seja noite. Sentado num banco tentando registrar o que vejo e ouço, fico perdido num turbilhão de ofertas, pedidos, perguntas, conselhos, freadas, aceleradas, passos, correrias e pernas, algumas bem bonitas! Fico imaginando de onde vem toda essa gente que, de alguma forma, em sua maioria, tenta levantar uns trocados. Verdadeiros profissionais de vendas, desdentados e maltrapilhos, que vivem de seus parcos negócios, enquanto eu não consigo vender nem pra mim mesmo. Onde estão suas famílias, seus amigos, suas casas?
Resolvi experimentar o amendoim torradinho-torradinho, acondicionado em tubinhos de papel dentro de uma espécie de balde que, embaixo, tem uma abertura onde uma brasa mantém a iguaria aquecida. E não é que estava quentinho! Achei que valeu o preço: só setenta centavos. O “Suflé” até que provoca a gente, mas naquelas mãos quentes deve estar uma papa. A água mais quente ainda. Quanto à pipoca tenho vontade de chutar o pacote, de tão chato que é seu anúncio: -É cinquennnn... té cinquennnnn...
Um caso à parte é o pastor. Bela oratória! Um sujeito bem vestido, terno limpo, puído, mas limpo. Pasmo com seu nível de informação. Fala do diabo disfarçado de roqueiro, citando Led Leppelin, John Lennon e Nirvana, discorrendo sobre Raul Seixas no cenário nacional, entre outros. Faz uma profunda e excelente crítica sobre a programação televisiva onde, logicamente, lá está o capeta de novo, em todos os canais e horários. Mete o pau em religiões, todas! –Minha religião é a Bíblia, diz ele. Pisoteia sobre a moral de pastores que pedem e tiram dinheiro dos fiéis, até deixando alguns expectadores contrariados.
À primeira vista lembra uma feira onde ninguém conhece ninguém, onde todos estão sós. Ledo engano. Observando melhor percebo que, atento ao pastor/orador, outro espera ao longe para substitui-lo ou acompanha-lo no caminho de volta. O vendedor de “Suflé” acompanha o da pipoca, que é amigo do amendoim. A mulher que vende água é mãe da moça que vende frutas na outra plataforma. O pedinte de moedas é parceiro do outro que já pediu, ganhou e agora está fumando sossegado. Os motoristas são companheiros entre si e conhecidos da maioria dos passageiros. Enfim, acabei por concluir que só eu estava sozinho. E como num passe de mágica, de repente o terminal se esvazia. Para onde foram todos? Vendedores desapareceram, o pastor silenciou e sumiu, os ônibus escassearam, os pedintes já se acomodam na calçada. Fico com a impressão que se diluíram e escorreram para as bocas-de-lobo, de onde agora me observam irônicos. Seguiram seus caminhos e eu fiquei só. Vou tomar o próximo ônibus e também seguir o meu, para chegar em casa e continuar só. Mas amanhã eu volto.

Foto de Paulo Zamora

ALGUMAS DESCOBERTAS (www.pensamentodeamor.zip.net)

O texto é uma exortação baseada em relatos de pessoas que viviam conforme mencionado, e de repente acordam para a importância dos limites ou a que grau devem ser as exigências...

Por ter passado muito tempo da minha vida somente me dedicando a outros, fui ficando triste por conta do pouco que recebia, mas é da minha personalidade dedicar-me para aqueles a quem admiro; é claro que não devemos pensar em retorno de forma impulsiva, mas é natural do ser humano saber que se nos damos é porque acreditamos receber, ainda mais de determinadas pessoas.
Certa vez resolvi fazer um teste; resolvi me dar na medida em que receberia; fui percebendo que de repente estava me sentindo sozinho, porque estava me dando além do meu próprio limite para isso; fui o culpado, claro que sim; é como se eu transmitisse uma imagem mentirosa de mim, como se eu vivesse sem dor, sem cansaço, sem sonhos, sem lutas, quando na realidade todo meu tempo era para dedicação.
Aconteceu que aos poucos fui poupando minha privacidade, minhas liberdades, e para alguns era como seu eu nunca pudesse errar em nada; não fiz cobranças, apenas quis me sentir amado, não mesma medida, porque ninguém ama na mesma medida, queria me sentir simplesmente valorizado, assim como eu fazia com pessoas queridas. Tudo isso gerou conflitos na mente, muitas vezes cobrando das pessoas como elas deveriam ser comigo, pode até ter sido um erro, mas arriscava...
Fui ficando cansado de ser inferiorizado ou de ser procurado na maioria das vezes nos momentos de conflitos alheios, prestei homenagens com amor e carinho, confesso que faria tudo outra vez se fosse preciso; é que neste exato momento estou triste porque observo que alguns se distanciam e quando chegam a procurar por mim querem-me ali disposto como antes; passei tempos e tempos da minha vida me dedicando, no fundo sei que sou amado; só queria que as pessoas compreendessem minha presença na vida delas, infelizmente acaba parecendo que toda a dedicação foi em vão, coloque-se no meu lugar, um ser humano imperfeito, por sinal também falho; mas acreditando saber amar e perdoando facilmente seus semelhantes. Com certa medida de carência comecei a me apegar facilmente com algumas pessoas, talvez por olhar as qualidades delas, estava eu esperando demais? Quem me conhece sabe que não.
Outro motivo pelo qual estou desabafando é que me cansei de ficar tentando fazer os outros compreenderem quem sou, que estou lutando arduamente pela vida; porque viver é guerra dura, é preciso coragem. Em muitas das minhas dificuldades pude contar com algumas pessoas, mas na maioria das vezes estava sempre só, mantendo a peteca em pé.
A impressão era de que eu estava esperando demais das pessoas, mas nunca fui assim, talvez passaram a me ver como alguém sempre muito forte, me virando pra lá e pra cá, então, ficaram pensando que não preciso de ajuda, sei lá... É vago o entendimento disso para mim.
É a mais pura realidade de que muitos acabam dando valor quando as causas são perdidas, muitas amizades são assim.
Não fui visto por pessoas que esperava, mas continuei amando assim como amo hoje; embora sofri decepções; aprendi várias lições de vida, agora procuro me conter, ter limite, passar algum tempo sozinho para meditar, sonhar mais, falar menos dos meus planos aos outros, compartilhas todas as coisas positivas; mas tem sido difícil colocar as coisas no lugar, ainda mais agora depois de tantos anos. Não é impossível, sei que não é, mas vai demorar um pouco para dar certo. Amar nunca é um defeito, mesmo quando pensar estar amando demais. Sempre respeitei o espaço dos outros, querendo que meu espaço fosse respeitado, mas como se eu mesmo esqueci o meu espaço?
O que parecia crítica era conselho...
O que parecia reclamação em excesso era desabafo...
A atenção especial era fonte de carinho, uma forma de confiar, amar sem olhar somente os defeitos e os erros.
Saí do limite sem perceber, e fui notando pessoas me evitando, embora as mesmas sempre puderam contar comigo, muitas vezes menti não perceber mentiras ou outras desculpas... Mas ninguém é perfeito, eu nunca fui...
Também posso viver uma paixão, ter altos sonhos, priorizar momentos, passear, quem foi que disse que não gosto dessas coisas? Lendo livros descobri não haver máquina do tempo, nada nos faz voltar atrás, no entanto é possível reescrever a história da vida, mudando rumos, conquistando, reconquistando...
Quem julga o que não sabe não sabe nada da vida, afinal quem somos nós para julgar? Não quero ficar daquelas pessoas que me derrotam quando nem mesmo eu sou derrotado, entende? Jamais ser tratado como coitado ou resto de algo, eu não sou objeto...
Pior são aqueles que pensam que vivo de poesia, Meu Deus, bem se fosse assim...
Poucos entendem de emoção, mas todos querem ser amados. Também quero.
Não sou o único a poder fazer sacrifícios, embora nunca fiz nada que não fosse com amor e dedicação, porque querendo ou não sei ser sincero.
O mundo é injusto, eu sei. Nem por isso a injustiça deve ser modelo para que eu aplique no meu viver. Não há vida sem dor. Dedicação não é defeito. Falta de atenção apropriada (Quando outra pessoa necessita) pode até ser, não tenho certeza.
Não sei se você está compreendo o que estou tentando passar com esse texto; é algo construtivo quando se trata de entender limites, de respeitar as pessoas, mas nunca “se esquecer”, porque ninguém notará isso, somente você mesmo. Abrir os braços demais não se faz possível abraçar o mundo mesmo sendo por amor...
Algumas pessoas amadas por mim estão começando infelizmente e perderem por conta da má cultivação...
“Certa vez resolvi fazer um teste; resolvi me dar na medida em que receberia; fui percebendo que de repente estava me sentindo sozinho, porque estava me dando além do meu próprio limite para isso; fui o culpado, claro que sim; é como se eu transmitisse uma imagem mentirosa de mim, como se eu vivesse sem dor, sem cansaço, sem sonhos, sem lutas, quando na realidade todo meu tempo era para dedicação” e lutas constantes...
(Escrito por Paulo Zamora em 24 de setembro de 2010)

Deixamos de ser importantes para pessoas que não nos olham. (Paulo Zamora)

www.pensamentodeamor.zip.net

Foto de Graciele Gessner

A Fusão das Almas. (Graciele_Gessner)



Ela adora tudo o que é social. Procura o equilíbrio e a harmonia em tudo. Gosta da justiça. Aprecia os valores da sociedade. É ponderada, e assimila as coisas rapidamente.

Já ele tem garra de leão, gosta de mandar porque é independente e digamos um tanto quanto autoritário. Tem demasiado orgulho e certa cobiça. Gosta de dar conselhos. É honesto, franco, leal, comunicativo e íntegro.

Há alguns aspectos positivos nela: Ela é uma pessoa enérgica, determinada, corajosa. É também uma pessoa cheia de confiança em si própria. Gosta de se impor, de mandar, de dirigir. Com a sua imensa força de vontade, ultrapassa todas as dificuldades que encontra no seu caminho. É uma pessoa muito franca. Gosta de mudanças, de reformas. É alérgica a qualquer rotina. Tem uma personalidade forte... Adora a aventura. É ágil, entusiasta e liberal. Tem uma grande aptidão para comparar e avaliar. Antes de dar a sua opinião, ouve as versões propostas por outras pessoas, e consegue colocar todos os dados obtidos, sobre a mesa, para avaliar sozinha.

Os aspectos positivos dele: Ele é inteligente e sabe o que quer. É um bom organizador. Gosta do movimento, das viagens. Demonstra apreciar a literatura. Porém, é necessário se policiar quanto ao seu orgulho leonino. Ele tem uma boa análise e uma boa memória. É inteligente e tem muita imaginação. Além do mais, ele é uma pessoa franca, honesta, cheia de vigor e de ambição. Tem uma grande força de vontade e é perseverante no seu trabalho.

Ela gosta do discreto, da tranquilidade; considera-se uma filósofa, uma pensadora. Atração pelo misticismo ou assuntos fora do comum. É uma pessoa séria, gosta da ordem e possui uma energia excepcional. É uma pessoa impulsiva, mas audaciosa. Ela gosta de reunir-se com os amigos, é considerada uma pessoa alegre, simpática. Há momentos na vida que ela gosta da calma, da solidão. Ela chega a ser tímida e delicada, mas é orgulhosa, corajosa e viva. Por vezes, é uma pessoa brusca e irritante. Não se deixa influenciar. Não suporta contrariedades, sejam elas quais forem. Gosta de longas viagens, do estrangeiro, da água. Gosta de estudar, é uma pessoa aberta a qualquer novidade. Também gosta de conhecer pessoas diferentes.

Ele é ambicioso, teimoso, sincero, leal, cordial, nas suas maneiras simples. Grande capacidade de organização. Golpe de vista e clareza de ideias. Gosta de crianças e de lazer. É uma pessoa trabalhadora e paciente. Ele fala muito, tem sempre a réplica pronta, gosta de discursar, de contestar, da polêmica e da crítica. Ele irrita-se com facilidade e perde o controle. É provocador, impulsivo, dinâmico. Tem um espírito empreendedor. Ele possui uma grande generosidade, é altruísta, e ajuda as pessoas com dificuldades.



... A fusão das almas é incrível, nada tão contraditório do que as vidas que vivemos sem saber ao certo quando vamos encontrar a nossa metade, a nossa verdadeira alma gêmea.

30.05.2010

Escrito por Graciele Gessner.


*Se copiar, favor mencionar a devida autoria. Obrigada!

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