Destino

Foto de Lou Poulit

O Cachorro do Poeta

MEU BICHINHO TÃO QUERIDO
(O Cachorro do Poeta)

Meu bichinho tão querido,
meu confessor predileto,
está dodói e o seu olhar me rasga.

Meu amigo foi ferido
pulando as pontas da cerca
pra me lamber de alegria,
e minha alma agora engasga.

A ele eu digo e ele finge me escutar
com carinha de quem se desculpa:
tudo bem, eu estou aqui contigo.

Mas é mentira. Ele não sabe.
Só eu sei o quanto me pesa
o seu amor incondicional,
que me escolheu por abrigo.

Eu que vivi tanto tempo
nunca aprendi a amar assim,
apesar de aprender tanta palavra.

Meu cachorro era um poeta!
e um anjo iluminado de cruel destino,
pois que uma só palavra sabia.
E por isso agora minha língua trava.

Na sua covinha acolchoada,
no jardim lá do fundo do quintal,
vou escrever em uma tabuleta:

"Aqui jaz o poeta e amigo sonhador,
que escrevia balançando o rabo
num só verso seu maior desvario.
Babava de amor por uma borboleta."

(Passarinho, 2015
Direitos Reservados)

Foto de Lou Poulit

Não Viverei Para Sempre

NÃO VIVEREI PARA SEMPRE

Não viverei para sempre.
Não do brilho de ideais.

Não esperarei respostas,
não quebrarei seus segredos,
mesmo não lhes dando as costas,
nem aos ígneos nem aos ledos.

Não farei deles escola
nem predarei dissidentes,
dê-se, dada, uma esmola
que não se guarde nos dentes...

Às sombras eles pertencem
e jamais cabem nos egos,
os bichos da seda tecem
e grãos lutam, como cegos.

Tudo que há depois é graça,
a manhã de amor sem prazo,
mas o amor, que é uma garça,
toma sopa em prato raso.

Não morrerei para sempre.
Não pelos meus ideais.

Se decerto há em mim o artista,
deserdo do meu rocio
minha prole idealista,
em favor do ideal cio.

Porque a morte é sua noiva
pela vida prometida,
e um ideal é uma goiva
nas mãos do Artista da Vida.

Morrerei até que o sempre
de quedas meu tempo seja,
e destino seja, dentre
tudo que derruba a peja.

Mas sempre é também uma ideia,
tal e qual os himeneus...
Dos nubentes céu de Réia.
Dos casados, chão de Zeus.

(Passarinho, 2015
Direitos Reservados)

Foto de Carmen Lúcia

Unicidade

Creio em Deus trino
que me fez una...
Insubstituível.
Só um caminho me é admissível
além dos desvios que lançam aos desafios...
Sou como o rio
que serpenteia, contorna rochas,
permeia pedras e as pisoteia.
Não se desnorteia
para chegar ao seu destino.

Entre o sagrado e o profano
sou o meio termo...
Nem pura, nem mundana.
Sou humana.
Não vacilo...
No entrelaço das incertezas
fico com a óbvia certeza
de que o bem prevalece.
Procuro a isenção das ambigüidades
que confundem e roubam a tranqüilidade.
Caminhos confusos,
trilhados pela dualidade....

E nessa unicidade em que vagueio
passeio em cores e versos,
meu eu manifesto
ao colher de cada dia
a poesia
que me lapida em gestos de amor
em busca da beleza interior.

Carmen Lúcia

Foto de Dirceu Marcelino

O APITO DO COMBOIO ou TREM 0001

“OUVIU LÁ VÔ”... “O APITO DO TREM”.

Ouvi é o apito que ouço como um hino!
Sempre gostei da musicalidade
Ouvia-o de longe quando era menino,
Tinha sete anos a tua atual idade...

Por algum tempo havia me esquecido
Desse som e de outros da mocidade,
Talvez, pelas obras do destino,
Mas, a poucos anos da hombridade,

Ouço-o e reconheço de inopino,
O som me anima de felicidade...
E me faz professor de teu ensino.

Traz – me recordações, muita saudade...
Mas renova-me e como vocês meninos...
Faz-me ouvir esse som, como um hino...

DIRCEU MARCELINO

Foto de poetisa1

Sou a Vida

Um dia vou lhe dizer quem eu sou...
Sou o nascer do sol em começo de outono,
sou a luz que surge no alvorecer.
Sou a folha que começa a cair.
Sou o barulho da água que jorra
sou a poesia ...que canta...
Sou a vida...
Sou a lágrima que corre em seu rosto
Sou o choro ... do amor incompreendido...
Um dia vou lhe dizer quem sou...
meu coração já foi machucado
encontrei alguém com marcas no coração
minhas máscaras caíram
deixei meu amargor do lado de fora
sem subterfúgios, caminhei ao meu destino
procurei sonhar
chegou o entardecer,
no céu desceu um véu azulado
mesclado do vermelho do sol que esvaiu-se.
Não permita que eu chore mais,
deixe que o silencio do meu coração
mostre a você quem eu sou.
Porque sou a parte da poesia que emana todo o meu ser.

Myrian Begon

Foto de Fernanda Queiroz

Fugindo de mim

A paisagem passa depressa
Patas velozes rasgam o caminho como flecha
Diminuindo a distância entre mim e o mundo
Meu corpo se eleva em ritmado balanço
Pés firmes desprovidos de açoite
Mãos apertadas junto ao cabresto livre
Desprovido de freios
Ganhando liberdade
Correndo para o mundo
Ou do mundo fugindo
Correndo contra o tempo
Ou do tempo fugindo
Fugindo de mim
Ou do que restou de mim
Apenas vultos em minha paisagem
Cores se confundem
Cinzentas se agitam ou gritam
Como se tivesse vozes na cor
Como se entendesse de dor
A velocidade aumenta
Voar é minha meta
Mais depressa
Tenho pressa de chegar
Mesmo que seja o abismo
Meu destino certo
Onde tudo é incerto
O ar que foi brisa
Tornou-se vento
Que mesmo em tormento
Calça-me de coragem
Tira a dor de minha bagagem
Preciso continuar
Fugindo de mim
Ou do você que existe em mim
Do meu passado presente
Ou do meu presente passado
Do meu vazio intenso
Onde transborda solidão
Apenas por um momento
Senti a sensação
Que seguravas em minha mão
Mas eram as rédeas do destino
Que se encarregou de atá-las
Que fecundas como as marcas
Batentes cravadas no solo
Impõe-me o peso real
Da realidade mortal.
Eu não posso voar.....

Fernanda Queiroz
Direitoa Autorais reservados

Foto de Rosamares da Maia

Sonetos para Arco,Guerreiro e Flexa

Soneto I - Para Arco e Flecha
Meu arco eu sou a tua flecha.
Se me disparas em desatino,
Voo trajetória perdida, sem destino.
Logo eu que só sei pertencer a ti.

Tanta flecha tem atirado a esmo,
Quando feres mortalmente a caça,
Alimentas teu guerreiro e a sua raça.

Mas a mim, guardou para hora especial.
Não para caça do dia, ou inimigo comum.
Meu arco, tens-me cuidado com zelo total.

Então, finalmente me disparas – está feito.
Nesta viagem, apartada de ti, me transformo.
Já não sou flecha, mas agora bumerangue.
Que retorna, cravando-te o próprio peito.

Rosamares da Maia – 15.11.2014

Soneto II Para Guerreiro, Arco e Flecha.

O tolo arco pensava agir sem tua mão.
A flecha tonta sonha - o arco é seu destino.
O guerreiro é forte, mas não conhece o coração.
Com as mãos controla arco, flecha e direção.

Escolha a caça, mata e alimenta seu povo.
Orgulho da raça não conhece ou teme perigo.
Invencível é invisível à flecha do inimigo.

Bravo guerreiro, desconhece a flecha da paixão.
Banhava-se ela no rio, facho de luz – armadilha.
Dourada Flecha Morena, ao alcance da sua mão.

Quebra-se o arco, em desatino a flecha é perdida.
Flecha Morena disparada a esmo de sua vida.
Tolo encontro em uma aventura proibida.
A flecha inimiga crava-lhe no peito mortal ferida.

Rosamares da Maia 15.11.2014.

Soneto III Para Flecha Morena

Flecha Morena de veneno encharcada,
Do arco inimigo certeiro foste disparada.
De outro guerreiro que não conhece o coração.
E o primeiro, morto, de joelhos pela paixão.

Exulta toda tribo em dança, honra e glória.
Mas tu Flecha Morena, não cantas vitórias?
Tua raça te rende tributos contando a história.

Flecha morena soma lágrima às águas do rio.
Só há o sabor do engano, fel da sua traição.
A sua luz se apaga, só há frio no seu coração.

Flecha Morena também sangra por este amor.
Disparada sem tino na viagem se transformou.
Retornou bumerangue transpassado pelo guerreiro.
No seu peito achou abrigo e como flecha se cravou.

Rosamares da Maia 15.11.2014.

Foto de carlosmustang

OBSTADOS

E sempre correndo
Quem corre algo esquece
Vida vivendo, esplénico
Sonhos contendo, esfumace

E tolhendo assim
Minhas poucas liberdades
De vivenciando minhas idades
Pifando vencendo, todas saudades

E amanhecendo a vontade de encantar
Traspassando a pena da vida
A dor verdadeira de deixar

E o mar eterno do céu
Como destino fiel
Desejando ate o fim o amor

Foto de Carmen Lúcia

Despedida

Hora da despedida.
Mais uma. Quantas mais?
Quantas ainda me reserva o destino?
Quantas lágrimas ainda por derramar?
Assim é feita a vida...
Lágrimas, sorrisos, sorrisos e lágrimas.
Alegrias parcas, instantes concisos.
Dores, mais do que se é preciso.
Melhor seria não haver
ou durarem o tempo que dura o riso.

Despede-se do que faz bem,
e ao mal, um leve aceno
com a certeza que virá também.
O bem é ameno, sereno, instável.
Vem, rodopia e docemente se vai
deixando seu gosto nos lábios de alguém.

Preciso me desgarrar...
Saber partir sem chorar,
seguir em frente, não olhar para trás,
pisar as lembranças pra não me seguirem mais.
Deixar que os lugares se esvaziem de mim...
Cada canto, cada recanto que me conhece tanto,
onde passei horas a fio dedilhando
os sentimentos que vinham me povoando
e agora choram por me ver partir.

Vou de encontro ao novo,
ao estranho , ao desconhecido.
O novo nem sempre é bem acolhido.
Mudança que me cansa,
transformação exaurida, mexe com a vida.
Meus espaços serão preenchidos...
Cada lugar de aconchego
agora tristemente deixado
pertencerá ao passado.

_Carmen Lúcia_

Foto de raziasantos

Um Amor Quase Real.

Um Amor Quase real.
Quem poderia imagina que de um encontro
Tão gélido e casual, por detrás de uma tela.
Nasceria um amor tão forte e conturbado.
Só o destino poderia saber e escrever tão linda
E tão triste historia de amor.
Nossa história foi planejada pelos anjos do amor
Mas mesmo os anjos se perdem quando não são cultivados com amor.
Como poderíamos imaginar que nós perderíamos nesta
Paixão?
O destino que me guiou até você me fez renascer para o amor.
Mas não me avisou que nossas raízes estão separadas que per tecemos
Os mundos diferentes.
O fruto do nosso amor não amadureceu.
Hoje nós tornamos escravos desses sentimentos.
Horas flutuamos entre os montes descemos os vales para colhermos
Flores, beber água cristalina.
Corrermos atrás da borboleta.
Dançamos ao som dos cânticos dos pássaros.
Até que a cruel realidade nós desperta mostrando-nos
A fria tela que nós separa!
Nem mesmo nossa imagem, ou o som da nossa voz...
Preenche ou aquece nossos corações.
Um sorriso, um olhar, e beijos em cheiro e em sabor.
Assim termina mais um dia recomeça outro.
Por detrás dessa tela fria!

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