Disposição

Foto de Cabral Compositor

i a ô

Chegou...
E veio assim como uma figa guiné
Num mantra de paz, de santa... e até
Com a disposição de proteger... amparar (chegou.., chegou...)

Chegou...
Com toda forma vigor de quem leva e traz a fé
Em todo de tudo, em canto... o que é?
Com a leveza segura de um protetor

Chegou!!!
Veio mostrar e apontar... minha dor
Tocou naquilo, no nó, na saudade que apertou
E tirou meu sossego de pescador

Virou, virou
A direção pra me aliviar
Como o calor , o abraço de mãe ao beijar
O filho que busca se proteger

Virou, virou
Meus olhos pra me contemplar
E me fez esquecer do sofrer do chorar
Essa minha vontade de querer amar

Foto de carlosmustang

PERISTILIOS

Pinga pinga pingando
Em toda fresta, molhando!
Escorre na fresta, Anil
Pinga tomadores, Brazil

Chora, critica, ferro na roda
E direitos, serena, ferido!
Pinga, pinga, ignora
Paixão sublime, contido!

Burlou, a serentoia
Deixou, arregaçada exposição
Vingou, a dividendo, separou, é dor.

Pinga, pinga, arengou?
Sem poder, insígnia dor!
Disposição, em combate, mente só.

Foto de Rute Mesquita

Cantigas de amigo: Vento

Vento,
que delicadamente
os meus cabelos tocas.
O tempo,
se perde no ‘eternamente’
com que me sufocas.

Abraça-me
faz deste corpo teu suspiro.
Sente-me
e vê-te louco no meu respiro!

Vê como me arrepias
com o teu sopro suave.
Eu sabia que só tu me conhecias
que só eu te percorri como uma ave.

Ri-te
no meu ouvido.
Segreda-me desejos.
Eu vi-te
já tão vivido,
desejando-me os beijos.

Vento,
a ti me entrego.
Chegou o momento
em que a minha alma à tua prego.

Vamos voar juntos!
Ser um só, num respirar conjunto!
Ter a terra e os céus
à nossa disposição.
Vamos embrulhar-nos nestes véus
de alma e coração!

Amar-nos eternamente,
completarmo-nos num finalmente.
Ai, como venero ser tu
e quero tanto que sejas eu!
Será sempre este o meu deja vú
pois serás sempre o meu Romeu!

Foto de raziasantos

Idade Para ser feliz.

Idade de Ser Feliz

Existe somente uma idade para a gente ser feliz,
somente uma época na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá-las
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente
e desfrutar tudo com toda intensidade
sem medo, nem culpa de sentir prazer.

Fase dourada em que a gente pode criar
e recriar a vida,
a nossa própria imagem e semelhança
e vestir-se com todas as cores
e experimentar todos os sabores
e entregar-se a todos os amores
sem preconceito nem pudor.

Tempo de entusiasmo e coragem
em que todo o desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda disposição
de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO,
e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente
chama-se PRESENTE
e tem a duração do instante que passa.

Foto de raziasantos

Escolha o que é certo.

Escolha o Que É Certo
Apocalipse Urbano
Composição: Tito
Escolha o que é certo
Só por ser mais esperto
Tenha limite na sua humildade
Seja um malandro de verdade
Não fique alucinado feito zumbi na neblina
Esteja sempre atento diga não a cocaína
Você gosta de viver irmão então não se mate
Não caia na armadilha o beijo da morte é o crak
Na madrugada fria cocaína e cerveja
enquanto o demônio te prepara uma surpresa
O que será o que será??? UM NI DU NE TE…
O mano tá chapado sem saber q vai morrer
E se não morre através da droga quem mata é a polícia
Sem dó sentando o dedo não sabem o valor da vida
Você morreu sem apoio está seu filho
Nos bairros pobre o que manda é o gatilho
Se ser ladrão é bom me mostre a vantagem
Só tem a mente livre quem não está atrás das grades
[refrão] 2x
Se liga na fita mano
Se você vacila ninguém passa pano
Escolha o que é certo pra ficar legal
Pois uma seqüência de tiros pode ser fatal
Se conselho fosse bom não se dava vendia,
A escolha é toda sua seja bem vindo a periferia
Eu não confio eu to ligeiro eu to naquela
Tem mais um jovem estendido na viela
Não volta mais pro barraco
Tá tudo acabado
Mais uma mãe que chora em dia de finado
Está chegando a polícia eu sinto cheiro de morte
É o meu sexto- sentido adquirido na zona norte
Nas ruas da Zn devido a traição perdi meus 3 irmãos
Tiro morte aflição a mudança tá na veia mai eu to na cadeia
Assim que eu saí a minha parte será feita
Tem que ter disposição pra ficar de pé
Preto, puro, e Blake, louco sobrevivente na fé
Não sou refém da paranóia quero distância da policia
Se liga na fita malandro tem que ter malícia
Eu não dom boi pros meus inimigos não fico de peito aberto
Idéia de irmão pra irmão escolha o que é certo
Eu não do boi pros meus inimigos não fico de peito aberto
Idéia de irmão pra irmão escolha o que é certo
[refrão] 2x
EEEEEEEEEEEEEEEEIIIIIIIIIIII
O crime está se destruindo pelas ruas da "TIRADENTES"
Tem mano sofrendo, morrendo descarregando o pente
E o sistema satisfeito com a destruição
Falece branco preto pobre aqui é lei do cão
Na malandragem fui criado pode acreditar
E sou malandro o suficiente pra não vacilar
Tem ocorrência de um corpo em decomposição
Vítima do pente da pistola ou do tambor do oitão
Pois coisa rara é piedade na hora de sentar o dedo, o dedo
A morte já virou rotina derrama o sangue espalha o medo no gueto
E quem conhece não vacila,
Para pensa e assimila
Pois só vence na vida aquele q acredita
Seja na fita, seja no trampo seja aonde for
Com resultados diferentes colhendo o que plantou
É melhor não ficar loco é bom ficar careta
Os homens da lei de ponto quarenta
Na sede de sangue é muita treta
Na madrugada na periferia
A casa vai desabar
Não deve pra mim mais deve pra "DEUS" a morte veio cobrar
No tático cinza toca ninja calibre doze na mão
Sapeco na cara corpo na vala fim da perseguição
Silêncio sinistro ninguém ouve a arma disparar
Mais uma mãe espera um filho que não Vai chegaaaaaaaaaaaaaaaar...
[refrão] 2x

Foto de raziasantos

Escolha o que é certo.

Escolha o Que É Certo
Apocalipse Urbano
Composição: Tito
Escolha o que é certo
Só por ser mais esperto
Tenha limite na sua humildade
Seja um malandro de verdade
Não fique alucinado feito zumbi na neblina
Esteja sempre atento diga não a cocaína
Você gosta de viver irmão então não se mate
Não caia na armadilha o beijo da morte é o crak
Na madrugada fria cocaína e cerveja
enquanto o demônio te prepara uma surpresa
O que será o que será??? UM NI DU NE TE…
O mano tá chapado sem saber q vai morrer
E se não morre através da droga quem mata é a polícia
Sem dó sentando o dedo não sabem o valor da vida
Você morreu sem apoio está seu filho
Nos bairros pobre o que manda é o gatilho
Se ser ladrão é bom me mostre a vantagem
Só tem a mente livre quem não está atrás das grades
[refrão] 2x
Se liga na fita mano
Se você vacila ninguém passa pano
Escolha o que é certo pra ficar legal
Pois uma seqüência de tiros pode ser fatal
Se conselho fosse bom não se dava vendia,
A escolha é toda sua seja bem vindo a periferia
Eu não confio eu to ligeiro eu to naquela
Tem mais um jovem estendido na viela
Não volta mais pro barraco
Tá tudo acabado
Mais uma mãe que chora em dia de finado
Está chegando a polícia eu sinto cheiro de morte
É o meu sexto- sentido adquirido na zona norte
Nas ruas da Zn devido a traição perdi meus 3 irmãos
Tiro morte aflição a mudança tá na veia mai eu to na cadeia
Assim que eu saí a minha parte será feita
Tem que ter disposição pra ficar de pé
Preto, puro, e Blake, louco sobrevivente na fé
Não sou refém da paranóia quero distância da policia
Se liga na fita malandro tem que ter malícia
Eu não dom boi pros meus inimigos não fico de peito aberto
Idéia de irmão pra irmão escolha o que é certo
Eu não do boi pros meus inimigos não fico de peito aberto
Idéia de irmão pra irmão escolha o que é certo
[refrão] 2x
EEEEEEEEEEEEEEEEIIIIIIIIIIII
O crime está se destruindo pelas ruas da "TIRADENTES"
Tem mano sofrendo, morrendo descarregando o pente
E o sistema satisfeito com a destruição
Falece branco preto pobre aqui é lei do cão
Na malandragem fui criado pode acreditar
E sou malandro o suficiente pra não vacilar
Tem ocorrência de um corpo em decomposição
Vítima do pente da pistola ou do tambor do oitão
Pois coisa rara é piedade na hora de sentar o dedo, o dedo
A morte já virou rotina derrama o sangue espalha o medo no gueto
E quem conhece não vacila,
Para pensa e assimila
Pois só vence na vida aquele q acredita
Seja na fita, seja no trampo seja aonde for
Com resultados diferentes colhendo o que plantou
É melhor não ficar loco é bom ficar careta
Os homens da lei de ponto quarenta
Na sede de sangue é muita treta
Na madrugada na periferia
A casa vai desabar
Não deve pra mim mais deve pra "DEUS" a morte veio cobrar
No tático cinza toca ninja calibre doze na mão
Sapeco na cara corpo na vala fim da perseguição
Silêncio sinistro ninguém ouve a arma disparar
Mais uma mãe espera um filho que não Vai chegaaaaaaaaaaaaaaaar...
[refrão] 2x

Foto de Allan Dayvidson

NOVAS AMARRAS

"Às vezes, tudo que precisamos não é acertar, mas cometer erros novos..."

NOVAS AMARRAS
Por Allan Dayvidson

Perto demais para enxergar,
tudo que vejo são borrões familiares.
Pareço voltar ao mesmo lugar
enquanto os anos passam aos milhares.

Não posso continuar preso aos mesmos círculos,
encarcerado em uma vida que não me pertence.

Estou sempre sob o mesmo céu,
aquele do qual a queda é inevitável,
aquele onde as estrelas não dizem nada,
e a disposição das nuvens é sempre estável.

Não posso continuar chorando as mesmas lágrimas,
implorando para ser nocauteado de vez.

Não quero passar por tudo isso novamente.
Não quero colocar meus pés sobre velhas pegadas.
Não irá acontecer como sempre aconteceu.
É o momento de quebrar os velhos padrões da estrada

Da próxima vez, serei surpreendido
por novas feridas para tratar
e novas amarras em minhas ataduras.

Da próxima vez, serei destemido
e não apenas indolente ao lutar.
Mas não usarei armaduras.

Foto de Edigar Da Cruz

FAÇA SEMPRE O MELHOR

"Você eu, ninguém, vai bater tão duro como a vida, mas não se trata de bater duro, se trata de quanto você agüenta apanhar e seguir em frente o quanto você é capaz de agüentar e continuar tentando! è assim que se consegue vencer"
e ai chegou a hora de você ser adulto e conquistar o mundo e conquistou, mais em algum ponto desse percurso você mudou você deixo de ser você, e agora deixa as pessoas botar o dedo na sua cara e dizer que você não é bom e quando fica difícil, você procura alguma coisas pra culpar como uma sombra, é , eu vou dizer uma coisa que você já sabe o mundo não é um grande arco-íris, é um lugar sujo é um lugar cruel, não saber o quanto você é durão vai botar você de joelhos e você vai ficar de joelhos para sempre, se você deixar, você, eu, ninguém, vai bater tão duro como a vida, mais não se trata de bater duro, mais trata quanto agüenta apanhar e seguir em frente, o quanto se você é capaz de agüenta e continuar tentando é assim que consegue vencer, agora se você sabe o seu valor então vai atrás do que você merece mais tem quer disposição pra apanhar e nada de apontar o dedo, e dizer que você não consegue por causa dele ou dela, ou dignem seja, só covarde faz isso, você não é covarde, você é melhor do que isso. Eu sempre vou amar você acima de tudo, aconteça o que acontecer

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Muito Além da Rede Globo - Capítulo 10

Sinto muito dizer estas palavras, mas vivemos em um mundo covarde e violento. Covarde, pois para cometer um ato violento basta ter disposição para tanto. Violento, pois para ser covarde basta colocar um pano na cara, ou um turbante na cabeça. Vivemos em um mundo de faca cega e fé amolada, não necessariamente nessa ordem. Ou melhor, sobrevivemos. Ou melhor, subsistimos.

Basta agrupar um punhado de insatisfeitos com a própria realidade para ser covarde e violento. Funciona assim no bullying, no fascismo, no arrastão, na chacina policial. De preferência, usa-se um argumento religioso, científico, nacionalista. Qualquer coisa pode ser desculpa para uma ditadura, um atentado terrorista. Basta insuflar os humanos em desgraça, e os direcionar ao caos.

O mundo é um lugar assim porque os seres viventes deste modo o fazem. Criam-se raças, separações, individualizações. Tudo de forma totalmente idealizada. Preferem complicar, ao invés de simplificar. O resultado é sempre um óbvio transtorno, que dificulta a conciliação da tão diversa humanidade, desunida, discordando do relativismo comprovado. Criam-se divisas, fronteiras, impedem a prosperidade da paz.

Respiramos o mesmo ar, e o compartilhamos. Não é uma plena novidade dizer isso, de todo jeito, mas há que se reconhecer. O mundo é um só, o universo, conforme sua descrição evidente, também. Por vezes conta mais a mudança de opinião à fidelidade equivocada. Não quantos orientes existem, mas em todos eles, e mesmo aqui ao baixo oeste, a verdade é a mesma, e o amor sua chancela.

Somos humanos, vivos em o ser.

Foto de fisko

Deixa lá...

Naquele fim de tarde éramos eu e tu, personagens centrais de um embrulho 8mm desconfiados das suas cenas finais… abraçados ao relento de um pôr-do-sol às 17:00h, frio e repleto de timidez que se desvanece como que um fumo de um cigarro. Eu tinha ido recarregar um vício de bolso, o mesmo que me unia, a cada dia, à tua presença transparente e omnipotente por me saudares dia e noite, por daquela forma prestares cuidados pontuais, como mais ninguém, porque ninguém se importara com a falta da minha presença como tu. Ainda me lembro da roupa que usara na altura: o cachecol ainda o uso por vezes; a camisola ofereci-a à minha irmã – olha, ainda anteontem, dia 20, usou-a e eu recordei até o cheiro do teu cabelo naquela pequena lembrança – lembro-me até do calçado: sapatilhas brancas largas, daquelas que servem pouco para jogar à bola; as calças, dei-as entretanto no meio da nossa história, a um instituto qualquer de caridade por já não me servirem, já no fim do nosso primeiro round. E olha, foi assim que começou e eu lembro-me.
Estava eu na aula de geometria, já mais recentemente, e, mais uma vez, agarrei aquele vício de bolso que nos unia em presenças transparentes; olhei e tinha uma mensagem: “Amor, saí da aula. Vou ao centro comercial trocar umas coisas e depois apanho o autocarro para tua casa”. Faço agora um fast forward à memória e vejo-me a chegar a casa… estavas já tu a caminho e eu, entretanto, agarrei a fome e dei-lhe um prato de massa com carne, aquecido no micro-ondas por pouco tempo… tu chegas, abraças-me e beijas-me a face e os lábios. Usufruo de mais um genial fast forward para chegar ao quarto. “Olha vês, fui eu que pintei” e contemplavas o azul das paredes de marfim da minha morada. Usaste uma camisola roxa, com um lenço castanho e um casaco de lã quentinho, castanho claro. O soutien era preto, com linhas demarcadas pretas, sem qualquer ornamento complexo, justamente preto e só isso, embalando os teus seios únicos e macios, janela de um prazer que se sentia até nas pontas dos pés, máquina de movimento que me acompanhou por dois anos.
Acordas sempre com uma fome de mundo, com doses repentinas de libido masculino, vingando-te no pequeno-almoço, dilacerando pedaços de pão com manteiga e café. Lembro-me que me irrita a tua boa disposição matinal, enquanto eu, do outro lado do concelho, rasgo-me apenas mais um bocado de mim próprio por não ser mais treta nenhuma, por já não me colocares do outro lado da balança do teu ser. A tua refeição, colorida e delicada… enquanto me voltavas a chatear pela merda do colesterol, abrindo mãos ao chocolate que guardas na gaveta da cozinha, colocando a compota de morango nas torradas do lanche, bebendo sumos plásticos em conversas igualmente plásticas sobre planos para a noite de sexta-feira. E eu ali, sentado no sofá da sala, perdendo tempo a ver filmes estúpidos e sem nexo nenhum enquanto tu, com frases repetidas na cabeça como “amor, gosto muito de ti e quero-te aos Domingos” – “amor, dá-me a tua vida sempre” – “amor, não dá mais porque não consigo mais pôr-te na minha vida” e nada isto te tirar o sono a meio da noite, como a mim. Enquanto estudo para os exames da faculdade num qualquer café da avenida, constantemente mais importado em ver se apareces do que propriamente com o estudo, acomodas-te a um rapaz diferente, a um rapaz que não eu, a um rapaz repentino e quase em fase mixada de pessoas entre eu, tu e ele. Que raio…

Naquela noite, depois dos nossos corpos se saciarem, depois de toda a loucura de um sentimento exposto em duas horas de prazer, pediste-me para ficar ali a vida toda.

Passei o resto da noite a magicar entre ter-te e perder-te novamente, dois pratos de uma balança que tende ceder para o lado que menos desejo.
É forte demais tudo isto para se comover e, logo peguei numa folha de papel, seria nesta onde me iria despedir. Sem força, sem coragem, com todas aquelas coisas do politicamente correcto e clichés e envergaduras, sem vergonha, com plano de fundo todos os “não tarda vais encontrar uma pessoa que te faça feliz, vais ver”, “mereces mais que uma carcaça velha” e até mesmo um “não és tu, sou eu”… as razões eram todas e nenhuma. Já fui, em tempos, pragmático com estas coisas. Tu é que és mais “há que desaparecer, não arrastar”, “sofre-se o que tem que se sofrer e passa-se para outra”. Não se gosta por obrigação, amor…
Arranquei a tampa da caneta de tinta azul, mal sabia que iria tempos depois arrancar o que sinto por ti, sem qualquer medo nem enredo, tornar-me-ia mais homem justo à merda que o mundo me tem dado. Aliás, ao que o teu mundo me tem dado… ligo a máquina do café gostoso e barato, tiro um café e sento-o ao meu lado, por cima da mesa que aguentava o peso das palavras que eu ia explodindo numa página em branco. Vou escrevendo o teu nome... quão me arrepia escrever o teu nome, pintura em palavras de uma paisagem mista, ora tristonha, ora humorística… O fôlego vai-se perdendo aos poucos ornamentos que vou dando á folha… Hesitação? Dúvidas?... e logo consigo louvar-me de letras justapostas, precisamente justas ao fado que quiseste assumir à nossa história. Estou tão acarinhado pela folha, agora rabiscada e inútil a qualquer Fernando Pessoa, que quase deambulo, acompanhando apenas a existência do meu tempo e do tic-tac do meu relógio de pulso. Não me esqueço dos “caramba amor”, verso mais sublime a um expulsar más vibrações causadas por ti. Lembro-me do jardim onde trocávamos corpos celestes, carícias, toques pessoais e lhes atribuíamos o nome “prazer/amor”. Estou confuso e longe do mundo, fechando-me apenas na folha rabiscada com uma frase marcante no começo “Querida XXXXXX,”… e abraço agora o café, já frio, e bebo-o e sinto-o alterar-me estados interiores. Lembro-me de um “NÃO!” a caminho da tijoleira, onde a chávena já estaria estilhaçada…
Levantei-me algum tempo depois. Foste tu que me encontraste ali espatifado, a contemplar o tecto que não pintei, contemplando-o de olhos cintilantes… na carta que ainda estava por cima da mesa leste:

“Querida XXXXXX, tens sido o melhor que alguma vez tive. Os tempos que passamos juntos são os que etiqueto “úteis”, por sentir que não dou valor ao que tenho quando partes. Nunca consegui viver para ninguém senão para ti. Todas as outras são desnecessárias, produtos escusados e de nenhum interesse. Ainda quero mesmo que me abraces aos Domingos, dias úteis, feriados e dias inventados no nosso calendário. M…”

Quis o meu fado que aquele "M" permanecesse isolado, sem o "as" que o completaria... e quis uma coincidência que o dia seguinte fosse 24 de Março... e eis como uma carta de despedida, que sem o "Mas", se transformou ali, para mim e para sempre, numa carta precisamente um mês após me teres sacrificado todo aquele sentimento nosso.
Ela nunca me esqueceu... não voltou a namorar como fizemos... e ainda hoje, quando ouço os seus passos aproximarem-se do meu eterno palácio de papel onde me vem chorar, ainda que morto, o meu coração sangra de dor...

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