Dor

Foto de CarmenCecilia

DOR...

DOR

Dor...
Ai que horror
Essa dor...
Que me persegue
Onde eu for...
Desarma-me...
Alarma-me...
Inflama-me...
E o tempo não atenua
Não cala
Não intercala
Consome-me
Destrói-me
Corrói...
As entranhas
Emaranha-se
Enreda-se...
No meu medo
Meus segredos
E toma conta...
De todo o enredo...
E de mim faz caricatura
Tortura... Escultura!

CARMEN CECILIA
23/03/2011

Foto de Zoom onyx sthakklowsky kachelovsky kacetovisk

Cura

O melhor remédio para se curar a dor de um amor é o esquecimento, nem sempre pode-se encontra-lo com facilidade, mas deve-se continuar a busca.

Foto de fisko

Deixa lá...

Naquele fim de tarde éramos eu e tu, personagens centrais de um embrulho 8mm desconfiados das suas cenas finais… abraçados ao relento de um pôr-do-sol às 17:00h, frio e repleto de timidez que se desvanece como que um fumo de um cigarro. Eu tinha ido carregar um vício de bolso, o mesmo que me unia, a cada dia, à tua presença transparente e omnipotente por me saudares dia e noite, por daquela forma prestares cuidados pontuais, como mais ninguém, porque ninguém se importara com a falta da minha presença como tu. Ainda me lembro da roupa que usara na altura: o cachecol ainda o uso por vezes; a camisola ofereci-a à minha irmã – olha, ainda anteontem, dia 20, usou-a e eu recordei até o cheiro do teu cabelo naquela pequena lembrança – lembro-me até do calçado: sapatilhas brancas largas, daquelas que servem pouco para jogar à bola; as calças, dei-as entretanto no meio da nossa história, a um instituto qualquer de caridade por já não me servirem, já no fim do nosso primeiro round. E olha, foi assim que começou e eu lembro-me.
Estava eu na aula de geometria, já mais recentemente, e, mais uma vez, agarrei aquele vício de bolso que nos unia em presenças transparentes; olhei e tinha uma mensagem: “Amor, saí da aula. Vou ao centro comercial trocar umas coisas e depois apanho o autocarro para tua casa”. Faço agora um fast forward à memória e vejo-me a chegar a casa… estavas já tu a caminho e eu, entretanto, agarrei a fome e dei-lhe um prato de massa com carne, aquecido no micro-ondas por pouco tempo… tu chegas, abraças-me e beijas-me a face e os lábios. Usufruo de mais um genial fast forward para chegar ao quarto. “Olha vês, fui eu que pintei” e contemplavas o azul das paredes de marfim da minha morada. Usaste uma camisola roxa, com um lenço castanho e um casaco de lã quentinho, castanho claro. O soutien era preto, com linhas demarcadas pretas, sem qualquer ornamento complexo, justamente preto e só isso, embalando os teus seios únicos e macios, janela de um prazer que se sentia até nas pontas dos pés, máquina de movimento que me acompanhou por dois anos.
Acordas sempre com uma fome de mundo, com doses repentinas de libido masculino, vingando-te no pequeno-almoço, dilacerando pedaços de pão com manteiga e café. Lembro-me que me irrita a tua boa disposição matinal, enquanto eu, do outro lado do concelho, rasgo-me apenas mais um bocado de mim próprio por não ser mais treta nenhuma, por já não me colocares do outro lado da balança do teu ser. A tua refeição, colorida e delicada… enquanto me voltavas a chatear pela merda do colesterol, abrindo mãos ao chocolate que guardas na gaveta da cozinha, colocando a compota de morango nas torradas do lanche, bebendo sumos plásticos em conversas igualmente plásticas sobre planos para a noite de sexta-feira. E eu ali, sentado no sofá da sala, perdendo tempo a ver filmes estúpidos e sem nexo nenhum enquanto tu, com frases repetidas na cabeça como “amor, gosto muito de ti e quero-te aos Domingos” – “amor, dá-me a tua vida sempre” – “amor, não dá mais porque não consigo mais pôr-te na minha vida” e nada isto te tirar o sono a meio da noite, como a mim. Enquanto estudo para os exames da faculdade num qualquer café da avenida, constantemente mais importado em ver se apareces do que propriamente com o estudo, acomodas-te a um rapaz diferente, a um rapaz que não eu, a um rapaz repentino e quase em fase mixada de pessoas entre eu, tu e ele. Que raio…

Naquela noite, depois dos nossos corpos se saciarem, depois de toda a loucura de um sentimento exposto em duas horas de prazer, pediste-me para ficar ali a vida toda.

Passei o resto da noite a magicar entre ter-te e perder-te novamente, dois pratos de uma balança que tende ceder para o lado que menos desejo.
É forte demais tudo isto para se comover e, logo peguei numa folha de papel, seria esta, onde me iria despedir. Sem força, sem coragem, com todas aquelas coisas do politicamente correcto e clichés e envergaduras, sem vergonha, com plano de fundo todos os “não tarda vais encontrar uma pessoa que te faça feliz, vais ver”, “mereces mais que uma carcaça velha” e até mesmo um “não és tu, sou eu”… as razões eram todas e nenhuma. Já fui, em tempos, pragmático com estas coisas. Tu é que és mais “há que desaparecer, não arrastar”, “sofre-se o que tem que se sofrer e passa-se para outra”. Não se gosta por obrigação, amor…
Arranquei a tampa da caneta de tinta azul, mal sabia que iria tempos depois arrancar o que sinto por ti, sem qualquer medo nem enredo, tornar-me-ia mais homem justo à merda que o mundo me tem dado. Aliás, ao que o teu mundo me tem dado… ligo a máquina do café gostoso e barato, tiro um café e sento-o ao meu lado, por cima da mesa que aguentava o peso das palavras que eu ia explodindo numa página em branco. Vou escrevendo o teu nome... quão me arrepia escrever o teu nome, pintura em palavras de uma paisagem mista, ora tristonha, ora humorística… O fôlego vai-se perdendo aos poucos ornamentos que vou dando á folha… Hesitação? Dúvidas?... e logo consigo louvar-me de letras justapostas, precisamente justas ao fado que quiseste assumir à nossa história. Estou tão acarinhado pela folha, agora rabiscada e inútil a qualquer Fernando Pessoa, que quase deambulo, acompanhando apenas a existência do meu tempo e do tic-tac do meu relógio de pulso. Não me esqueço dos “caramba amor”, verso mais sublime a um expulsar más vibrações causadas por ti. Lembro-me do jardim onde trocávamos corpos celestes, carícias, toques pessoais e lhes atribuíamos o nome “prazer/amor”. Estou confuso e longe do mundo, fechando-me apenas na folha rabiscada com uma frase marcante no começo “Querida XXXXXX,”… e abraço agora o café, já frio, e bebo-o e sinto-o alterar-me estados interiores. Lembro-me de um “NÃO!” a caminho da tijoleira, onde a chávena já estaria estilhaçada…
Levantei-me algum tempo depois. Foste tu que me encontraste ali espatifado, a contemplar o tecto que não pintei, contemplando-o de olhos cintilantes… na carta que ainda estava por cima da mesa leste:

“Querida XXXXXX, tens sido o melhor que alguma vez tive. Os tempos que passamos juntos são os que etiqueto “úteis”, por sentir que não dou valor ao que tenho quando partes. Nunca consegui viver para ninguém senão para ti. Todas as outras são desnecessárias, produtos escusados e de nenhum interesse. Ainda quero mesmo que me abraces aos Domingos, dias úteis, feriados e dias inventados no nosso calendário. M…”

Quis o meu fado que aquele "M" permanecesse isolado, sem o "as" que o completaria... e quis uma coincidência que o dia seguinte fosse 24 de Março... e eis como uma carta de despedida, que sem o "Mas", se transformou ali, para mim e para sempre, numa carta precisamente um mês após me teres sacrificado todo aquele sentimento nosso.
Ela nunca me esqueceu... não voltou a namorar como fizemos... e ainda hoje, quando ouço os seus passos aproximarem-se do meu eterno palácio de papel onde me vem chorar, ainda que morto, o meu coração sangra de dor...



Foto de betimartins

Se tu, soubesses!

Se tu, soubesses!

Se tu, soubesses o quanto eu te amo
Jamais trarias em ti a desconfiança...

Se tu, soubesses como o mundo é belo
Quando teus os teus olhos, olham para mim...

Se tu, soubesses o que habita dentro de mim
Jamais deixarias minha luz enfraquecer e apagar...

Se tu soubesses o que eu penso de ti, amor
Jamais sentirias sozinho, apenas, tu, vivias em mim...

Se tu, soubesses que quando escuto a tua voz
Tudo em mim transforma desperta a nossa paixão...

Se tu, soubesses quando a minha alma procurou
Nem a escuridão, nem os turbilhões do tempo a separou...

Se tu, soubesses quantas foram as minhas preces de amor
Entre lagrimas, despojada na dor, acreditando em teu amor...

Se tu soubesses quando te encontrei, minha alma gritou
Liberta da busca, liberta das eternidades, apenas quis amar-te.

Ontem, hoje e amanha... Apenas quis enxugar teus prantos
E poder dizer-te eternamente, eu estou aqui e como eu te amo...

Foto de williamis rafael

Revoltado com o amor

Revoltado com o amor

Meu coração está sangrando.
Você o pregou na cruz com os cravos da ingratidão.
Por que continuo te amando?
Serás que ainda merece a minha paixão?

Estou revoltado com o amor.
O que fizestes não tem perdão.
Amei-te, mas não me deste valor.
Por que partisse meu coração?

Esta revolta jamais acabará.
Só está começando.
O poeta do apocalipse profetizará.
Lágrimas de sangue por ti estão derramando.

Condeno-te a amar alguém eternamente.
E esta pessoa jamais te dará valor.
Chorarás lágrimas de sangue constantemente.
Para sentir realmente, o tamanho da dor que me causou.

Foto de Ana Rita Viegas

Amanhã, um outro dia

Amanhã, um outro dia
Amanhã a minha dor vai passar
Afogo esta dor tão profunda
no silêncio, no interior mais longinquo da minha alma
Choro sem fim
Doí
Não havisto o fim da minha dor
A tua omição feriu-me
As lágrimas permanecem em meu olhar
Entalo meu grito
Sustenho o meu grito
A dor ferve tanto que até me queima
Queima os sentimentos que tenho por ti.

Foto de Jessik Vlinder

Preciso de Um Amor

(Lamento ao Pôr do Sol)

Eu queria versos prontos agora
Versos que exalassem a minha dor
Cantando pra mim a trilha sonora
Da orquestra regida pelo meu rancor

Preciso de calor nessas noites frias
Me bastaria um Sol particular
Que me iluminasse não só durante o dia
E de mim mesma pudesse me salvar

Na verdade, eu preciso é de um mundo
Para somente em torno de mim girar
Eu preciso é de um amor absurdo
Nascido exclusivamente para eu amar

Foto de Rose Felliciano

DEIXA-ME TENTAR...

.
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DEIXA-ME TENTAR...

“Deixa-me tentar, quiçá errar
Quiçá...
A chuva passou como eu previa
Quem diria...
Uma fresta de sol brilha outra vez
Talvez...
E nessa ânsia de acertar
Então me perca...
Mas não desisto.
Não sou tão frágil como pareço
A dor conheço
Já não me aflijo...” (Rose Felliciano)

.
*Mantenha a autoria do Poema*

http://www.rosefelliciano.com/visualizar.php?idt=2859991

Foto de Sandro Nadine

Lamento

Sou pétala, sou rosa,
Sou rio...
Sou lágrima que escorre,
Lamentando o próprio Cio...
Sou semente que brota,
Sou Terra...
Sou energia que vigora,
Ante à fria dor que ainda me impera...

(Sandro Nadine)

Foto de João Victor Tavares Sampaio

A Última Cruz

Não foi o primeiro pai de família que existiu, nem o último que faleceu. Sua vida, assim terminada, refletiu a solidão que quer queremos ou não, nos faz sentir saudade, amor, essas coisas de gente viva. Deixou uma falta que não se sacia nos dias de finados, aniversários, missas de sétimo dia. Foi, e não voltou mais. Quem sabe um céu lhe aguardava.

Sua morte foi trágica, solitária, isolada. Ninguém deu-se conta de tanto, ou melhor, poucos. Seu corpo ficou ali, largado por dois dias entre o chão da cozinha e a entrada do banheiro, era uma casa de pobre, mas bem assentada, na periferia de uma cidade periférica. Morreu e o esqueceram, ali na sua morte. Houve um vizinho não se preocupou com sua recente podridão, razão de seu óbvio enterro.

Uma coisa deve ser explicada, para melhor entendimento do texto. Ninguém quer a morte. Ela é um processo doloroso, traumático. Não há um ser humano que não responda aos seu instinto de não sofrer, sentindo uma dor que só se apagar com a entrega ao sono final, o último descanso injusto ao redor que lhe agride, a última cruz que se carrega para se manter a existência.

Mas o mundo é um quente, corrosivo, oxigenado pelos ares das novidades. Não há lugar para o sofrimento eterno e improdutivo, ainda mais o próprio. Sua dor cessou, mas foi uma pessoa útil. Assim merece essa homenagem.

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