Fome

Foto de poetisando

Tanta fome tanta guerra

Tanta fome tanta guerra
Tanta gente estropiada
Tanta gente inocente pela guerra ignorada
Tanto dinheiro gasto em armamento
Tanta gente a morrer por falta de alimento
Tanta gente a enriquecer com a guerra
Tanta gente a viver na miséria
Tanta gente inteligente que só os faz viver
Tanta gente que á guerra tenta sobreviver
Tanta gente a fazer guerras
Tanta gente a morrer
Tanta gente a paz a desejar
Tanta gente a guerra a fomentar
Tanto dinheiro gasto
Tanta gente que ia alimentar
Parem senhores da guerra e ponham-se sim a pensar
Como acabar com as guerras e os seus povos tratar
Parem de investir em armamentos
Pensem antes como aos seus povos dar alimento
Parem de enriquecer com guerras por vós fomentadas
Alimentem os seus povos que não tem culpa de nada.
Ponham a mão na consciência
E vejam o que arranjaram
Estropiaram inocentes
E a fome espalharam.

De: António C.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro - Capítulo 8

E o gueto seguia a sua sina. Agosto continuava. De um lado, haviam uns pobres-diabos, de sangue quente e ralo, fracos como sua carne. De outro, os de sangue frio, os nobres, os prostituídos. É impressionante como esse universo em que vivemos sempre apresenta dualidades. O bem e o mal, a ordem e o caos, o positivo e o negativo. A vida e a morte. O destino e a discórdia. Parece que a chave da nossa existência, consciente, até que prove o oposto, é o puro e estúpido conflito entre um lado e outro. Como o branco e o preto, o homem e a mulher, eu e você. O amor e o ódio. A indiferença... As aparências enganosas...
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Clarisse, puta e fresca, mandava e desmandava após a morte do déspota Justo. Ela o envenenara, diziam os mais ácidos. De todo jeito, exercia seu poder de forma objetiva, sem rodeios para punir ou matar. A fome crescia. As rixas entre uns e outros esquentavam a frieza da antítese coletiva do buraco onde estávamos. Os tons variavam, para Clarisse, cinza e vampiro, para o povo, vermelho e sombrio. As facções tomavam conta do que o poder não se importava. E a turba, tarada e convulsiva, cantava assim:

- Morte aos infiéis! Aos traidores da fé e radicais! Morte aos sujos, aos virais! Que Deus abençoe os puros de espírito e só eles!

Clarisse ouvia e fingia que não.

- Esse bando de idiotas... Pensam até que fazem alguma diferença no mundo...

Clarisse se enfeitara de todas as jóias, roupas, perucas e os mais escandalosos adornos. Maria Antonieta sentiria inveja dela, se hoje possuísse a cabeça no lugar. Ela fizera um acordo com os dominantes, que poderiam explorar o que e quem bem entendessem do gueto sem interferências, desde que mandassem o mínimo de dinheiro e suprimentos para baixo. Uma troca perfeita. Bugigangas por ouro. Espelhos, pentes, pelo Pau-Brasil. Água potável por celulares. Qualidade de vida pela favela, e por aí vai. Enfim, tudo ia calmo e sossegado, até que os seres superiores decidiram controlar o crescimento populacional do gueto. Seu plano era jogar cocaína nas fontes de beber aos babacas de sangue quente. Marginalizar, culpar, destruir. Mas o efeito que obtiveram foi muito diferente do esperado.
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Pois bem, um Belo dia os dominantes jogaram o pó na água:

- É o pagode!

E o povo continuava:

- É o pagode!

O mantra se espalhava como a sangria de um cordeiro indesejado. Barrabás sorria. O reino dos homem resplandecia em alegria e empolgação.

- É o pagode!

Os dominantes jogavam o pó, jorravam, Clarisse deixa o canibalismo rolar solto. A massa é burra. Mas por ser massa, é manipulável. Quero dizer, todos ali tinham vontade própria, mas podiam ser condicionados. Outra hora eu estava falando com o Skinner, e foi isso o que ele me disse. O Planck discordou, mas o Planck discorda até dele mesmo. Já o Zeca Pagodinho assinou embaixo. Eu gosto do Zeca. Ele é legal.

Não se sabe bem como, mas em determinado avanço do batuque, as macumbas se intensificaram e o fogo começou. Não sei se o fogo foi proposital, se foi um gaiato que tocou, ou se foi uma empreiteira. Eu só sei que a chama subiu pelas paredes, madeirites, celulares de tela plana. O fogo destruia os crediários, os baús da felicidade, as roupas de marca, toda a tristeza de barriga cheia que o gueto alimentava para continuar a receber esmolas. Uma pomba andava os telhados, indiferente à baderna, uma cabra vadia olhava a correria e nada entendia. Eu só sei que a favela pegava fogo e não queria ficar lá para pegar fogo também.
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Eu corria e a torta segurava a minha mão. Os colegas, apesar do amor que eu sentia por eles, tentavam me pisotear e jogar contra o fogo. A tragédia era mesmo anunciada. Clarisse tinha anunciado aos macumbeiros que não interrompessem seus rituais, ainda que fossem consumidos pelas labaredas. A torta me puxava e impedia que a tara de me matar se consumasse.

- Dimas, não deixa esses porcos te matarem!

Não sei bem porque, eu por uns três milésimos de segundo valorizei minha vida. Me imaginei bem e feliz, realizado, sem medo de porra nenhuma. Obedeci a mulher que me amava e segui em frente.
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O fogo carbonizava colegas que eu sabia o nome e que não sabia. a cena era muito feia. As pessoas não tinham onde ficar, crianças choravam, vigaristas encenavam uma tristeza de forçar um choro inexistente, catárticos e sadicos apreciavam a ruína. O lixão da novela parecia um cenário de ficção, se bem que o lixão da novela é um cenário de ficção mesmo. Uma voz de olhos laranjas paralizou a escapada que a torta havia pensado com tanto cuidado.

- Calma lá, seus condenados! Chegou a hora da queima de arquivo.

Dona Clarisse queria nos mandar para o micro-ondas.

Foto de Carmen Vervloet

Reflexão - Pelo Dia da Criança

Toda criança do mundo
deve ser muito amada,
merece respeito profundo,
proteção nas emboscadas.

Criança tem que ter lar,
escola e bom ambiente,
sem jamais olvidar
que a vida nem tudo consente.

Criança é arguto aprendiz,
às vezes um beija-flor,
às vezes hermética raiz...
Seu cérebro é puro fulgor!

Criança não pode ter fome,
criança tem que sorrir,
tem que ter um sobrenome
e cama para dormir.

Seguidora de bons exemplos,
criança tem que sentir,
não adianta freqüentar o templo
depois pra criança mentir.

Deus criou a criança
para ser muito, muito feliz!

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Avenida Ultramarino

Tomara que não seja verdade o que vi ontem à noite.
Tomara que aquela luz na mão do mendigo não seja a de um cachimbo de crack.
Tomara que ele não esteja revirando o lixo em busca de comida.
Tomara que aquilo que ele coloca na boca não seja restos com chorume.
Tomara que a sujeira realmente não lhe cause as doenças que me passam pela mente.
Tomara que essa miséria toda seja apenas por vagabundagem.
Tomara que não seja assassinato e sim um mero descarte.
Tomara que aquela chama seja para o esquentar.
Tomara que não seja o seu corpo morto após a cobrança de uma dívida ridícula.
Tomara que o sapato jogado não contenha ainda o que foi o seu pé.
Tomara que aquele pedaço de manta não embalasse seu dono.
Tomara que o transeunte que jogou algo no fogo não tenha percebido mesmo o mesmo que eu.
Tomara que o pedaço de carvão que parece uma canela não seja uma canela.
Tomara que a minha impressão do fogo alto e sem fumaça tenha sido apenas uma impressão minha.
Tomara que não haja a cumplicidade para um crime cometido na frente de todos, que não pode ser sequer denunciado, que levanta a questão nunca citada pelas pessoas pertinentes de que a cidade é um palco para o desespero, a fome e o vício desenfreado, placebo dos desenganados.
Tomara que a vida seja uma coisa boa.
Tomara que Deus exista.
Pois se o que eu vi o que se repetiu na Avenida Ultramarino ontem foi realmente o que vi, então nós mostramos finalmente do que é feita a matéria humana.

Foto de Bel Souza

TESÃO

Tesão é sensação, desejo, arrepio, boca molhada, vontade de entrega. Tesão é olhar pequeno, respiração curta, lábio mordido, abdome contraído, perna trêmula, pés macios. Tesão é alça do sutiã esquecida, saia rodada, pé descalço. Tesão é lembrança quente, engolir seco, palpitação, coxas inquietas. Tesão é cabelo molhado, orelha úmida, pescoço vermelho,ventre dolorido. Tesão é estalar de língua, esconderijo dos dedos, pêlos em atrito.Tesão é poro encharcado, sede de suor, fome de nuca, puxão de cabelo. Tesão é sonho que realiza, é banho que eterniza um prazer egoísta, mas válido. Tesão é tesão, fissura e fixação do perfume bom da pele do outro. Tesão é a incerteza do encontro, das descobertas e da permanência. Tesão é assim, levas de mim...sem eu ter dado a você!

Foto de João Victor Tavares Sampaio

A Marcha da Coragem

Nos tempos da ditadura era tudo melhor.
As pessoas tinham mais disciplina, tinham ordem, moral e cívica.
Nos tempos da ditadura não era essa bagunça. Se as pessoas tinham um casamento infeliz, não podiam se separar. As pessoas passavam fome com dignidade, com um sorriso no rosto. E ai de você se chamasse o presidente de ladrão! Enfim, nos tempos da ditadura era tudo mais fácil.
E você, quer que ela volte?

Foto de Alexandre Montalvan

Falar de Amor

Falar de Amor

Rebuscado é o sentimento que me consome
Que em minhas neuras reclama e chama
É a vertigem que mata minha fome
E que insiste em sentir que ama
A pequena imensa dor
Que chama
Amor

Que dói e arde e inflama
Como lentas, são as vorazes vozes
Que não se calam nem ao pé da cama
E em meus ouvidos gritam ferozes
Ao falar deste louco amor

Como fosse palavra morta e purulenta
Na noite escura e não partícula pura
Como o ato que cria o fato e a pintura
Que as mãos divinas pintam desatentas
Rasgando meu coração
E lançando ao vento
As chamas desta emoção

Os descaminhos que encantam e como ilha
Que flutua neste mar e brilha
Tão intensa imensidão
Como estrela no universo
Que com versos
Traz a luz a escuridão

E transmutam criador em criatura
E a dor em alegria, à noite em dia
Amenizando o engasgar desta figura
Inconsequente ironia
Com um toque de magia, uma pitada de poesia
Ao falar de amor

Alexandre

Foto de carlosmustang

PLACA DE POSSE

Dum tok, ando de passos largos
Sem medo da fome, do mato
Pois não tenho o julgo, abstracto
To no meio só vivendo

Estimando e querendo
Rebatendo as maldades
Vou Querendo, absorver(absorvendo)
Estar aqui, mesmo inconveniente

Sendo jogado num chão frio, porem fértil
Arresto as asas pra sentir o viver
Nem ter nada, mesmo VOCÊ!

Coisa ruim se arrasta
Até absorver a essência
Do respiro de PODER

Foto de Rosamares da Maia

Só as Mães Deveriam Ir à Guerra

SÓ AS MÃES DEVERIAM IR À GUERRA

A guerra é uma invenção dos homens.
Também eles não têm útero!
E sem parir, como saber ou sentir?
São como lobos, urinam demarcando o território.
Lei de balas e bombas que estabelecem o poder.
Na guerra somente as mães deveriam combater.
Depois é claro, de uma metamorfose,
Onde o ventre contrariando a lógica da natureza,
inverte a determinação da vida, e por osmose,
torna a agasalhar os filhos que teve, também,
preventivamente, os que estão por nascer.
Assim, guardados na forma primitiva da semente,
esperam por tempos de paz, onde florescerão.
Nas frentes de batalhas, mães lutam bravamente,
trazendo o seu amor guarnecido no ventre.
Defendem o direito de não doar filhos à pátria,
de não oferecer em holocausto a sua cria.
— As pátrias sempre deserdam as mães.
Que sejam elas então, filhas degredadas,
Mas, de ventres intactos, livres.
Pereçam combatentes, mas, rosas perpétuas,
mães meninas, guerreiras de viço permanente.
Derramem filhos nos novos campos da paz.
E neste chão cultivado de amor, sejam sempre
e somente, sementes de vida,
Pulsantes, pungentes, brotando de gente.

Rosamares de Maia

Dedico:
Às mães deserdadas das pátrias do Oriente, também as mães da Pátria da gente, atingidas em seus filhos, pela fome, pela droga, nas ruas, pelas balas perdidas, na violência cotidiana, que mata tanto ou mais que as guerras do Oriente.
(Exposição com David Queiroz - Traços e Versos / Niterói - 2010)

Foto de Maria silvania dos santos

O amor chegou de mansinho

O amor chegou de mansinho

_ O amor chegou de mansinho me enconto sozinha e me fez um carinho.
Com sua frágil mansidão de mim não teve compaixão e seqüestrou meu coração.
O amor, amor palavra pequena significado enorme e inexplicavel.
Amor, magia da saudade, o qual nos faz viver novas realidade.
Amor, algo sem idade que nos provoca afinidades.
O amor vem como magia clareando nosso dia e fortalecendo nossas fantasias.
Com o amor percebemos que nossos dias ganham mais brilhos, nossa vida mais alegria, nossos jardins ficam mais floridos, nossas forças renovada, sem duvida sentimos amados.
O amor é como as noites de luar, que cada canto do céu que nós olharmos, com mais intensidade, uma estrela veremos a brilhar.
Ai é o amor, só o amor, só o amor pode nos fantasiar!
Só o amor, só o amor pode fazermos encarar o teto sem que o enchergamos.
Só o amor, só o amor tira o sono, tira a fome e alimenta a alma, só o amor!.
Autora; Maria Silvania dos santos.

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