Frio

Foto de Arnault L. D.

Borboletas na escuridão

A fria brisa dá-me um beijo,
com lábios úmidos de Lua.
Meu coração compassa lento,
fecho os olhos e o desejo.
Abre-se em mim, qual na rua,
vias, desertas, para o vento.

As estrelas, todas moram,
na doçura da imensidão.
Ficam a esperar a treva
e as mariposas, que retornam,
borboletas na escuridão...
Na noite são; e o vento leva...

Madrugada, quero a solidão,
das luzes a névoa embotar,
na neblina que se esparsa,
a dizer não, ao que for visão.
A guardar pra si o limiar,
na ténue luz, que se esgarça.

Espero o frio a congelar,
contraste a pele que me ardia,
cabelos, olhos, a umedecer,
no hálito que a névoa é ar.
Sopra-me, distante o dia...
Noite fria, dá-me o anoitecer...

Foto de Marilene Anacleto

Mãos Negras

Mãos negras sobem desde meus pés
O frio segue pelas veias
Deixa meu corpo adormecido.
Aperta minha garganta
Consegue alcançar meu cérebro
Comanda olhos e ouvidos.

O desânimo se espalha
Rápido em minhas entranhas
No cansaço do silêncio
Minhas idéias, emaranha.

Negras já são minhas veias
Sem esperança, com torpor
No estresse da espera
Da volta da vida em cor.

Sofro angústias suspensas
De ser para ele a melhor
De estar sempre solícita
Ao bom gosto do amor.

A tristeza invade a alma
Com ares contaminados
Com frases não terminadas
Que nem pensa em se despedir
Do então amor, tão amado.

Foto de Rute Mesquita

Meu doce amargo


Meu doce amargo,
Os meus olhos despes
ao não te ver neste largo
onde à muito me deste
um anel de noivado.

Lembro-me,
como eras doce,
como me veneravas.
Como lá pelas doze
aqui comigo te encontravas.

Recordo-me,
do teu olhar cintilante,
onde me via reflectida.
Do teu espírito jovem e inquietante,
que me deixava sem saída.
Daqueles teus afagos,
logo pela manhã.
Daqueles doces e amargos,
que fizeram de mim, tua romã.

Sentada,
aguardando-te neste largo,
onde boas lembranças já não habitam…
Acabada,
num calor pardo,
as tristezas me ressuscitam.

Como és amargo,
em ir sem nada me dizer…
deixando-me a meu próprio cargo,
depois de ao céu me teres feito erguer.

Como és cruel,
em te demolires a meu peito…
Vou tirar este anel,
não mereces o meu respeito.

A correr e a chorar lá vai aquele rosto
de menina…
Entre o morrer
ou um bom aconchegar,
está a minha pequenina.
(disse o seu pai vendo o repetido episódio e lamentando)

Acabou assim a primavera,
de enlaces.
O inverno apresava uma nova era
sem esperar que para ele te preparasses.

Passaram-se meses, anos…
E como as suas lembranças
naquela casa ainda eram tão assistas.
Ainda habito nas esperanças,
daqueles imensos planos,
aos quais deste as tuas desistas.

O livro de receitas,
aparecia sempre que cozinhava.
Para evitar os meus enganos,
naquelas feitas
como meu homem sempre me lembrava.
Aquele meu pente,
que nunca o deixava no lugar,
tinha agora um ar reluzente,
quando nos meus cabelos o fazia tocar.

...Como se tu fosses ele.
Adoravas os meus cabelos…

E assim comecei a acreditar,
que com fé talvez ele se revele,
e voltemos aos tempos belos,
da primavera a espreitar.

Numa noite,
na qual as trovoadas rompiam os céus.
Sai de casa sem desajeite,
fui para aquele largo proteger os meus,
antes que aquele tempo os desrespeite.

Pesada, daquela chuva,
por entre tremeliques de frio.
Senti tocar-me uma luva
e o iluminar do meu fio
onde tinha a aliança.

Conforto-me e aqueço-me,
naquela esperança,
incandescente.
Quando sou atingida por um raio…
Fico inconsciente...
e ergo-me.

Afasto-me do meu corpo,
vejo-o irreconhecível no chão…
Quando ia para soltar um grito louco,
sinto um aperto de mão.

Era ele, a minha doce amargura.
Sorriu e disse-me: ‘tontinha, achas mesmo que
te ia deixar?’
E uma tamanha injustiça me perfura,
como pude eu me conformar?

Como se ele lê-se os meus pensamentos,
disse: ‘Minha princesa,
peço que me perdoes por ter ido sem avisar
mas, quero
que saibas que estive em todos os momentos,
só esperava que nisso acreditasses,
para te poder vir buscar,
à muito que te espero.’

As palavras afagavam-se
no iluminar daquelas almas que falavam por si.
Os seus medos ausentaram-se,
mas, esta história não acaba aqui.

Foto de Amy Cris

Simplesmente gótica

Quando a escuridão cai sobre a cidade
e a neblina envolve os túmulos em um cemitério qualquer,
lá estou eu, a ouvir o silêncio da noite
e fugindo de um mundo difícil de compreender.
Sou o esquecimento do passado,
a certeza do hoje
e a dúvida do amanhã.
Sou a poetisa da realidade,
aquela que guarda suas ilusões
e se deixa levar por uma boa música.
Sou a admiradora da lua,
aquela que sente fascínio pelo céu noturno.
Aquela que você dificilmente verá chorar
pois, não tem medo da vida,
não se sente humana
e quer mesmo é ver o tempo passar.
Sou o que poucos têm coragem de ser
Sou quem você apenas fingirá entender;
aquela a quem você não conseguirá enganar.
Sou aquela que se conforta com frio e chuva
e que sorri quando o sol se vai.
Tenho o negro pintado nos olhos, unhas e roupas
e me sinto bem por assim estar.
Sou simplesmente gótica
e sem com os outros me importar,
sempre serei eu mesma,
não me intimidarei com força alguma
e aconteça o que acontecer,
serei eu o ser da paz noturna.

Foto de carlosmustang

COQUELUCHÓIDE

Quem disse que o frio aquece
Pode ter dito a verdade
Estou nas roupas mais boa que tenho
Visitando sua cidade

Nem imaginas o maltrapilho que vivo
No meu beco, de um canto qualquer
Num momento de prozac de alegria
Espero seduzir minha mulher

Tenho perseverança em manter o estoque
De bebidas(pelo menos um litro nesse dia)
Num amor simbiótico, se me veres sem máscara!

Na alegria, porque tudo é pouco
Beija-me o rosto
Abandono nudo nos seus enlaço.

Foto de Allan Sobral

Se...

Se o ser que sou,
Fosse alguém de fato,
Fatalmente cantaria,
Pois minha alma palavras não conhece,

Se a vida que vivo,
Fosse realmente vivida ,
Viveria devagar,
Pois minha pressa não teria mais sentido,
E minhas esperanças não precisariam mais esperar,

Minhas Saudades seriam orações,
Exaltada ao Amor,
Que sem me fazer penar, responderia
E o frio de qualquer ausência não mais existiria,
Pois só reinaria a presença de um vivo abraço e seu calor

O Silêncio seria entoado como hino,
O Perdão como vitória,
E as lagrimas, que são da alma a voz,
Só chorariam com sorrisos.

Mas já dizia o poeta,
"Não perde o sentido o lamento,
Nem o meu pranto de dor
Não existindo saudade não existe amor."

Allan Sobral

Foto de Anderson Maciel

PURA MELANCOLIA

Trancado em um quarto frio
vou soltando as dores do medo
onde o coração se torna vazio
sem ter odores de segredos

Onde a luz não tem sua vez
mesmo que seja a luz da lua
só a escuridão toma conta
deste quarto triste

Enterrando as tristes lembranças
de um desejo que não importa
no quarto onde a esperança é morta
e a vida é pura melancolia. Anderson Poeta

Foto de Lorenzo Petillo

Só e Acompanhado

Ser constante é uma característica que luto pra ter, não que eu mude a cada segundo, mas odeio repetições. Sempre visito um lugar diferente, nunca pego o mesmo caminho pro trabalho e mudo a marca do sabonete cada vez que vou ao supermercado, sempre digo "te amo" de uma modo diferente, seja com poema, sorriso, música ou até com palavras. Não mudo de emprego, mas sempre faço algo diferente, inovo, modifico, quebro e colo as peças onde não estavam originalmente.

Se tem algo que não mudo é de amigos, mas já mudei muito das cidades onde eles moram. Apesar de amá-los não abro mão de andar sozinho na praia com os pés descalços em um dia frio, gosto do vento balançando meu cabelo enquanto ouço as ondas e imagino onde esses amigos estão agora, imagino possibilidades, faço planos e lamento ocorridos... fatos.

Gosto de ficar só, amo ficar com amigos e sou apaixonado por fica a sós com Deus pensando, meditando, rezando, chame do que quiser, eu amo tudo isso.

Pensando bem, não sou inconstante, sou maníaco por evolução, melhorar a cada dia, mudar o tom, mudar a roupa. Desperdiçar um novo dia com a rotina do dia anterior é bobagem, repetir esse ano o que fiz no aniversário passado... idem.

De tudo o que vivo e aprendo percebi que Heráclito estava certo "Não pode o mesmo homem banhar-se no mesmo rio, pois ao entrar novamente não serão as mesmas águas e nem o mesmo homem."

Foto de Marilene Anacleto

Num Livro de Poemas

Num livro de poemas
Palavras formam escadas
Desaguam em quedas d’água

Cada página uma surpresa
Nos desenhos formados por letras
Um fiozinho d’água, uma cachoeira

Uma vela, um pequeno barco,
Um número oito esticado
Dançam páginas e páginas

Às vezes, um estranhamento
São olhos a voar o pensamento
De cada página, embalo e movimento.

Amo cada um dos desenhos
De um livro de poemas
Voo e revoo a cada tema.

Convidam-me, as letras dançantes,
A valsas, a tangos, a romances,
Capazes de trazer belas nuances
A uma alma de um tempo frio e errante

Habitante de outras dimensões
Alegria e leveza são bordões
A transformar sonhos em ações.

Saio do mundo mecânico, em lazer,
Prazero-me no santuário de ler
Equilibro-me no sorriso do viver.

Ah.. um livro de poemas!
Agradável aos olhos, leitura amena,
Para qualquer alma que não for pequena.

Foto de Belinha Sweet Girl

Estar só

E quando a solteirice é tão antiga e tão enraizada que chega a irritar? A mulher solteira conta vantagem sempre que pode sobre suas amigas comprometidas. "Gosto de ser livre", ela diz, com toda uma pompa de mulher independente. Pergunte a ela se é feliz, e essa pompa se desmanchará, dando lugar a uma cara de mulher desiludida e sem esperanças.
O mais incrível é que a mulher solteira [de orgulho ferido] se sente no direito de achar que qualquer casal que anda de mãos dadas e se beija em público é louco. E ainda diz "Que gente mais melosa!", como se fosse a cena mais absurda já vista. No fundo ela queria estar vivendo o mesmo, sentindo o mesmo frio na barriga. A verdade é que ela passou tanto tempo sem amar que passa a achar ridículo quem ama e se entrega a esse sentimento.
A mulher solteira que diz "gostar de ser livre" é apenas uma mulher desiludida com o amor. Simplesmente ainda não apareceu alguém que mexesse com ela. Não quer dizer que quando ela recusa convites pra sair ela realmente QUEIRA ser solteira.
Também tem muito de medo envolvido nessas situações. Talvez a mulher solteira tenha medo de se envolver a ponto de se apaixonar, e de repente descobrir que não é [não foi ou não será] correspondida. Tem medo de amar sozinha. Medo de sofrer. Sendo assim, ela prefere dizer que não se compromete, que não quer namorar e nem casar, que homem só traz problema, etc. Ah, e também costuma recusar mil convites pra sair, e na maioria das vezes culpa o trabalho por isso. A mulher solteira deixa de se dar uma oportunidade de ser feliz, por medo de amar, ou por medo de não agradar o outro, ou por falta de amor próprio.
Ela esquece que só se vive uma vez, e que a vida passa rápido. Esquece que faz parte da vida errar nas escolhas e sofrer por elas. Esquece que de tudo que se vive, se tira uma lição. Esquece de sonhar, de enlouquecer de vez em quando. Esquece de viver. Esquece que o amor é um mal necessário.

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