Identidade

Foto de João Victor Tavares Sampaio

O Orfanato

- O Orfanato

No orfanato
Toda linhagem de enjeitado
Toma a forma de legião

Todo o povo da região
Passa-nos com o ego apontado
Acusando nossa rejeição

E a sombra que aqui relato
Desnuda a treva em ebulição
Sonho irrealizado

Presente desembrulhado
Futuro em suspensão
A humilhação em seu recato
Frio, destrato

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O Sol é falso, losango angular.

Umas poucas crianças cantam.

Outras tantas crianças gritam.

A volta da escola é lenta e singular,
Pois não há ninguém há esperar.

O vento espalhar seu vento, e a folhagem.

Uma nuvem nos faz pajem.

Nosso ritmo é policial e folhetinesco.

Reside o medo do grotesco.

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Os moleques do orfanato são feios e não têm receio em admiti-lo, já que no verso de sua condição morava o adverso, o ridículo dos corações partidos, a brevidade de sua relevância.

Um deles riu-se automaticamente:
- Somos completos desgraçados!

Esta frase correu sem gírias ou incorreções.

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Os moleques
Sabendo serem desgarrados
Destravavam seus breques
Em serem desencontrados

Faltava-lhes o saber da identidade
Descobri-se em um passado plausível
Ver-se na evolução da mocidade
Em um lar compreensível

Mas não lhes foi dada explicação
Nem sentido da clemência
Nem pedido, nem razão
Para sua permanência

Viviam por viver
Por invencionice
Viviam por nascer
Sem que alguém os permitisse

Abandonados
No porão de um orfanato
Sendo assim desfigurados
No humano e seu retrato

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Os moleques eram órfãos
E eu estava no meio deles sem me envergonhar!
Minha vida é curta
Dura, diante dos comerciais contrários!
Meu cárcere é espesso, grosseiro, não derrete nem sob mil graus!
Subo mil degraus e não encontro o final da escada
E a realidade é tão séria como o circo ao incêndio dos palhaços,
Pois nem meu hip-hop consola mais a sombra da minha insignificância
E nem toda a ostentação suporta o peso da veracidade

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O mundo me usa
Ao agrado parnasiano
E me recusa
O verso camoniano
Não tenho honra nem musa
Não tenho templo nem plano
A vida é pouca e Severina
Louca e madrasta carnificina

Solidão
No meu retiro na multidão

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Somos uma falange
Outrora negada pelo sistema
Zunido como abelhas de um enxame
Invadindo os isolamentos propositais;
Nação sem cara
Homericamente mostrando seu rosto
Olhando a palidez da polidez
Sendo enfim mortos de fome.

Sendo enfim cheios de vida!
O braço que nos impede a pedir banha-nos com seu sangue;
Nós somos encharcados
Havendo assim a benção que ignoraram em prestar
A afirmativa de um futuro inevitável;
Matamos e nutrimos
O pavor que nos atira para a vida;
Somos assim não só uma falange como uma visão intransponível.

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Em esperar ter condições
Só restaria estacionar
Ao choro das lamentações

E logo quando o meu lugar
For definido às lotações
Na margem sem quem se importar

Ou mantenho insurreições
Ou vou me colocar
Abaixo das aspirações

Se calar minhas intenções
Alguém vai me sacanear
E se buscar santas missões
Cair no desenganar

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Estamos descontrolados!

- Foi ele, tia, eu vi!
- Não, eu não fiz nada!

- Cala a boca molecada!
Ou vai entrar na porrada
Cambada de desajustados!

Nem suas mães os quiseram
Desde o dia que vieram
E ainda bem que não nasci
No mesmo mal em que estiveram

Enquanto existir distração
Restrito será seu contato:
Problemas não chamam a atenção
Ao veio da escuridão
Silêncio do assassinato

Eu me calo e penso então
Em como o mundo é ingrato
Por sobras ajoelhadas
Firmo-me em concubinato
Em estruturas niveladas
Para minha exploração

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A noite chega aos esquecidos
E com ela sonhos contidos
De um sono forçado

Sinto-me encarcerado
No meu instinto debelado
Pelo pânico dos inibidos

E os olhares entristecidos
Cerram-se em luto fechado
Da morte sem celibato

Estamos envelhecidos
Tão jovens e tão cansados
Estamos aprisionados
Na cela de um orfanato

Foto de Carmen Lúcia

Ousadia

Caí de pára-quedas em seu quadrado,
invadi sua intimidade,
me fiz íntima de seu pecado,
distorci minha identidade,
apartei-me de recatos,
apossei-me do que é seu...
Minha foto em seu porta-retrato,
minhas marcas no tapete do quarto
como se o lugar fosse meu...

Deixei de lado a candura,
o meu olhar de brandura,
mudei o meu modo de ser...
E ainda inconformada
joguei a última cartada...
Foi um blefe pra valer;
quase paguei pra ver...

Agora, ou tudo, ou nada...
Quem sabe será dessa vez...
Ou lhe ganho na virada
ou jamais lhe torne a ver...
Prefiro que seja assim;
quem sabe se assim me vê...
Permanecer no marasmo
é o mesmo que lhe perder.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Liberdade

Mostrei o que sou !
O que realmente modulava em mim;
fui contra as marés,
emergi de um abismo sem fim.
Cruzei linhas paralelas,
corri na contramão do vento, do tempo
e me alcancei na última estação...

Rasguei minha carne, expus meu avesso,
o meu contexto
e toda a sensibilidade verbal, emocional,
escondida em contra senso,
sufocando o bem, endeusando o mal.

Postei nua minha identidade
e toda a verdade antissocial ...
chocando a realidade dura.
Vomitei iniqüidades cruas
ingeridas por razão irracional
sob forte pressão radical.

Viajo sem malas...
Sem revolta ou bilhete de volta...
Sinto-me leve, sem nada que me pese,
sem alças das parafernálias
que pendurei num tempo que já teve fim.

Sigo só... melhor assim..
Insana, estranha, profana
é o que pensam e podem pensar de mim.

(Carmen Lúcia)

Foto de Carmen Lúcia

Momentos

Minha loucura me leva a bravuras
que a sã consciência
e a tímida prudência
não me permitiriam levar...

Dizer o que penso,
revelar como sou,
livre de consenso,
da moral que pesou...

Minha momentânea insanidade
é meu evangelho de verdades...
Impulsos não reprimidos,
reprimindo inverdades.

Esses discursos inflamados
traduzem meu verbo, meu outro lado...
Então me retrato... corpo, alma e mente,
conjugados em comunhão estridente
contando tudo o que sentem...

Quando me recato, desacato
a identidade, a vontade e a sede de falar...
Por fora me calo, sóbria insensatez...
Por dentro me violento...insensata lucidez.

(Carmen Lúcia)

Foto de Marilene Anacleto

Para Quê?

Para que trabalharmos tanto,
Se as crianças estão morrendo
De aids, fome e abandono?

Quem irá dar continuidade
Se os jovens estão-se indo,
Sem emprego e identidade?

Quem vai usufruir o construído.
Se tudo, em tempo se esvai?
Liberdade e Amor estão sumidos
Entre os que deveriam governar.

Sem um ponto de equilíbrio,
Amor para os pequeninos,
Respeito aos jovens meninos,
Viver seria um desatino,

Não fosse a intensidade
Do amor distribuído
Por gente de toda idade,
De todo jeito oferecido.

Nas tantas mudanças da terra,
Nas infames armadilhas da guerra
Por maior poder e mais dinheiro,
Brilha , do coração, a Luz
Que nos veio trazer Jesus.

Para quê? Para arrefecer
O caminho de nossos filhos,
O viver dos nossos netos,
E a vida do que ainda não nasceu.

Marilene Anacleto

Foto de raziasantos

ASSIM SOMOS NÓS...

Assim somos nós.
Como uma garça ferida diante dos olhos dos espectadores.
Apenas olham incessível a sua dor.
Assim somos nós...
Abrimos nossa boca e declaramos amor:
Mas somos incapazes de estendermos as mãos aos pobres coitados.
Que sem destino se arrasta diante nossos olhos, em meio à sujeira.
Solitários se tornam como vegetais.
Como zumbis rondam as cidades em busca de uma lata de lixo para matar sua fome.
São esses os filhos da miséria:
Hoje muito se misturam aos adultos, crianças inocentes que já nascem em meio à miséria.
Não sabe o que é um lar, um teto para se abrigar.
Ironicamente brincam em meio ao lixo, dos ricos, correm felizes quando encontram um brinquedo quebrado:
Ou um pão mofado.
São esses os anjos de rua que perambulam por nós.
Quem de nós nunca cruzou com esses anjos?
Fala-se em muitos projetos, abrigos, amor, onde esta esse amor?
Entre os destorço de sua mente perturbada, se formam na oficina do diabo.
São os pássaros sem asas atingidos por vil caçado.
Neste emaranhado de horror.
Perdem por total sua identidade...
Mãe! “Pergunta a crianças, esquelética franzina” quem eu sou?
A mãe sem reposta olha para o filho em seus braços, e silencia-se...
E no silencio surge um grito em sua alma Deus quem eu sou?
O dia findado e a noite chega Deus para onde iremos...?
Assim se formam os anjos de rua, na miséria e desamor.
Sua única certeza é um caixão de madeira doado pela prefeitura.
Neste mar de amargura, não se dão nem ao direito de sonhar.
Depois de uma noite ao relento ainda molhados pelo orvalho da noite.
São acordados com tapa na cara levanta ladrão!
São os homens de farda dando ordem de prisão:
Como pode ser preso aquele que jamais esteve livre?
Anjos da rua entre a miséria, fome e podridão, drogas, violência, abandono!
Futuros clientes das penitenciárias, grades do inferno.
Será este o passeio turismo no futuro?
O que nossos filhos terão como diversão neste mundo que destruímos a cada
Passo sem compaixão...
Esses pássaros feridos aprisionados em seu interior sua mente cauterizada pela fome e dor.
Não sabem sonhar nem tem forças pra lutar, mas são humanos e necessitam reaprender amar.
Quem se habilita estes anjos adotar?
Onde poderão encontrar alem das promessas dos gigantes da terra, políticos engravatados na época de eleição,
Um abraço sincero, e um aperto de mão...
Esse ato simples poderia aquecer esses corações que se perdem a cada amanhecer em suas desilusões.

Foto de Carmen Lúcia

Striptease moral

Não importa que o mundo se choque,
que as pessoas evoquem
o santo protetor...
Benzam-se pasmas e indignadas,
invoquem os falsos valores
de uma ética desqualificada.

Não importa que de mim se afastem,
que as luzes se apaguem,
e o palco venha a ruir...
Da ribalta quero fugir.
Resgatar minha identidade
viver a autenticidade,
parar de fingir...

E se alguém se sentir ofendido,
não sabe quem sou, não sabe o que sinto,
moldada no que querem que eu seja,
atada pra que não ande nem veja...
“Tô nem aí pro que der e vier...”
Dane-se quem quiser...

Tiro as roupas que me sufocam
vincadas de normas, preceitos morais...
Faço striptease dos rótulos
“ mulher perfeita, efêmera, passiva, reta...”
estereótipo da fêmea correta...
Quero agora escandalizar.
Arranco as sandálias e avanço,
não me canso...
Pés descalços, alma nua,
a caminhar
em território profano,
sagrado,
insano...
e gritar...

Carmen Lúcia

Foto de Peter

A única

Hoje eu vi a luz
Aquela que me seduz
Oh! Eu sei é verdade
Descobri a sua identidade

Mergulhei no seu sorriso
Senti-me no paraíso
Nasci para a amar
Só ela me faz sonhar

Nos seus olhos me perdi
Assim eu nunca me senti
Fiquei num novo mundo
Que descobri lá no fundo

No seu cheiro de framboesa
Se tornou a minha princesa
Quando ela tirou o véu
Voei para o céu…

Porque assim nunca me senti
Nada assim vivi…
Oh! Eu encontrei o amor
Com todo o seu esplendor

Foto de odias pereira

"ME ENSINE A AMAR PRA VALER " ...

Eu acho que você já percebeu a minha timidez,
Estou muito sem graça em fazer amor com você.
Tenho apenas dezoito anos , e essa é a minha primeira vez,
Chegando a maturidade e término do meu adolescer.
Podes me chamar de bobo se quizeres,
Eu sei que estais caçoando de mim ! ...
Nunca se quer beijei, nunca sai com mulheres,
Hoje o meu coração bateu por você, e ter amar, eu estou muito afim.
Faz de mim o teu amante,
Me ensine a amar pra valer.
Não quero ser o seu ficante,
Quero me perder com você.
Perder a minha virgindade,
Sair da minha adolescência.
Assumir minha nova identidade,
Deixando pra traz minha inocência.
Me ensine a amar pra valer...

São José dos Campos sp
Autor :Odias Pereira
19/02/2011

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Foto de betimartins

Quem és tu! Amor?

Quem és tu! Amor?

Quem és tu! Que chegas sem avisar
Sem pedir licença e identidade...

Quem és tu! Que raiaste o dia em mim
Partindo minha alma ao meio...

Quem és tu! Que me despes sem preconceito
Desnudando minha intimidade ao limite...

Quem és tu! Que deixas baralhada, desatinada
Quando em mim, vens com todo o teu desejo...

Quem és tu! Que fazes disparar meu coração
No auge da paixão, do desejo, onde tu me acalmas...

Quem és tu! Que vens da outra dimensão
Para baralhar meu caminho, minhas decisões...

Quem és tu! Que me deixas a escrever sem limite
Poesias, hinos, reflexões, contos e canções...

Quem és tu! Que inspiraste o pobre Luís Camões
Deixando-o vivo na sua escrita, na sua grande paixão...

Quem és tu! Que fazes ficar com as pernas bambas
Rendendo-me ao teu mais alto poder, as asas da paixão...

Quem és tu! Que me acordas com luz do dia, beijando
Falando palavras incompreensíveis ao desamor...

Quem és tu! Que transmutes a alegria da vida, vivida
Que dentro do ventre materno, cresce e avança a tua vida...

Quem és tu! Que trazes o manto de luz, o manto do aconchego
Que fazes a noite descer e travar as trevas da solidão e podridão...

Quem és tu! Tu quem és afinal? Serás! O Céu, as estrelas ou o Sol?
Serás! O silencio da alma incompreendida, alma sedenta ou até faminta...

Há! Afinal eu descobri quem tu és, é o Amor, o Amor tão falado
E foste tu que me derrotaste, foste tu! Tu Amor e agora? Que eu faço?

Que eu faço Amor? Que eu faço para que nunca vás embora de mim?
Há! Descobri, vou também te colocar amarras a ti e nunca mais vais embora....

betimartins

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