Interior

Foto de Sonia Delsin

LABAREDA

LABAREDA

Escrevi o seu nome na minha alma.
A fogo.
Escrevi enquanto o ardor do seu olhar me queimava.
Parece que aquela chama me consumia enquanto eu escrevia.
Fui exorcizando todos meus demônios.
Todo estigma antigo.
Corria tanto perigo.
E não percebia.
Eu pensava que vivia...
E morria.
Mas das cinzas que me tornei eu renasci.
Como fênix é que eu venho aqui.
Dizer.
Dizer que você acabou adentrando em meu ser.
Da pele em fogo labareda você se tornou no interior que lhe guardou.

Foto de Sonia Delsin

TOQUE DE MIDAS

TOQUE DE MIDAS

Ele transformava em ouro tudo que tocava.
Ela transforma tudo em poesia.
O riso da rua.
O brilho da lua.
A mulher nua...
Ela transforma tudo em poesia.
A tristeza.
A alegria.
O sol.
A chuva.
A noite.
O dia.
É o toque de Midas.
O milagre da vida.
Da palavra.
No campo da vida ela desbrava, lavra.
Em seu mundo secreto,
do vulcão que em seu interior ela guarda,
a palavra escorre... como lava.

Foto de sofiavieira

"..."

O Sol brilha...
Acompanhado de uma brisa
Leve e suave...
Que me toca o rosto...
Ao senti-la na minha pele
Penso em ti...
Pois a suavidade da brisa
Faz-me lembrar
Os teus olhos;
O teu sorriso
Dá-me alegria
Traz-me paz interior...
Olhar-te faz-me
Bem...
A tua presença
É alegria...
Obrigado por me fazeres sorrir.
Por me trazeres felicidade

Foto de Sonia Delsin

A TAL FELICIDADE

A TAL FELICIDADE

Crês que mora distante.
A tal felicidade.
Não é verdade.
Ela mora dentro de ti.
Podes encontrá-la no teu interior.
Quando entregas amor.
Esta tal de dona felicidade gosta de pessoas sorridentes.
Que mostram os dentes.
Ela gosta de pessoas confiantes.
De pessoas que se deixam lapidar como os diamantes.

Foto de Martorano Bathke

LUZ

LUZ

“Deus disse faça-se a Luz”,
E a Luz foi feita.
Você a tem em seu coração.

“Você é Luz, estrela e luar”.
“Luz que descortina belezas sem par.”
Que me atrai qual mariposa perdida,
Tal barco a procurar o seu farol
E chegar ao seu porto seguro
E em seu seio se acalentar,
Não em ilusões perdidas
Mas na beleza de te amar.

Mil beijos, não os da boca
Mas os dos olhos, cheios de Luz
Para que ao encontrarem a tua aura
Se multipliquem em infinitesimais
Coordenadas universais,
E numa noite escura
Brilhem no firmamento.
Mesmo não sendo astronauta,
Te encontro, não no infinito
Mas ao meu lado.
Ao meu redor.

E para que não sejas fútil,
No meu interior,
Tal qual átomo fissurado
Explode,
No estase do amor
Ou na agonia da dor
Mas com o único sentido,
De iluminar,
A Luz
Da Luz.

Ronald Martorano Bathke

*Publicação permitida: desde que conste o nome e e-mail do autor.

Foto de Dirceu Marcelino

LEMBRANÇAS DO MENINO QUE QUERIA SER MAQUINISTA DE TREM

***

"Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade noite a girar
Lá vai o trem sem destino
P’ro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra, vai pela serra, vai pelo ar
Cantando pela serra do luar
Correndo entre as estrelas a voar
No ar, no ar, no ar."
( O trenzinho caipira: Heitor Villa Lobos)

***

Eram três crianças de 8, 6 e 4 anos de idade.
Iriam viajar da cidade de sua infância para outra grande metrópole regional.
A viagem de trem:
Enquanto aguardavam na estação a chegada do trem que os levaria para uma cidadezinha próxima, um importante tronco ferroviário que interliga várias ferrovias que vem do interior do estado ao litoral, mais propriamente ao Porto de Santos, o que viam.
Viam as manobras das locomotivas a vapor.
Entre várias, tal como a chamada “jibóia” enorme, gigante, com várias rodas, as “Baldwins”, a que mais chamava a atenção do “menino” era uma “Maria Fumaça” pequenina. Tão pequena que nem tender ela tinha.
Ia para frente apitando, estridentemente:
Piuuuuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiuu!
Retornava, repetia os movimentos para frente para trás, tirando alguns dos vagões de várias composições estacionadas nos diversos trilhos da estação ferroviária.
E o Menino sonhava. Queria ser maquinista de trem.
Tanto que ele gostava, que em outras ocasiões, quando levava comida em marmitas para o pai, que trabalhava nas oficinas, permanecia várias horas sentado nos bancos da estação.
Via as manobras das “marias fumaças” e também a passagem das longas composições de carga puxadas por máquinas elétricas, verdes oliva, chamadas “lobas”.
Até que um dia sua mãe resolveu levá-los em uma viagem.
Nesse dia enquanto aguarda o Menino avistou ao oeste um único farol que surgia no horizonte da linha ferroviária, amarelado e a medida que se aproximava ouvia-se o barulho característico daquela famosa locomotiva elétrica, que zumbia como um grande enxame de abelhas: “zuuummmmmmmmmm”
A locomotiva devagar passava do local de aglomeração das pessoas e aos poucos deixavam em posição de acesso os carros de passageiros de segunda classe e lá quase ao final da plataforma um ou dois vagões de primeira classe.
Eram privilegiados, filhos de ferroviários.
O Menino sentia orgulho desse privilégio.
Lembra-se que naquele dia sentou-se no último banco do lado direito.
Dali podia ver que poucas pessoas permaneciam fora da composição. Alguns parentes, que gesticulavam se dirigindo aos parentes acomodados nos carros de passageiros.
Ao longe. Via um senhor uniformizado de terno azul marinho e “quepi”, com o símbolo – EFS.
Aos poucos esse Senhor vem caminhando pela plataforma, desde o primeiro carro até próximo da janela em que o Menino se encontrava.
Para e tira um apito do bolso superior de sua túnica e dá um apito estridente: “piiiiiiiiiiiiiiiirrriiiiiiiii”
Em seguida, a locomotiva apita “Foohhooommmm..”
Novo apito.
A seguir, começam a ouvir-se os sons característicos dos vagões que retirados de sua inércia estrondavam um a um e começavam a se locomover lentamente até que o carro e que o Menino está começa a se locomover, mas, sem fazer o barulho característico, o seja, o “estralo” ao ser acionado, pois os solavancos que se sentem nos primeiros vão diminuindo gradativamente e quando atingem o ultimo praticamente são imperceptíveis.
Justamente, por essa razão é que os vagões de primeira classe são colocados no fim da composição.
Este carro diferia dos demais por ter os bancos revestidos, corrediços, que permitiam serem virados e propiciar as famílias se acomodarem em um espaço particular.
Assim iniciava-se o percurso até a cidadezinha, onde passariam para outra composição, a qual seria tracionada por uma locomotiva a vapor.
Como era linda a paisagem.
Muitos locais dignos de cartões postais, o primeiro, por exemplo, a ponte sobre o rio Sorocaba, que nasce na serra de Itupararanga e desemboca no rio Tietê
Lindos lugares que por muito tempo permaneceram esquecidos, mas que hoje podem ser registrados em fotos e filmes das câmeras digitais.
Fotos que nos fazem afagar a saudade dos dias de outrora.
Mas, além dessas fotos antigas ou digitais, temos a capacidade de guardar no fundo do nosso inconsciente outras imagens e filmes de nossas lembranças.
Revendo tais filmes, verificamos que inconscientemente queremos alcançar trilhar os nossos sonhos, mas, geralmente em razão das dificuldades da lida, não o atingimos, ou então, ultrapassamo-nos e exercemos outras atividades ou profissões que nada tem a ver com aqueles sonhos.
Eu, por exemplo, adoro trens.
Simplesmente, queria ter sido “maquinista de trem”.
Mas termino este conto, simplesmente, para dizer:
À poucos dias, nesta cidade, de onde o Menino iniciou a viagem teve oportunidade de ver, aquele Senhor, em uma comemoração do retorno da “Maria Fumaça” que estava em outra cidade, onde permanecera sob os cuidados da Associação de Preservação Ferroviária, ser chamado entre outros velhos aposentados, pelo Prefeito:
_”Agora para comemorar o retorno de nossa Maria Fumaça - “Maria do Carmo” - chamo o mais velhos dos aposentados.
Puxa! Que felicidade do Menino, ao ver aquele Senhor caminhando pela plataforma da estação.
Sim. Era motivo de felicidade.
Pois o menino, já não é mais tão criança, já é um envelhescente e aquele Senhor continua vivo.
Oitenta e quatro anos.
Era o “Chefe da Estação”.
O mesmo “Chefe de Trem” que vira caminhando a quarenta anos pela plataforma da estação.

Para assistir video - poema relacionado entre em:

http://www.youtube.com/watch?v=7fE5aNx-zQ4
e em
http://www.youtube.com/watch?v=knPPSfHNm2U

Foto de Ana Botelho

AMIGO É MESMO PARA SEMPRE

AMIGO É MESMO PARA SEMPRE...
Passar a infância no interior do Estado do Rio de Janeiro, com vida pacata, bucólica, como tantas outras crianças, que ali puderam conhecer a simplicidade e aprender o amar a essência que existe em cada ser humano, fez, definitivamente, a diferença para mim.
Quando chegava a época da adolescência, tínhamos que estudar das formas mais estranhas possíveis, ou saíamos para longe, em casas de parentes e amigos, ou ficávamos em sistema interno, em instituições particulares para jovens. E foi lá, justamente às margens do rio Paraíba do Sul,que conheci alguém muito especial, com uma gama de características incomuns, que vieram de encontro às minhas. Tornamo-nos grandes cúmplices em assuntos relacionados a poesias, músicas e a tantas outras afinidades, que só mesmo quem conseguiu se harmonizar com a natureza rústica e intocada, poderá entender o que preencheu cada minuto dos anos que lá estivemos. Uma lástima não termos guardado tantos poemas e registros que fizemos de situações inusitadas e muitas vezes até cômicas, ou trágicas...
À tardinha, quando ficávamos, as minhas amigas e eu, no pátio do referido internato, chovia aviõezinhos e outras dobraduras, com recadinhos carinhosos, através do gradil de madeira, que cercava o nosso espaço físico. Eram poemas lindos e bem trabalhados, que voavam do Clube de Futebol, onde os atletas da cidade treinavam( acho que até muito mais vezes que realmente necessitavam...rsrsrs). Aos fundos do internato, ficava a tal estrada fluvial cheia de corredeiras, que o meu especial a conhecia em suas detalhadas curvas, de tanto ir e vir entre remos e nados.
Chegara a época do vestibular, nos separamos... Os anos se passaram e cada um seguiu o seu curso natural, assim como as águas do velho Paraíba, que a tudo assistiram, mas foi observando o curso do rio, suas voltas , as pedras e as quedas, que aprendemos ver em nossa vida, para que servem e como elas nos colocam, a cada momento, diante dos nossos afins.
Como é bom ter isso tudo na lembrança e sentir agora as mesmas emoções, tal qual aconteceram.
Sempre apareciam notícias ou comentários saudosos e conjecturávamos onde estaria cada um morando e se ocupando do quê.
Os filhos nos chegaram e o tempo, senhor implacável e poderoso transformador da vida, atingiu a muitos com os seus sacodes, testes e até resgates desafiadores. E mais uma década se passou...Eu, a essa altura, já me encontrava cuidando sozinha de três filhos, que tinham entre seis e dez anos de idade, quando numa linda manhã de sol, o interfone tocou e o porteiro anunciou o nome do meu amigo tão lembrado em minhas constantes horas de poesias e divagações...cujo arquivo mental veio à tona imediatamente, era aquele companheiro do passado, que com um calhambeque ou uma vespa, percorria toda a distância entre as nossas cidadezinhas em estradas de terra, para nos vermos nos finais-de-semana, ou para passarmos as tardes e as domingueiras no clube onde nos dias que não tinham "feira", era um cinema de piso em declive, terrível para dançar, mas que achávamos tudo de bom (afinal, era aquele o nosso mundo e que mundo maravilhoso...) Respondi ao porteiro , entre palpitações e descompassos respiratíorios, que ele subisse, momentos preciosos esses... Estávamos de saída para a praia e ele achou ótima a idéia, só que não havia sequer uma sunga de adulto em minha casa. Brinquei, oferecendo uma das peças dos meus biquinis e foi com uma naturalidade ímpar que ele aceitou e se pôs a escolher ... Fui cuidar dos meus filhos e o deixei à vontade. Ao chegarmos à prainha de Itaquatiara em Niterói, nos acomodamos , cadeiras, cangas, brinquedos, foi quando ele tirou a roupa , fez alguns alongamentos e partiu correndo na areia com as tirinhas laterais se agitando ao vento ( só faltaram as bolinhas amarelinhas...rsrsrs).
-Olhem só, dizia eu aos meus filhos naquele instante, esse é um amigo de alma pura, tanto, que nem está aí para o que possam pensar ou falar dele com essa roupa esquisita, se dedicou à psiquiatria por entender a vida sob a ótica do amor.
Rimos muito e ele, definitivamente, caiu nas graças dos meninos também.
Hoje, como se tivéssemos planejado, moramos no mesmo balneário, num remanso onde a natureza, sempre presente, nos brinda a todo instante com uma vida iluminada. Ele é um respeitado profissional e excelente escritor e eu uma sonhadora incorrigível, entre os meus poemas, pinturas e leituras sem fim, mas conservamos ainda os traços que nos uniram: os versos e os "causos" do cotidiano. Quando nos encontramos, rimos muito ao falarmos do passado. Valeu à pena tudo o que aconteceu...
E ao ouvir, em qualquer ocasião, citações como " de médico , poeta e louco todo o mundo tem um pouco", imediatamente, a minha mente passa a caricaturá-lo como agora faço, aqui, em palavras de carinho a você, Zeus, meu doce amigo e parceiro pela eternidade...

Foto de Carmen Lúcia

Fantasia

Visto a fantasia
A mesma alegoria
Desse meu dia a dia
Que cobre meu interior
E agora, tripudia,
Extrapola meu exterior
Caio na folia
Busco alegria
Em meio à nostalgia
De mil foliões...
Falsa euforia...
Em plena orgia
Vejo amanhecer o dia
A alma vazia...
É só fantasia...

Mas é carnaval...
Dissipa-se todo o mal.

Foto de Ricardo Barnabé

Por todas as mulheres que fizeste sofrer

Nunca te importaste com os sentimentos
que outras pessoas tinham por ti
sempre as humilhaste e aproveitaste
da tua imagem para teu belo prazer.
Foste falso por fingires aquilo que não eras,
porque uma nos teus braços
era mais uma de tantas
que acabaste por fazer sofrer.
Resumindo hoje queixas-te da razão de estares sozinho.

Mas Terei eu que te mostrar
o espelho do teu interior?
Porque só assim percebes-te da pessoa que foste.
Por isso olha bem e vê tudo aquilo que és.
Julgavas-te perfeito mas agora vês
porque já ninguém te quer.
Precisamente porque a pessoa que vês
ao espelho é a que nunca desejarias
para a tu vida!
Mas mais triste é, saberes que quem
está no espelho és tu, e é assim que todas
aquelas que tu magoaste, te vêm hoje.
Falso e completamente vulgar que
não respeita nada nem ninguém
e que brinca com todos sentimentos
e que faz deles a sua auto-estima
para mais uma na tua cama conseguires ter!
Por todas as mulheres que fizeste sofrer
hoje caminhas na estrada da solidão
sem encontrares alguém que te queira dar a mão!

A tua vaidade foi a tua desgraça!

Ricardo Barnabé

Foto de Lupe

Tardiamente

olho a linha do horizonte,
desenho-te com tons de amanhecer,
enfeito-te com aves soltas no firmamento,
visto-te com nuvens azuis,
pois é assim
que te trago no pensamento
e acabo por perceber
que em vez de teu criador,
eis-me sim teu perdedor,
nem me apercebi...
ou tardiamente realizei
que tu
simplesmente vives em meu interior
sem seres mais do que o momento
em que te evoco,
te imagino,
te descrevo,
tu, mulher firmamento
que ocupas o meu amanhecer
que é tardio...

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