Lápis

Foto de Raul Rodrigues

Felicidade

Felicidade não é ter dinheiro
E uma mulher linda que não te ama
E ainda traí-la com varias na sua própria cama
Não é ser o mais desejado
Pois desejado não é amado
Não é usar drogas pra se sentir bem
Pois da sua causadora de felicidade ilusionista
Você se torna refém
Não é vencer uma guerra de destruição e perversidades
Pois você se senti bem destruindo vidas que continham felicidades
Ser feliz é amar e ser amado
É se sentir bem com a pessoa certa do seu lado
É ter o que se precisa sem exagero
Lutar para ter o seu
Não viver no desespero
Plantar sempre o bem
Para destruir seu pesadelo
Viver feliz é fazer as coisas por que tem certeza não por que acha
Pois viver é como escrever com um lápis sem se ter uma borracha.

Foto de Lou Poulit

UM INCENTIVO À REFLEXÃO DE TODOS OS PROSADORES TÍMIDOS

Continuando uma conversa, esquecida noutro lugar...

Dei-me conta de um outro conceito integrante do curso, que também tem tudo a ver com essa reflexão sobre os nossos personagens na vida. E avança sobre fazer arte, sobre percorrer um trajeto evolutivo, lucidamente. O que inclui escrever prosa (a arte da palavra fluída) de modo mais artisticamente pretensioso, e não exatamente presunçoso...

Depois de entrar no ateliê, com a coragem e a desenvoltura de quem entrasse no castelo de Drácula, e tentar compreender alguma coisa da parafernália que havia ali, que equivalia a uma avalanche de informações visuais e olfativas nem sempre esperada, pinturas e esculturas por toda a parte, rascunhos espalhados como que por alguma ventania, uma infinidade de miudezas, coisas difíceis de imaginar e fáceis de fazer perguntar "pra que serve isso?"... O aluno iniciante dizia, como se ainda procurasse reencaixar a própria língua: eu não sei desenhar nada, sou uma negação, um zero à esquerda, nem sei direito o que estou fazendo aqui...

Eu tentava ser simpático, e sorria sem caninos, para provar que não era o Drácula. Depois pedia ao rapaz espinhento (convenhamos que o fosse neste momento) que desenhasse aquilo que melhor soubesse desenhar, entregando-lhe uma prancha em formato A2 e um lápis. A velha senhora (agora convenhamos assim) procurava uma mesa como se houvesse esquecido a sua bússula, e a muito custo conseguia fazer a maior flor que já fizera, de uns 15 cm numa prancha daquele tamanhão, e muito distante do centro da prancha. Claro, eu não conseguia evitar de interromper, se deixasse ela passaria a tarde toda ali improdutivamente. Aquele desenho já era o bastante para que eu pudesse explicar o que pretendia.

O executivo que arrancara o paletó e a gravata para a primeira aula, depois do expediente, com a gana de quem subiria num ringue para enfrentar um Mike Tison no maior barato e cheio de sangue no álcool, olhava pra mim, a interrompê-lo, como quem implorasse deixá-lo continuar! Queria mostrar talvez que eu deveria investir nele, que estava disposto a tudo, e que ele estava ali para que eu fizesse com ele o que bem quisesse. E eu finalmente explicava: não é necessário, já vi que você pode fazer. Me diga, quantas vezes você estima que já tenha desenhado esse mesmo Homem-Aranha que acabou de rascunhar?... Ah, não contei, mestre... Claro que não, mas talvez possa fazer uma estimativa, em ordem de grandeza. Uma vez? Uma dezena? Uma centena? Mil vezes?...

O velhote, com jeitão de militar reformado, pôs a mão no queixo. Mas em vez de estar fazendo alguma conta para responder, na verdade tentava avaliar (com a astúcia que custa tantos cabelos brancos) que imagem a sua resposta produziria, na cabeça do jovem mestre. Afastou as pernas uma da outra e naquele momento eu pensei que ele pretendia bater continência para mim, mas não, aquilo era um código comportamental. Sempre fui antimilitarista, mas procurei entender o seu personagem íntimo. Afinal, ele resolveu arriscar: Mais para mil vezes... Alguém poderia acreditar nisso – perguntei a mim mesmo? Se o velhote houvesse desenhado Marilyn Monroe, vá lá que fosse. Ou a bandeira do Brasil, um obuz, uma bomba atômica, ao menos um pequeno porém honroso canivete suíço!... Mas não. Um militar que estimava ter desenhado quase mil vezes o Papa-Léguas – antigo personagem de quadrinhos e desenhos de televisão – ou tinha algum grave desvio (talvez culpa do canivete) ou estava construindo naquele momento um personagem específico para a sua insegurança, o que mais convinha deduzir. Antes que ele dissesse “Bip-bip” e tentasse correr pelo ateliê, eu tratei de prosseguir com a minha aula.

Mas qualquer que fosse o aluno, eu pedia então que sentasse nas almofadas que ficavam pelos cantos do espaço, e em seguida me sentava no chão, sem almofada. E perguntava: você já ouviu falar no Maurício de Souza, o “pai” da Mônica?... Sim, das revistas... Isso mesmo. Sabe que ele é capaz de desenhar a Mônica (mas talvez não outro dos vários personagens que assina) de olhos vendados?... O aluno tentava refletir, mas eu não esperava pela resposta. Garanto a você que ele faz isso. Sabe por que?... Acho que não, assim de surpres... Por um motivo muito simples e óbvio: ele já fez tantos desenhos semelhantes, que não precisa mais se preocupar em construir nenhuma imagem do desenhista que ele é. Muito menos com o desenho que vai fazer.

Eu não estou pretendendo estabelecer nenhuma comparação com a sua pessoa, mas somente adiantando para você uma espécie de chave para quase todas as perguntas inerentes a aprendizados. Você pode achar até que é um zero à esquerda, quer diga isso ou não. Não é. Mas a sua memória técnica é. E essa seria a principal razão de você achar que não sabe desenhar, ou não ser capaz de ver-se como artista. Todo mundo nasce com alguma sensibilidade, percepção para o belo, capacidade de fazer associações psíquicas, afetivas, emocionais e tal. Isso tudo é inato, intrínseco à natureza humana. Contudo para transpor o que está dentro de você (imaterial) para fora, de modo que outros, além de você próprio, possam compreender através de alguma sensorialidade, é preciso usar um meio físico, também chamado de veículo. Para fazer essa materialização você terá que lançar mão de uma técnica, e a técnica não é inata (salvo em raros casos).

Essa é razão mais elementar pela qual está me pagando. Mas eu não fabrico desenhistas. Apenas, com base na minha própria experiência e na minha memória técnica, vou traçar um atalho para você chegar ao que definiu como suas preferências, na nossa conversa inicial. Bastará que você faça apenas algumas coisas simples, mas que podem exigir alguma disciplina: que não faça os exercícios como faria um robô, que preste atenção com intuito de memorizar o que vou lhe dizer (como se fôsse um robô!) e que não jogue fora nem mesmo o pior dos seus resultados, pelo menos até que termine o curso. Os seus resultados de exercício, em ordem cronológica ou pelo menos lógica, por mais que pareça entulhar a sua vida, serão como os frames de um filme que só existe na sua memória, e que serve para estruturar a sua memória sensorial. Será a mais eficiente forma de avaliar o processo de aprendizado, e poderá estar sempre disponível para reavaliações.

Sua verdadeira obra, será construir um arcabouço de informações técnicas. Muito naturalmente e sem começar pelo fim ou pelo meio, você irá armazenando o conjunto da sua sensorialidade ao exercitar. Não irá memorizar tão somente o desenho em si, mas a interação entre os materiais, os sons, o cheiro, a impressão tátil de manusear e pressionar, enfim, tudo será memorizado, e a partir de certo ponto, além de saber, você estará compreendendo o que faz. Contudo, não tem que esperar o fim do curso para estabelecer uma relação mais madura consigo próprio, enquanto artista. Poderá começar a amadurecer (e reorientar) desde logo o seu foco preferencial, a sua linguagem e estilo próprios, seus conceitos e o seu próprio personagem de artista...

Isso mesmo, o artista, seja pintor, músico ou escritor, tem um personagem próprio. Para as pessoas que só podem conhecer a sua arte a partir do veículo e não a sua pessoa, será inevitável eleger atributos para agregar referencialmente ao seu nome, ou para humanizar o seu nome, e torná-lo mais compreensível. As pessoas “tocam” o produto artístico como se tocassem a pessoa do artista subconscientemente. Por isso, se você não quiser criar lucidamente o seu personagem e torná-lo compreensível para eles, os admiradores da sua arte o farão instintivamente e você só saberá depois, ou talvez passe pela vida sem saber como é visto, ou pior ainda, imaginando o que não corresponda nem de longe à realidade.

Não importa muito a linguagem artística que se escolhe. O processo evolutivo é muito semelhante. E todo aquele que reluta em mostrar seu trabalho e predispor-se a um julgamento que não se submete ao seu próprio, apenas retarda a sua própria evolução.

Foto de DENISE SEVERGNINI

ESPAÇO EM BRANCO*

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Compreendi ausência como fonte de tristeza
A presença camuflada nas vozes de um vento
desvendam-se em expiação de um sentimento
Que deve ser exaurido, rápido e com certeza

A impropriedade justifica-se sem argumento
É insano sentir... É nadar contra a correnteza
Nada posso construir, nem dele tirar provento
lacuna deixada por ti, exercita minha destreza

Outras praias distinguir, outros clamores ouvir
Sem ter tão próximo o guardião a me proteger
Será minha nova meta, diferente porta a abrir

Caminhar solitária e uma alma louca a bramir
Segura o lápis... E o verso do peito a escorrer
Como sangue poético do meu profundo sentir

Foto de Carmen Lúcia

Brincando com palavras...

Brinco com as palavras;
faço com elas o que me aprouver...
desfaço e refaço meus sonhos
e ainda vou para onde quiser...

Construo mundos diferentes,
levo felicidade a toda gente...
Pego o lápis e escrevo Amor,
e com a borracha apago a dor.

Carmen Lúcia

Foto de angel25

Saudade

Dentro de quatro paredes escrevo o que o meu coração me dita numa voz terna e suave.
Deliro com o que me diz e a cada palavra morro de saudade.
Saudade de te ter nos meus braços e com uma mão percorrer o teu corpo acariciando a tua face, os teus braços, hum...e com a outra de volta da tua cintura para que não fujas, não hesites, não rejeites tudo o que tenho para te dar.
Saudade de beijar os teus lábios doces, os teus beijos são incríveis e maravilhosos, aquecem o meu coração no Inverno e refrescam-no durante o verão.
Saudade de te olhar nos olhos, e como que hipnotizada diante de tamanha beleza, tamanha sensibilidade, tamanha doçura a única palavra que consigo expressar é "amo-te". Paro de escrever para suspirar e lembrar todos os momentos já passados na tua companhia e volto a suspirar e penso naqueles que hão de vir. Torno a pegar no meu tristonho lápis para continuar a escrever a canção de amor que sai de dentro de mim, e que ilumina e afasta a escuridão existente á minha volta devido a solidão e ao medo de ficar só, de te perder, de te desiludir, de fracassar e acabar por enlouquecer se não te voltar a ver. Dentro destas quatro paredes...eu escrevi o meu amor...com uma lágrima de saudade pelos momentos vividos e um sorriso de felicidade por os ter partilhado contigo e por seres tu aquele que eu amo e que me faz feliz. Por vezes sinto-me só, mas é contigo que eu encontro o abrigo que me salva,
de todos estes medos que me perceguem...

sofia

Foto de Zinara

Alma de Lápis

Poderia escrever sem fim
Mas o meu lápis está frágil
Não escreve
Não desliza
Simplesmente partiu-se
O meu pensar não imagina
Apenas vagueia na brancura das folhas

Só Eu e o livro
Não estou apenas só
Mas com um livro
Que não me inspira
Revela-me realidades escondidas
Transmite-me sentimentos fechados

Não quero escrever
Não quero Ler
Quero a minha mente livre
Sobrevoar as folhas da imaginação
Respirar os sonhos das noites em silencio
Silenciar os pensamentos negativos
Cruzar o céu da esperança

Então aí escrevo
Preencho estas folhas
Como pensamentos livres
Criarei uma realidade
Pr'além da imaginação
Pintarei com cores carregadas
De sentimentos libertados

Será uma viagem
Cheia de sentimentos
Que nunca antes foram revelados
Que nem sequer foram experimentados
Apenas ouvidos mas nunca sentidos

E nesse sitio
Com este diário já escrito
Ficará lá a minha alma
E eu no meu quarto
Agarrada ao meu diário

Enquanto a minha alma e o meu lápis
Deslizam nas névoas da imaginação

14/ Novembro/2008

Foto de pttuii

Pessoas que amam pessoas

pessoas que amam pessoas,
são as pessoas menos azuladas,
tomam banho, despem piloros,
têm hérnias quando comem tremoços,
e o mundo gira,
sem perdões incongruentes,
porque nem se importa,....

pessoas que desprezam pessoas,
choram com o fado mais brejeiro,
porque se importam,
querem convergências,
pulam com meninos simpáticos,
e depois,
assinam um cheque,
em moeda maldita,
para abater rebentos,....

pessoas que amam pessoas,
são bolas de naprons tricotados,
a balouçar nas patinhas de um gato,
para um fim que pede reflexão,
porque o mundo está pintado a lápis de cera...

Foto de Sirlei Passolongo

Minha Primeira Aula.

Numa mochila de tecido
Que minha mãe costurava
Cadernos de brochuras
Réguas, lápis e borracha
Meia hora antes do sino
Lá estava eu, quanta ansiedade
O relógio me levava a loucura...

Quando ela entrou na sala
Uma luz parecia brilhar em teus olhos
Confesso!minhas mãos estavam frias
Meu coração disparava
Meu sonho se realizava
Era meu primeiro passo
Era meu primeiro dia
Numa sala de aula...
Mas aquela professora
Continuou comigo
Por toda minha estrada.

(Sirlei L. Passolongo)

Foto de pttuii

Mena

Nunca se desdisse a frontalidade com que Mena pousava a alma em cima do mesmo bloco de granito, durante todos os dias que corriam em carreira. Chovia palha, quando a chuva não era mais que o que ela queria que fossem os sentimentos e as desditas. Ventava de menos.
Sim, a alma em cima de um bloco de granito, à beira de uma paragem desactivada de transportes públicos, eram coisas exangues.
E percebia-se que Mena nem sequer existia, porque o vento só reconhece quem tem coração que transpira estatismo eléctrico.
Apostou-se bem, quando ela um dia não apareceu, e o bloco de granito passou o dia nu. Sem a alma de Mena em cima. No dia seguinte voltou, e trovejava. Foram dois vencidos da vida, dois sublinhados pelo lápis invisível da morte, que lhe bateram nas costas para a felicitar. Esse foi o momento que Mena escolheu para se desfazer. Arrancou o único cabelo dourado da cabeça de rodilhas, e o ar foi subtilmente diluindo-se em volta dela.
Acabou por o mundo ver que Mena são dois dias que nunca se encontraram em si próprios, e fizeram denúncias simultâneas de incumprimentos metafísicos. Nasceu a discórdia nesse dia, e o ar concordou quando a matou.

Foto de Vadevino

BEIJOS e BEIJOS

Beijos pro Sol ...
Beijos pra Lua ...
Beijos pra praça ...
Beijos pra rua ...

Beijos pra casa ...
Beijos pro solar ...
Beijos pro almoço ...
Beijos pro jantar ...

Beijos pra justiça ...
Beijos pra paz ...
Beijos pra frente ...
Beijos pra trás ...

Beijos pra chuva ...
Beijos pra garoa ...
Beijos pro rio ...
Beijos pra lagoa ...

Beijos pra noite ...
Beijos pro dia ...
Beijos pra mãe ...
Beijos pra tia ...

Beijos pro lápis ...
Beijos pro caderno ...
Beijos pro verão ...
Beijos pro inverno ...

Beijos pra flor ...
Beijos pro jardim ...
Beijos pra todos ...
Beijos pra mim ...

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