Lembranças

Foto de Deni Píàia

Do outro lado da vidraça

Lado A

Entrelaçando-se à árvore nua o vento uivou um tom acima do habitual. Trouxe com ele folhas secas, sensações molhadas, lembranças amargas. Do outro lado da vidraça a mulher, cúmplice, com seu coração seco, face molhada, um gosto amargo na boca que ansiava por outra boca. Via na árvore seus próprios braços a se agitarem em desespero, o desespero dos abandonados, tentando se agarrar ao rastro que ficou. Nem viu o tempo passar convidando-a para seguir com ele. Preferiu o conforto da autopiedade ao incômodo da verdade.
Do lado de fora, bem próximos à arvore, dois olhos mergulhados em arrependi-mento esperavam ser notados. Absorvidos pelo medo do regresso, pela incerteza do acolhimento, aguardavam que a fantasia do reencontro se realizasse por si só. O medo... Sempre o medo. E ninguém notou que tudo estava do outro lado da vidraça.
O vento fechou a janela para, em seguida, abrandar. Cada um voltou ao seu mundo e, tristemente, tudo virou rotina outra vez.

Lado B

Uma árvore nua colocava-se entre ele e a janela atrapalhando a visão. E para piorar, o vento barulhento que enchia a atmosfera de poeira, folhas secas e pingos de uma chuva que prometia não desabar. Muito pior, porém, era o nó na garganta, a boca seca, os olhos encharcados que procuravam a visão tão esperada de alguém do outro lado da vidraça. Pensou no tempo passado que, certamente, já teria apagado seu rastro deixado quando foi embora, quando preferiu seguir em frente, buscar algo que nunca soube o que era, não se dando conta da besteira que fazia. Agora só o medo da volta, da rejeição.
Lá dentro um rosto quase colado à vidraça, dois piedosos olhos inundados de arrependimento por nada terem feito, aguardando por um retorno que parecia tão distante. Quanto sentimento guardado! Mas o tempo atrapalhou tudo e eles não se notaram.
O vento fechou a janela para, em seguida, abrandar. Cada um voltou ao seu mundo e, tristemente, tudo virou rotina outra vez.

Foto de Hirlana

Sempre!

SEMPRE ESTEVE EM MEUS OLHOS O MOMENTO QUE EU QUIS TE ABRAÇAR.
VOCÊ NUNCA TEVE CERTEZA, MESMO DIANTE DE TODAS AS CERTEZAS E JURAS QUE EU TE OFERECIA.
EU QUIS QUE VOCÊ FOSSE O ÚNICO.
EU QUIS QUE VOCÊ E EU VIVESSEMOS UMA GRANDE HISTÓRIA DE AMOR.
EU DESEJEI ARDENTEMENTE ESTAR NOS TEUS PENSAMENTOS
PEDI A DEUS TODAS AS NOITES PARA SONHAR COM TEU ABRAÇO, COM TUA CHEGADA E, POR MUITAS VEZES, TE AMEI A NOITE INTEIRA E, AO AMANHECER, AGRADECI A DEUS POR, MESMO EM SONHO, TER TIDO VOCÊ.
EU SONHEI COM UM FUTURO ALEGRE E VINDOURO AO TEU LADO E VI ATÉ NOSSOS FILHOS CORRENDO NO JARDIM, EU ATÉ BRINQUEI COM NOSSO CACHORRO!
VIVENCIEI O JANTAR MAIS LINDO DA MINHA VIDA AO TEU LADO E SORRI DA FORMA MAIS ALEGRE QUE MEU CORAÇÃO SENTIU.
POR SUA CAUSA EU AMANHECI SORRINDO AO LER UMA MENSAGEM NO MEU CELULAR.
PRA TI GUARDEI O AMOR QUE EU NUNCA SOUBE DAR A NENHUM OUTRO ALGUÉM. GUARDEI AS BATIDAS PULSANTES DO MEU CORAÇÃO PARA OUVIR TUA VOZ PRONUNCIANDO MEU NOME.
E, EM LUGARES QUE NINGUÉM JAMAIS IRÁ ENCONTRAR, EU ESCONDI TODOS ESSES SONHOS E MOMENTOS, COMO FORMA DE ME REFUGIAR DA TRISTEZA QUE É NÃO TER VOCÊ.
APAGUEI DA MEMÓRIA AS VEZES QUE OUVI PRONUNCIAR DE TEUS LÁBIOS O ‘NÃO’ QUE EU JAMAIS DESEJEI ESCUTAR.
ERA FIM DE NOVEMBRO, VOCÊ SE FOI, VOCÊ QUIS IR. E HÁ TEMPOS ESTOU AQUI, NO MESMO LUGAR, COM OS MESMOS SONHOS E LEMBRANÇAS, ESPERANDO UM DIA EM QUE VOCÊ ME DARÁ NOVAMENTE A CHANCE DE SER FELIZ…

Foto de Hirlana

Quando...

O abraço entrelaçar no laço a segurança
O beijo estalar nos ouvidos o 'eu te amo'
O aperto de mãos mostrar seguramente o respeito
A palavra pronunciar sons de paz na alma
O olhar brilhar a esperança de um futuro
A saudade vir acompanhada da lembrança dos sorrisos compartilhados
As lágrimas rolarem no rosto que reflete no espelho a paixão
Quando eu me dei conta que você era meu mundo,
Quando eu quis de volta o laço do teu abraço, o beijo estalado, as mãos carinhosas, as palavras carregadas de doçura, a troca de olhares... só me restou a saudade que alimento com as lembranças dos momentos e, estas lágrimas que molham e esfregam no meu rosto que eu te perti.
Quando o tempo passar, mais e além do que já passou, levará cravado em cada dia minha oração suplicando o teu retorno.
Quando enfim, eu tiver a grande e talvez única oportunidade de estar ao teu lado a sós só mais uma vez, nada direi desse meu penar e em silêncio farei uma oração contemplando e agradecendo a Deus o brilho do teu olhar que a cada dia é meu sonho de luz do Sol ao acordar!

Foto de Fernanda Queiroz

Olhos de menina

Olhos de Menina

Queria olhar-te com olhos de menina
Dar-te um abraço apertado
Desprovido de fardos acumulados
Ou dos lábios silenciados
Queria passar por esta porta
Sem que ela gemesse
Como o pranto que não segurei
Ou como os gritos que não dei
Queria sentir que a esperanças
Não se transformasse em lembranças
E o teu rosto poder ter
Por todo meu viver
Não quero escrever triste
Você sempre foi mais que alegria
Que habita todos meus dias
Que faça com que eu exista
Mas sei que está sendo profundo
Pois você é o meu mundo
Não há como negar
Ou tentar enganar
Por você imploraria
A quem fosse dono e senhor
Por você me humilharia
Em qualquer crença for
Pedir-te-ia com jeito
Ressoando eu meu peito
Este mais puro amor
Ver surgindo do nada
Uma mão espalmada
Que fosse grande o bastante
Para apenas por um instante
Transformar sonhos de dor
No milagre do amor.

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Foto de Carmen Lúcia

Retrato da Vida

Num canto da sala balançava a cadeira. Por cima dos óculos ela só observava. Não dava palpites.
A rotina diária...Muita algazarra, correria. Todos apressados, em tropeços, passavam por ela.
Nem sequer percebiam que ela percebia. Olhava a todos e a tudo.Sem que ninguém a visse.
Os dedos já cansados esboçavam um bordado. Pareciam mecanizados, de tão acostumados a esses traçados. Chegavam à perfeição.
Seu rosto, sem expressão, semblante enrugado, eram marcas que o tempo lhe deixara.
Um tempo ausente que corria lá fora. Agora mais veloz, levando embora a vida que ela via caminhar, além da janela, afastando-se cada vez mais.
Vieram-lhe as lembranças. Ricas lembranças.Criança correndo pelo campo, sem tempo, sem marcas, só esperança. Só risos. Sonhos. Fantasias.
Então cerra os olhos.Começa a imaginar.Ouve uma música suave. Esboça um doce sorriso e se pega a rodar, a girar, por entre flores, pés descalços na grama úmida com o vento acariciando seu rostinho de criança feliz. De repente a criança põe-se a correr...para um lugar belíssimo, indescritível, inimaginável...
A cadeira já não balança. Permanece imóvel no canto da sala.
Caído ao chão, um bordado perfeito e já terminado.
Repousa de lado aquele rosto sem expressão, marcado agora pela morte.
A lida prossegue lá fora. E lá dentro, a rotina de sempre. É a vida!
Ninguém percebe a partida.

_Carmen Lúcia_

Foto de Gui❤Lari

A dor da partida

Você se foi e nem nos despedimos,
No meu pensamento o seu sorriso a me ver
Assola meu coração
Não posso me controlar, começo a chorar.

Lagrimas de saudade
De solidão, pois sem você me sinto só.
Sem ninguém pra conversar
Sigo meus dias lentamente

Ficaram somente os bons momentos,
Que guardarei comigo, enquanto eu existir.
A certeza de que esta em um bom lugar,
Conforta-me.

Não imaginava te perder,
Mais o destino assim o quis.
Descobri do pior jeito a dor mais insuportável do mundo,
A dor da saudade.

Descanse em paz mãezinha querida,
E tão certo de que o sol sempre volta a brilhar,
Após a mais terrível tempestade,
Encontraremos-nos outra vez na casa do Pai.

Beijos,
Te amo de todo meu coração.
Que sangra mais também se alegra.
Com lembranças dos nossos bons momentos

Foto de Hirlana

Erros e desencontros...

O amor é assim, tão errado e tão correto quanto escrever um lindo poema em uma folha sem linhas retilíneas.
Quando finalmente depois de sofrermos os desencantos de um amor cruel, ou melhor, de um desamor, finalmente nos deparamos com a pessoa certa. Nossa, essa pessoa é linda, especial, maravilhosa, inteligente, amável... eu mereço tudo isso...será que essa pessoa me quer ou estar brincando... eu não posso me iludir...
Depois de tantos erros e desencontros amorosos na vida, é bem verdade que desaprendemos a amar e demonstrar esse amor, mas também, desacreditamos que a outra pessoa possa estar nos amando e acabamos que não ofertamos o zelo necessário para que o amor vingasse.
Bem, nessa situação ocorre o não esperado por nós, perdemos essa pessoa! E, por culpa própria!
Seria tão belo se todas as nossas dúvidas, desaprendizados e erros pudessem ser apagados todas as vezes que tomássemos consciência do erro, porque é tão triste perder a pessoa que se ama sem nem ao menos saber se poderia dar certo...
Nestas linhas poucas ou poucas linhas, me perco em pensamentos perdidos, em lembranças de atitudes medrosas, em beijos inesquecíveis e abraços que me deixaram o vazio que o tempo não consegue preencher, tampouco a memória consegue apagar cada sonho com o retorno do ser amado, nas madrugadas chuvosas que teimam em acompanhar as lágrimas de um coração ferido e desesperado que acorda de um sonho... que foi apenas um sonho.
Pedir a Deus seu retorno à minha vida é algo tão repetitivo e buscar uma forma de te ver ao longe já conforta um coração que bate apaixonado por ti, meu amado que já está ao lado de outra...
Eu tentei lutar por esse sentimento e lutei errado, desencontrado...só sei que nesta luta, perdi em todas as batalhas por erros exclusivamente meus.
Aprendi... a duras penas e sofridas lágrimas que meus erros, medos e inseguranças, me fizeram perder o ser que mais amei em toda a minha existência...

Foto de Maria Goreti

TRÊS IRMÃS

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(Reflexão de fim de ano)

Minha inspiração tirou férias! Que alívio!

Pensar que eu me sentia na obrigação de escrever todos os dias, qualquer coisa, para que meus leitores não ficassem à deriva. Absurdo!

Natal, passou em brancas nuvens. Ano Novo também.

A poesia não se fez presente no papel, mas na minha vida Estrelas de Belém se fizeram soberanas no renascimento de três irmãs: a Fé, a Esperança e a Caridade. Também não tive ceia farta, mas, o que me foi permitido ter, fartou-me e aos meus. Não armei árvore de Natal, porém um humilde presépio, num móvel, no canto da sala de jantar. A casa estava cheia, não de gente, de memórias dos encontros de outros natais e saudades de pessoas queridas que jamais voltarão, a não ser nas lembranças vivas em nossos corações.

Vi renascer a Fé na vida, ao sentir a capacidade de amar incondicionalmente, ao me ver forçada a abandonar o vício de comprar presentes e fazer o Natal comercial. Presenteei sorrisos, sentindo o sabor das lágrimas contidas. Vi renascer a Esperança, ao ver minha mãe recuperar-se de uma pneumonia e suas possíveis consequências, graças ao amor e dedicação que pude lhe dispensar, doando-lhe todo o tempo e paciência disponíveis e indisponíveis. Diante de trabalho intenso, de noites não dormidas, vi renascer a Caridade. Aprendi, com tudo isto, que Fé não é postar as mãos e colocar os joelhos no chão, dizendo em alto e bom tom “Senhor, Senhor!”, que Esperança é muito mais que desejar “Boas Festas de Natal de Ano Bom” e que Caridade não é abrir a “burra” e espalhar dinheiro aos quatro cantos, porque, se assim fosse, eu jamais poderia me colocar no patamar das pessoas caridosas.

Aprendi também que o Natal é todos os dias, cada hora, minuto e fração de segundo de nossas vidas. Que o Ano Novo, nada mais é que um dia após o outro. Que o sonho, a ilusão de que dias melhores virão, é que nos mantém vivos, apesar das dores e dissabores. Então, eu agradeço aos Céus as fichas que caíram sobre minha cabeça nestes dias de festas!

Que este seja um ano de Fé, Esperança e Caridade – em amplo sentido – nas vidas de todos nós!

Feliz 2011!

© Maria Goreti Rocha
Vila Velha/ES – 01/01/2011

Foto de betimartins

No mar da minha imensidão...

No mar da minha imensidão...

Fui refrescar minha alma nas águas do mar
Fiquei encantada com tanta beleza ali exposta
Meus pensamentos voaram ao sabor do vento
Entre lembranças de criança e do meu amor
Senti o frio gélido nos meus ossos, quebrar
Todos os meus pensamentos atolados e vazios
Entre as brumas do saber viver, na luz do teu olhar
A luz que ofuscava o céu era a tua luz, o teu amor
E eu ali parada nas águas geladas, deixando-me sonhar!
Sonhar que as estrelas estavam na minha mão, cintilando
E que a lua estava sendo minha rede para meu corpo descansar
Eu queria fazer um poema de amor, olhando a beleza do momento
Mas as palavras não saiam da minha boca, era um branco total
Mas o teu abraço chegou quente e doce, entre palavras meigas
Palavras de amor, palavras cheias de calor, o teu calor
Que exalam da tua alma como pétalas de rosas perfumadas
Onde só eu posso acessar, posso conhecer teus segredos escondidos
No mar da imensidão, da vida que corre apressada, do ar que voa
Juntamente com os belos pássaros, com as ondas do mar aflito
Que no refrescar da nossa alma, vendo-nos na água cristalina
Podemos ver-nos sem medo, nossos defeitos e nossos desejos.
Mas neste mar eu sou feliz, sou livre, sou a gaivota que voa
Sem medo através das ondas do mar, mesmo agreste e revoltado
Sou o golfinho nada feliz nas águas frias, avisando os perigos
Que a vida, a bela vida nos trás um dia, desde que saibas ultrapassar
Eu sou o mar, a bela imensidão que ainda nem eu me conheço
Mas um dia quem sabe, DEUS vai poder mostrar quem eu sou!

Betimartins 4 de Janeiro de 2011

www.betimartins.prosaeverso.net

Foto de Carmen Vervloet

NOSTALGIA

Na mente "flashes" dos bailes românticos de antigamente
onde as moças, qual plumas, giravam pelo salão
a alegria cabia apenas num sorriso e educadamente
no “grand finalle” o cavalheiro agradecia com um beijo na mão.

Os olhares se cruzavam perdidos em emoção
acendendo as fagulhas das asas do desejo
a orquestra tocava valsa, bolero, samba canção...
O contato sutil dos lábios num tímido beijo.

Uma palavra de amor segredada baixinho ao ouvido
o farfalhar das anáguas engomadas sob o vestido
lembranças que guardo eternamente comigo
cerradas num frasco de Dioríssimo antigo.

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