Lobos

Foto de CarmenCecilia

SÉRIE HOMENAGEM E ANIVERSÁRIO THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO

Encante-se com a História secular do maravilhoso Theatro Municipal do Rio de Janeiro, após sua reforma e que fez aniversário esse final de semana!

Edição e narrativa:

Carmem Cecilia

Fundo Musical

La Traviata ( Verdi )
Nessum Dorma ( Puccine )
Bachianas n.2 ( Heitor Villa Lobos )
Hino da Alegria ( Bethoven )
Marcha Triunfal ( Aida - Verdi )

THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO - ANIVERSÁRIO E HOMENAGEM - INTRODUÇÃO E PARTE EXTERNA

LINK PARA ESSE VÍDEO:
http://www.youtube.com/watch?v=bYwe75uQO30

THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO - INTERNO E SALA DE ESPETÁCULOS

LINK PARA ESSE VÍDEO:
http://www.youtube.com/watch?v=FDijUsOBnY0

THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO - O ASSÍRIO

LINK PARA ESSE VÍDEO:
http://www.youtube.com/watch?v=d7Lu7vwGO4Q

http://carmemceciliapoemas.blogspot.com/

Foto de Carmen Vervloet

Arre Morte!

A morte em longas vestes negras,
nariz afilado,
garras afiadas, foice na mão
bate à nossa frágil porta
sem chave, sem tranca, sem escoras...
Diz que é chegada a hora...
E nem se importa
se ainda nos sentimos crianças...
Nem se nossa amiga esperança
empresta-nos forças para enfrentá-la.
Destina-nos um túmulo hostil
um lugar tão frio,
um espaço escuro e vazio
coberto por granito polido
que esconde o anil escorrido do céu!
Asfixia-nos com seu negro véu...
Gatos pretos rondam nossa sorte,
lobos prevêem nossa morte e
soltam uivos que arrepiam na escuridão!
Bate acelerado nosso coração!
Momento de medo e solidão!

Arre morte!...
Bata em outra porta,
não injete seu veneno
em minha aorta
não quero ir, não posso partir...
Cumpro ainda minha missão.
Tenho que fiar poesias...
Tecer versos de alegria,
semear sentimentos em profusão
sobre a terra deste nosso mundo
às vezes cordeiro outras vezes cão.

Foto de betimartins

Sexta Feira, dia 13...

Sexta Feira, dia 13...

Oh! Lua. Oh, minha Lua! Feiticeira
Dos desejos ocultos, secretos e oprimidos
Dona da insana minha paixão e emoção
Nas raras porções mágicas dos enamorados...

Entre cobras, lagartos e aranhas
Todos juntos, com a baba de bode
Uma porção de idiotice e sem fé
E uma gargalhada bem aflorada...

Todos já vestidos de negro na floresta
Rodam em danças mágicas, bebendo
Os lobos uivam, lambem o seu pêlo
Que sua noite vai ser de grande farra...

No ar já a pobre vassoura passeia
A velha bruxa está alcoolizada
Em zás- zás, sem qualquer nexo
E suas gargalhadas estrondosas e cruéis...

Já na velha casa, está o charlatão, de turbante
Com sua bola de cristal e no seu velho baralho
Venham! Rios de dinheiro! Eu! Tudo posso ajeitar
Tudo o que possam vir a pensar, até os calos do futuro...

A benzedeira faz o sinal da cruz, arrepiada
Dizendo “cruz credo”, mas o que é isto?
È muito mau olhado e muita inveja
Que corta o teu lindo caminho...

Não tem sogra que resista e coitada da pobre amante
Todos são culpados, dos sem vergonha, caras de paus
Mas apenas, com os pozinhos mágicos, julgam curar
As suas escapadelas, na tão azarada sexta feira, dia 13!

Foto de P.H.Rodrigues

Lobos

A beira mar, do caminhar que faz pensar
muitas vezes recordar, ou desejar
imagens que te fazem maquinar
planos de vida que quase nunca saem do papel e que logo se deixa vagar

por um mundo absurdo feito por loucos
que na verdades são muitos e ao mesmo tempo poucos
que enxergam com outros olhos e fazem esforço
pra mudar e mostrar o quem são os lobos

que comem e caçam quem espera
que não deixam os fracos terem vez
não pensam muito, não pensam duas vezes
querem um, querem dois, logo querem vocês

lobos humanos que só sabem desejar
planos, sonhos, ambições, que mesmo sem saber se irão se realizar
se tem o prazer de sentir,
de enxergar, de querer descobrir

o poder da curiosidade que faz o mundo girar
que faz o presente progredir
que mal usado não te tira daqui e nem te põe ali
mais que quando bem usado pode sim te fazer sorrir.

Foto de betimartins

O Chico e seu amigo Jesus

O Chico e seu amigo Jesus

Era uma vez um lindo casal da aldeia que resolveu ir mostrar a cidade e os seus atributos que ela oferece por tanta diversão. O seu menino tinha apenas cinco anos, um belo rapaz com seus cabelos loiros e cacheados, olho negro, quase preto e muito alegre Seus pais os chamavam de reboliço, porque ele não parava quieto e tudo queria saber e aprender.
Eles o levaram a cidade para mostrar o Parque Zoológico e também o parque aquático, que ele via nas revistas e tanto queria conhecer. Era estranho com os bichos, parecia que falava com eles, não podia ver nenhum abandonado ou doente que logo levava para casa e o curava. Depressa arranjava donos para eles com aquele jeito meigo e sábio de falar.
Era o José Francisco, José era nome do seu avô paterno e Francisco de seu avo materno, era o encanto da família embora da aldeia fossem bastante abastados e cultos.
Foram no seu automóvel novo, levaram três dias para chegar à cidade, pensaram em passar a Páscoa lá e ir ver alguns amigos e família.
O José Francisco estava impaciente, queria apenas ir logo que chegasse a cidade ver os seus amiguinhos, porque os animais eram os seus melhores amigos.
- Mama, olha ali, estamos pertos já vemos placas de publicidade.
Aos pulos e inquieto ele não demonstrava qualquer cansaço apenas queria ir ver o Zoológico, seu pai, olhava-o pelo espelho refletor, sorrindo olhando sua esposa, pensando como tinha sido abençoado por Deus ao dar tão bela família.
Levantaram cedo do hotel, para chegar ao Parque o cedo possível para seu menino aproveitar tudo como era seu desejo. Entre os dois eles já tinham pensado que iriam o levar mais que um dia para compensá-lo por se portar tão bem com todos.
O pai feliz exclama!
- Chico já chegou, olha ali, olha e já vês a reserva, já estamos mesmo a chegar.
Seu rosto iluminava com tanta felicidade, era o momento que tanto desejou e ansiou.
Estacionaram seu carro e agarrando as mãos do pequenino Chico, entram e foram mostrar o parque.
Não sem antes sua mãe e seu pai darem explicações que não devia tirar as suas mãos e estar sempre perto deles. Obediente ele concordou, mas ele só queria ir depressa à sua aventura.
Ele viu os tigres, rinocerontes, ursos, leões, elefantes, zebras, pandas, girafas, macacos, renas, lobos, porquinhos da índia, viu uma demonstração dos dinossauros ao vivo, que assustava. O que ele mais perdeu tempo foi com os passarinhos, ele adorava o que via ali, logo chegou ao parque aquático, encantado ele pode ver golfinhos, uma tratadora, deixou-o tocar neles e estranho eles tinham um comportamento estranho, tipo uma adoração o que o menino mandasse fazer eles faziam parecia entender sua linguagem.
Feliz ele queria nunca mais sair dali, seus pais quase que o arrastavam, para mostrar tudo o resto. Afinal ele queria ver os outros animais marinhos, tinha ainda as focas, as lontras, as tartarugas, as raias, os tubarões os peixinhos que andavam por ali e os corais que tanto queria ver de perto.
Já era muito tarde e ainda faltava ver os repteis o Chico não queria ir embora sem os ver, correndo lá conseguiram mostrar, mas teve sorte ele não gostou muito deles e então das cobras ele só queria ir embora dali.
Logo chegaram à casa dos primos, que alegria apenas os via no Natal e iam os ver agora na páscoa. Que correria, que barulho, também com seis crianças quase todas de idades com diferença de um ano entre eles, era uma alegria total.
Foram descansar para depois jantarem juntos, estavam exaustos precisavam de um banho e o pequenino Chico também.
Desfizeram as malas afinal eram mais uns dias que ali iam ficar e Chico foi a sua mala e tirou um livro, o livro de Jesus, sorrindo ele diz mamã eu vou conversar um bocadinho com ele afinal tenho que lhe contar o meu dia e agradecer também.
Sentadinho na sua cama ele conta seu dia, sorri e mantém uma conversa como se estivesse Jesus ali com ele, agradece e beija o seu livro, colocando-o na sua cabeceira da sua cama.
Jantaram, foram dormir, pois estavam muito cansados, de manha acordaram com o barulho das crianças a brincarem no jardim, tranqüilizaram os pais dizendo que ele já tinha almoçado e que estava com seus primos que estava uma empregada a cuidar deles.
Respiraram fundo agora tinham um pouco de tempo para eles mesmos e saíram para dar uma volta.
No meio da algazarra andavam a brincar ao esconde, esconde, ganhava o que mais escondesse bem, Chico fugiu para bem longe da casa, viu uma capela velha, abriu com dificuldade a porta, entrou. Ficou maravilhado, apesar de velho era lindo apenas estava mal cuidado. Por momentos ele esqueceu a brincadeira, sentou-se num banco em frente a um altar onde tinha Jesus sorrindo e de mãos entendidas para ele. Ele conversou com seu amigo Jesus saiu do altar e veio se sentar do seu lado, juntos eles riram, juntos cantaram e estando já muito cansado Jesus pega nele no colo e o abraça.
Ele dormiu, ele não sabia se estava a sonhar ou era imaginação, mas ele estava num lugar lindo, cheio de flores, animais que falavam e todos tinham asas e voavam.
Jesus olhava para ele sorrindo, colocando devagar no banco da capela e voltou para seu altar.
Todos estavam em alvoroço, assustados ninguém encontrava o Chico e seus pais estavam a chegar a casa para almoçar, que iriam fazer, mas ele não tinha como sair dali.
Voltou a ver toda a quinta e alguém se lembrou da velha capela e foram a correr. Abriram a porta, lá estava ele, dormindo no banco em frente ao altar, Acordou ele ao levantarem e ele triste resmunga:
- Porque me tiraste do colo de Jesus? Eu estava tão bem no seu colo.
Pasmados e surpresos por tudo isso eles falaram apenas.
- Calma! Tu estavas a sonhar, um lindo sonho, mas não passou de um sonho
Engraçado, o dia passou e todos respiram de alivio, por tudo ter dado certo. No dia seguinte eram vésperas de páscoa e todos foram à missa na igreja próxima. O Padre começou a ler o evangelho e fala que Jesus morreu pregado na cruz, fala de novo e Chico grita no silencio:
- Mentira, Jesus não morreu não, ontem ele esteve a conversar comigo e até adormeci no seu colo.
Todos olhavam para o Chico e abanavam a cabeça. Pobre criança que devia estar doente
Seus pais mandaram Chico se calar, ralhando pela sua falta de respeito.
Triste ele ainda tenta responder:
- Mas mamã foi verdade...
Ninguém acreditou nele, ninguém, triste ele foi para seu quarto e chorou.
Jesus voltou a pegar nele e sorriu dizendo não faz mal Chico, fica um segredo nosso eles não acreditam, pois não me sentem no seu coração.
Afagando seus cabelos, Jesus falou:
- Feliz páscoa para ti, meu lindo anjo.
Chico sorriu feliz e voltou adormecer...

Foto de Oliveira Santos

Moribundo

Os meus gritos
São como uivos fúnebres
Dos lobos
Agourando ao luar

O meu toque
É o tato cego
Do insensível
Que não quer tocar

O meu olhar
É o já sem vida
O esvaido
Procurando pouso

Os meus passos
Claudicantes
Me derrubam
Tento levantar

E minhas mãos
Não se desprendem
Deste solo
Que tragou meu ser

E minha voz
Titubeante
Que murmura
O que eu não sei dizer

Se solta aos poucos
Vai ao ar
E voa
Em meio ao vento

E volta súbito
Em recusa
Inflige a mim
O tormento

Os estranhos sons
De tão confusos
Não sei
Distinguir

E momentaneamente
Minha mente
Insana
Me tenta a partir

E em frente
A linha limítrofe
Entre os mundos
Vivo e imortal

Baixo a cabeça
Me ajoelho
Sucumbido
Ante ao meu destino fatal

16/07/96

Foto de Thaissa Miranda

O Grande Mestre Ilusionista.

Truques são ilusões, feitos para enganar. Algumas pessoas são como os truques, iludem e enganam. Sabem onde tocar, são meticulosas, tem as habilidades necessárias, não sentem dor, sabem falar "Eu te amo" à quem odeiam e não demonstrar nada a quem amam, com medo de abrir uma brecha na minuciosa pretenciosidade à perfeição devastadora.
O caminho mais errado, rumo ao desconhecido, parecia o mais correto ao lado delas. Como inofensivos lobos em pele de cordeiros. Escondidas atrás de uma massa cinzenta, prontas para sempre pensarem no grande truque. O que antes era apenas uma cartola vazia, agora esconde um coelho dentro, ''ABRA CADABRA'' : a vida se torna insustentável sem elas e você se torna cego diante da situação.
O grande circo está montado, temos os mágicos audaciosos, elegantes, cheios de cartas na manga para qualquer eventualidade.
Temos a platéia para aplaudir o belo espetáculo, prestando atenção em tudo, se prendendo no ponto errado, dando todo o crédito aos nossos caros ilusionistas, enganadores, adivinhadores do que você mesmo contou sem perceber, ao acreditar na ilusão que te faz feliz por um instante.
Não. Você não vai ficar bem! Você será como o palhaço que faz todos rirem por ter uma cara pintada, um nariz vermelho e uma piada sem graça, que todos conhecem.
Quando sair do palco central, o picadeiro, perceberá então que ninguém deu-lhe a importância necessária. O mágico vestirá sua capa preta de veludo, preta como tudo que encobre sua vida. Já você sairá triste, mais triste do que quando entrara, quando teve de fingir ser feliz. Ao contrário do mágico o palhaço não faz truques, não sabe enganar ninguém. Ao chorar sua maquiagem escorrerá sobre a face, como que um rio levando tudo de ruim pela frente, sem conseguir parar, seguindo a artéria, rumo a correnteza.
Sou como o palhaço preso nessa rotina sem fim, fadado à sempre tentar ser feliz. Com uma máscara que se desmancha facilmente. Mesmo sabendo que ao chegar em casa a tristeza não tardará a me encontrar, sendo sempre enganado pelo mesmo mágico que já conheço como o nome de Amor.
O show deve continuar, porém até quando?

Thaissa Miranda Silva

Foto de PedroBinello

Passos

Onde passeio,
Não passeia,
Onde canto,
Não canta.

Te procuro,
Mas não encontro,
Preciso vê-la

Iria ao fim do mundo,
Lutaria com lobos;
Tudo para vê-la.
Mesmo que por alguns segundos.

Foto de cafezambeze

JOÃO PIRISCA E A BONECA LOIRA (POR GRAZIELA VIEIRA)

ESTE É UM CONTO DA MINHA DILETA AMIGA GRAZIELA VIEIRA, QUE RECEBI COM PEDIDO DE DIVULGAÇÃO. NÃO CONCORRE A NADA. MAS SE QUISEREM DAR UM VOTO NELA, ELA VAI FICAR MUITO CONTENTE.

JOÃO PIRISCA E A BONECA LOIRA

Numa pequena cidade nortenha, o João Pirisca contemplava embevecido uma montra profusamente iluminada, onde estavam expostos muitos dos presentes e brinquedos alusivos à quadra festiva que por todo o Portugal se vivia. Com as mãos enfiadas nos bolsos das calças gastas e rotas, parecia alheio ao frio cortante que se fazia sentir.
Os pequenos flocos de neve, quais borboletas brancas que se amontoavam nas ruas, iam engrossando o gigantesco manto branco que tudo cobria. De vez em quando, tirava rapidamente a mão arroxeada do bolso, sacudindo alguns flocos dos cabelos negros, e com a mesma rapidez, tornava a enfiar a mão no bolso, onde tinha uma pontas de cigarros embrulhadas num pedaço de jornal velho, que tinha apanhado no chão do café da esquina.
Os seus olhitos negros e brilhantes, contemplavam uma pequena boneca de cabelos loiros, olhos azuis e um lindo vestido de princesa. Era a coisa mais linda, que os seus dez anos tinham visto.
Do outro bolso, tirou pela milésima vez as parcas moedas que o Ti‑Xico lhe ia dando, de cada vez que ele o ajudava na distribuição dos jornais. Não precisou de o contar... Demais sabia ele que, ainda faltavam 250$00, para chegar ao preço da almejada boneca: ‑ Rai‑de‑Sorte, balbuciava; quase dois meses a calcorrear as ruas da cidade a distribuir jornais nos intervalos da 'scola, ajuntar todos os tostões, e não consegui dinheiro que chegue p'ra comprar aquela maravilha. Tamén, estes gajos dos brinquedos, julgam q'um home não tem mais que fazer ao dinheiro p'ra dar 750 paus por uma boneca que nem vale 300: Rais‑os‑parta. Aproveitam esta altura p'ra incher os bolsos. 'stá decidido; não compro e pronto.
Contudo não arredava pé, como se a boneca lhe implorasse para a tirar dali, pois que a sua linhagem aristocrática, não se sentia bem, no meio de ursos, lobos e cães de peluxe, bem como comboios, tambores, pistolas e tudo o mais que enchia aquela montra, qual paraíso de sonhos infantis.
Pareceu‑lhe que a boneca estava muito triste: Ao pensar nisso, o João fazia um enorme esforço para reter duas lágrimas que teimavam em desprender‑se dos seus olhitos meigos, para dar lugar a outras.
‑ C'um raio, (disse em voz alta), os homes num choram; quero lá saber da tristeza da boneca. Num assomo de coragem, voltou costas à montra com tal rapidez, que esbarrou num senhor já de idade, que sem ele dar por isso, o observava há algum tempo, indo estatelar‑se no chão. Com a mesma rapidez, levantou‑se e desfazendo‑se em desculpas, ia sacudindo a neve que se introduzia nos buracos da camisola velha, enregelando‑lhe mais ainda o magro corpito.
‑ Olha lá ó miúdo, como te chamas?
‑ João Pirisca, senhor André, porquê?
‑ João Pirisca?... Que nome tão esquisito, mas não interessa, chega‑te aqui para debaixo do meu guarda‑chuva, senão molhas ainda mais a camisola.
‑ Não faz mal senhor André, ela já está habituada ao tempo.
‑ Diz‑me cá: o que é que fazias há tanto tempo parado em frente da montra, querias assaltá‑la?
‑ Eu? Cruzes credo senhor André, se a minha mãe soubesse que uma coisa dessas me passava pela cabeça sequer, punha‑me três dias a pão e água, embora em minha casa, pouco mais haja para comer.
‑ Então!, gostavas de ter algum daqueles brinquedos, é isso?
‑ Bem... lá isso era, mas ainda faltam 250$00 p'ra comprar.
‑ Bom, bom; estás com sorte, tenho aqui uns trocos, que devem chegar para o que queres. E deu‑lhe uma nota novinha de 500$00.
‑ 0 João arregalou muito os olhos agora brilhantes de alegria, e fazendo uma vénia de agradecimento, entrou a correr na loja dos brinquedos. Chegou junto do balcão, pôs‑se em bicos de pés para parecer mais alto, e gritou: ‑ quero aquela boneca que está na montra, e faça um bonito embrulho com um laço cor‑de‑rosa.
‑ ó rapaz!, tanto faz ser dessa cor como de outra qualquer, disse o empregado que o atendia.
‑ ómessa, diz o João indignado; um home paga, é p'ra ser bem atendido.
‑ Não querem lá ve ro fedelho, resmungava o empregado, enquanto procurava a fita da cor exigida.
0 senhor André que espiava de longe ficou bastante admirado com a escolha do João, mas não disse nada.
Depois de pagara boneca, meteu‑a debaixo da camisola de encontro ao peito, que arfava de alegria. Depois, encaminhou‑se para o café.
‑ Quero um maço de cigarros daqueles ali. No fim de ele sair, o dono do café disse entre‑dentes: ‑ Estes miúdos d'agora; no meu tempo não era assim. Este, quase não tem que vestir nem que comer, mas ao apanhar dinheiro, veio logo comprar cigarros. Um freguês replicou:
‑ Também no meu tempo, não se vendiam cigarros a crianças, e você vendeu-lhos sem querer saber de onde vinha o dinheiro.
Indiferente ao diálogo que se travava nas suas costas, o João ia a meter os cigarros no bolso, quando notou o pacote das piriscas que lá tinha posto. Hesitou um pouco, abriu o pedaço do jornal velho, e uma a uma, foi deitando as pontas no caixote do lixo. Quando se voltou, deu novamente de caras com o senhor André que lhe perguntou.
‑ Onde moras João?
‑ Eu moro perto da sua casa senhor. A minha, é uma casa muito pequenina, com duas janelas sem vidros que fica ao fundo da rua.
‑ Então é por isso que sabes o meu nome, já que somos vizinhos, vamos andando que se está a fazer noite.
‑ É verdade senhor e a minha mãe ralha‑me se não chego a horas de rezar o Terço.
Enquanto caminhavam juntos, o senhor André perguntou:
- ó João, satisfazes‑me uma curiosidade?
- Tudo o que quiser senhor.
- Porque te chamas João Pirisca?
- Ah... Isso foi alcunha que os miúdos me puseram, por causa de eu andar sempre a apanhar pontas de cigarros.
‑ A tua mãe sabe que tu fumas?
‑ Mas .... mas .... balbuciava o João corando até a raiz dos cabelos; Os cigarros são para o meu avôzinho que não pode trabalhar e vive com a gente, e como o dinheiro é pouco...
‑ Então quer dizer que a boneca!...
‑ É para a minha irmã que tem cinco anos e nunca teve nenhuma. Aqui há tempos a Ritinha, aquela menina que mora na casa grande perto da sua, que tem muitas luzes e parece um palácio com aquelas 'státuas no jardim grande q'até parece gente a sério, q'eu até tinha medo de me perder lá dentro, sabe?
‑ Mas conta lá João, o que é que se passou com a Ritinha?
‑ Ah, pois; ela andava a passear com a criada elevava uma boneca muito linda ao colo; a minha irmã, pediu‑lhe que a deixasse pegar na boneca só um bocadinho, e quando a Ritinha lha estava a passar p'ras mãos, a criada empurrou a minha irmãzinha na pressa de a afastar, como se ela tivesse peste. Eu fiquei com tanta pena dela, que jurei comprar‑lhe uma igual logo que tivesse dinheiro, nem que andasse dois anos a juntá‑lo, mas graças à sua ajuda, ainda lha dou no Natal.
‑ Mas ó João, o Natal já passou. Estamos em véspera de Ano Novo.
‑ Eu sei; mas o Natal em minha casa, festeja‑se no Ano Novo, porque dia de Natal, a minha mãe e o meu avô paterno, fartam‑se de chorar.
‑ Mas porquê?
‑ Porque foi precisamente nesse dia, há quatro anos, que o meu pai nos abandonou fugindo com outra mulher e a minha pobre mãe, farta‑se de trabalhar a dias, para que possamos ter que comer.
Despedíram‑se, pois estavam perto das respectivas moradas.
Depois de agradecer mais uma vez ao seu novo amigo, o João entrou em casa como um furacão chamando alto pela mãe, a fim de lhe contar a boa nova. Esta, levou um dedo aos lábios como que a pedir silêncio. Era a hora de rezar o Terço antes da parca refeição. Naquele humilde lar, rezava‑se agradecendo a Deus a saúde, os poucos alimentos, e rogava‑se pelos doentes e por todos os que não tinham pão nem um tecto para se abrigar., sem esquecer de pedir a paz para todo o mundo.
Parecia ao João, que as orações eram mais demoradas que o costume, tal era a pressa de contar as novidades alegres que trazia, e enquanto o avô se deleitava com um cigarro inteirinho e a irmã embalava nos seus bracitos roliços a sua primeira boneca, de pronto trocada pelo carolo de milho que fazia as mesmas vezes, ouviram‑se duas pancadas na porta. A mãe foi abrir, e dos seus olhos cansados, rolaram duas grossas e escaldantes lágrimas de alegria, ao deparar com um grande cesto cheinho de coisas boas, incluindo uma camisola novinha para o João.
Não foi preciso muito para adivinhar quem era esse estranho Pai Natal que se afastava a passos largos, esquivando‑se a agradecimentos.
A partir daí, acrescentou‑se ao número das orações em família, mais uma pelo senhor André.
GRAZIELA VIEIRA
JUNHO 1995

Foto de tota

cenas de um filme de amor

Hoje ouvindo uma canção, relembrei de filmes que gostaria de reviver junto com você.
Então me tornei romeu a procura de juulieta, mas antes que viesse a morrer fui dançar com os lobos,
pedindo a Deus um sinal, de onde poderia encontra-la.
48 horas se passaram e nada havia acontecido até que vi na tv uma grande embarcação e la estava voçê, linda, maravuilhiosa razão do meu viver.
Entaõ corri ap porto me informar, onde o titanic iria ancorar.
O estivador me informou que era um lindo lugar, um lugar chamado nothing hill onde labamba era o ritmo a dançar.
Desesperado pedi para os ases indomaveis me levarem para mais rapido poder te encontrar.
Do avião avistei a filadelfia meu coração acelerou, achando que ali era o famoso lugar.
Desembaqueri, procurei, mas nada encontrei. Então a espera de um milagre um homem caiu do céu e me disse que na cidade dos anjos você estaria a me esperar.
No caminho vi a guerra nas estrelas acontecer, o ciclone passar, mas nada iria me impedir de te encontar.
Enfim na cidade de Deus cheguei e como homens de preto pelas ruas andei,
até que vi a dama de vermehlo se aproximar e ao meu encontro me disse que num doce novembro com vc uma linda mulher eu irei me casar.

Páginas

Subscrever Lobos

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma