Loucura

Foto de quimnogueira

Poema à mulher (Quim Nogueira)



em prosa...

Os meus olhos pousam em ti e todos os meus sentidos te olham num delirar mútuo de atenção.
Vejo o teu corpo e deleito-me na tua alvura. Cheiro o teu cheiro e aspiro a tranquilidade da tua paz.
Ouço o teu respirar lento, como um lamento que não lamento.

As minhas mãos tocam os teus cabelos e envolvem-se neles.

Acerco-me de ti e te toco. Te sinto global e ali inteira frente a mim. Beijo a tua boca e tudo se torna como num festim de doces carícias e sabor a sal.

Estou inteiro no teu corpo inteiro e me sinto nele como sinto o teu corpo em mim. É apenas um abraço, um enlace de braços que apertam sem apertar, sentindo apenas o teu respirar.

Minhas mãos percorrem a tua pele acetinada linda.

Fecho os olhos procurando apenas sentir.

E sinto o desejo crescer em mim e o teu arfar sobe de tom.

Como é bom. br>
A minha boca se cola na tua boca e a minha língua se funde dentro dela como se da tua se tratasse. É apenas mais um enlace. Sinto o teu peito quente junto ao meu e beijo teus mamilos num acto de procura da loucura.

Loucura que me invade lentamente, premente ali presente ou então como se tudo mais estivesse ausente.

Meus braços te envolvem e se descobrem momento a momento como se fosse a primeira vez que no teu corpo se movem.

Sinto o cálido odor do teu corpo quente de amor, oferecendo-se como numa espécie de orgia sem pudor.

Minhas mãos tacteiam centímetro a centímetro toda a tua pele, todos os recantos de teus encantos e se encontram, de repente, sobre o teu ventre quente, dolente.

Afago tuas coxas e as tuas ancas e as aperto contra mim.

Procuro o teu sexo e o acaricio.

Beijo-te completamente num único beijo e me torno desejo do teu próprio desejo.

Te envolvo num abraço mais e te penetro.

És tu que me possuis. Não te tenho, és tu que me tens.

Movimentos doces se entrelaçam como se não fossemos dois mas um só. Os nossos corpos se fundem num arfar profundo de prazer e loucura. Já não sei o que sou, apenas em ti estou. Eu sou tu e tu és eu numa fusão de ser e estar.

Na verdade és tu que me possuis pois eu não te tenho, és tu que me tens pois em ti eu me dou.

Em ti me eternizo.

Quim Nogueira

Foto de LEOANDRADE

Labirintos (Leonardo Andrade)

Nossos corpos, como que imantados

não conseguem se separar,

como duas metades que separadas não tem vida,

eles precisam se unir, se encaixar...



Preciso beber seus beijos molhados,

me alimentar do seu corpo,

ser abelha num mundo de vespas

e sugar de você seu mais saboroso mel

Te dar a vida

inundando de prazer

seus vales e depressões,

num eterno ciclo de prazer, o cio da nossa terra.

seu corpo é um templo

onde eu , ora conquistador, ora servo

insisto em profanar

para depois adorar... repetidas vezes...

Nessa loucura que nos leva ao mundo de êxtase

numa longa viagem através de suas curvas,

com paradas estratégicas e obrigatórias,

nunca canso de buscar novos percursos...

Explorando cada vez mais os arredores e cercanias

desse universo perfeito do seu corpo

onde me perco e me acho

pelos seus labirintos ...

Cada chegada é o prelúdio

de um novo começo

que tem o infinito como meta,

tanto de prazer quanto de amor...

Leonardo Andrade

Foto de FERNANDO_JOSÉ

Que saudade... (Fernando José)

Para a minha Rosinha

Queima a alma, que não acalma...

Queima a vida, que é sofrida...

Murcha a flor, com tanta dor...

Minha Rosa multicolor

Meu jardim, contigo assim...

Já de belo, é só perfeito...

Cantar-te assim, é o meu jeito...

Inda que por verso, tão imperfeito...

Mas amor, por nós nascido...

Nosso amor, assim vivido...

È o sol, que nos ilumina....

É a vida, que floresce...

É a chama, que nos aquece...

É loucura, que entontece.....

És uma Rosa, de amor bonita...

És um desejo, que florifica....

És minh’alma, que por ti grita...

És meu jardim, és minha vida...

És meu carinho, és meu mimo...

Em ti me sinto, homem...

Em ti me sinto, menino...

Fernando José

Para a minha querida mulher Rosinha com muita saudade

Foto de LEOANDRADE

Quero Fazer Amor com Você (Leonardo Andrade)

Quero fazer amor com você

Como sol faz com a madrugada

acendendo o céu

e incendiando o mundo de vermelho paixão

Quero fazer amor com você

como a abelha fecunda

sua mais bela flor

e dela extrai seu melhor mel

Quero fazer amor com você

como o mar que se desmancha

em ondas na areia , lambendo-a sensualmente

e invadindo-a ...gradualmente

Quero fazer amor com você

como uma tempestade súbita

surgindo do nada e te inundando

de tesão , loucura, desejo

te afogando num mar de sonhos molhados...

Quero fazer amor com você

como o rio deságua no mar

e se mistura , funde-se a ele

ambos sendo parte e todo do Tao do prazer

Quero fazer amor com você

recriando o significado da expressão

além da sua profunda exaustão

gerando uma nova dimensão

Quero fazer amor com você

com a intensidade de dois mundos que se colidem

como duas energias ditas plenas que se chocam

e resolvem-se na resultante perfeita

Quero fazer amor com você

como duas metades que voltam a se encaixar

e o fazem de forma perfeita

sem espaços ou brechas

Quero fazer amor com você

como ato final da nossa história de amor

como prenúncio de uma nova existência

como ponto definitivo de começo e fim do ciclo
perfeito do amor.

O mundo gira , as eras passam

a vida morre e renasce

as estações se alternam

e o amor sempre retorna ao começo renovado...

e gira, gira, gira ....

Leonardo Andrade

Foto de Patrícia

Tenho amor, sem ter amores (Soror Madalena da Glória)

Tenho amor, sem ter amores.

Este mal que não tem cura,

Este bem que me arrebata,

Este rigor que me mata,

Esta entendida loucura

É mal e é bem que me apura;

Se equivocando os rigores

Da fortuna aos desfavores,

É remédio em caso tal

Dar por resposta ao meu mal:

Tenho amor, sem ter amores.


É fogo, é incêndio, é raio,

Este, que em penosa calma,

Sendo do meu peito alma,

De minha vida é desmaio:

É pois em moral ensaio

Da dor padeço os rigores,

Pergunta em tristes clamores

A causa minha aflição,

Respondeu o coração:

Tenho amor, sem ter amores.

Soror Madalena da Glória (1672-?)

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