Milhões

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Muito Além da Rede Globo - Capítulo 22

Hoje, eu acordei às seis da manhã e fui trabalhar. Depois, lá pelas três, fui buscar o meu parco salário mínimo com o qual pago as contas e a mistura aqui em casa. Da Lapa fui para o Lauzane, para o shopping, onde o banco para o qual ainda devo o cartão de crédito que usei enquanto estava desempregado funciona até às oito da noite. Lá, eu vi um pequeno circo que me chamou a atenção. Estava em cartaz o curioso e gratuito espetáculo do Big Brother.

Dentro de um domo de plástico se encontravam seis jovens. Todos belos, sadios e arrumados. Uma pequena fila se reunia ao entorno da barreira transparente, e os transeuntes saudavam os até então desconhecidos, que efusivamente retribuíam os agrados conforme a sua energia abundante possibilitava.

Ao ver os jovens glamourosos, do alto de um lucro anual de quatrocentos milhões de reais, me senti ao mesmo tempo empolgado e constrangido. Empolgado, pois em poucas vezes na minha vida vi tamanha comoção midiática por esses lados distantes da Zona Norte. Pensei na rua Friburgo, no Peri, no povo todo que vive abaixo da visão da silenciosa Pedra Branca. Pensei nas crianças do Flamengo, insolentes e quase inocentes. Pensei em Mariporã, no Horto, em todas as coisas simples e bonitas que já vi nesse matagal sem fim. Pensei na minha mulher e em Minas, no estado que ela fala com tanto carinho e o qual não conheço nem a sombra de dúvida.

No entanto, fiquei empolgado, mas constrangido. Lembrei que larguei o Serviço Social por migalhas. Lembrei que esses moços muito mais capazes do que eu, e podiam estar fazendo alguma coisa mais útil, nem que fosse uma matéria doando sangue. Lembrei do nióbio que passa debaixo do pano, das pessoas que vi morrer nos corredores, e nem me mexi, do apagão que a Dilma insiste em dizer que é desnecessário, mesmo com o país gastando o dobro da luz que usava há dez anos e sem construir uma usina sequer, nem a polêmica do Belo Monte. Lembrei que não se fala mais do PCC desde que o Corinthians foi campeão. Lembrei do Boninho e do Bial. O Bial, o poeta Bial, o que viu o muro cair e falou com o Mick Jagger.

Da jaula do Lauzane, aquele zoológico, aqueles meninos nem fazem ideia que um operador de telemarketing pensou neles como humanos, e não os bichos que eles pareciam dando tchauzinhos para os maloqueiros.

Espero que a Globo também me dê um milhão.

Foto de Carmen Vervloet

Soneto Dos Meus Setenta Anos

Eis que em minha vida chegou o inverno,
já não corro mais lépida pelos campos,
mas guardo em mim sonhos eternos,
iluminados por milhões de pirilampos.

Meus sonhos transpassam nuvens, montes,
minh’alma pirilampeando pelo curvo horizonte,
relembra os verões festivos e as primaveras,
o sol radiante que transpunha minha janela.

Ninguém roubará de mim tamanha alegria,
nem as infindas lembranças que guardo comigo
eternizo-as nos versos da minha poesia.

É leve o peso dos meus setenta anos,
construí na caminhada um sólido abrigo
que revela as marcas do meu viver humano.

Foto de Fernanda Queiroz

Antes que o Ano Termine

Falta um dia para que o ano termine. Um dia intenso que pode mudar toda minha existência. Só preciso ter coragem e ir até onde você está... Antes, 450 km, agora 50 km. Por que veio para cá? Queria me confundir ainda mais? Estaria esperando que a proximidade me fizesse ser mais mulher... mais corajosa? Sabe que meu destino está traçado. Não me deixaram editá-lo. Sabe que não posso voltar, então porque não vem... Rouba-me, Toma-me, Leva-me para nosso mundo de sonhos; onde tua ausência presente foi marco de nossa história.

O sol está se pondo, o alaranjado de céu é o contraste perfeito com a relva que se estende verde e úmida pelas chuvas de dezembro. Tanta calmaria vem de contraste a minha alma conturbada e sofrida. Posso sentir meu coração batendo forte, tão forte quando o podia ver por aquela janelinha mágica do computador, cenário de nossa história, testemunha de nosso amor, cúmplice de nossos segredos, arquivo de momentos que perpetuarão dentro de mim. A brisa suave sopra. Parece querer brincar com meus cabelos, alheia a tempestade que envolve meu coração. Deixo a mente explorar o passado... Tão presente... Teus olhos, tua mania constante e única de apoiar teu rosto nas mãos. O sorriso espontâneo, a cara emburrada, os olhos se fechando de sono, e a vontade de ficar um tempo mais...e mais ...até o galo cantar...a madrugada... o sol nos encontrar ...felizes ou tristes...juntos.

A noite traz a transparência de minha alma, negra, sem luzes, sem amanhecer. Preciso me movimentar, sair deste marasmo de recordações. Thobias, meu companheiro de peripécias, que um dia correu tanto quanto no dia em que estouramos uma colméia; está selado, entende o que me vai à alma, conhece meu estado de espírito, sabe quando é preciso deixar as paisagens para trás, mais rápido, mais rápido, até se tornarem uma massa cinzenta, sem cor, ou forma retratando o mais profundo que existe em mim. Agora, no embalo do cavalgar, meus sonhos se afloram. Estou indo ao teu encontro, nossas mãos se tocarão, nossos corpos se unirão, nossos corações baterão em um só ritmo. A brisa tornou-se um vento tão gélido quantos minhas mãos que seguram as rédeas de um futuro-presente. Gotas de chuva descem sobre minha face, misturam-se as minhas lágrimas. Tenho a sensação de não estar chorando e sim caminhando para você. Na volta para casa nem o aconchego da lareira, o crepitar constante elevando as chamas transmite liberdade, as sombras sobrepõe à realidade que trará o amanhecer, elevo ás mãos solitárias tentando voltar ao tempo de criança onde elas davam vidas retratadas na parede imagens de bichinhos animados, mas não se movimentam, parecem presas ao aro de ouro reluzente que por poucas horas trocarão de mão fecundando o abismo que se posta diante de nós. O cansaço e as emoções imperam. Entre sombras e sonhos, meu pensamento repousa em você, na ilusão, nos sonhos, na saudade pulsante de momentos mágicos vividos, onde nossas almas se encontravam, onde nossos corpos não podiam estar. De desejos loucos e incontidos de poder realizar, antes que o ano se finde, antes que as horas levem tudo que posso te dar.

O amanhecer desponta, caminho a esmo, no escritório, ao lado direito da janela que desponta para colina verdejante (cenário de nossa história). O computador me atrai.. Você está off, está há apenas 50 km, mas em meus arquivos de vídeo teu rosto se faz presente, tua boca elabora a mímica de três palavras mágicas “EU TE AMO”.A musica no fundo é a mesma que partilhamos tantas vezes juntos COM TI RAMIRO, gravada em meu studio amador ao som de flauta. As notas enchem o ar, a melancolia prevalece, meu coração se enternece, “POR FAVOR, VENHA ME BUSCAR”, não vou conseguir sozinha, você sabe disso, é exigir demais de quem só soube amar, sem nunca saber lutar, sem nunca poder gritar, com um destino a cumprir, um dever de tempos idos e protocolados nos princípios de toda uma existência. O dia se arrasta imortalizando o passado. Estou diante do espelho, o rosto moreno não consegue esconder a palidez, o vestido branco de seda cai placidamente sobre meu corpo inerte. Vestido que outrora minha mãe usara com os olhos brilhantes de felicidade. Os meus não têm brilho, este fora reservado às perolas que adornam meus cabelos negros, sempre me achei parecida com ela, mas a imagem reflete somente uma semelhança física onde a mortalidade de meu semblante contradiz a vida de tempos passados.

Pedi que me deixassem ir só, queria ficar com meus pensamentos, onde você é soberano. Que bom que ninguém pode me tirar isto: tua imagem, teu sorriso, tua forma única de existir para mim, mesmo que em sonhos, mesmo que em lembranças, mesmo que em minha morte para a vida que se inicia. A escada imperial e central se desponta com teu corrimão de prata por onde desci tantas vezes lustrando-o com minhas vestes. Minhas mãos se apóiam nele, trêmulas, frias, para que eu não quede diante da realidade... Apenas trinta degraus? Deveria ser trezentos, três mil, ou trinta milhões? Eu os percorreria com gosto, antes de pisar na relva verde coberta por um tapete de pétalas de rosas que conduziam à capela. Porque desfolhá-las? Porque enfeitar a vida com a morte? Rosas brancas, pálidas como minha alma, desfolhadas e mortas como minha vida. Ao lado o lago que outrora me fazia sorrir, brincar e acreditar....queria parar...descalçar o pequeno sapatinho branco e sentir a frescura das águas elemento mais forte e presente da natureza em minha vida...mas agora não posso parar a poucos metros está minha rendição, meu destino onde o oculto será sempre meu presente, onde o passado será minha lembrança futura, onde você viverá eternamente, onde ninguém poderá jamais alcançar. A capela parecia lotada, não guardei rostos, somente sombras. No altar uma face, feliz, despreocupada, livre, sentado em uma cadeira de rodas estava papai, tuas pernas não mais suportavam me conduzir, teus braços que muito me embalaram, já não mais me apoiavam...segui em frente. Pensei em me voltar ..olhar para trás, mas não iria te encontrar. Palavras ditas e não ouvidas... trocas de alianças...abraços de felicitações....buquê lançado ao ar, festividades...todo ar de felicidade.

Faltavam dez minutos para findar o ano...minha existência já tinha terminado, o celular em cima do piano da sala...8 minutos...mãos tremulam ao aperta a tecla da re-discagem...minutos eternos...do outro lado a apenas 50 km, tua voz ...doce...amada...terna, parecia querer ouvir o que eu queria falar e não podia...engolindo as lágrimas. Apenas um pedido: seja feliz, seja feliz por nós dois...uma resposta que mais parecia um lamento, que por mais suave, parecia um grito...Seja feliz também.....um tum tum era o sinal de desligado....zero hora. Fogos explodindo no ar...

Fernanda Queiroz

Direitos Reservados

Foto de poetisando

Andam por ai certos senhores

Andam por ai certos senhores
Políticos desta a nossa praça
Entraram na política pobre
Agora já são gente ricaça

Como foi que assim enriqueceram
Quando dizem que ganham pouco
Para enriquecerem tão depressa
Só pode ser a terem roubado o povo

Podiam explicar a todos nós
Como tão depressa enriquecer
Todo o povo ficava-lhes grato
Sabia que de fome não ia morrer

Muitos desses ditos senhores
Nunca na vida trabalharam
Nem sofreram privações
Como foi que enriqueceram

Só neste país vejo milagres
Feito por gente se diz séria
Roubam até se fartarem
Deixando o povo na miséria

Falam com uma tal altivez
Parecem mesmo uns barões
Andam todos bem engravatados
Mas são uns autênticos ladrões

E o povo parece estar feliz
Com esta grande gatunagem
Defendo-os como clubes da bola
Prisão para eles é mesmo miragem

O que está a dar neste país
É mesmo o de ser aldrabão
A justiça está cega não os vê
Só julga e condena o pobre cidadão

Andam aqui na nossa praça
Políticos de grandes gabaritos
Se isto fosse num país a sério
Eram presos estes políticos

Podiam ensinar o povo
Como como fortuna fazer
Sem sair lhes o euro milhões
Assim o povo teria que comer

Não sou nenhum economista
Mas sei que para enriquecer
Só roubando o seu povo
Até ele de fome morrer

É a classe política que temos
Que honesto dizem ser
Quando vão para política
É para roubar e enriquecer

De: António Candeias

Foto de carlosmustang

FIND CASC

De todos anos que andei em terra
Em conhecimento evolutivo, biológico
Com lutas conquistas medíocres
Quem controla meu remorso nesta hora

A frieza da minha razão é esperança
Vai tentar salvar dessa lambança
Sem prometer que será igual antes
Onde alguém vivia poder, sem ser

Faz falta uma boa crença agora
Devaneei por tantos meios filosóficos
Me apeguei a milhões de beijos de só uma

Essa montanha segura, essa ponte perfeita
Sumiu do meu mundo real
Verme pode evoluir, no meu corpo frágil

Foto de Maria silvania dos santos

Se a tristeza e a alegria fosse em gotas!

_ Á se eu pudesse fazer o tempo voltar atraz, e Deus me das se a força do poder!
Tantas coisas eu que fiz e hoje me arrependo, eu jamais faria, ou se fizesse, e chegasse ao arrependimento, eu simplesmente mudaria o meu passado.
Se eu pudesse trocar tristeza por felicidade, eu mudaria minha historia, para uma nova realidade.
Se a tristeza e a alegria fosse em gotas, eu a trocaria milhões de gotas de tristeza por apenas uma de alegria.
Confianças perdidas eu iria reconquistar, meus arrependimentos eu iria demonstrar e ate pedir para me perdoar.
A dor que hoje sinto em meu peito, eu iria apagar, as lagrimas que hoje rolam em meu rosto eu iria trocá-las pelo sorriso da alegria que no passado perdi.
As alegrias que no passado eu a destruí de alguém, eu iria devolvê-las, secaria as lagrimas derramada trocando-as pelo sorriso que o tomei no passado!

Silvania1974@oi.com.br

Foto de Xaverloo

Um mínimo que nem uma vírgula

*
*
*

Meu coração
É um mínimo que nem uma vírgula
Traçado de rua sem saída
Um rastro de palavra solta
Vício de uma língua perdida no esforço de desfazer um gosto
Salivando o mesmo nome milhões de vezes.

À tua visão,
Meu coração é senão um desconforto
O oposto de teus sonhos
Percorre a existência devotando-te o amor que jamais recebeu.

Vai atravessar teus olhos mais de uma vez
Transtornar razão em insensatez
Mentir que faz sentido.
Zumbir a teus ouvidos palavras que não ouviu
Soprar na tua pele coisas que nunca sentiu
Inventar palavras novas
Convencer-te a voltares aos lugares
De onde jamais saiu.

Xaverloo

Foto de Bruno Silvano

Tudo o que era, que se foi, logo agora vai voltar a ser (Criciúma)

Era mais que multidões, embalados em um único foco
Focados, na direção dos campeonatos que, passaram de grandes desejos
Era apenas um simples sonho, que se passou pela mente de milhões de apaixonados
Exaltados pelo embalo, desse time brilhante, que nesses corações havia estado..

Guiados por um amor desenfreado, descontrolado por grandes ambições
De povos unidos, por um mesmo intuito, a que levava o time ao auge do seu ter
De emoções, em um dia poder ver, o que muitos não podiam crer

Das lagrimas que encheram um pranto de alegria, um povo de bem-dizer
Absorvidas por um manto sagrado, e consagrado em querer estar dentro de cada coração apaixonado crente em um novo reconhecimento, em um novo sonho a satisfazer..

De heróis do passado que apoiaram e desmistificaram, as barreiras do destino
Através de cantos que entoavam em cada coração
Da transformação de cada impulso, em celebração, que empolgavam e estimulavam a criação de uma nova direção

Onde os Desejos iam além, do poder, do desejo de conseguir, do impossível que tudo é possível pra quem, se arrisca em ser feliz,
Dos anseios de não ser campeão, mas ter dado o melhor de si.

Dessa explosão ofegante, de alegria eterna, de todo dia acordar e lembrar, dessa geração contagiante
Desses novos tempos que nos conduzira, a um novo apogeu
De glorias, que voltarão para provar que nada do que já foi, desapareceu.

De uma positividade refletida em cada face festejante
Vibrante por cada novo dia poder estar ao lado de que mais nos importa
De poder festejar, cada vitória alcançada, com todos os corações alucinados
Por uma mesma paixão
Dessa torcida, a mais apaixonado por seu time do coração!!

Bruno Patrício Silvano

“O Criciúma, é maior que tudo, é um conjunto de reações, jamais encontrados em outros seres-humanos, é todo o clamor e o amor da torcida, em um só coração”

Bruno Patrício Silvano

Foto de P.H.Rodrigues

Um vago pensamento

Eu sou uma casca vazia.
Um caminho sem propósito.
Uma vontade sem querer.
Um querer sem poder.

Sou a vaga esperança que vaga em meio ao escuro.
O cavaleiro que luta em meio a milhões sem seu escudo.
Aquele que não quer nada, mas ao mesmo tempo quer tudo.

Talvez eu seja, nada mais nada menos do que um alguém,
um alguém, que talvez não seja ninguém.
Mas um ninguém, que no futuro possa vim a ser alguém

Eu sou aquele que busca o que buscar.
Que tenta achar um caminho para caminhar.
Aquele que não se importa se o mundo vai acabar
Mas quer antes disso o seu tesouro encontrar.

Foto de Alexandre Montalvan

Quanto é a dor

Somente havia ruínas, destruição
Milhões de olhos marejados, explosão
Desespero, gritos desolação
Quantas crianças mortas no chão

Como puros anjos que se vão
Ceifados pelo ódio desumano
Tão humano

O que pode suportar um coração
Antes de explodir dentro do peito
O que o faz chorar deste jeito
É a dor tamanha, qual a explicação

Onde esta o amor
É tanta fome, genocídios e guerras
E tanto sangue escorrendo na terra
Um imenso jardim de horror

Procura a luz, onde estará
Um mundo de paz, um lugar
Para viver e amar e ficar
E chorar de amor

Procura a febre insana
Que invade tua alma humana
Por viver na paz intensa, não reclama
E a faz um mundo melhor e pensa
Até amanhã

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