Nobreza

Foto de João Felinto Neto

Poesias selecionadas

APELO À MISÉRIA

Quem me dera, miséria,
eu fosse parte
de um baluarte de sonho e de quimera.
Pela boca mantém-se assim o povo,
a lavagem é a comida que a si, dera.
Na vergonha de reconhecer-se porco,
ter o rosto metido na sujeira,
enlameado atrás de uma porteira
seu anseio é mantido na espera.

Quem me dera, miséria,
eu me calasse
e ocultasse o meu rosto na janela.
Meus princípios mantêm-me assim exposto.
Sou mau gosto travado na goela.
Quem engole as palavras que eu digo
traz de volta a vontade de lutar,
elas tocam a ferida no umbigo
que o conformismo já ia cicatrizar.

Quem me dera, miséria,
quem me dera,
que de ti eu pudesse me livrar.

PERSONAGENS INFANTIS

Será que o lobo é tão mal.
O lobo ama também.
Ele protege os filhotes que tem.
Caçar, para ele é natural.

A chapeuzinho, talvez,
quando crescer seja outra.
Se torne uma megera
que não gosta de criança
e perca toda a esperança
de voltar ao que era.

O caçador, o herói tão valente
que salvou a vovozinha,
costuma matar friamente a fêmea,
deixando a cria sozinha.
Ele acabou sendo preso
por caçar ilegalmente.

A vovozinha morreu.
Pois, a idade a levou.
Mas, quantas vezes brigou com a vizinha da frente.
Isso prova que a bondade e a maldade,
na verdade,
são apenas uma história diferente.

O POEMA QUE EU DEIXEI DE ESCREVER

O poema que eu deixei de escrever,
Falaria de você,
De nosso tempo,
De angústia, de tormento,
De alegria e de prazer.
Iria contradizer
Cada palavra
Que as nossas falas
Tinham pouco a dizer.

O poema que eu deixei de escrever,
Seria na verdade,
Uma ameaça.
Calaria minha boca,
Qual mordaça.
Não seria uma desgraça,
Por não ser.
Os meus versos,
Talvez fossem sem querer,
Uma ofensa
A sua crença,
Que eu acreditava
Ter.

O poema que eu deixei de escrever,
Não seria
De valia.
Sem valia,
O deixei de escrever.

SEPULTAMENTO

Os meus olhos pregados
no infinito
como os pregos nas tábuas
cravejados,
e de pontas viradas,
redobrados,
sustentados e fixos
numa curva.
No aconchego da madeira macia,
minhas costas
nos ossos da bacia
consolam meu corpo
tão curvado.
Pelo tempo que tenho acumulado,
a ferrugem do mundo
me comeu,
e a tampa que pregam
me prendeu
para sempre num rito consumado.
Por debaixo da terra
condenado
a ser parte da mesma
e não ser eu.

CANTO DE SEREIA

Como um canto de sereia
de belíssima harmonia,
letra correta, verdadeira poesia
e melodia
que eterniza nossa alma.
Por onde anda
a sereia encantada
nas profundezas desse mar de ignorância?
Letra incorreta com falta de concordância
e melodia
que nos faz perder a calma.
Só na lembrança,
o teu canto nos enleva
na emoção que tua voz nos faz sentir
e na saudade, o nosso coração desperta
pra realidade,
não há nada mais pra ouvir.

PEDESTAL DE BARRO

Revogo silêncio
ante palavra e voz.
Reato os nós
que me prendem ao medo.
Reavivo memórias
em busca de segredos
que já não interessam mais.
Reclamo por paz
em meio a intensa guerra.
Replanto a erva
que não nasce mais.
Relato as dores
de males e fome.
Repito o meu nome,
antes de dormir.
Reato os laços
que me prendem aqui,
ao pedestal de barro.

TORRE DE BABEL

O juiz do supremo,
Jeová,
se irrita e sai do sério,
quando seu filho Jesus
vai à noite, ao cemitério.

No boteco do Davi,
onde quem manda
é o Golias,
não há funda,
quem afunda
na cachaça, é o Isaías.

No salão do senhor Sansão,
quem faz o cabelo
é sua mulher Dalila.

As mulheres de Salomão,
o cafetão lá da vila,
choram e sentem solidão
quando estão de barriga.

Lúcifer anda arrasado,
o seu mundo virou trevas,
por ter visto abraçados,
Adão e a senhora Eva.

Noé, o velho barqueiro,
não gosta de animais.
No entanto, adora um peixe-frito
no barzinho lá do cais.

Essa torre de Babel
é o mundo em que vivemos,
onde não há inocência.
Se algum nome ou fato ofender,
é mera coincidência.

A MULHER DA MINHA VIDA

A mulher da minha vida,
Sempre é lida em meus versos,
De uma forma ou de outra.
É a sua voz que ecoa
Reclamando meu regresso.
É bem mais que uma amante,
Que uma amiga e companheira.
Necessária como a fonte
No deserto de areia.
A mulher da minha vida,
Entre linhas abstratas,
Põe em mim, doces palavras
E expressão de alegria.
A resumo em poesia,
Tal qual em cartas,
A saudade que nos mata
Se envia.
A mulher da minha vida
É a graça
Que um devoto em desgraça,
Alcançaria.

O LABIRINTO

Pelas ruas infinitas,
Não encontro meu destino.
Endereço repentino;
Então, me pára.
Não é nada;
Sigo em frente, o meu caminho.

A mim mesmo, ainda minto:
- Logo chegarei em casa.

Em calçadas,
Eu percorro o labirinto
(Cruzamentos, sinais verdes e paradas).

O suor não pára o tempo;
Lágrimas, enxuga o vento;
E um triste pensamento
Não se afasta.

A cidade, assim, se fecha em semelhança.
A lembrança,
À realidade, não se adapta.
Eu confundo o momento
E me perco no silêncio
De um triste monumento
Que me agrada.

Minha calma é necessária
Para espantar o medo,
Desvendar todo o segredo
Que o labirinto encerra.
Os meus pés seguem por terra,
Minha alma por promessa,
O meu corpo por saudade.
Edifícios, tais quais pedras,
Alicerçam a cidade;
Conduzindo minha mocidade
Eterna,
De encontro ao passado.
Eu me torno um condenado
Num presente adulterado,
Que me enterra.

Observo as vidraças
Das janelas,
Onde o sol ofusca a vista
Com a luz que é minha guia
Na escuridão tardia
Do passado.

Cada praça
Me congraça,
Tal um templo
Erigido como um marco à memória.
Cada uma conta a história
De seu tempo,
De sorriso e sofrimento,
De conquistas e derrotas.

Novamente, me encontro sem saída,
Apesar de tanta via planejada.
Já não reconheço nada
Do que havia,
Já não reconheço nada.

Alimento meu silêncio,
O tempo passa,
Onde pombos batem asas
Sem voar.
Não consigo encontrar
O meu caminho;
O meu ninho
Não encontro em meu lugar.
Continuo a me enganar,
Ainda minto,
Preso a esse labirinto
A me fechar.

À DERIVA

Posso até perder o brilho dos meus olhos,
Mas jamais, deixar de ver tanta tristeza.
No esbanjar de pratos sobre minha mesa,
Vejo a fome refletida nos teus olhos.

O que faço se estou preso ao sistema
Onde a indiferença
Sobrepõe a caridade,
Onde a verdade
É varrida
Pra debaixo da mentira
E onde a vida
É um barco à deriva
Sem ações de piedade?

UM POUCO MAIS

Percebo
A minha vida esvaindo-se entre meus dedos
Em minha mão aberta
A dar adeus ao mundo
Pela janela.
A minha juventude
Em quietude eterna,
Silencia os meus dias.
As velhas alegrias
São lembranças tristes.
Os sonhos não resistem
Aos carinhos da morte.
E que meu sono suporte
Os meus pesadelos,
Já que meus apelos
Ao que me resta de força
Não me sustenta.
Talvez, o mundo não entenda
Esses meus ais.
Não tenho medo de morrer.
Eu só queria era viver
Um pouco mais.

O GRANDE DIA

Ai de nós se não fosse o profeta
Para converter o nosso coração.
Do contrário, Deus feriria a terra
Com terrível maldição.

Com o Senhor não há perdão.
Seu grande e terrível dia
Não será de alegria
E sim de destruição.

O poder de sua mão
É extremamente acintoso.
Deus é um ser ambicioso,
Quer de todos,
Atenção.

Não importa a condição,
Será imposto
Sofrimento e desgosto
Por qualquer contravenção.

Deus não quer nos dá lição,
Quer aniquilar a todos
Pelo caráter odioso
Que passou à criação.

EPITÁFIO XIV

Ela se aproxima
Sorrateira e linda,
Com seu manto escuro,
Sua mão suada.
Não nos pede nada,
Mas nos toma tudo.
Deixa então, de luto,
A pessoa amada.

Ela não se importa
Com aquele que fica.
Pois só se dedica
Ao que se despede.
Sorrateira, impede
Que a gente viva.
E sutil se infiltra
Sob nossa pele.

Ela só se afasta
Quando mata a alma
E deixa o corpo inerte.

ETERNA SOLIDÃO

O que eu tive na vida
Além da data esquecida,
Da dor no peito, contida,
E da perdida ilusão?

O que mantenho na mão,
Já na forma cadavérica,
Senão,
A luta sem trégua
Com os germes que a terra
Colocou em meu caixão?

Os meus feitos,
Foram em vão.
Meus defeitos,
Exaltados.
Não sou de Deus nem do Diabo.
Sou um louco condenado
A eterna solidão.

ESPANTALHO MORIBUNDO

Minha alma sempre está
Num silêncio tão profundo,
Que eu chego a duvidar
Que ainda estou no mundo.

Espantalho moribundo,
Onde a morte vem pousar.
Talvez para lhe falar:
Sinto muito! Sinto muito!

Num milésimo de segundo,
Volta o corpo a respirar.
Espantalho vagabundo,
Fecha os braços para o mar,
Abre os olhos para o mundo.

FRUTO SEM CASCA

Espalhando letras
Sobre velhas páginas,
Semeei palavras
Que insatisfeitas
Deram-me em colheita
Uma grande safra
De um fruto sem casca,
A minha tristeza.

Uma fruta fresca,
Presa pela boca
Em que uma ou outra
Tenta mordiscar,
Murcha sem parar;
Se tornando feia,
Seca na areia
Quando o vento dá.

Versos pelo ar,
Lágrimas e poeira,
Solidão na mesa
Onde o fruto está
Exposto, sem par,
Sem mostrar beleza,
É minha tristeza
A me alimentar.

HOMENS DE FUMAÇA

No arrastar de minhas sandálias
Pela casa,
Tenho as lembranças arranhadas
E esquecidas.
Por onde andam as conversas conduzidas
Pelos homens de fumaça?

Se desfizeram com o tempo,
Nas costas de um tênue vento,
Pela janela escancarada.

O velho barco na distância, ainda aguarda
Pela tripulação dispersa,
Numa espera
Que parece eternizada.

Em meio a tralhas,
Depuseram suas velas.
Em meio a elas,
O seu capitão se apaga.

O FRACASSO

Eu sei que a vida me leva em trapos.
Caldeirões de barro
De bruxos modernos.
Favelas de inferno,
Diversos buracos.

São armas de ferro.
São balas de aço.
Sou eu, o fracasso
De um programa sem sucesso.

Eu sei que a morte me olha de perto;
Que chego a sentir o seu frio abraço.
Eu fumo, eu prego
Minha mão no maço
De notas sem eco.

São barras de ferro.
Algemas de aço.
Eu sei que sou o fracasso
De um programa sem sucesso.

Eu sei que caminham lado a lado,
O errado e o certo,
A ira de Deus
E a fama do diabo,
Senhores e servos,
Patrões e empregados,
Progresso e atraso.

São os mãos-de-ferro
Em torres de aço.
Sendo eu, o fracasso
De um programa sem sucesso.

OLHOS DE AZULÃO

O que busca essa mulher
Pela qual minto,
Senão
A mesma solidão
Que sinto
Quando longe de seus olhos de azulão?

Os mesmos olhos
Que me olham da gaiola
Quando eu abro a porta
E eles vêem a imensidão.

SE FOSSEM SÃOS

A rima
É mera aflição
Dos versos que me espelham
Naquilo que são.

De forma nenhuma dirão
Do que são feitos.

Meus versos
Seriam perfeitos
Se fossem sãos.
Mas nada são,
Senão
Defeitos.

QUANDO CHORO

Onde andam os meus olhos
Quando choro,
Se não consigo encontrar
As minhas lágrimas?
Nas migalhas,
Além de meus remorsos?
Nos meus ossos,
Aquém de minha alma?

A FANTASIA

Amo você
Com o mesmo ardor da juventude,
Na quietude
De minha atual idade.
Amo-a na ausência
Como num dia de saudade,
Detenho-me a cada ínfima lembrança,
Com a mesma paz
Que traz
Aquela esperança
Após uma guerra.
Amo-a em terra
Com a cabeça pelas nuvens.
Amo atitudes
Que jamais seriam minhas,
Como entre linhas,
Leio uma poesia.
Amo como se ama o alvorecer
De cada dia,
Como o sorriso
Na inocente alegria
De um bebê.
E ter você,
Ainda parece utopia.
Mas, quis a vida
Que eu vivesse a fantasia
De meu ser,
Que é para sempre,
Você.

MINHA GERAÇÃO

Essa amargura
Que me faz um homem rude,
É mera atitude
De defesa.
Odeio a pobreza
Que aos pés de Deus se ilude;
Enquanto a juventude,
Nada almeja.
Desprezo a mania de grandeza
Que o rico tem com tudo.
Não sou um carrancudo
Por frieza;
Somente faço uso
Da tristeza
De um sisudo,
Por ser fruto
De uma geração que aceita.

SONETO DA VITRINE
(Sombras & espelhos)

A vidraça estilhaçada,
Não desfaz a minha imagem,
Não subtrai da cidade,
A luz do sol ofuscada.
De pé, fiquei na calçada
Com minha mão estendida.
Exorcizei minha vida
Na pedra que arremessara.
Por um instante, escutara
O som de ossos quebrados
Da montra fragmentada.
Meu corpo feito estilhaços
Que os passantes pisavam
Entre espanto e gargalhadas.

POETAS
(Sombras & espelhos)

São tantos os poetas
Quanto estrelas,
Dispersos em bandeiras
Pelo mundo.
Eternos e profundos
Pelas letras,
Em digressões soberbas,
Em dimensões sem fundo.
São tantos os poetas
Que o planeta,
Em tinta de caneta,
É resumo.
Enorme rascunho
Em línguas estrangeiras.
A tradução perfeita
Das emoções do mundo.

MOSAICO
(Sombras & espelhos)

Em minha mão,
Mil pedaços.
Antigo quadro,
Uma mesa,
Alguém que come calado
Com discrição ou tristeza.
E lado a lado
Na mais extrema destreza,
Enfileirado
Sob a antiga nobreza,
Assenta-se o mosaico.
Sob os meus pés, o passado
Em um quadrado,
Pintado
Nesse retalho do tempo.
Breve momento
Guardado
No mais antigo mosaico
Preso à calçada,
Ao tempo.

SÓ EM TE AMAR
(Sombras & espelhos)

Só em teus lábios,
Eu encontro meus gemidos.
Só em meus gritos,
Eu consigo te encontrar.
Como enganar
A emoção de estar aflito.
Eu te preciso
Como a noite, do luar.
Só em teus passos,
Eu caminho decidido.
Surpreendido,
Tento não justificar.
Sem teus abraços,
Os meus beijos são sofridos
Como os feridos
Que não podem se curar.
Só em te amar
É que eu encontro o sentido
De tudo aquilo
Que consigo imaginar.

NUMERAL UM
(Sombras & espelhos)

Eu atribuo
Minhas palavras ao poeta.
Uma espera
Numa tarde em jejum.
Nós como dois,
Dividimos.
No que dera?
Apenas um.
Eu me situo
Nas medidas de uma régua.
A mais complexa
Ou talvez a mais comum.
Sou menos um,
Minha conta se completa
Com menos um.
Eu me anulo
Numa soma que me zera.
Um dois que nega
A existência de mais um.
Sou incomum,
Tabuada que ainda preza,
Numeral um.

CONTRACEPTIVO
(Tríptico)

Eu não sei se é o desespero
que me leva à loucura
quando o sexo estupra
a minha alma,
ou a calma
que advém do meu tormento
pelo tempo
que passou em minha palma.
Movimento anormal
de penetração moral
em sua saia,
e no cheiro da indecência,
feromônio da ciência
em uma jaula.
Uma fera excitante
que no último instante, ofegante,
cospe a vida
no seu couro de borracha.
Não há luta, nem corrida;
há uma triste despedida
de um suposto vencedor
que foi fruto de um amor
e se enforcou
com a própria cauda.

SONHOS
(Tríptico)

Os meus sonhos
são apenas fragmentos de memória,
pequenos focos de luz
como cristais dispersados
num caleidoscópio de pensamentos,
distorções esdrúxulas da realidade.
Rumores, amores e momentos,
abertos numa gaveta destrancada.
Minhas pálpebras fechadas
num caixão de quase nada.
Um quase definido como os sonhos
que são versos que componho
numa noite agitada.
Movimento involuntário dos meus olhos,
que entre risos, ainda choro
por apenas acreditar sofrer.
Entre cartas mal escritas e seladas,
vem a calma ao chegar o amanhecer.
Vem enfim, o esquecimento
desse quase fingimento
que é sonhar.

EM DEMASIA
(Tríptico)

Eu sou demasiado triste,
pelos versos que componho.
Eu sou demasiado louco,
pelo pouco
que proponho.
Não deveria o mundo ser assim,
em demasia.
Talvez não seja o mundo,
seja enfim,
minha poesia
Demasiada em meu tédio,
sem remédio,
em grafia;
em longas noites mal dormidas;
nos insultos
que eu ouvia.
Não caberia em minha mão,
toda a visão
que em mim cabia.
Eu sou demasiado em tudo,
que ironia,
demasiado em meu luto
por ser fruto
de utopia.
Em demasia são os dias
que me escapam entre os dedos
como uma teia
que é lânguida e esguia.
O mais sublime pensamento
que perde tempo
em demasia.
Demasiado, meu tormento,
pelo tanto
que eu não via.
Demasiadamente eterno,
meu inferno em agonia.
Em demasia sou
quem sou,
um astronauta que acordou
num mundo estranho
em demasia.

DISLATE
(tríptico)

Talvez minhas palavras sejam tolas,
minhas ações, inconseqüentes;
as minhas brincadeiras, ironia;
eu próprio seja falho e negligente.
O meu discurso seja sátira;
minha seriedade, uma piada.
O meu humor seja mau gosto;
o meu dislate, permanente.
Meu riso entre dentes, atimia;
a minha faina seja ociosa;
meu pranto, uma lição jocosa
e o jeito infantil, idiotia.
Talvez a minha vida seja um fracasso;
meus versos, um engodo imoral.
Em epítome, sou um gracejo nefasto.
Meu desejo, um esboço abnormal.

TURGESCÊNCIA
(Sob meus calcanhares)

Eu sinto os teus cabelos
entre meus dedos,
teus lábios comprimidos
ao meu desejo,
o arfar de teu cansaço
entre meus braços
e ouço teus gemidos.
Vejo teus olhos tolhidos
fitar meu medo
de não tê-la satisfeito ainda.
Tenho todos os sentidos
na extensão do meu leito.
E no auge da turgescência,
me torno uma larva imersa
em teus fluidos.

O RAMO
(Sob meus calcanhares)

Onde está minha alma,
que não encontro?
Onde está meu encanto,
minha calma?
São perguntas que faço,
ainda em pranto,
ao meu eu freudiano
que me cala.
Onde está este anjo
que me fala?
Um quebranto
que minha mãe me pôs.
Ouço a antiga canção
que ela compôs
em minha rede embalada.
Vejo um ramo na árvore desfolhada,
resistir ao vento,
envergado.
Nesse instante me sinto
envergonhado
pelo meu triste pranto.
Minhas lágrimas
são simplesmente água
que faz falta ao ramo.

O DIÁLOGO
(Reticências desfeitas)

- Dou-te a palavra
para principiares o diálogo.
- Fico muito grata
por ceder-me o favor.
És muito amável.
Vou falar de amor,
sentimento imensurável
que é tão natural
quanto o desabrochar da flor.
- Já vou interpor.
O que tu estás dizendo?
O amor é um invento
cultural e sem valor.
- Estou espantada.
És um homem insensível.
O amor é indizível.
É nosso maior legado.
- É soma sem resultado.
O amor não é normal.
É estóico, irracional,
nos mantêm aprisionados.
- És um homem insuportável.
Mas o que dizes é refutável.
De que vale a liberdade,
sem motivo para a saudade.
- És uma eterna sonhadora.
De que vale um sentimento
que só nos provoca medo,
fraqueza e sofrimento.
- O amor é imortal.
A mais pura poesia.
Nos fere, é natural.
Mas compensa com alegria.
- É uma simples utopia.
Inconstante, passageiro.
Quem se entrega por inteiro,
viverá em agonia.
- Vou deixar por encerrado
o nosso breve diálogo
em tua cética pessoa.
Mas eu sei
não é à toa
que nós dois somos casados.

ELA
(Quadrilátero)

Ela me leva,
me engana
e ainda me desafia.
Levou meu corpo
para a cama,
enquanto me distraía.
Deu-me o fruto do pecado,
enquanto Eva,
e compensou com redenção,
quando Maria.
Em Joana D'arc
foi Vitória,
também rainha.
Já foi de todos
e só minha.
Ela é pouco e é demais.
Como Helena,
ela foi guerra.
Como Tereza,
ela foi paz.

INDECENTE
(Quadrilátero)

Não sou um cavaleiro imaginário,
apenas um vassalo
que caminha.
Pela realidade,
um escravo
que tem a ilusão
que é livre ainda.
Não sou nenhum beato,
nem um cão.
Eu não uso sermão
e nem batina.
Meu rosto
é palidez,
enquanto expiro.
Meu sexo
sem estilo,
estupidez.

MUNDO FICTÍCIO
(Pax-vóbis)

Uma criança brincava
Com a comida, na mesa.
Corria de pés descalços,
Sem ninguém a seu encalço,
Pela ruazinha estreita.
Não enxergava a sujeira,
No seu mundo fictício,
Do real desconhecido;
Tudo era brincadeira.
Contudo, era tão bonito
Ver o mundo d’aquela maneira:
Sem ter ódio,
Ser ter vício,
Sem sombra de sacrifício,
Sem pecado
E sem tristeza.

SOMBRA DE NANQUIM
(Pax-vóbis)

Que a vida,
Mesmo frágil, continue.
Que perdure
Meu amor, além de mim.
Que não tenham fim,
Meus passos pela rua.
Que dissipe sob a lua,
Minha sombra de nanquim.

A PEQUENA D’ARC
(Olhos de guri)

A guria
não gostava de pia,
de casinha ou fogão.
Para ela,
tudo era opressão.
Ela ouvira
sua mãe reclamar
que a mulher tende a trabalhar
só com água e sabão.
Por que não
brincaria de guerra,
de doutora,
de terra na mão?
A guria,
parecia antever
que seu mundo seria
uma doce ilusão.

A SOMBRA
(Olhos de guri)

Minha sombra
que se perde no escuro,
salta o muro
quando o sol
no céu desponta.
Se arrasta no chão duro,
se encolhe,
se estica,
passa rente a dobradiça
e se perde pela casa.
Mas à noite,
minha sombra cria asa,
voa quando saio a rua.
Pela luz que vem da lua,
minha sombra me abraça.
Me divirto e acho graça
quando atravessa a fogueira.
Minha sombra, não sou eu,
mas é minha companheira.

TAMBÉM SOU
(Letras, ...)

O louco
é apenas mal ouvido.
Seu riso,
tenebrosa gargalhada.
Sua fé,
um constante, eu duvido.
Sua mente,
uma porta escancarada.
Seu pedido de ajuda
é um grito.
Seu gemido incontido,
uma dor.
Seu amor,
um abraço emotivo.
Sem motivo,
eis que louco
também sou.

A GRAÇA
(Letras, ...)

Deus me deu o fardo
para eu achar pesado
o termo ser livre.
Deus me deu o espelho
para ver se aceito
esse meu rosto triste.
Deus me deu o segredo
para pensar, eu mesmo,
o que é ser tolice.
Deus me deu a culpa
para eu pedir desculpa
por qualquer deslize.
Deus me deu a dor
para eu sentir pavor
do seu dedo em riste.
Deus não me deu nada,
eu que faço a graça
crendo que ele existe.

VERSÃO REFRATADA
(Letras, ...)

Quantas vezes eu tive
que mergulhar no sorriso
para fugir do abismo
que é o existencialismo
de mim mesmo.
Quantos pueris desejos
entre prosaicas conversas.
Quando nada interessa,
meu mundo me dá medo.
Eu sou apenas ensejo
que o acaso consagra.
Uma versão refratada
na ilusão do que vejo.
Quando não me percebo,
é sinal de que eu mesmo
sou a soma do nada.

QUEM SOU EU
(De versos, ...)

Sou um jovem ateu
Que entra na igreja
Para tomar cerveja
E beber café.
Desconheço a fé,
Mesmo na ressaca.
Rio quando a graça
É de um milagre
De ser eu, um padre
Que toma conhaque
Num cálice de vinho
E vive sozinho
Pensando que sonha
Em ser um demônio
Que se sente Deus,
Ser o próprio Deus
Se sentindo humano,
Ser um santo insano
A brincar de ateu.

DESESPERANÇA
(De versos, ...)

Quem é essa
Que me tira o sono,
Que arrebata o dono
De uma humilde casa?
Quem é essa
Louca, desvairada,
Que ao seio me prende
Sem saber se sente
A dor que a outro causa?
Lábios que procuram vida
Carne apodrecida
No envelhecimento.
Quem é essa
Que corrói por dentro
Como um veneno
Sem nenhum antídoto?
Eu sou outro,
Sou um homem dito,
Dito morto
Pela agonia.
Quem é essa
Musa e tirania,
Mistura que havia
Desde minha infância?
Quem é essa
Triste companhia?
Talvez seja a morte,
A desesperança.

O MATUTO
(Cálice)

O matuto está triste,
cabisbaixo e pensativo.
Não encontra um só motivo
para saber se existe.
Tal canário sem alpiste,
preso a uma velha gaiola,
vendo longe a aurora,
sem ter ânimo pra cantar.
Com vontade de voar
para longe, ao horizonte;
a saudade o consome
antes mesmo de partir.
O matuto fica ali,
a pensar no que seria
sem a única companhia,
a choupana em que vive.
Tal amor só visto em versos,
o matuto é regresso
de um lugar que não existe.

SEM CONDIÇÃO
(Cálice)

Seus ombros à amostra,
me deixam insinuado.
Seu corpo ainda agora,
me deixa provocado.
Seus seios contornados
pela blusa,
me fazem sinal da curva
do seu corpo ondulado.
Seu jeito comportado
não me mantém à distância.
Na sua tolerância,
encontro o meu pecado.
Seus olhos não perturbam minha paz,
além do mais,
recebem meu recado.
Seu pare, deixa disso, mais cuidado,
só fazem aumentar o meu querer.
A dúvida faz crescer
minha ilusão,
que eu terei nas mãos
a chance de fazê-la entender.
Amar é mais que ter.
É aceitar querer
sem condição.

CONVÉS
(Cálice)

Foste meu caminho sem regresso
em um verso.
Minha poesia mais bonita.
Entre as estrelas,
rabisquei um só desenho,
o seu rosto,
como eu bem queria.
Foste a derradeira flor
perdida no deserto.
Em meu universo,
um farol de guia.
Arrancaste o aviso que dizia:
“Uma saudade”.
O vazio da idade,
preenchias.
Foste o colorido
de uma tela que eu pintava.
A mão que segurava o meu filho.
O espírito de um cético
que chorava.
A paz esperada
por um homem aturdido.
Foste o barco rijo
que sustenta a onda em fúria.
O pescador que nada
à procura de si mesmo.
Para mim,
a mais incrível criatura.
A doce loucura
do desejo.
Foste na verdade,
o meu mundo.
Hoje, na saudade,
apenas és
um velho convés
com o qual afundo.

GRAMATICAL
(Cabaz)

Só em letras imprimo minha alma.
Mais do que texto
sou contexto indecifrável.
Meu sinônimo é antônimo de si mesmo.
Um sujeito indefinido
que é objeto de um erro
gramatical.
Entre modos e tempos,
triste verbo
que ecoa na forma nominal.
Orações que são subordinadas
aos meus vícios de linguagem.
Um início em letras ordenadas
e um fim
numa expressão oral.

AFLORA UM POETA
(Cabaz)

Assim se fez um poeta.
Como talhe na madeira
esculpi minha poesia.
De uma maneira fria
infundi minha alma no papel.
Nas costas de um corcel
cavalguei por entre versos;
muitas vezes sem regresso,
o poema, me tornei.
De um sono despertei
enquanto escrevia,
da caneta então fluía
as idéias que sonhei.
Quem sabe se eu errei?
Foram mais de trinta anos,
foram tantos desenganos
que poeta, me tornei.

INGÊNITO
(Cabaz)

Seguir os passos
a um lugar perdido na distância;
entrar na dança
de um ritual de acasalamento;
sentir nas mãos
o instintivo dom
que vem de dentro;
ouvir o som
de vozes ecoadas;
e nas entonações
das poesias declamadas,
revelar-se poeta.

LIAME
(Cabaz)

Sou livro
intitulado.
Um desabafo.
Sou todo
em parte.
Um lacre violado.
Sou tudo
num nada
dissipado.
És flor
dissecada
na mão aberta
em palma.
És colo e calma
na casa onde cresci;
moeda encontrada
que perdi;
o berço
em que nasceu
minh'alma.

Foto de Montanha

Rascunho de uma vida...

.
.
.
.
Hoje sinto gélido e lento o meu dia
Pela vida curta nesta mais curta partida
Se foi corrompida nas horas de saída
Enalteceu-se nos momentos da chegada
Nas mãos de um corpo uma alma esperada
Sem fronteiras nem peso de consciência
Palavras libertas e largadas da inteligência
Dum ser grande por dentro e por fora igual
Neste espaço ibérico a frontalidade mortal
Impar no pensamento pela igualdade social
De muita nobreza foi incómodo aos da riqueza
Revolucionário Nobel da pobreza que rubricou grandeza
Deixa-nos neste tempo muita memória e tristeza
Notador preocupante deste planeta pequeno
Escrivão do sofrimento dos não ouvidos
Perseguido e rejeitado pela diferença dos iguais
Indiferente aos reis celestes ou imaginários reais
Fez do seu caminho um reino e um altar
Chegou por todos nós e o mundo vergou
A nossa língua por todo lado dobrou e brilhou
Como um “Deus” fica agora sem imagem
Deixando tantas folhas de papel como passagem
Neste Junho uma homenagem e um romance no lago
Pela despedida do grande, José Saramago
"somdaalma"

http://1somdaalma.blogspot.com/2010/06/rascunho-de-uma-vida.html

Foto de Elias Akhenaton

ALQUIMIA DO AMOR!


“O Amor é Alquimia,
É o fogo que queima,
Transforma e labora
No cadinho do coração,
Transmutando-o num coração
Sensível, terno; como uma
Doce poesia ou uma flor
Delicada em seu lindo jardim...
Este é o verdadeiro elixir
Da longa Vida e o Ouro que
Brilha nos corações
Dos amantes...
Contudo, há de ser laborado
Todos os dias, caso contrário,
Perder-se-á a nobreza
E o encanto desta
Alquímica magia.”

Elias Akhenaton

Foto de andre luiz couto

Quero te pedi perdão

Amor,

Sei que meras palavras não servirão necessariamente como lenitivo neste momento em que, certamente, estarás sentindo mágoa de mim e, quiçá, desejarias nem ter me conhecido.
Errei.
Errei, sim, como pode errar um ser humano fragilizado pelas contingências da vida...
Errei e peço perdão, vida minha.
Se o transtorno do arrependimento não é suficiente para quitar meu débito, imagina o quanto mais não estou sendo penalizado ante esse teu olhar magoado – o qual, espero e queira Deus, não venha a se transformar em indiferença. Antes me olhes com mágoa do que com indiferença... pois se a ira – a raiva – ainda significa algum tipo de sentimento, a indiferença consiste na lápide tumular dos corações humanos...
Errei e peço perdão...
Sabendo o quanto és nobre, o quanto de pureza e altruísmo tens na alma, minha esperança renasce, pois perdoar é um dom de nobreza espiritual.
Tenho consciência de os erros podem gerar uma crise, mas é nas crises que o espírito se fortifica... é num momento de crise que a gente mais tem a oportunidade de crescimento interior, de fortalecimento moral, produto do sofrimento e da reflexão...
Se minhas palavras são fúteis e vãs, insuficientes para reparar meu mal ou para justificar meu arrependimento, nesta hora de aflição, parafraseando os poetas, lembra-te de que...
“perdão foi feito pra gente pedir” e...
“eu te suplico não destruas tantas coisas que são tuas por um mal que já paguei...”

O amor tudo vence... e o mal que te causei não pode ser maior que nosso amor!
Superemos esta fase nefasta, amor de minha vida!
Olhemos para a frente, para o nosso amanhã... um novo dia surgirá, pleno de luz, uma luz fulgente que haverá de reacender a confiança em nossos corações.

Foto de Diario de uma bruxa

Cigana

Cigana...
Com seus olhos de menina
Cativa com sua simpatia

Tem o dom de ver o futuro
Mas com muito custo
Consegue alguém que acredite em tudo

Cigana...
Andarilha perfeita
Com sua total beleza
Enfeita-se como princesa

Sua maior arma
A doçura
Encanta com sua dança
Com seu olhar enfeitiça

É uma grande guerreira
Tens a nobreza da Deusa

Cigana... Menina
É uma fada madrinha
Ou apenas
Uma grande feiticeira

POEMA AS BRUXAS

Foto de Graciele Gessner

Entre Eles Existe... (1) (Graciele_Gessner)



Categoria: conto



Uma narrativa misteriosa recheada de fantasia. Entre eles existe atração, harmonia e romance, diria até que uma parceria muito positiva!

... Então ele chamou a sua atenção, cumprimentando-a. Ela foi pega de surpresa, não esperava por isso. Quem era ele? Por que a cumprimentou?

Dias depois, viu-a passando na rua. Pegou o seu carro e deu carona. Ela na hora não queria aceitar, pois era um desconhecido. Levou-a até o seu trabalho e durante o percurso explicou que estava interessado nela. Ela ficou um tanto apreensiva já que naquele momento não o conhecia direito. Porém, como um leão, seu instinto de paixão tomou todo o seu ser. Ela percebia que existia uma imensa sinceridade na revelação, mas não deu esperanças ao rapaz.

Quando ele a via ou se passasse na sua frente, ele oferecia carona. Começaram a criar uma amizade, trocavam algumas palavras no início, depois frases mais expressivas. Ele possuía uma persistência que até no final do expediente de trabalho ele levava ela para casa. Só que antes de chegar nesta questão, ele chegou a segui-la para saber onde morava. Por algumas vezes ele foi ousado, chegando à sua casa, cercando-a. Ele levando sempre um fora, e jamais desistindo.

Contudo, um dia algo inevitável na vida da moça permitiu uma aproximação. Conhecendo a sua vida, conhecendo-a mais intimamente, aprendendo a admirar pela determinação... Ele não se enganará, ela era a deusa que ele procurava.

No ponto de vista dela, ele era possuidor de uma energia e vitalidade admirável. A presença dele chamava a sua atenção por onde passava. Ele era dono de um natural ar de nobreza, segurança e autoridade que ela jamais tinha conhecido. Entretanto, existia insegurança por parte dela, desconhecia a possibilidade de ser correspondida. Ela não queria se machucar, não queria apenas aventura. Sentia-se envolvida, levada pelo charme dele. Conquistou-a com a sua sinceridade, com a sua coragem, generosidade... Ele era envolvente, criativo, dominador e simplesmente encantador.

Ela por muitas vezes o ignorou. Ela tinha consciência que estava sendo flechada por um novo sentimento. Este envolvimento ficou mais intenso quando finalmente aceitou o convite de sair com ele.

Saíram, e as qualidades dele ficaram expostas, possuidor de um grande coração. Sem contar no entusiasmo de estar saindo com ela, uma alegria de quem conseguiu o que queria.

No ponto de vista dele, ela era de um encanto natural, uma leveza e refinamento. Eles se entendiam, se admiravam e de alguma forma existia um sentimento. Entretanto, ele se identificou com ela, ambos eram alegres e apreciavam viver uma vida despreocupada. Além de extraordinário bom gosto natural, ela era demais atraente!

Na eventual saída, que por sinal muito desejado por ele, aconteceu o primeiro beijo. Ela combinava perfeitamente com ele, e o beijo era ardente, envolvente. O orgulho de tê-la em seus braços quase coloca tudo a perder. O exagero de se sentir o tal mostrou uma recusa por parte dela. Então, ele dosou as suas verdadeiras vontades para não assustar a sua deusa.

Ele é do tipo de homem que gosta que alimente o seu ego, mas para sua decepção ela não o fez. Porém, há algo especial nesta relação que ferve, ele é um gato, digamos um tanto ciumento que não tolera que persigam a sua gata. Entre eles existe calor e paixão, existe harmonia e equilíbrio. Existe algo de se invejar, há o combustível da atração. O que mais existe entre eles?!



13.02.2010

Escrito por Graciele Gessner.



*Se copiar, favor mencionar a devida autoria. Obrigada!

Foto de Diario de uma bruxa

DESPARTAR DA BRUXA

Desperte bruxa
Desperte de seu sono
Venha à natureza
As arvores te chamam
Elas precisam de sua força
Do seu feitiço

Desperte bruxa
Acorde e conforte
A aurora do amanhecer
Das flores com suas cores
No jardim de mais
Um novo dia

Desperte bruxa
E louve a Deusa
Que hoje sua mão
Estendi pra ti
Abençoando-lhe
Pela sua devoção

Desperte bruxa
Caminhe pelos campos
Observe a nobreza do sol
Que ilumina e aquece
Cada canto desse paraíso

Desperte bruxa
E venha a mim
Espero-te há muito tempo
E hoje estou aqui
Caminhando pelos campos
Conversando com as arvores
Que me fazem companhia
Até você chegar aqui.

Desperte bruxa
E siga a minha voz
Verás que é perfeito
O amor sincero
Que tenho por ti.

POEMA AS BRUXAS

Foto de Carlos Henrique Costa

Sete meses

A ti entrego os meus primeiros passos,
Nasci na margem do ribeiro lago,
Criança prematura que nos teus braços,
Dependerá desse teu carinho e afago.

Filho primogênito e único desses laços,
Os laços familiares de valores... Pago!
E pagarei com risos, choros e abraços!
Aos meus pais, terno amor vós trago.

Só de lembrar, a longa e tortuosa tristeza,
De longos e longos anos para me ter,
Tantos sacrifícios e votos de pureza.

No céu, Deus a ouvir esta razão de crer,
De sua nobreza rege sua grandeza,
E no útero da minha mãe põe o meu ser.

Foto de Maestrorenato

Vida

“VIDA”

V ivo querendo ser o homem que eu sonho ser o tempo todo, nunca sei exatamente em qual portão devo bater para receber a ajuda que eu sigo buscando.Deixo de lado as minhas

Idéias que fluem diante das situações, como o relampejar dos trovões, que sem permissão humana emanam no meio do céu sua luz inebriante, assim os flashs da minha mente que vaga dentro do mesmo sentido.

Durante toda a caminhada que é o desenrolar da existência do homem, as coisas e as situações que se repetem o fazem concluir em quase todos os casos que a própria vontade incontrolada pode tornar o prazer de existir numa lastimosa solidão,

Até que alguém, por misericórdia, veja de longe o que está acontecendo ao homem que segue vivendo, possa fazer algo pra ajudar o homem que segue existindo, as fontes de força humana se acabam deixando o homem a mercê do única e verdadeira fonte de vida que é o amor.Dado aos homens por Deus para demonstração da própria existência de Deus aos outros homens.

E a vida que se pensa ser tua, descobre-se agora mais não tua do que antes, e se faz mais dEle do que tudo, deixando você mais fraco e dependente de quem realmente merece de fato...Deus....

Como se em mim estivesse a força que preciso para existir...

“Existência”

Eles que pensam que minha vida é medíocre, pensam que minhas dores são passageiras, que meus sonhos são castelos de areia, que meus olhos são de pedra, e que minhas mãos não adormecem com a dureza do labor diário.

Xícaras e mais xícaras pra todos estejam ao meu redor, tentando me fazer refletir com base na hipocrisia, achando que o mais nobre vocabulário tornar-se-á na mais verdadeira amizade.

Imitam os sinceros o tempo todo, fazem o que querem com nossas emoções, deixando-nos muitas vezes ao relento com o corpo descoberto, e com a cara quebrada pelas duras palavras que muitas vezes arremessamos ao vento.Vida, que nobre pesadelo, que nobre graça.

Sempre nos deixando nos olhos lágrimas de alegria, lágrimas de tristezas, sempre nos fazendo perceber como é bom ter alguém que não deixe nossa história passar em branco, mas que possa relatar as nossas proezas e esconder nossos fracassos, fazendo de nós heróis do nosso próprio cotidiano.

Tendo a destreza de usar as palavras corretas, para nos fazer merecer os elogios que com certeza nos darão no porvir.Vida que deixa nas mãos dos outros os nossos méritos, e nossos feitos.

Enfatizo o ensejo, buscando alcançar lugar melhor na eternidade, sabendo que minhas próprias palavras me hão de dizer onde eu passarei meus últimos dias.Vida é a dívida que todo homem faz, e a morte a dívida que todo homem paga”.

Como num jogo, a existência passa a ser quase que uma graça obrigatória concedida ao homem, e faz dele o maior dentre todos na criação.Sei que em momentos onde meu corpo deixa de sentir vigor, e minhas forças se esvaem, tenho vontade de cobrar de Deus mais alguns minutos e insistir pra que ele permita que eu realmente viva de verdade.

Incrivelmente a velhice também faz parte da vida e é a maior e melhor parte que o home pode viver, sabe-se lá o que nos faria a vida se nós tivéssemos de sermos jovens pela eternidade?Onde estaríamos agora?Sempre teríamos uma nova desculpa para não morrermos.

Andando atrás do ciclo natural da vida verifiquei que não somente eu mais todos que estão ao meu redor, são obrigados a passar por estas coisas, de modo que a graça vem, ainda que para permitir desgraças, ela vem, e quando nasce é lindo, cresce lindo, vive lindo, envelhece lindo e quando morre, o faz de forma deslumbrante, mostrando aos homens que pode-se morrer com dignidade.

Existência após o Sopro...

Sopro

Suspiro de ar, pra dentro, pra fora, pra dentro de novo, pra fora outra vez, e
Outra, agora já não sabe mais, embora já tivesse ouvido de outro o
Preço que custa doar os olhos á outros pra que eles vejam o que você vê.
Respire, sinta o ar entrando e saindo, sinta a vida crescendo, emergindo.
Ostentando o tempo em que você insiste em pensar que não vive só porque não sabe respirar.

Sopro que abrem os olhos, janelas da Alma...

Janelas

Já era noite, e eu nascia já era tempo, já era dia
A vida que insistia entrar em mim, me fez pulsar o coração.
Nem sequer perguntou se eu realmente queria existir, somente me fez!
Eterno, cheio de vigor com o desfalecer pra anos além dos 10.
Lentamente me pôs de pé, me fez andar, me fez caminhar, me fez sentir
Amor, latente na alma, nas veias, no sofrimento, no alento, no conforto dos braços
Seus braços que me afagavam, e sua voz que eu podia ouvir...Dizendo..Seja!

Janelas que abrem minh’alma fazendo-me ver o que eu não quero

Alma

Alvorecer da vida, aprendizado, vivencia, nada que se possa comprar
nada que se possa obter de fato, visto que sem dono não existe e
sem forma não pode ser o que é.

Lembranças que latejam dentro da mente controlando o crescimento
do caráter, da personalidade, do prognóstico humo.

Mente formada, parte humana dentro da criação divina,
aceitação do Trino Deus como indivíduo, como único, como cheiro.

Amor de Deus, amor de pai, amor de mãe, amor de amigos, amor ágape expresso em todos os sentidos.

E como sendo Alma confesso que sinto dor, vejo então o sofrimento....

Sofrimento

Sentimento solitário, só quem sente sabe como, e com que efeito.

Ora traz lições, ora traz desgostos ainda maiores, ora traz de volta
lembranças.

Fiel em fazer doer, sem nenhum tipo de remorso ou culpa, apenas
satisfação por fazer doer.Calculista.

Refrigério, este, parece que nunca vem, e quando diz estar vindo,
parece demorar ainda mais.

Idéia maluca de viver sabendo que o certo é sofrer.

Mentir aos outros dia-a-dia um sorriso, um olhar, uma capa

Entusiasmar os outros e desanimar-se com choros e velas.

Não são assim os que por si mesmo vivem, não provam deste mesmo
cálice,nem da mesma água, que...

Turva e sem gosto não sacia a sede nem tampouco refresca.

Outrora alegria constante, no olhar inebriante, uma força vibrante, ouro, diamante,ágora não vê, não anda, não vive, somente sofre, pois para este não existe substitutos. Que bom termos estímulos.....

Estímulo

Exatamente como éramos quando nascemos,nos tornamos no momento do erro, desnudos das máscaras que a existencia nos proporciona.

Sumimos do mais atento grito de socorro da nossa alma, que clama dia e noite por liberdade.

Totalmente chocados com os valores que alcançamos pelo erros, avaliamos todas as possibilidades de sermos apenas mais um, dentro da história da nossa própria vida.

Ideias que sempre nos afogam, e nos fazem delirar enquanto o mundo, que não para, segue em massa para o destino que precede á si mesmo.

Masturbamos a mente, exigindo o êxtase total do ser, na entrega , nas lágrimas, nas aflições, nas guerras em busca da paz, somos....

Únicos em raciocinar que todas as coisas, ao mesmo tempo que conspiram contra nós, mesmo sabendo que existe, acima de nós, esta um Deus que não conhecemos direito,por isso rejeitamos sem restrições.

Louvável atitude tem aquele que descobre que sua vida não é gratuita e, sim que todos nós temos um preço,faz tudo segundo a nobreza da consciência e excelência da humildade.

Outrora éramos somente barro, agora respiramos e podemos andar, todavia ainda não crescemos e nem amadurecemos, somente temos altura, e nosso dias são contados por anos........

“ Porque no vai e vem do io-io, vê-se as voltas que a linha da.”

Foto de Bira Melo

ACRÓSTICO PARA UM "SPECIAL FRIEND"

*_*
#
u_U
*

L aureada Alma de Aço
É s tu, Alma Nobre
V ens como as vinhas em pleno outono
Y es..., em cantos e belos sonhos...

E u fico hipnotizado com o seu cantar
M ais encantado ainda com a
M aestria do seu luxuoso e belo poetar
A gora falo aos quatro ventos, para escutar
N obre Alma, suave e doce voz cantarolando
U ma coisa sua quiçá...
E u gostaria demais de escutar
L eves acordes e doce sons do seu lindo dedilhar.

S implesmente tu, Alma Nobre
P remiando-nos sempre com belas melodias
E specialmente as que falam em amor
C omo mestre ou filho de Eros, o grego deus.
I gnoras preconceitos com seu suigênere, belo e liberto poetar...
A lma Nobre, desejo-te sempre:
L uz divina,

F elicidade,
R iqueza e nobreza d'alma,
I luminação interna e externa,
E legância e humildade,
N unca...; mas nunca olhe pra vaidade
D epois que o seu Sol brilhar...

*Direitos autorais reservados.

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