Noite

Foto de pttuii

Menina perfeita à chuva IV

Feliz de dia quem lamenta o que não fez à noite. Infeliz ao deitar ela. A menos esforçada alma transparente. Que sempre penteou os cabelos louros pensando que eles eram azuis. Que sempre pintou os lábios transparentes, esperando que eles fossem pretos. Negros de morte. Daquele desaparecimento espiritual que leva a pintura de vida de quem faz realmente falta entre os quatro cantos de um planeta esférico.
Teimava em acidificar, a chuva. Não seria um aguaceiro, porque o céu lembrava mar depois de naufrágio poluidor. Mas também não era o dilúvio, porque o fim do mundo sente-se.
Entranha os ossos sem ser chamado, e faz das lamentações sangue amarelado. Pasta que lambuza a cara dos sofredores, e deixa os felizes, contentes até ao fim do segundo que vem a seguir.Menina frustrada, à chuva. Lembrou quando aprendeu a ler. Foi uma festa. Uma tempestade de sabores que a vida brinda em bolo de aniversário.
(continua)

Foto de Lu Lena

SAUDADE EFÊMERA

*
*
*

Que saudade é essa
que espreme meu peito?
noite e dia um olhar
vazio e vago ao relento
Olho as estrelas, e o
que vejo?
a lua cheia que brilha
e enxuga a lágrima que
cai num rosto opaco
num olhar inerte e
esmaecido para o
infinito...
inatingível e...
negro...
Onde estás?
sinto na face o
toque suave do
vento...
Ah! Foi nada...
emudeço e
fico calada...
sinto novamente
o tremor...
na brisa que leva
novamente você
de mim...
Meu amor!

Foto de pttuii

Menina perfeita à chuva II

Bastava só que acreditasse em mundos paralelos. Rapaz de pó, vezes entrega total, igual a amor. Paixão de povo lutador. Mulher que entrega. Homem que aproveita. Mulher que dá. Homem que explora.
Simples amor de dois corações em equação fatal. Menina que sorria, e o sol voltava. Desapertava o edredon de chumbo que o céu cinzento usava para se tapar e, a custo, vinha acariciar-lhe um rosto incapaz de suster cascatas de lágrimas. O pior são as dores de hesitação. Menina perfeita que tratava por tu o dedo indicador de Deus. Acatava ordens hermenêuticas. Acreditava que a vida tem de ser pior, para um dia, um longínquo dia, consiga finalmente ser melhor. E o vento percebeu. Entrou-lhe pelo coração dentro, rasgou a frágil barreira de seda que ela própria tinha tecido como segurança, e traiu-a. O azar bafejou. Soprou. Enrolou a língua, e arremessou a tristeza. O rapaz de pó desfez-se, no meio de dois trinados de pardal moribundo. Ela não chorou. Apenas emudeceu. O dia acabou, deitou-se na cama de lamentos que o acolhe há séculos, e a noite saiu para caçar. Menina sentada em cadeira de pau podre, com vestido de cambraia imóvel.
(continua)

Foto de pttuii

Enfabulador

Já o tinha dito:
foi a tarde mais horrível
do tempo escasso que
dispôs antes de apagar
a noite em luz,
comprometeu-se a que aquele
desvanecer de dia fosse o
mais memorável das vidas
ensonadas de um bairro inteiro,
escreveu-o no vento pouco que
varria as esquinas das purgas
insonoras da saudade,
seria o que os ditongos
humanos quisessem,
dar-lhes-ia a exclamação
em mãos acostadas em cruz,
deslizado do país das lendas,
ficou o que quem luta foi
capaz de dizer a quem chora....

Foto de Carmen Lúcia

"Sal doce"

Nem tudo são flores!
Nem só dissabores...
Os dias são desiguais;
há tempos de festas
e de temporais...

E rimos à toa,
a vida é tão boa
na proa de um barco
a navegar...
Tamanha alegria
reflete nas águas
de azul celestial.

E o mundo pequeno
parece ingênuo
pra tanta euforia...
E leva poesia
girando sereno,
transborda magia,
e a doce esperança
de poder sonhar...

De repente, muda o cenário;
e a felicidade,
de destinatário...

O dia escurece,
a vida entristece,
a lágrima salgada
retorna ao mar...
que leva a poesia
e toda magia
pra outro lugar...
salgando os sonhos,
pesando o ar!

E o mundo tão grande
esnoba a euforia
que vaga errante
na noite sombria;
sem ter companhia,
sem luz do luar.

Saibamos viver
com sabedoria,
regando os momentos
de amor e harmonia...
A felicidade
é um bem inconstante
que não faz morada,
eterna viajante...

Temperemos a vida...
Açúcar e sal,
na medida exata,
pra não fazer mal.

Carmen Lúcia

Foto de pttuii

Menina perfeita à chuva I

Fez de si um borrão em carta de despedida de vida. Falhanço criativo, em noite de chuva. Tempestade aiurvética, acompanhada com a cavaleria rusticana de dois trovões que caem no mesmo sítio de um quintal de nespereiras de acervo. Tratava-se de uma indefinição subjectiva, que a acompanhava....
Refazendo a ideia,...
que se colava à pele de quinquilharia que sempre quis arrancar.
Foi a menina., sim, experiência genética ‘não alfa’, que chorava aos cantos da escola de cantos redondos. Nunca sabia o que tinha, sempre soube o que queria.
Mas diluía-se em expectativas indefinidas de felicidade gótica. Quis casar com um dragão de masmorra de castelo, e ser feliz à sombra de uma nespereira de acervo. Desistiu, quando o mundo um dia lhe disse que as meninas são pingos dos anéis de Saturno, que esperam o fim a qualquer momento.
Tudo estaria alegadamente dependente de Deus um dia se aperceber que tinha errado ao criar uma raça humana que se levanta, quando o dia nasce, simplesmente para se deitar quando as estrelas se alimentam, com a sensação de desprezível alegria astrológica.
Teve flashes de felicidade meteorológica. Adorava sentar-se em cadeira de pau podre, e sentir a frescura das chuvas de Outono. Caracóis de um louro desmaiado humedeciam ao passar dos segundos, e tornavam-na parte de um ecossistema de renovação. Terra, água, e ar, embalavam a pessoa de indefinições em desejos de aspiração divina.
Para depois gozarem com o sorriso de neve que sempre a matou por dentro. Sofria com o vestido de cambraia que a avó de afectos lhe bordara. Serviu o cós da saia muitas vezes para assoar fluidos de vergonha.
O rapaz de pó acariciava-lhe o rosto, e prometia-lhe redenção. Ela não existia. Mas ela poderia vir a ser caso sério de amor incondicional. Sem réstias de arrependimentos. (continua)

Foto de Marcelo Henrique Zacarelli

CREPÚSCULO

CREPÚSCULO

Sobre a mesa da áspera madeira
A vela que lhe faz companhia
Empresta seu corpo de luz por inteira
De resina e pavio apagada
Morre debruçada no colo do dia.

Sobre o papel amarelo envelhecido
Descansa a condoída poesia
Quando cai a noite fria de improviso
A pena que com pena do autor
Empresta a tinta
E morre esturricada e vazia.

O velho homem bem que tentou
Tomar inspiração na tal tristeza
A saudade da mulher que amava
É o que restou
Quando o sono pesava-lhe
O rosto sobre a mesa.

Ao dormir no crepúsculo da noite fatídica
A vela se apagou junto à poesia
Talvez em sonho a realidade verídica
Daquele velho homem
Extraia toda a dor
Como da pena que vazou a tinta.

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Abril de 2008 no dia 30
Arujá (sp)

Foto de Marcelo Henrique Zacarelli

CAMILLA

CAMILLA

Desprezas quem eu sou
Por não saber como sou
Por não compreender o tocar
Por não entender a beleza do deitar...
Desprezas esta mulher
Por um momento no teu ignorar
Esta mulher que te espera chegar
Que pronta lhe atiça um carinho teu
Que desprezas por descuido teu...
Desprezas esta que é tua
De noites amarguradas sem lua
O desejo que a arde e é tão fugaz
Na madrugada sozinha
Procura-te e você não estás...
Ao fio da navalha este nosso amor
Que o tempo severo o transforma em dor
Desprezas esta mulher que ainda é tua
Que sofre de saudade, de verdade tão nua...
O dia parece correr mais que o pensamento
As noites claras são ternuras de tormento
O Dia; nosso trabalho ganha pão das meninas...
A Noite; pra você não existo, muito prazer!
Sou Camilla.

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Dezembro de 2008 no dia 01
Village Itaquá

Foto de Chácara Sales

Quem Sabe na Próxima Aurora?

Não podes imaginar o quanto
Um quarto escuro aborrece minha alma.
A faz gritar solitária e ela, coitada,
Presa neste corpo que triste chora,
Nada pode fazer para acalmar
Este magoado ser, e, no entanto, sofro.

Penso nas vezes em que
Hei de me trancar ali,
Ficar sozinho, remoendo...
Castigando minha vida
Sem ter ela culpa alguma.

Não obstante ela não sabe
Que és tu a razão do sofrer.
Eu, homem franco em desalento
Adoeço a cada momento
Com o coração sedento de ti
Que ameaça parar de bater.

Confesso que choro.
Como não sei de tua volta, me pergunto:
Talvez um dia ela me explique a razão da ida?
Foste como se vai a noite - despercebida - .
Sacrifitaste uma estrela a se eternizar - nosso amor -
Agora vivo em luas pálidas como já é minha face.

Sempre após as chuvas clamo a Deus.
Não tenho aqui esperanças de tê-la de volta.
Minha alma dentro em mim me consola,
Fujo do escuro que me assola,
Procuro luz, expulso tristezas do coração.

O destino falará por mim.
Hoje a passear costumo dizer:
Posso talvez te encontrar por aí,
Abandonada pelas ruas do sem mim;
Ou, quem sabe na próxima Aurora?

*Autor: Chácara Sales

Foto de Marcelo Henrique Zacarelli

AMOR PERDIDO

AMOR PERDIDO

Pela manhã, insulta o dia
Ao se olhar no espelho, vazia...
De pensamentos, pela noite
Que fora embora, tardia, tardia...

Ao trabalho vai, e a tarde vinha
E lhes surpreende a noite, vadia...
Não lhes pergunte sobre o amor
Que fora embora, um dia, um dia...

Há quem dera, voltasse arrependido
O amor que a pouco a deixou...
Ou a noite que a tomava por vencido

A bebida que a tornara estarrecido
Pela manhã a acordou...
E sóbria reclamou o amor perdido.

(Soneto)

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Janeiro de 2009 no dia 07

Páginas

Subscrever Noite

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma