Noite

Foto de Edilayne Campos

Recordações

Nessa tarde escura, sentado à beira de minhas velhas recordações fico a recordar o tempo em que ainda podia te ter.
Lembro me das nossas conversas, dos nossos passeios, e até das nossas descussões.
Lembro me das viagens que fazíamos aos nossos desejos, dos nossos beijos, lembro me bem.
Lembro me de nós sentados na calçada esperando a noite chegar. Lembro me do nosso filho brincando, casando e indo com sua esposa morar.
Viver sem tudo isso foi o que consegui superar. Mas sua ausência, ó minha viúva, ainda arde em mim em parar...
Sento me aqui, na frente do nosso lar, pra ver se algum dia ainda te verei novamente por aqui passar.
Sinto seu cheiro, quando começo em ti pensar.
O vento que passa e balança meus cabelos é para mim como o seu carinho, aquele que você me fazia antes de eu ir dormir.
Ó minha viúva, por que partiste? Por que fostes para longe de mim?

Foto de aninha wagner

Distante Amor

Distante Amor

Eu penso em ti
quando o sol ardente
reluz no mar
penso em ti
quando a tranqüila fonte
espelha o luar
a ti eu vejo
na longínqua estrada
na alta noite a vagar
peregrina e só
inocentes sentimentos
tua voz me fala
entre o tombar das ondas
ou quando em silêncio
lá na mata escura
contigo estou, amor
embora tão distante
já cai o dia
vem brilhando estrelas
claridade suave
saudade serena

Ana Wagner

Foto de Lou Poulit

Túrgida Lua

Túrgida lua que amamenta
Meu amor de homem em seus vagares;
No epicentro de calamares,
Nas calmarias me acalenta.
Nos pântanos no quais atraco,
Pobre Baco, bêbado e fraco
Pelas paredes fundas do céu
rosna, como o mármore ao cinzel.

Túrgida lua dessedenta
Essa sede isenta de apego;
Esse cego desassossego
De me verter aos solavancos,
Pelos sulcos que ao rocio apraz.
Luares liquefeitos, francos,
sobre peitos acesos de paz,
pacificam-me os versos brancos.

Túrgida lua que assim tenta
dentre estrelas minha alforria,
arrebata-me a noite e o dia
para que esse amor jamais cesse;
e então minha alma seja a messe
fulva, espalmada à tarde morna
e, à noite, à estrela que me adorna.
Ah, túrgida lua, vem... desce.

Foto de andrepiui

Bem e o Mal

as pessoas tentam se esconder
atrás de uma maskará
que não conseguem descrever
mentem umas prás outras
mas entre o bem e o mal
não sabem escolher
o caminho das trevas e o da luz
nos aparece e jorra
como um puiz
de uma ferida aberta
e mal cuidada
entre um coração partido
e cortado por uma espada
o sol que ilumina esquenta
minha cabeça atormentada
tento fugir
mais minha alma está ancorada
trancafiada a sete chaves
na beira de uma estrada
ela está enterrada...

quem é você
que me aparece
no meio dessa fusão
transformando o dia em noite
acelerando as batidas do meu coração
sugando de uma vez por todas
a falta de sossêgo
que atormenta minha mente
cheia de pensamentos
quem é você
que me aparece
nesse imenso azul
trazendo a paz
transformando o red em blue...

olho para os lados
mas não consiguo ver
estão todos amargurados
enganam a si próprios
mas não conseguem perceber
todos olham para o céu
mas não conseguem perceber
dentro de nós há um Deus
que todo esse vazio quer preencher
a natureza é uma grande prova de amor
mais trocam essas belezas
por uma maquina chamada computador
o céu o mar as flores
tudo isso foi Deus quem criou
morte mentiras roubos
muitas juras de amor
palavras perdidas no espaço
um tempo que já se passou
crianças mortas puberdades roubadas
o mundo que o homem inventou...
(André dos Santos Pestana)

Foto de pstella

Noite Sem jeito

Desculpe o mal jeito
Mas nem sempre sai com efeito
Olhando esses seus traços bem feitos
Nessa noite calorosa
diria com certeza
que ao luar que me traz clareza
A noite pede para te embalar
O som dos pássaros ao fundo
espero que tenhas
o sono mais profundo
Que nos sinos que tocarei
vou conseguir te acalmar.
O Azul do ceu se mistura
em seu olhar
No mais infinito melhor
seria apenas sonhar.
Que os sonhos sejam fortes,
e leves ao mesmo tempo
Que o som seja tranquilo,
como o leve dançar do vento.

Ao Homenagiado dessas palavras. Meu Anjinho Michael.
Beijinhos

Foto de Lou Poulit

Poema de Aniversário

É mesmo... Foram-se tantos anos.
Anos? Foram-se o mal congênito,
os dias de insônia e agonia,
banheira de águas sempre tépidas
para a convulsão de todo dia.
A sirene das tias lépidas:
Batiza logo! Ou morre pagão.
Corre que o padre inda tá no saguão!
É um anjo... Não é demônio não...

É mesmo. Foram-se tantos anos.
O primeiro toque, o amor primeiro,
o primeiro gol... foi na trave (uuuuuhhhh...),
o demoninho: "Pegue... e crave!".
O segundo nas arquibancadas,
e o anjinho: "Vai de mal a pior...",
E o padre: "Venha e se confesse!
Faça jejum e faça essa prece."
Confessei... Ser amigo do prior.

É mesmo. Foram-se tantos anos.
Ave-Marias e Padre-Nossos,
as sublimes cortadas nas redes,
os carnavais, enterros dos ossos,
sarros enterrados nas paredes
e uma impagável juventude,
que pagou toda e qualquer virtude.
Da procura aos meus primeiros pelos...
À brancura de poucos cabelos.

É mesmo. Foram-se tantos anos.
Festivais de música na escola,
primeiro emprego, primeira esmola.
Ruim de ponto, bom de Remington.
O ônibus cheio, pra faculdade.
E com o casamento o meu mignon
virou só um macaquinho no cipó.
Um amor como poucos amores,
de ovos "pochet" a discos-voadores.

Não... Não se foram apenas anos!
Foram-se desemprego e penúrias,
dívidas, esticadas lamúrias,
a incontinência das "por achadas"
e a inconfidência das borrachadas!
O casamento com as encrencas,
pencas de empregadas, malsãs ilhas.
Antes a janela sem avencas
que um arquipélago, falsas filhas.

Foram-se espinhos tantos do jardim,
medo de mim, azedo de tudo,
os tantos desencantos de Aladim,
o "Abre-te Sézamo" sortudo.
Foi-se assim tanto o sul quanto o norte,
tanto o mendigo que nunca cansa
quanto o recauchutado da pança.
A trança e a incerteza da morte.

Restaram os lúcidos amores,
as bebedeiras da poesia,
o espírito da arte noite-e-dia,
o "dar-te"... e poucos temores:

De batráquias de bíblias e terços,
mulheres que dormem de vicunhas;
dos céticos de todos os versos
e médicos que não cortam as unhas.

Pois que venham os anos!

Foto de Lou Poulit

Espumas de Copacabana

Pondo a manhã nos olhos da gente
inunda luz quente a alma,
que sente vontade de possuir o momento.

Um transatlântico espumante apita ao largo.
Uma despedida sem lenço.
Pelo imenso lençol se arrasta
e se esconde na cabeceira do Forte.
Quem se despede diz “hasta la vuelta!”
e quem fica pensa “que sorte...
sou fraco, não preciso voltar”.

A densa e imensa mistura de gente
fez disso aqui um lugar diferente
e criou uma democracia de surfistas sociais.
Ou mais, uma “anarquia democrática”
onde todo comportamento é tática.
Tudo, qualquer coisa vale
para continuar fraco e não ter que partir.
Muitos não têm mesmo para onde ir.
Alguns sequer o que comer.
Mas todos de alguma forma se comem
seja mulher, fora de norma ou homem.

Pondo a noite nos olhos da gente
os brilhos múltiplos ofuscam as estrelas,
mas seus filhos últimos poderiam vendê-las,
mesmo do alto, ao primeiro incauto.
E ele compraria! Por força do encanto.
Porquê veio de longe e pagou mais.
Porquê ademais: que sorte ser fraco!
Talvez nem se dê conta do simulacro
roto (é jogo, é mão-no-saco!)
que lhe põe uma coleira no escroto.

Pondo a cara nos olhos da gente
a madrugada pressente o falo do novo dia.
A viúva mostra o calo, a vulva viva e crua
e eu a minha verborragia
que, nua, masturba a esfera da caneta e anuncia,
de humanidade até o pescoço, o termo do endosso
o salto no próprio abismo.
O ermo em que fraco lambo o fundo da louça freme,
como num sismo, a poça...
Essa sopa de talento e miséria humana
com que alimento a verve séria,
que mendiga espumas em Copacabana.

Foto de Broken Wings of Butterfly

Saudade

Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa,
Eu a bendigo da descrença em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.

À noite quando em funda soledade
Minh'alma se recolhe tristemente,
Pra iluminar-me a alma descontente,
Se acende o círio triste da Saudade.

E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,

Da saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra o peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.

(Augusto dos Anjos)

Foto de angela lugo

A felicidade

Já nem sei mais se faz frio ou calor
Se chove ou se faz ventania
Se a noite já passou ou o dia clareou
Perdi a total noção do tempo

O tempo é como se não existisse
Quando partiu deixaste este vácuo
Dentro do meu coração e do meu viver
E agora me sinto sozinha a caminhar

Devagar meu coração foi compassando
Ficando numa euforia total
Da esperança de você voltar

Trazer-me novamente seu amor
Com uma grande saudade no peito
E a felicidade em suas mãos

Foto de PETERPAN

Sonhei-te

Sonhei-te

Sonhei-te em catadupas
de vontades e desejos
nos sussurros da minha noite
nos furacões do meu corpo
que de ternura te inundam
sempre querendo mais

Acordei com a boca cheia
dos beijos que te não dei
e guardei-os no meu colo
para tos dar com carinho
com vagar
com cuidado
...meu amor

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