Noite

Foto de betimartins

Crônica de um homem só.

Crônica de um homem só.

Viajamos através do tempo, assumimos identidades e corpos, voltando a estaca zero, assim é a história deste homem só.

Eram quase meia noite de sexta feira dia 13 de Março, nasce apenas perdida no tempo da imensidão, uma criança brotada ao acaso da vida com o nome de Solidão, não teve batismo, o padre estava ocupado com as beatas da sua igreja e era insignificante para a sua paróquia.

Solidão crescia aos trancos e barrancos, ora doentes ora saudáveis, mas Solidão lá caminhava pelo seu triste caminho, sem ninguém. Batia de porta em porta e ninguém a queria abrir, alguns ainda hesitavam, outros rapidamente a fechavam era feio, cruelmente frio e impessoal, mas duramente real.

Passou fome, muita fome, sede muita sede, nada era dado, nada facultado, suas vestes estavam rasgadas pelo tempo, deixadas ao pó, a chuva, ao frio e ao sol forte dos desertos. Afinal quem nunca caminhou por um deserto?

Quem nunca bateu em uma porta que ela fosse fechada? Quem já pediu água e ela lhe foi recusada ou dada de má cara, todos sabemos que a vida é assim madrasta com o destino cruel da triste caminhada.

Solidão ficou homem forte, aprendeu a escutar os murmúrios da vida, decifrava o vento, a lua, o sol, as nuvens e até sabia o que conversava a floresta e as estrelas.

Aprendeu no silencio a escutar os conselhos do rio, dos povos passados, os que hoje são ridicularizados e ultrajados e também aprendeu a vivenciar o mar na sua imensidão.

Aprendeu a caminhar entre as estrelas, cantarolar entre os limbos e os restos dos homens cruéis, aprendeu a se contentar com as sobras dos outros, sem reclamar e claro agradecer ao grande Deus o seu único criador.

Solidão cresceu por ai, mas sempre sozinho, nunca mais envelheceu, nunca escutei que ele morreu ele nunca foi encontrado, apenas que ele vive ainda em cada um de nós!

Betimartins

Foto de Paulo Master

Tarde Gris

Em solidão, devaneio a escrita como uma bela dama a bailar ao ritmo da emoção, as letras se agitam sibilantes, com o suave e envolvente ritmo do meu coração. Em júbilo, a magia das palavras se mostra com capricho, num brilho fulgurante. Vejo-me seduzido pelo amor e seu poder inebriante.
Um coração emotivo, de rimas suaves e poetizadas. Sigo falando de flores, amores, solidão e dor, saudade e desejo, afeto e amor. Já falei da noite fria, da aurora mostrei a magia. Suspirei com na tarde gris, do formoso céu, comtemplei o anis.
Desejo alçar um novo voo, quem sabe, suplantar o amor, a liberdade, e pousar naturalmente nos seios da felicidade.

Foto de Carmen Lúcia

Ter você...

Ter você...

É atingir o inatingível,
decifrar o indecifrável,
transpor o intransponível,
explicar o inexplicável,
compreender o incompreensível,
violar o inviolável,
profanar o mais sagrado.
E viver a plenitude do inusitado...

Pra ter você...

Quebrei todos os preceitos,
livrei-me de preconceitos,
rompi barreiras,
transcendi fronteiras,
desagravei as leis,
desacatei princípios,
desmoralizei os fatos,
repudiei valores.
Morri de amores...

Sem ter você...

É ver o amanhecer sombrio
trazendo a luz de um sol sem brilho...
É ver a noite sem o prata da lua
e o breu soturno de estrelas apagadas;
fantasias pelos cantos, desperdiçadas,
entre sonhos vazios, solitários, vagos.

É viver com a sensação de ter morrido;
é morrer como se não houvesse nascido.

_Carmen Lúcia_

Foto de Izaura N. Soares

Soma Perdida (RONDEL)

SOMA PERDIDA
Izaura N. Soares

Vestígios da noite adormecida
Buscava a claridade da lua
Que, no frescor da brisa e da vida
A saudade me deixava nua.

Tracei a caminhada na rua
E chamei-te de minha querida,
Vestígios da note adormecida
Buscava a claridade da lua.

Nada vez nada, soma perdida,
Habita-me assim, mas sem fissura
Enquanto essa tua soma é atrevida
Procuro de imediato na cura
Vestígios da noite adormecida.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Senso Comum - Parte 2

Sábado à noite...

- Nossa, que tédio, eu não saí para dar um rolê...
- Meu filho, se você está em casa, é porque tem um teto. Lembre-se disso antes de gastar sua grana pra pegar baba dos outros.

E foi assim que eu perdi a ânsia por cachaça multinacional.

Foto de Marilene Anacleto

Amores de São João

Frio. Naquele tempo, só tinha isso.
Cachecóis, casacos, meias de lã,
Nove noites de espera, de suspiros,
Pouca luz, o rosto dos namorados futuros
Colhiam na alma imagens de anjos divinos.

Longo dia, manto de ensaios das falas,
Mãos perfumadas para colher sonhos
Em balés, na noite que custava a chegar,
Para o possível abraço do amor eterno.

Domingo. Dia do santo. Dia de sol.
Rostos leves, sem gorros e cachecóis.
Os sonhos berçados na longa semana
Materializam-se em enredos celestiais.

E as surpresas não afastam o calor
Das ilusões da semana a sonhar beijos.
- Não é tão lindo quanto parecia ... -
A piscadela marota acaba em casamento
Sonhado a cada noite de novena, de desejo.

Foto de Oliveira Santos

Virtual

Separados por uma janela digital
Estando frente a frente
Nos conhecemos num clique

Nossos dedos percorrem o teclado
Pronunciando palavras em silêncio
E vamos nos revelando ao nosso gosto

Tentando, quem sabe, nos impressionar um ao outro
Talvez dizendo o que nos convém
Nesse universo inanimado, porém não estático

Vejo você e sou visto, nunca nos tocamos
Você está aqui e eu também
E nos fazemos companhia

A noite inteira trocamos elogios, carinhos
Fantasiamos nosso prazer
E nos despedimos num clique

25/11/11

Foto de CarmenCecilia

Um lugar....

Um lugar...

Procuro uma fenda...
Que me defenda...
Dessa eterna vigília
Um lugar que brilha...
E com seu raio dourado
Traga-me o inesperado
Uma eterna sensação
De magia e ilusão...
Apaziguando, aquietando
Como uma canção de ninar
Minha alma, meu coração...
Trilhando cada passo
De um novo desfolhar...
Dos sonhos que inquietam
Da procura incessante
Do que realmente é importante
O instante seguido de outro instante
A seqüência do dia e da noite
E das tardes escorregadias
E em liberdade cantarolar
Esse novo percurso...
E esse novo caminhar...
Esse lugar...
Quero achar...
Quem poderá ensinar?

Carmem Cecilia
24/11/2011

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro – Capítulo 7

Essa noite eu tive um sonho estranho. E esse sonho, por assim se dizer, foi muito complicado de se decifrar. Nele, os absurdos imperaram. Os seres, sem serem claramente separados como na nossa realidade, lutavam entre si. E os fracos subjugavam os fortes, os devoravam, sem que lhes sobrassem sequer os cadarços. Tremulavam estranhas bandeiras, de estranhas causas, e estranhos países. Crianças mandavam em adultos, que as obedeciam. Outros homens, rendidos, suicidavam-se, alegando merecer o falecimento. Hinos desconexos ecoavam nas paredes pelas ruas tumultuadas. Senti, se é que é possível sentir algo com um sonho, um desejo por uma inquieta tranqüilidade, uma tranqüilidade quase que inviável diante da necessidade das evoluções e modificações. Houve uma voz que conclamava, chamava os santos adormecidos para a fúria das incertezas e das discórdias. Carros aceleravam, carros indomáveis aceleravam com um sorriso irônico em sua parte dianteira. Ouviam-se sirenes, buzinas, caos. Não assimilei bem o que o sonho me passou. Também, não deve ser algo importante...
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O tempo se seguiu.

- A dona Clarisse é boa! A dona Clarisse passou para o nosso lado!

O burburinho tinha razão de o ser. Comentava-se, à boca pequena, que o nosso líder estava mancomunado com os seres dominantes. E o nosso líder não deixava por menos. Ele estava bem mais contido nos discursos de contrariedade aos nossos inimigos. Diferentemente da dona Clarisse. Ela, segura de si apesar das provações que lhe ocorreram, se colocava cada vez mais como uma liderança para toda a comunidade, e com o ponto positivo de se impor de maneira pacífica na resolução dos problemas do gueto em geral. Sendo mais específico, ela era a ponte entre a comunidade e o nosso líder. E esse, cada vez mais distante das necessidades, vinha perdendo a sensibilidade que o levou a ascender à branda influência que exercia aos seres de sangue quente.

- A dona Clarisse é a nossa esperança de vitória!

Tomava corpo uma nova representante do existir do gueto.
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A torta me olhava.

- Dimas...

Era a única que me chamava pelo nome.

- Dimas...

Novamente a ignorei.

- Dimas...

Eu me recolhi. Tinha nojo da torta. Engraçado sentir isso dela. O normal é os outros se enojarem comigo.

- Dimas, você pode até me ignorar, mas saiba que eu te amo e isso é uma verdade.

Senti muito medo de ela estar sempre comigo, em todos os momentos que eu precisasse.
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Parece que tudo me é mais sofrido.

- Inúteis! Ou trabalham direito ou não vão poder comer!

Os mais fracos no gueto são os responsáveis pela produção e preparação dos alimentos, pela limpeza de vias e aposentos, pelos reparos gerais e pelos afazeres menos aceitáveis. Já os mais fortes, por sua vez, garantem a segurança e a fiscalização do cumprimento das regras na comunidade, sendo sustentados para tal, e mantendo o equilíbrio da nossa calma convivência comparada ao tormento horrível da subjugação aos seres de sangue frio.

- Trabalhem seus inúteis, trabalhem!

Até eu subir de vida, será assim.
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- Justo, venha.

A voz de Clarisse era doce e acalentadora.

- Justo, beba.

Clarisse poderia seduzir qualquer homem que bem quisesse. Era uma bela mulher. Poderia seduzir apenas com o nome, que de tão belo fazia jus ao seu significado, de clareza, em meio à escuridão do nosso mundo, rochoso, opaco. E Clarisse, uma pessoa de bem, uma figura moldada para conseguir o melhor e sempre o melhor, não simplesmente seduzia ao homem que bem entendesse. Clarisse, ao invés disso, seduzia o homem do qual precisasse.

- Justo, dorme, dorme...

Ele obedeceu, como em poucas vezes em sua vida.

- Morre... Isto... Morre...!

E com presteza nosso líder foi a óbito.

Foto de Izaura N. Soares

Haikais das palavras

HAIKAIS DAS PALAVRAS
Izaura N. Soares

Boicote no céu
As estrelas sumiram
Noite de chuva.

Cortando no céu
Um vento agressivo
A luz se apaga.

Céu abatido
As nuvens carregadas
Choro tristonho.

Tempo desnudo
As árvores caídas
Morte das folhas.

Falar de uma flor
É falar da essência
Do amor em chama.

Revolta do mar
As pérolas sem brilhos
Ostra fechada.

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