Olhar

Foto de Ivone Boechat

Carta a um pai

Eu cresci, papai, pensando que você era um gênio, o homem mais forte do mundo, infalível, capaz de dar soluções a todos os problemas de nossa família ou de qualquer outra.
O tempo foi passando e o contato com o mundo, a maturidade, o juízo melhor de todas as coisas, as experiências pessoais, foram esclarecendo, desmascarando as fantasias sobre a vida e mostrando o homem comum que estava debaixo do invólucro misterioso que se escondia, quem sabe, por detrás dos seus óculos.
Lembro-me, perfeitamente, do seu chapéu de camurça marrom-escuro. Naquele tempo, era a última moda. Como o senhor perdia as abotoaduras todos os dias! ... a gente já estava acostumado a procurá-las. Quem achasse ganhava um beijo. Muitas vezes essa aventura acabava em choro, porque ciúme de um beijo de pai dói muito.
Havia uma reunião secreta dos filhos, quando as exigências eram demais. Reclamávamos uns com os outros que ser criança estava difícil. Meus irmãos afirmavam que, quando crescessem, iriam deixar seus guris fazerem o que quisessem. Filosofia de criança é engraçada, não é?
Hoje, meu pai, entendo você. O seu olhar era um sermão eficiente que penetrava. Suas promessas de castigo eram sempre adiadas, seus pacotes de balas eram um compromisso de todas as viagens e também a sua presença à nossa cabeceira, nas doenças. Quanta chantagem faz um filho nessas horas.
- Papai, quando eu melhorar você compra aquela boneca que vi na loja do seu Waldemar?
- Claro, quando você sarar, papai compra tudo.
Foi muito bom ter você como pai. Um homem honesto, sério, forte., solidário. O senhor foi um guerreiro, um exemplo. Suas lições estão sendo folheadas nas páginas da cartilha de todos os dias. Cada preciosa palavra aprendida tem-me ajudado a entender o rigor da sobrevivência. Tenho feito um esforço imenso para afastar de mim os empecilhos que, às vezes, não me deixam copiar você.
Sua filha.

Ivone Boechat
Publicado no livro Por uma Escola Humana, Ed. Freitas Bastos, pág. 182- 1RJ 1987

Foto de Izaura N. Soares

Caminho Incerto

Caminho incerto
Izaura N. Soares

O meu mundo se tornou um deserto
Um labirinto sem paredes
Ando a ermo sem encontrar um caminho,
Que possa clarear os meus passos
Que se tornaram tão incertos.

Sinto-me como um andarilho
Que vagueia nas curvas sem destino
Não sei o que acontece...
Não encontro o meu caminho.

Se por lá passasse uma alma viva
Para que eu pudesse me agarrar,
Mas, nem isso eu consigo,
A não ser; chorar.

“Chorar não adianta sofrer muito menos”,
É melhor “sacudir a poeira”, levantar-se,
Olhar para o mundo e sorrir.
Sorrir é bom, cantar é melhor,
Pois o cântico do amor
É que nos faz levantar!

Foto de Ivone Boechat

Amor de pai

Amor de pai é indiscutível:
mão calejada, camisa suada,
pressa, canseira,
doação,
o pai é avalista
dos erros na contramão;
amor de pai é visível:
joelhos dobrados,
prece escondida,
braços abertos,
olhar de ternura,
perdão.
Pai é alguém muito especial:
produtor,
diretor,
ator, figurante
do filme, ao vivo, em cores,
com o roteiro da vida escrito
nas linhas de sua mão.

Ivone Boechat
Publicado no meu livro AMANHECER 3ª.Ed Reproarte- RJ 2004

Foto de ltslima

Perfume Da Alma

Existem pessoas de almas perfumadas
são verdadeiros anjos que encantam
nos passam bons fluidos, com aquele sorriso
no olhar...esboçam um paraíso.

São encantos que nascem consigo
nas assas do tempo, intensificam sua luz
quem cruzam com elas, inebriam-se
nos efémeros momentos divididos.

São doces como favo de mel
tem brilho na intensidade do olhar
tem luz e glamour como noites de luar
é como um jardim silencioso,
com perfumes de rosas silvestres.

Em dias orvalhados,
agraciados pela luz terna do sol...
caindo como gotas cristalinas
de sua alma prateada.

Foi neste dia de luz,
que te conheci, te admirei
encantaste-me por sua profunda
e perfumada alma.

ltslima

Foto de O Bardo

Minha sina

Quando a saudade bate.
E as horas se vão.
Afomenta-me alma.
De tua linda paixão.

Deixa-me perder.
E se possivel ficar.
Mesmo sem teu beijo.
Só te quero amar.

Amar-te minha sina.
Querer-te é meu viver.
Os segundos são eternos.
Quando longe de você.

Deixa-me sozinho.
E assim me faz lembrar.
Do gosto de teu beijo.
A luz de teu olhar.

Vivo-te para sempre.
E amar-te-ei ainda mais.
Pois deixo-me por ti.
Pois só vós, que bem me faz!

Foto de O Bardo

Amigo Cirineu

Amigo Cirineu!

A biblia nos conta que nos momentos de martirio e de seu flagelo estando Cristo próximo a sua morte, foi chamado um homem para ajuda-lo, bem vamos dar aspas no chamado, foi puxado em meio a grande turva Simão Cirineu, sendo que "Cirineu" não era seu nome e sim da região de onde vinha, Jesus era o Nazareno agitador, pois vinha da casa de Nazare.
 Voltando a falar de Cirineu. Ele foi tomado pelo braço e obrigado a carregar por algum tempo a cruz de Cristo, antes de ser colocado sob a cruz, penso que el deve ter dito:
" faço porque sou obrigado, eu não tenho nada a ver com ele, não fui sou seu seguidor!"
 E tantas vezes agimos assim! Pessoas precisam de nossa ajuda, precisam de uma palavra amiga, e o que nós fazemos?
 "Eu? Eu não sei de nada, problemas já bastam os meus, eles que se virem..."
 E fazemos de tudo para não dividirmos um fardo que pra nosso irmão é impossivel de levar sozinho! Mas queremos que todos nos ouçam quando é conosco! Deve ser igual ao instante que Cirineu deve tet olhado para a face de nosso senhor resplandecendo sua alegria, e seu amor pela cruz que seu filho levava, com certeza Sirineu não se deu conta do que ele carregou, de quem ele ajudou, mas ao olhar a face de Cristo esse sentimento de não é comigo deve ter se mudado em um sentimento de:
"Por que ninquem o ajudou antes? O que fizeste de tão mal?"
 E com um amor de não entender o porque de ter sido escolhido. mas com uma alegria de ter aliviado a dor que lancinava em um homem, a dor que lancinava no próprio Deus!
 O que Cirineu nos ensina? O que podemos aprender disso tudo?
 Cirineu ajudou sem querer.
 Cirineu ajudou sem entender.
 Cirineu ajudou o quanto pôde!
 Cirineu amados e amadas foi o ombro amigo que nós deveriamos ser, primeiro ele bradou que não tinha nada haver com isso, mas ajudou, mesmo sem entender caminhou junto, carregou o peso, e deve ter sentido a alma limpa quando deu adeus a Cristo, nós poderiamos ser assim, nós temos que ser assim e nós iremos ser assim, quando entendermos que amizade não pede nada em troca, não pede para que você assuma o peso mas sim que ouça, que escute, que apenas ajude a carregar, seja apenas Cirineu!

Foto de JessyRNL

Meu teto de hoje.

Não me lembro das pessoas.
Lembro-me dos tetos.
Alguns eram altos, outros mais baixos.
Mas não me recordo, nunca um tão sufocante quanto este que esta sobre minha cabeça.
Alguns de cores fortes, outros não.
Mas nunca cor tão fosca, tão sem graça.
Não me lembro dos nomes mas lembro dos efeitos das luzes que cada janela causava em cada teto.
Lembro-me dos de madeira que por mau cuidado por aqueles que não me lembro, continha uma fresta, um buraco, dava pra ver o céu, de alguma maneira isso me acalmava.
Lembro-me de tetos embolorados, sendo deteriorados acima daqueles que não me lembro, que não me lembro que eram mas lembro deles sentados, frustrados, apenas esperando que o teto caísse sob suas cabeças.
Lembro-me de um teto preto que se tornou branco em uma noite, e lembrou-me o que aconteceu depois disso.
Mas nenhum teto era tão acobertador a ponto de ser angustiante, nenhum era tão denso quanto este.
Esse teto tem sua historia, devo-o respeito.
Mas um dia eu sei, o fim dele também chegará.
Enquanto isso, finjo não olhar pra ele e sim para as pessoas que ele contém abaixo dele.
Imaginando qual delas irei lembrar quando o tempo chegar.

Foto de Arnault L. D.

Melhor assim

Olhar o velho amor
depois da história ida,
e perceber em paz
mesmo num tanto a dor,
que certo fez a vida...
e que não volta atrás.

Que foi melhor assim...

As coisas foram certas,
tudo foi a seu favor.
Percebo no sorriso,
foram horas incertas,
em que era meu amor,
que foi meu paraíso.

Mas, ainda o traz.

Estranho a tola alegria,
em ver que acertou,
ao escolher desvio
a rota em que eu cabia.
Todo mundo ganhou. ( ? )
Em a ver feliz, sorrio...

Quiçá, porque era amor...

A vida, talvez salvou
de sermos mais um erro,
de sê-lo e me culpar.
Trago a semente que secou
sem solo, em desterro,
vendo um jardim florar.

A um velho amor olhar.

Foto de Edilson Alves

O NOME NÃO DIZ TUDO

Em um final de tarde, estando eu, a passear pelas rua do Recife, fui atraído por um vendedor de livros. O sujeito começou a me mostrar os livros mais antigo, percebendo o meu interesse, abriu um grande baú, de onde tirou vários títulos.

O titulo que me chamou a atenção foi “ESPALHA BRASAS”de um escritor Paraibano de nome José Cavalcante. Folhei-o lentamente, e dei de cara com os seguintes versos:

Eu sou José Cavalcante
Conhecido por Zé bala
Moço, fui bicho elegante
Velho, foi-se minha gala

Mulher a de pouco siso
Que me chamam de pidão
Eu peço por que preciso
E elas porque me dão.

Comprei, paguei cinco reais por uma obra tão rara, esse é o valor do escritor brasileiro.

Continuei meu caminho, vinte minutos depois, esteva na praça dois irmão, eis aqui um lugar que deveria ser cuidado pensei! Cuidam nada! esses caras querem, é só gastar o dinheiro do povo. Isso eu só pensei, quem repetiu meu pensamento, foi um jovem casal que passava ao meu lado. (até parecia que lia meus pensamentos).

poucos minutos depois, estava assentado em um antigo banco de metal, debaixo de uma grande arvore.

Em vão procurei algum fruto, afim de identificar a arvore, isso mesmo, frutos, só identifico a arvore pelo fruto, e isso não é um principio bíblico, é falta de conhecimento mesmo. Se tem manga, repito: essa é uma mangueira, se eu vejo goiaba, já a identifico imediatamente como sendo uma goiabeira, e da ir por diante.

Não vi fruto, valia a sombra.

Fui a leitura, agora com mais calma, sendo interropindo as vezes, por uma mãe raivosa.

-sai daí menino, deixa o animal quieto!
-mãe, ele quer me morder!

Lia, e absorvia cada pagina!

Eu sou um tipo de animal que não morde crianças. Ou mordo?

Cinco minutos de pleno silêncio. É nesses momentos que me transporto de um lugar a outro com facilidade.

O pensamento cria asas.

Passaria o resto da minha vida ali. Aquele banco de ferro, ou era de bronze? Não sei. Só sei que faria dele o meu mausoléu, tal qual Manoel Bandeira. Percorreria as mesmas ruas. Visitaria aquela criança doente. "Em uma casa, a mãe embala uma criança doente".

Faria uma reforma na "Ponte Buarque de macedo, indo em direção a casa agra" E como Augusto dos Anjos, "Assombrado com minha sombra magra"

Construiria a minha tese em cima dos versos de Mario Quitana.

Todos aqueles que atravessa meu caminho
Eles passarão
Eu, passarinho.

Ou simplesmente releria as ultimas estrofes de Zé Cavalcante:

Eu peço por que preciso
E elas por que me dão.

Tudo seria possível, se não fosse aquele grito, que parecia vir do além.

Cruel, ou Cruel! Vem aqui por favor!

Fui tentado a sair do meu transe momentâneo, e me transporta a vida real.

O grito de alguém, chamando outro alguém, eram insistente, Cruel, ou Cruel.

Fui forçado a me virar. Mais não fiz isso de forma brusca, agi como que estar em câmara lenta, estava mas curioso em saber quem era Cruel, do que, em quem chamava.

Seria algum animal? se fosse, o animal, seria da raça Pit-Bul, sendo assim, seria melhor eu ser cauteloso em meus movimentos.

De repente, passa por me um jovem, não era do tipo negrão, Galegão, ricardão. Era apenas um jovem.

Era magro, muito magro.

fixei meu olhar naquela figura. Seus traços finos, voz suave. No seu andar, tinha a leveza da brisa. Mãos na cintura. Caminhava devagar. Quase parando.

Chega até sei interlocutor, poe-lhe a palma da mão no ombro, sacode a cabeça e pergunta:
-Que queres?

Passavam das seis horas.

Levantei. Sair caminhando lentamente, enquarto pensava:

O nome não diz tudo.

Foto de ilka santos

É SÉRIO

É sério
Você me disse que não me queria mais
Você falou pra eu não ir atrás
E me deixou aqui vazia

É serio que o nosso amor
Apenas eu senti tocar
Que eu pra você apenas
Fui o mar, o mar que um dia pôde te afogar

É serio
Que nem depois de todos os meus tristes choros
Que nem depois de todos os meus apelos
Você olhou pra trás pra ver pra olhar pra mim

É serio
Que você não ta nem ai pra mim
Que pra você tanto faz tanto fez
Que pra você não sou ninguém

É serio
Que eu vou embora e que você nem ta aí
Que pra você eu não sou ninguém
E que depois de tudo só o além

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