Olhos

Clamor de chuva. Porque o líquido desfaz sentimentos. As estrelas choram, porque não comeram. As estrelas moram por cima da cabeça das pessoas que são pessoas. Não dos seres que rastejam em banho-maria de lama. Menina tomba de cadeira de pau podre, imóvel. Sempre com olhos vazios. Clara de pele.
Escura de alma, porque a alma faz entristecer o coração. E quem não tem coração, não pode ter uma alma viva.
É isso, falta de coração. A aparente morta de vida, estava viva de pensamentos laqueadores. Coçou a cara, e flagelou a nítida vontade de voar. Queria, mas não podia, sentir fronhas de andorinhas em debandada a roçar-lhe na cara. Pensava pouco. Reagia o que podia. E a reacção, bate sempre mais fundo que a acção.
(continua)

Não... Desta vez só não serei curto, mas serei direto...
Priscila... Sabe queria poder recitar para te todas essas palavras que te escrevo, mas quando contigo estou nada consigo dizer além de “Eu te amo”.
Todas as noites antes de dormi escrevo uma frase para te em um caderno. Faço isso na expectativa de um dia conseguir as palavras certas, e belas frases para então criar um lindo poema para ti...
Fico ansioso para saber o que tanto escrevo... Não sei o que escrevi lá porque escrevo de olhos fechados, onde busco ouvir no silencio do meu quarto as batidas do seu coração.
Hoje ao abrir o caderno depois de muitas noites, fiquei surpreso com o que lá estava escrito. Não entende... Peço-lhe perdão talvez essa minha enorme vontade, necessidade de querer ti dizer o quanto te amo esteja me deixando louco...
“Louco de amor”
Eu sei que agora você espera pelo lindo poema que prometi criar com aquelas palavras e frases. Perdoe-me... Encontrei em varias paginas uma única frase que se repete varias vezes de um lado a outro em todo caderno.
A frase é “Eu te amo Priscila, Eu te amo, Eu te amo Priscila, Eu te amo Priscila, Eu te amo Priscila, Eu te amo Priscila”...
Observe os três pontos, porque pretendo escreve-la ainda em muitas outras paginas de nossa vida juntos, paginas de amor.

para: Priscila

CORAÇÃO DOENTE

Quando dói o coração
Não tem jeito
São lágrimas que vem de dentro
Do fundo do peito
Não sou perfeito
Sou pensamento
Sou folha seca
Que baila no vento
Sem tom, sem cor, sem sabor...
Barco que navega entre a dor
Encalhado no porto
Sem calor, sem amor...
Deveras, eu soubesse
O dia de amanhã, zombaria de hoje...
Esqueceria o ontem
Renasceria depois de amanhã
Mais... Quando dói o coração
O orgulho chora baixinho
De mansinho, bem de mansinho...
É o medo da solidão
Se faz presente todo momento
A transparência do sentimento
Não a hipocrisia, apenas lamento...
Liberdade sofrida de expressão
Os olhos falam o que sente o peito
Pudera olhares em meus olhos
E conversares com meu coração.

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Julho de 2002 no dia 22
Itaquaquecetuba (sp)