Ordem

Foto de Fernando Poeta

Havia

Havia algo além,
Da simples ordem natural das coisas,
Havia mais do que deveria,
Havia...

Havia o tempo, havia o vento,
Haia o mar, o céu o ar,
Havia o verde, o azul, o branco,
Havia o nada, o porém, entretando...

Tudo mudou, tudo morreu!
Tudo passou, secou ou envelheceu;
Tudo pouco, tudo solto, tudo louco!

Nã há no entanto,
Razão para meu encanto, fúria ou pranto.

E não arrependo-me de agir,
Conforme meu instinto,
Em razão de quase extinto,
O que havia em você.

Não há sorrisos,
Não há lágrimas,
Vencedores ou vencidos.

Não há razão,
Não há certeza,
Alegria ou tristeza.

Não há nada mais,
Pois como antes,
Quando havia você;

Nada mais havia...

Foto de Sunad

Donos do Mundo

Viva! Os Donos do Mundo chegaram!Tragam as bebidas! Tragam também o pão e o palhaço. Vamos celebrar!...Mas celebrar o que? Só faz um segundo que chegaram. É muita pretensão pensar que o relógio só começou a marcar a hora agora. Engano. Há exatos cinqüenta e nove segundos o ponteiro vira. E ainda dizem que são evoluídos, que são portadores da ordem e do progresso. HAHAHAHA. Irônico!!! Isso é a evolução??? Ou será a involução, a regressão, o atrofiamento da sociedade mórbida e parasitária que se autodenominam “Os Donos do Mundo”. Não são donos nem de seus sonhos. “Não conseguem nem governar a sua cozinha e podem governar o mundo inteiro”, como já dizia a Boca do inferno. Santa ignorância! Malditos reis indolentes! Onde estão os Major Domus agora que vocês tanto carecem? Onde estão as suas regalias? Acabou! Vocês afogaram-se no próprio vômito. E agora??? O tempo é relativo. Tudo é relativo! Carpe Diem! Isso mesmo Carpe Diem falsos bucólicos! Enquanto isso, a esfera azul é assolada por seus atos covardes! Tanto que as borboletas já não podem voar como antes, já que as águias ambiciosas voam mais alto, e pousam no seu ninho de pedra. E eles, ou melhor, nós os Donos do Mundo assistimos tudo comendo pipoca. Carpe Diem!

Foto de Peter

O precepicio

O mar esconde segredos
Estes cheios de enredos
Dificeís de revelar
Como se algo os estivesse a guardar

Vozes ecoam no horizonte
Provindas de uma qualquer fonte
E que alí aterram sem benevolencia
Sem qualquer ciencia

Não há chance para estas gentes
Navegam em mares revoltos
E mergulham em negras mentes
Buscando monstros nas trevas
Em nuvens negras são envoltos

Aquela é a última paragem
Alí já não há mais coragem
As rochas esculpidas pelo mar
Estão alí para os receber
Não há ninguém para os amar
Os montros vão vencer

Esperam que o sofrimento termine
E que uma nova vida germine
Como se acreditassem numa outra chance
Como se outro amor os alcance
Perdidos no mar da desordem
São trevas que lhes dão a ordem

O salto para a morte
Ou para a eternidade

Foto de Felipe Ricardo

Aprendiz

Sei que de caprichos cada
Um se faz e se constroi
Simplismente fazemos nossas vidas
De maneira mais sutil e vivos

Aprendo sobre voce menina e
Com silenciosas conversas que
Aqui escrevo vou aprendendo
Sobre tua sincera essencia guardiã

Ah solene ato este que faço com
Meu silencio de singelamente espera
Minha ordem aceita e vaga sobre

Esta minha cina que aceito
Ejá desfeita que tende a seguir
Sei que de nada faço e em silencio fico [...]

Foto de Osmar Fernandes

O poder do amor

Seja o dono do seu pensamento e domine seu sentimento. Sua palavra é seu guia. Faça tudo com amor. Ame a tudo e a todos. Ame seu semelhante, seus animais, seu planeta. Essa é a lei. Seu destino está nas suas mãos. Tenha sempre bons pensamentos e faça tudo com dignidade, respeito, carinho, alegria, e a felicidade desejada será alcançada.
Toda ação tem uma reação. Então, dê qualidade de vida aos seus pensamentos e o resultado final será o melhor possível. Crie seu livre-arbítrio com espiritualidade, pacificamente, e caminhe sempre rumo ao desejo esplêndido do amor. Procure atrair na sua mente o mundo amigável. Seu presente está ligado ao passado, e seu presente está construindo seu futuro.
Lembre-se que você colhe o que planta. Portanto, Plante bons pensamentos. O milagre da vida é mágico, transforma palha em ouro: "Ame o próximo como a si mesmo."
O sentido oculto de Deus, na criação do homem, está tão claro, que, poucos conseguem enxergar. Viemos ao mundo para sermos felizes, para vivermos no paraíso, para gozarmos a vida e tudo de bom que há nela. Os que conseguem assimilar isso, conquistam seu oásis, bebem da água da vida.
Sempre diga a si mesmo: "Estou de bem com a vida." Seu estado de espírito atrai o que você pensa, o que você sente e o que você deseja. Em momentos difíceis pense em momentos agradáveis. Leia um bom livro. Ouça sua música predileta. Transforme sempre um momento turbulento num momento favorável.
Ao se levantar da cama de manhã, medite, e transforme seu pensamento na lâmapada de Aladim. Crie seu próprio Gênio, o poder do Amor. Pense positivamente em toda sua tarefa do dia e todo desejo de sua vida, e diga a si mesmo: "Meu desejo é para mim uma ordem."
Tenha certeza do que você quer e faça o pedido a si mesmo. Você é o dono da chave de sua vida. A porta só vai se abrir se você usar a chave e a chave é você. Não se preocupe com a porta, ela sempre está ao seu alcance, ela é o seu desejo, a sua ordem. Ela simplesmente vai obedecer a chave.
Sonhe com os seus desejos como se eles já lhes pertencesse. Acredite no seu pensamento firme, pois sua ordem de fé é ilimitada.
Ao conquistar o desejo ordenado, sinta-se feliz. Faça um brinde. Todo momento de glória tem que ser festejado. Celebre-o de forma grandiosa, para que o universo continue emitindo o magnetismo da magia das realizações de suas ordens.
Acredite sempre na sua intuição. Não dê ouvidos aos incrédulos, aja, essa é a sua tarefa. Esse é o processo criativo. O universo está respondendo aos seus pedidos, mexa-se, e realize todos os seus sonhos.

(Texto baseado no livro - O Segredo)

Osmar Soares Fernandes

Foto de DAVI CARTES ALVES

LITERATURA fragmentos d'ouro

“ Ler é desequilibrar-se, é fazer do desequilíbrio, uma espécie de dança...
A vida não é como ela é, mas simplesmente como nós a vivemos.”

Jose Castello – Escritor e Jornalista

“Eu sei que um poema é bom, pela extensão do silêncio de quem o lê”

Fabrício Carpinejar - Poeta

“ Se o tempo provoca o esquecimento, o poema seria a arte da memória, e cita Ossip Mandelstam, que acredita que os cantos de Dante, são dirigidos a contemporaneidade, pois “ são mísseis para capturar o futuro”

Lúcia Bettencourt – Rascunho

“ A morte é o silêncio privado do olhar ”

Luiz Horácio - Rascunho

“ ... ele escreveu A Estepe, um conto aromático, leve e tão russo em sua melancolia contemplativa. Um conto para si mesmo.”

“ A douradura gastar-se-á, e o couro de porco permanecerá.”

Máximo Gorki - Escritor Russo

“ A fábula é uma pintura, onde podemos encontrar o nosso próprio retrato”

La Fontaine - Escritor Francês

“... Porém o que é preciso notar é que a chamada sociedade da informação acabou gerando uma falsa onipotência, em relação aos domínios dos vastos territórios do saber. Se por um lado, passamos a conviver com um amplo espectro de novidades de toda ordem, que convocam todos os sentidos, no universo da espetacularização bem descrito por Guy Debord, por outro, é como se o excesso de luzes do grande show ofuscasse nossa capacidade de discernimento e de escolha. Daí porque Fuentes, acertadamente, evoca Baudrillard, ao acusar que essa “ explosão de informação” corresponde a uma inevitável “ implosão do significado”.

Maria Célia Martinari -

Em resenha para o Rascunho de: Geografia do Romance - Carlos Fuentes - Escritor Mexicano

“ Noventa por cento do que escrevo é invenção,
o resto é mentira”

“ Quando as rãs falam com as pedras, e as aves falam com as flores:
é de poesia que estão falando.”
Manoel de Barros

“ Aprendi com a primavera a me deixar cortar, e a voltar sempre inteira”

“ Sou entre flor e nuvem,
Por quê havemos de ser, unicamente humanos? ”

Cecília Meireles

poesiasegirassois.blogspot.com

Foto de Cretchu

JOVEM E BELA COMO SEMPRE

Dedicado a J.
Sempre me ensinaram que anjos têm asas, mas agora sei que isto não é verdade. Anjos também sofrem acidentes, caem e se machucam. Mas eu sei que você vai superar tudo isto, minha querida, e voltar a pisar com seus lindos pés este chão que é abençoado com seus passos.

- Mais alguma coisa, Barão?
Respondi negativamente, com um gesto. Pedro, meu mordomo de tantos anos pegou suas malas e saiu da mansão vazia. Olhei para aquelas paredes que antes estavam tão repletas de quadros, aqueles cômodos outrora adornados por móveis caros... Agora vazios. A mansão, herança de meus antepassados que agora pertencia a outra família, novos ricos que investiam nessas velhas mansões que resistiam ao tempo, à especulação, fomentavam sonhos e sofriam com o alto valor do IPTU.
Além do mais, minha antiga mansão precisava de empregados, e eu já não podia mais contratá-los. Aos 98 anos, só me restava partir como fizera Pedro. Mas a partida de Pedro tinha um destino traçado por sua aposentadoria. Quanto a mim, iria me aposentar da vida. Aproximei-me da janela e vi o mar lá embaixo. Uma linda vista para a praia particular que já não me encantava como antes, em minha infância e juventude. Em minha juventude antes de encontrá-la.
Sim, antes de encontrá-la. Foi um único encontro, e desde então eu quero que ele se repita. Ela me prometeu que viria me buscar, e cá estou esperando. Por isso, deixo a mansão e vou até a praia. A lua se reflete nas águas escuras do mar que, revolto, se choca contra a areia. Deito-me distante, recostado numa pedra, triste porque sei que ela não virá. Prometeu que viria me buscar, mas minha esperança de que sua promessa iria se cumprir, é em vão. Qual a razão de tornar a ver este velho, ela que está tão jovem e linda como antes? Sim, como naquela época...
Eu tinha vinte anos, naquela época, e estava no Rio de Janeiro, participando de um réveillon e gastando em demasia a fortuna de meus pais, como sempre fazia. O baile no grande hotel estava animado, com figuras de escol, todos bem vestidos. Lindas damas, gentis cavalheiros, nobres decadentes, empresários espertos, políticos corruptos, agiotas rapaces, toda a elite brasileira e estrangeira se encontrava comemorando a passagem de ano. Eu já havia beijado e agarrado em segredo mulheres casadas, solteiras, viúvas, desquitadas, ou seja, tudo aquilo que é permitido a um descendente direto dos primeiros colonizadores da nação.
Uma donzela, filha de paulistas produtores de café, flertava comigo a todo instante. Esperei a hora certa de agir. Quando a moça olhou para mim e se dirigiu ao corredor que, naquele momento estava deserto já que todos se reuniam como gado nos últimos minutos do ano velho, percebi que deveria agir. Eu a segui com dificuldade, abrindo caminho entre a multidão de felizes e embriagados foliões. Já a perdera de vista e temi que não a encontrasse mais. Finalmente consegui ter acesso ao corredor, mas não a vi. Andei lentamente pelo corredor, sem ver a donzela. No caminho, encontrei seu lenço caído no chão. Percebi que uma surpresa não muito agradável poderia estar à espreita. Dei mais alguns passos, quando ouvi um gemido vindo atrás de uma das portas fechadas. Auscultei com atenção. Uma voz feminina tentava gritar por socorro, mas estava muito fraca. Tomei coragem e empurrei a porta, conseguindo abri-la.
A donzela estava desfalecida nos braços de uma garota vestida de negro. Fiquei estupefato, a princípio, mas depois fui tomado pelo horror. Do pescoço da donzela jorrava sangue, sua jugular fora atingida por algum objeto cortante. Então, com maior horror, notei que o corte partira dos dentes da outra garota. Recuei alguns passos. A garota largou o corpo da donzela, que tombou ao chão, e literalmente voou até mim. Caí para trás, ao chão, quando a garota me pegou pelo pescoço com a mão direita, enquanto sua mão esquerda amparou minha cabeça ao segurar minha nuca. Fiquei estendido no chão do corredor, com a garota sobre mim.
Foi assim que eu a conheci há mais de setenta anos. Ela me olhou profundamente. Seu corpo era esguio, ágil e leve. Sua pele morena e suave, as mãos, que seguravam meu pescoço e minha nuca, firmes. Os braços compridos e fortes. As pernas também fortes, as ancas discretas. Cabelos curtos e castanhos. Os pequenos seios comprimiam meu peito. Olhei diretamente em seus olhos. Eram negros como a noite. Nunca havia visto olhos de um tão belo negror. De sua boca, onde dentes alvos e perfeitos sorriam ironicamente para mim, exalava um aroma de morangos silvestres. Seu corpo tinha o cheiro do mato molhado que, na fazenda de meu pai, tanto alimentava meus sonhos infantis.
- Vale a pena deixar que você morra em meus braços? ela me perguntou com sua voz grave, mas com uma docilidade infantil.
Eu não conseguia pronunciar uma palavra sequer. Fiquei extasiado com a beleza daquele ser misterioso. Ela me largou e se ergueu agilmente. Levantei-me também e, num gesto ousado, segurei-a pelo braço.
- Quem é você? consegui perguntar.
Ela me olhou como um felino. Desvencilhou-se de mim, mas eu tornei a segurá-la.
- Me solte! ela ordenou.
- Então, me diga quem você é. insisti, largando seu braço. Ela caminhou até a janela, e eu pensei que iria fugir. – Por favor. pedi. – Me diga quem você é.
Ela tornou a me olhar, veio até mim e me abraçou. Disse-me:
- Sua vida não existe. O que você faz é arrastar-se por este mundo ilusório. Mas você pode viver novamente.
Neste momento, ela me deu um beijo ardente no rosto e depois na boca. Apertei-a fortemente. Nunca tinha sido beijado daquela forma. Foguetes estouraram, gritos animados explodiram, pois chegara o novo ano. Não sei quanto tempo se passou, mas ouvi que algumas pessoas estavam vindo ao nosso encontro. Ela abriu os olhos negros. Quando nossos corpos se separaram, ela tornou a caminhar até a janela.
- Não vá. tornei. Apontei para o cadáver da donzela, estendido no outro cômodo. – Eu posso dar um jeito nisso.
Ela sorriu para mim.
- Você está tão morto quanto ela. disse. – Mas você pode viver novamente. E quando for morrer de verdade, virei te buscar.
Terminando de dizer estar palavras, saltou pela janela. Fiquei desesperado, imaginando que se suicidara. Estávamos quase no terraço do grande hotel. Mas, quando cheguei à janela, eu a vi voando... Sim, voando ela fez um rápido vôo contra a claridade da lua e desapareceu no manto da noite.
Gritos me despertaram de meu torpor. Acharam o corpo da donzela, as pessoas outrora alegres pela chegada do novo ano, estavam aterradas. Fui forçado a responder uma série de perguntas. Fui conduzido à delegacia, tive que lá voltar várias vezes, mas após algumas semanas minha inocência foi comprovada e me deixaram em paz.
Assim me lembrei das palavras de minha amada. Eu estava morto sim, pois tinha uma vida dependente dos sucessos de meus pais. Mas poderia viver novamente. E assim terminei meus estudos, formei-me, fui dar aula de filosofia num seminário e depois numa faculdade que acabou sendo incorporada, posteriormente, a uma universidade federal. Casei e tive filhos. Viajei pelo mundo. Mas meu único objetivo era reencontrar aquela garota. O tempo ia passando para mim, deixando suas marcas. Herdei uma fortuna de meus pais. Fiquei viúvo aos 59 anos. Quando ultrapassei os setenta anos doei meus bens a meus filhos, à exceção da mansão onde vivia, buscando evitar para eles o martírio de um inventário.
Estava me acabando, e não a via mais. Sempre olhava para a lua, sabendo que em algum lugar deste mundo ela voava contra sua claridade. Sabia que ela era a personificação do amor, mesmo sendo uma criatura sombria. Eu a amava mais do que tudo. O que importa se era um ser noturno? Ora, a claridade da lua só pode ser vista à noite, mas ela pertence ao sol que lança seus raios luminosos contra este frio satélite. E esta claridade lunar inspira histórias de amor e, claro, de lobisomens. De seres perdidos como eu. Eu estava perdido sim, pois minha vida, embora recuperada, não era completa sem aquela garota que eu encontrara há tantos anos.
Dissera para mim que viria me buscar quando eu fosse morrer de verdade. Por isso estou nesta praia. Já não tenho mais nada. Como eu disse, doei meus bens para meus filhos, exceto a mansão onde vivia, mas que agora eu a havia vendido porque não poderia levá-la para o túmulo, e depositara o dinheiro na conta bancária de meus netos. Dispensara os empregados, após lhes arrumar colocação em outras casas e empresas. Meu mordomo Pedro conseguira se aposentar. Tudo estava em ordem, mas eu não conseguia morrer assim, feliz, já que esperava por ela e ela não vinha.
Aqui estou olhando as vagas do mar que choca contra a areia da praia. Não me incomoda a pedra sobre a qual estou recostado, pois minha dor pela saudade é maior do que a dor que a pedra impinge a este corpo de velho. A lua está lá, como sempre, iluminada pelo sol. O mar negro se agita. E eu aqui, sozinho, sabendo que minha hora chegou, mas a promessa dela não será cumprida.
Neste momento de desespero, desesperança e descrença, sinto um toque de uma forte mão em meu ombro. Ergo os olhos e a vejo, jovem e linda como antes. Sorri para mim, seus olhos negros brilham em contraste com a lua.
- Eu não disse que viria? ela diz.
Sim, neste momento único ela cumpriu o que dissera no dia em que eu encontrei o verdadeiro amor. E agora posso também cumprir meu destino, tão diferente do dela que é viver para sempre, mas o cumprirei em seus braços. Sua mão roça meu ombro, e ela, ao voltar, me deu a paz.

Foto de Edevânio

A VERDADEIRA LOUCURA DE CHAPEUZINHO.

SÉRIE PLACEBO
Episódio Um
A Verdadeira Loucura de Chapeuzinho
Edevânio Francisconi Arceno

Dias atrás, estávamos passando pela sala quando ouvimos uma chamada de um filme na televisão: “Deu a Louca na Chapeuzinho”.Achei curioso, é claro que hoje em dia é muito comum retornar à moda coisas antigas , com uma roupagem totalmente moderna e as vezes até surreal, mas até contos infantis? Então resolvemos assistir. O Filme não tinha nada a ver com a versão antiga, até a história foi mudada. A chapeuzinho era a suspeita número um de estar trapaceando para obter vantagens em cima dos deliciosos docinhos que ela transportava em meio a floresta. Apesar da dinâmica surpreendente do filme, a crítica achou que ele retirava o brilho e a inocência da história, que por décadas vem alimentando nossas crianças e até mesmo nossas ex-crianças. Porém, isso não é nada comparado à verdadeira e triste saga da menina Chapeuzinho Vermelho. Preparem-se e entendam que apesar de ignorarmos certos problemas e mazelas sociais, eles existem, estão lá e depois deste relato, você poderá até fazer de conta que é só um conto, mas no fundo você sabe que tudo pode ser real!

A Chapeuzinho como vocês bem sabem, era uma linda garotinha que incansavelmente todos os dias levava docinhos para a vovó, e no trajeto vivia mil e uma aventuras.Acontece que as idas até a casa da vovó foi diminuindo, não por uma razão especifica, mas várias. A primeira delas é levar para a vovó o que? Sua mãe teve que trabalhar para ajudar a suprir as necessidades do lar, pois seu marido estava muito doente. Sim, o pai de chapeuzinho era um homem muito doente, se é que um alcoólatra pode ser designado assim. E como todo alcoólatra, uma das primeiras coisas que perdeu, foi o senso de responsabilidade. Responsabilidade com a família, com o trabalho e por fim com a sociedade. Diante disto, a mãe de chapeuzinho não teve mais como fazer docinhos para a vovó, pois começou a trabalhar dia e noite, muito mais a noite.

Cada vez que sua mãe se preparava para trabalhar, Chapeuzinho a abraçava como se fosse a última vez. Depois que a mãe saia, Chapeuzinho ouvia a voz de seu algoz, que se disfarçava de pai e culpava a bebida por seus crimes: ___ Filhinha vem com o papai, vem. Chapeuzinho então mais uma vez se submetia a perversão do seu inescrupuloso pai, que vinha abusando da pequena e indefesa filha a muito tempo. Mesmo ainda quando entregava docinhos para a vovó, era estuprada e obrigada a sair correndo pela floresta dizendo que havia sido vítima de um grande lobo. Você deve estar se perguntando, porque ela não denunciou este monstro. Acontece que o monstro morava com ela e dormia com a mãe dela e as ameaçava dizendo que mataria ambas se falasse. Depois que sua mãe começou a trabalhar a situação ficou insuportável. Chapeuzinho decidiu dar um basta, tinha que fazer algo para minimizar seu sofrimento, então conheceu o mundo das drogas e logo ficou viciada em “Crak”, uma droga de fácil acesso e extremamente destrutiva. Ela agora se submetia aos desejos criminosos de seu pai, completamente drogada, para proteger a si mesmo e sua mãe. Também começou a se prostituir em meio aos arbustos da floresta, com os caçadores infiéis, tudo isto, para manter o seu vício. Sempre orientada que se por ventura chegasse alguém, ela deveria sair gritando é lobo é o lobo, pois a maioria dos caçadores eram casados e não ficaria bem serem vistos com uma prostituta viciada.

E o caçador herói, onde anda? Cansado de pagar propina aos guardas florestais e entidades governamentais responsáveis pela prevenção das florestas, resolveu fazer um concurso e entrar para este seleto grupo, e logo também se tornou um corrupto. Agora não paga mais propina, apenas recebe! Da prostituição de Chapeuzinho e de muitas outras crianças viciadas, ele apenas cobrava em serviços, nada além de um delicioso...! Quanto aos caçadores, a prostituição também fazia parte de um pacote, com demais itens: podia cortar árvores, caçar, pescar, enfim pagando bem, mal não tem, pelo menos na ótica dele. Chapeuzinho agora estava em um degradante círculo vicioso, se drogava para prostituir, e se prostituía para se drogar.

Em uma de suas viagens alucinantes, lembrou-se do tempo que ainda podia visitar sua Vovó e levar-lhe os docinhos, bons tempos aqueles! Agora existe uma ordem judicial, que a impede de chegar a duzentos metros da residência da vovó, pois segundo o ministério publico, Chapeuzinho tentou culpar um animal conhecido como Lobo, pelos hematomas deixados na Vovó e por furtos misteriosos em sua propriedade. A Justiça não acreditou e chegou à conclusão de que Chapeuzinho era uma ameaça à integridade da Vovó. Ainda bem que temos justiça!

Agora gostaríamos de pedir sua autorização e começar a narrar, na primeira pessoa, pois gostaria de fazer algumas considerações pessoais sobre esta história, da qual fui testemunha e vítima. Primeiramente acredito que as violências sofridas pela menina Chapeuzinho, cujo autor foi aquele que se diz pai, no princípio eram cometidas sem o conhecimento da mãe, mas posteriormente ela soube, porque ela não denunciou? Talvez por medo de ser assassinada por ele, que cada vez mais se entregava ao álcool, ou talvez por medo e vergonha de admitir que o seu trabalho noturno, é tão imoral quanto o modo que Chapeuzinho conseguia dinheiro para se drogar. No contexto dessa inculpabilidade por atitudes erradas e criminosas na qual Chapeuzinho cresceu, tirou dela a possibilidade de valorar o que é moral, ético, certo, errado, justo, verdadeiro, falso, bom, mau, enfim muitos outros atributos disseminados pela sociedade como normas de conduta, ou seja, como ela podia achar que é errado prostituir-se para se drogar , quando era prostituía por seu “pai” , para preservar a vida. Quem culpar? Podemos simplesmente culpar o Estado, sim o Estado, afinal o guarda florestal representa a autoridade do Estado, se ele tivesse cumprindo suas obrigações e evitado que os caçadores se prostituíssem com jovens e crianças, escravizados pelo uso das drogas, o círculo vicioso se romperia e talvez a Chapeuzinho tivesse uma oportunidade. E a vovó, bem a vovó não tem nada a ver com isso, a única coisa que fez foi pedir para Chapeuzinho entregar umas encomendas na cidade, algumas pedras de Crak e alguns papelotes de cocaína. Talvez você não soubesse, mas a “boca de fumo da Vovó” era a mais freqüentada pelos usuários da cidade, e de vez em quando, Chapeuzinho era chamada para entregar droga a domicílio, em troca de alguns míseros trocados. Mas logo a vovó descobriu que Chapeuzinho estava viciada, desde então a menina que gentilmente levava docinhos para a vovó, perdeu sua serventia.

Bem, podemos também isentá-los da culpa e fazer como eles, vamos culpar o “Lobo”, afinal ele é um animal. Ele ameaça seus filhotes e parceiras e às vezes até come as suas crias. Também se escondem em arbustos para atacar e comer crianças desavisadas e depois desculpar-se dizendo que estava apenas caçando. Agride velhinhas inocentes, que não fazem mal algum e ainda rouba a inocência dela. Vocês podem também ignorar toda esta história e simplesmente dizer que tudo não passa de um faz de conta, que isto não é real. Pois não existem pais que estupram filhas, que não existem mães que se prostituem para manter a família, que não existem vovós que aliciam netinhas a se tornarem traficantes, que não existem homens que dizem vou caçar ou pescar e fomentam o mercado da prostituição infantil, não existem autoridades que são coniventes com todo o tipo de crime por dinheiro. E também que neste momento não existem milhares de crianças e jovens se prostituindo para manter o vício. Claro que se por ventura você se convencer de que isto não é um simples faz de conta, e que estas coisas podem existir realmente, não faça como eles, que apenas se preocupam em achar um culpado. Mas se esta história não fez você refletir, reavaliar seus conceitos e ainda quiser um culpado, aceite minha sugestão, culpe o Lobo!

Atenciosamente: Ass. Lobo.

Foto de carlosmustang

PERSPÍCUAS

Destoa de toda afeição que lhe dediquei
Envolvendo-me numa falsa trama em escárnio
Ferindo um coração sem malicia
Entregando-me, tanto tempo te amei
Cedendo meus carinhos apaixonado
Oferecendo sorrisos e alegria
Uma paixão de histórias de princesas!

Nossa historia é uma beleza
Onerando aquilo que não sei

Melhorando a minha pesquisa
Envolvendo uma delicada afeição
Uma nobre paixão

Novela da vez
Ordem é amar quem me ama
Beijar freneticamente
Rir com vontade, de amor verdadeiro
Envolver sem medo você

Sinta vontade não extravia
Enlaça e extermina
Na pouca razão, desnorteia
Tromba e confunde na coisa feia
Incentiva e difunde a loucura de amar
Mora na minha esperança o ser feliz
Encanto da vida condiz
Novamente dificuldades de amar
Totalmente entregue a desvairar
Ornamento concreto de enganar-se!

Foto de junioresende

Porta

Porta

A minha porta está trancada
Trancada com o ferrolho do sofrimento, do desamor e da dor
Você bate esperando que eu abra
E eu com medo, não saio mais
Tenho medo de abrir a porta novamente.
Por mais que você me diga que vai tomar cuidado pra não atrapalhar nada,
Tenho medo.
Quando abri pela última vez...
Veio um grande vendaval e tudo destruiu
Destruiu meus sonhos, meus maiores anseios e aspirações.
Demorei pra concertar,
Para colocar tudo em ordem...
Mas ainda existem muitos vazos quebrados,
Janelas partidas, tapetes rasgados,
Minha casa não está em ordem,
E eu vou demorar para arrumar,
Tudo por causa daquele vendaval
Porque deixei a porta aberta à espera de alguém para entrar
Alguém que fizesse do meu lar mais aconchegante
Que colocasse minha vida nos eixos
E junto chegou o vendaval
Que tudo destruiu...
Estou começando a pôr tudo em ordem
E se você quiser pode me ajudar.
A porta está trancada
Mas a janela está quebrada e é fácil para pular
Vem que te espero pra me ajudar
Pra me fazer feliz
Pra me amar...
A porta está trancada...
Mas a janela eu te ajudo a pular.

Junio Resende
Pará de Minas, 11/09/06, 10h40min.

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