Parto

Foto de Bira Melo

SÓ E SEM

Quando adentro minha tapera,
Me sinto só, me sinto sem...
Amigos pra que
Se nesse mundo não sou ninguém?!

Quando nasci estava só
Foi de complicado parto pélvico
E já sabia que não seria ninguém!
Com os meus pés no chão, nasci e sou só, sou sem...

Meu anjo sujo me falou:
Vai seu bobo, à procura de alguém,
Descobrirás que só terás teu dezembro ou janeiro
Pois nesse mundo tu és fadado a ser só, ser sem...

Se insisto em procurar companhia
É só tristeza, dissabor e agonia
A solidão me completa nos meus dias
Pois só vivo a alegria de ser só e ser sem...

Foto de Andre Luiz M Brum

Soneto da Criação

No universo, duas forças desvairadas
Que se encontraram se contorcem, os ventres nus,
Numa hecatombe colossal em meio ao nada
E de repente no universo fez-se a luz

Na esteira desse enorme turbilhão
Dejetam mundos orbitantes e febris
Numa profusão de planetóides infantis
E deu-se assim por encerrada a criação

No universo paralelo de teu quarto
Uma outra hecatombe se inicia
Eu planto a luz no teu ventre, “caos fecundo”

Criando assim também nos dois, o nosso mundo
E de repente onde era noite fez-se o dia
E fez-se a nós dois seres nus, num mundo em parto.

BRUNO

Foto de Sonia Delsin

VISITA AO MEU REI

VISITA AO MEU REI

Eu chego.
Não trago nas mãos um presente.
Mas entrego o meu olhar quente.
Trago o que ele mais deseja ganhar.
Meu rei não é de muito falar.
Das coisas do coração.
Mas eu compreendo seu jeito calado.
Vejo seu olhar machucado.
Meu rei.
Que faz parte do meu futuro, presente e passado...
Sei tão bem do que ele necessita.
Sei quando sua alma grita.
Eu vou visitá-lo.
Vou beijá-lo... amá-lo.
E parto.
Mas ele sabe que eu vou voltar.
E estará sempre e sempre a me esperar.

Foto de Carmen Lúcia

Uma Maria entre tantas...(homenagem à Mulher)

Na favela era ela
Que descia a ladeira
A semana inteira,
Uma trouxa na mão...
E lavava contente
As roupas com sabão
Na bica, de contramão;
Em seu ventre levava
O filho que esperava
O que mais desejava
E a fazia sorrir...

Sentiu dores...
Chegara a hora
De seu filho nascer...
Deitou-se num colchãozinho
Num cantinho, no chão.
Ajeitou-se sozinha...
Enfim, era Maria,
Nada tinha a temer
E sim agradecer
Pelo sonho realizado...

E os anos passaram...
A criança cresceu...
Os trabalhos dobraram...
Pra ver o filho criado
Tinha que haver sacrifício
Renúncia e dedicação...
E assim ela o fez...
Revirou-se ao avesso
Pra lhe dar educação...

Mas como toda Maria
Traz consigo triste sina...
O pior aconteceu...
Na favela anoitecia,
(ou seria em todo lugar?)
Hora da Ave- Maria!
Trouxeram seu filho querido
Num lençol branco manchado
De seu sangue derramado,
Onde jazia, sem vida,
Vítima de bala perdida
Que achou seu coração...

Hoje Maria ainda chora
A saudade jamais vai embora,
E em seu peito mora...
Ah! Saudade!
“É o revés do parto...
é arrumar o quarto,
pro filho que já morreu...”
E espera que chegue a hora
De tê-lo de novo em seus braços...
Sonho que nunca descreu.

*trecho de Chico Buarque

(Carmen Lúcia)

Foto de Henrique Fernandes

CADA TOQUE UM VERSO, CADA OLHAR UMA PROSA

.
.
.

Sentado na montanha olho em frente e avisto o céu azul
Por onde imagino caminhos com suaves passos
Por onde nada me lembra e nada me esquece
Uma nuvem aproxima-se e nela pouso meus olhos e descanso
Do cansaço da caminhada até então que não foi em vão
Aprendi a diferença entre o desejo e o sonho
Desejo o que posso alcançar e sonho com o que posso desejar
Acordei para a realidade da vida e sou o principal responsável
Pela minha felicidade, e sinto o peso dessa responsabilidade
Ainda que precise de empurrões não desisto, há sempre um empurrão
Sentado na montanha olho por entre os vales e penso, como é complicada a vida
Tal como neste horizonte de altos e baixos sou como um rio
Sempre a descer por açudes calmos
Por desfiladeiros e em cascata dou quedas a pique e choco na foz ao mar
Onde me dissolvo numa dança erótica com as ondas
Ondulando meu corpo e espalhando-me na praia do prazer
Na praia sentado olho o horizonte ao pôr-do-sol e penso
Depois daquela linha ali perto tão longe
Está a minha alma e a minha metade com ela
Paro, fecho os olhos e sinto o resto de mim a saborear as ondas
Ao encontro de quem me encontrou e parto em perseguição ao sol.
Embarco meu corpo para uma viagem aos confins do universo
Onde cada toque é um verso e cada olhar uma prosa
Vadias, as minhas mãos vagueiam nos contornos na poesia
Absorvendo-a tão macia.

Foto de Carmen Lúcia

Bem perto

Te procurei por tanto tempo,
Nas sombras que me seguiam,
Nas manhãs de todos os dias,
Na luz do sol que em meu rosto ardia,
Nas estrelas, que não mais luziam,
Nas fases da lua...cheia e nova,
Em tudo que se renova
E que não volta atrás...

Te procurei ardentemente,
Nas almas vibrantes dos amantes,
Nas paixões alucinantes,
Nas emoções irradiantes,
Nas fantasias sexuais,
Nos espaços transcendentais,
Na lucidez e na demência,
Na penumbra e transparência...

E te descobri tão perto,
Perto de mim, demais...
Trago-te dentro do peito,
És essência, és fundamental,
És a supremacia de um parto,
És a poesia que faço.

Carmen Lúcia

Foto de Joaninhavoa

Frutos d`arte...

Quando chegares
a qualquer dia,..
momento,..
não importa hora...
Se chegares
Ficarei mais feliz
Que um girassol
Quando a dançar
se vai virando pr`o sol
E quando chegares
Se ficares
Ficarei mais feliz
Que a cerejeira
Quando está em flor
E, da terra sementes
em parto...
frutos d`arte...
Criadas por mentes
Fadadas...
Óh! Natureza!...
Sou tão feliz!...

JoaninhaVoa, em
21 de Janeiro de 2008

Foto de ek

Fábrica

Hoje, eu acordei mais cedo,
Rezei alguns versos,
Caminhei em silencio.
Me distrai com as sombras dos diversos holofotes,
Observei o semblante dos que voltavam para casa
E o caminhar desanimado dos que ainda não vão.
Respirei fundo,
A manhã esta calma,
O ar esta gostoso de respirar,
O cheiro deste lugar já não me incomoda.
Este lugar não é mais tão estranho,
Eu não sou estranho a este lugar.
Já sou parte daqui,
E isto, é parte do que sou.
De casa, eu já parto de azul.

Foto de Raiblue

Vídeo-poético:Haikais Eróticos III

Haikais,narração e montagem by Raiblue
Telas do amigo e grande artista:Sérgio Trouillet

I
Pousam em meus olhos
Rios secretos, te navego
Suas mãos,meu remo
II
Há em ti tantas noites
Um vinho branco,uma canção
Em mim,a dança...
III
Inseguro porto
Parto para outras viagens
Vento e naufrágio...
IV
Sonho com você aqui
No quarto,estrelas no teto
Na cama, há mar...
V
Beije-me a boca
Com a língua, me decifre
Não fale..., só sinta...
VI
Sonhos e viagens
Em cada palavra, vôo
Sem asas, só alma...
VII
Em sua língua, amor
Há o sal do mar de Camões
Um porto para mim...
VIII
Posições variadas
nas estradas do seu corpo
kama-sutra saboroso
IX
Poemaremos
versos rabiscados na carne
o gozo,a tinta...

(Raiblue)

Foto de Raiblue

Haikais II

I

Pousam em meus olhos
Rios secretos, te navego
Suas mãos,meu remo

II

Há em ti tantas noites
Um vinho branco,uma canção
Em mim,a dança...

II

Inseguro porto
Parto para outras viagens
Vento e naufrágio...

III

Sonho com você aqui
No quarto,estrelas no teto
Na cama, há mar...

III

Beije-me a boca
Com a língua, me decifre
Não fale..., só sinta...

IV

Sonhos e viagens
Em cada palavra, vôo
Sem asas, só alma...

VI

Em sua língua, amor
Há o sal do mar de Camões
Um porto pra mim...

(Raiblue)

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