Poeira

Foto de Carmen Lúcia

"Liberdade...ainda que tardia..."

Vago sem sentir o chão...
Estranha sensação...
Já posso voar?
Pra onde? Qual horizonte?
Ainda não sei...
Há muito o que desbravar.
Mundo sem fim...
Sem rédeas, sem lei...
Giro em torno de mim;
Vagarosamente, timidamente,
ao som de alaridos fantasmas,
apagando marcas de contundentes amarras.

É preciso conquistar meu espaço...
Me perco, me acho, me refaço;
alargo caminhos que traço
pra que não estreitem meus sentimentos
e neles transitem livres os pensamentos.

Liberto a liberdade
incrustada em meu âmago;
empoeirada, amedrontada,
escondida em minha verdade,
ameaçada anos a fio,
recuada aos desafios
de viver, renascer ...e ser.

Feito ave fora do cativeiro
alço vôo, embora rasteiro.
Solo, único, primeiro...
Rodeio e volto ao mesmo lugar;
Quero me redescobrir antes de partir.
Revelar o meu sentir...
Certificar-me de que não vou cair.

Procuro me equilibrar
mantendo-me firme e calma;
livre das correntes da alma.
E corro atrás dos sonhos...
Dos que restaram...
Os que não foram tragados
pela voracidade do tempo
que cobre e descobre feridas...
Da vida...

Um sopro de vento
dissipa a poeira, revela o brilho
de quem se escondia...
Vazia, sombria.
“Liberdade...ainda que tardia...”

Carmen Lúcia

Foto de serpent possession

O novo eu em mim

No começo algo nos deixa incrédulos
Até que o desespero nos consome
E quando menos imaginamos
Um estranho dorme ao nosso lado na cama

Veste nossas roupas toma o nosso café
E quando menos se imagina
O estranho somos nós

E um lugar que era confortável de ir
Agora se tornara um lugar estranho
Sentimos medo de tudo e todos
Nada está protegido

É como se fizesse brotar cromossomos nas calçadas
Ruas e residências

E o estranho dentro de nós
Começa a se expressar
Ele quer mandar na gente
Assumindo uma nova personalidade

Mudam-se as idéias, continuam nosso rosto e nome
E nada mais
O estranho era um eu, esquecido na poeira do quartinho velho e sujo

Ele sente medo de sentir medo
Sabe como é sair na rua com medo das outras pessoas que não passam de pobres senhores e senhoras velhos ou não, rondando as calçadas enquanto o cachorro passeia... (pessoas como eu ou você)
Essa pessoa assume atitudes e sentimentos novos
Tirados (talvez) de um pedaço de cabelo nosso que estava perdido na escova de cabelos
Era um pedaço dos nossos sentimentos e atitudes nunca expressadas e que agora eram descobertas por outra pessoa

Outra pessoa que acha que sou eu
Que tem o mesmo nome, mas não os mesmo sentimentos
É um eu esquecido que esqueceu de ser descoberto por mim

Foto de silvya

Tentar chegar

Tudo nesta vida
Não passa de um mero acaso,
De uma sombra corrompida,
De um beco sem saída,
E, quando tudo está perdido,
Soltam-se as brisas no ar
E o teu sexto sentido
Diz que o inferno está a chegar.

Respiras e vais respirando,
Soltas um breve suspiro,
Sentes braços te apertando
E os gritos de um vampiro.

Começas a entender o óbvio
E o sentido do mundo:
Toda a gente possui ódio,
Desde a superfície até ao fundo.

E então deixas te levar
Pelas trevas da escuridão.
A poeira começa a levantar,
Em constante agitação.

Nas profundezas do meu ser
Já só consigo encontrar
A ânsia de sobreviver
Até outra dimensão chegar.

O que mais choca
É a tortura,
Mas já não importa
Toda a amargura.

E dás a volta ao problema,
Sentes o bater do coração.
Tudo não passa de um dilema
Sem uma breve explicação.

Por entre anjos e sinfonias,
Espreita o dia esperado,
Para te irromper alegrias
E a sinfonia é o fado.

Não te deixes apanhar
Pelas garras afiadas,
Que o universo vai recuperar
Todas as páginas rasgadas.

E como as árvores despidas
Dançam ao sabor do vento,
Todas as mágoas e feridas
Desaparecem com o tempo.

Sílvia Gonçalves

Foto de wandersonfeliz

manhã na praia

Entre a névoa serena da manhã..na praia
brinca as ondas aos raios tímidos do sol...o clima
Borbulha a seiva do nosso amor desconcertante
E embebido de seu mavioso olhar vamos brincando
Entre seu sorriso e a maresia soa uma suave sinfonia
Tudo em delírios e aroma de rosas pintam esse momento copiosamente.
É como se a perfeição pousasse suas asas celestiais derramando sua essência
Sinto teu corpo!Ceifo o sabor da iguaria dos teus lábios
muito além do sonho dentro do sonhar a sonora felicidade
Armeniza todos os efeitos colaterais desses dias de caos e guerra!
Estar ao teu lado é como voar por dentro
é como ter um coração e saber que ele existe e, usa-lo
E te abraçando vou sentindo as janelas esconsas do infinito
do amor abrindo-se...sugo assim tua tímida juventude
Tú paras por instantes...mira o vão do mar ao além...fecha os olhos
Fico a olhar-te a face desfeita em luar...tomo-lhe um beijo
Quanta necessidade de arrancar do momento mais e mais felicidade
Essa matéria inorgânica feita da poeira da inocência.
Completamente extasiado, levo-te ao longe...tuas curvas
vou tocando...teu rosto se abre em flor-de-maio
Tuas pupilas se dilatam...teu corpo me deseja...tua boca
desesperadamente arde ao misturar-se a minha
Entre soluços e suspiros Vamos se dissolvendo
Química efêmera dos cosmos pra além-mundos
Somos o momento máximo da ínfima textura
E lassos colocamos nossos corpos turvos de areia e bolhas a dormir
Somos agora o pó dos momentos
Largados pela luz inapagável
da máxima felicidade.

Foto de Carmen Vervloet

Paixão e Páscoa - Feliz Páscoa, amigos!

Paixão e Páscoa

Ao som de Chopin
Minha alma leve flutua
Risca o céu, contorna a lua,
Volta para a terra plena de fé
E pé ante pé vai de encontro ao sinal...

Hoje é dia de ressurreição
E meu espírito cristão
Envolveu-se na beleza do gesto de Jesus
Que morreu na cruz
Para redimir nossos pecados
Denso fardo por Ele carregado...

E num crescente
Um pequeno olho d’água
Ora nascente, logo cachoeira,
Lavou a mancha da poeira
Depositada no coração...
Decifrou-se a grande lição
Do nosso Mestre Jesus,
O que morreu na cruz!
A sua imensa generosidade,
Solidariedade, o seu perdão,
Sua evidente devoção,
Sua forte mão
Que não o livrou da morte
Por divina opção!

Sofreu todas as dores humanas,
Maldades insanas,
Crueldades ilimitadas,
Sangrou, sentiu sede, gemeu...
Chorou, padeceu, morreu...
Ressuscitou ao terceiro dia
Sob os olhos amorosos de Maria...
Corpo e espírito reunificados,
Corações pacificados
Pecados resgatados...

Deixou para nós o seu exemplo,
Uma filosofia de vida
A passagem garantida...

Acordemos homens de bom senso
Nossa agora é a missão
Nossa dívida de gratidão...
Urge que saiamos em campo
Nas ruas, vielas, favelas...
Que enxuguemos o pranto,
Que ofereçamos o acalanto,
Matemos a fome
Suavizemos a dor,
Abramos a passagem para uma vida digna
Onde possam caminhar sem receio
Vislumbrando seus anseios...

Nesta remissão coletiva
Que ficou marcada no coração
De todo um povo cristão
Agir é nossa missão...
Resgatar o que está morto
No meu, no seu,
Em qualquer coração!

Carmen Vervloet
Páscoa de 2009

Foto de NiKKo

Despedida

Lancei fora a poeira de meus pés cansados.
Chega de caminhar a esmo buscando o esquecimento.
Não quero mais sentir a vida passando como grãos de areia
escorrendo entre as frestas de meus dedos.
Joguei fora os sonhos que ousei ter ao seu lado,
mas não vou chorar olhado sua foto na cabeceira de minha cama.
Empacotei os CDs junto com as lembranças do que vivemos
e quero deixar que o tempo sobre eles lançe suas garras.
Não vou olhar meu passado com lamentações,
nem ficar falado do vazio que sua ausência criou em mim.
Quero seguir minha vida mesmo que seja através de uma trilha escura,
te esquecendo e te arrancando te mim.
E cada pessoa que eu ver em meu caminho que se cuide
pois a minha amargura e indiferença são patentes e reais.
Poderão ter meu corpo em horas de desejo
que como zumbi satisfaz o ego, mas mantém o coração ausente.
Assim pedaços de vidas levarei comigo como retalhos
para me embalar nesta minha estrada sem teto e lar.
Caminharei sem sentindo por essa trilha que escolhi
sabendo que você que amei...
ficou lá atrás.

Foto de Henrique Fernandes

AMOR INFIEL

.
.
.
.
.
Saem lâminas com gumes
de raiva e nojo da minha respiração,
friamente afiadas por desgosto
talhante do meu horizonte
adornado com ecos de morte,
que suga todo o sangue da minha alma.

Nos meus olhos
rastejam serpentes que envenenam
minhas lágrimas de pedra dura,
demolida pela poeira de ódio
esculpida nos meus suspiros,
baptizados por dor de traição
que enforca o luar sobre o manto da noite
onde as estrelas se transformam em espinhos.

Minha voz mendiga enlameada
num tumulo berço da solidão,
onde a erosão do tempo
assassina as minhas mãos
fedendo à escuridão
estripadora da paixão já morta
pelo gelo carrasco
do amor infiel.

Foto de Rozeli Mesquita - Sensualle

Hoje eu preciso de voce (poema resposta)

Poema resposta escrito por Nellyra ao meu poema Hoje preciso de mim...
*

Hoje eu preciso de você
Colher tuas palavras
Descobrir teus sentimentos
Apagar tuas dores, sem cores
Te buscar em paginas viradas
Te seguir na irreverência
Colar teus pedaços, jogados ao vento
Descomplicar, bater tua poeira

Hoje eu preciso de você... Todinha!
Ver teu reflexo, te ver em mim
Alçar teu vôo... À exaustão
Resgatar-te do ócio
Dos ruídos do silêncio
Do sol... Da lua... Do ermo!

Hoje eu preciso de você!
Desperta e grita
Traça teu rumo direto para mim
Sorri enquanto chora
Acertar com teus erros
Teu labirinto, meu colo!

Autor: Nellyra

Foto de Rozeli Mesquita - Sensualle

Sou Mulher...

TEMA: MULHER

Sou mulher
Anjo, fada, bailarina
Guerreira, amante, leoa
Com encantos de menina

Sou mulher
Com esperança, com razão
Com paixão no olhar
Sonhos que acalentam o coração

Sou mulher
Pra dividir, somar, multiplicar
TPM, celulites e gordurinhas
Mulher em qualquer lugar

Sou mulher
Consciente, concebida...
Marca registrada, equilíbrio
Doce fragancia da manhã

Sou mulher
Que acolhe, abraça
Sou amante
Que entrega e que laça

Sou mulher
Cabeça, coração
Loba fiel, lábios de mel
Obra prima...inspiração

Sou mulher
Que nas duvidas, tenho a certeza
Sou mulher
Do fim ao recomeço

Sou mulher
Tropeço, caio e levanto
Limpo a poeira
Sigo o caminho buscando

Sou mulher
Irresistível, irritante
Dócil, intrigante
Sou mulher...apaixonante

Sou mulher
Em cores , em preto e branco
Sou mulher maravilha
Obra prima da divindade

Foto de Paulo Gondim

Paralelas

PARALELAS
Paulo Gondim
23/01/2009

Nossos rastros se dão em paralelas
Que se perdem na poeira dos caminhos
Desaparecem sem qualquer marca
Enquanto nós ficamos mais sozinhos

Nossos pés já se mostram calejados
De tantas paralelas percorridas
Que se estreitam e não têm fim
Se transformam em curvas perdidas

Na verdade, andamos em círculos
Nossos destinos não se encontram
Passam longe, um do outro
Fantasmas que entre si se espantam

E de círculo em círculo, nos perdemos
Em paralelas que não vão findar
Por mais que nós dois fujamos
Voltamos sempre ao mesmo lugar

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