Pranto

Foto de Arnault L. D.

Ao velho Johnny

Johnny, meu velho amigo,
o que diria agora?
Me pergunto... e a resposta
é o somar que consigo
das memórias de outrora,
estendidas à mesa posta.

Você foi no tempo embora,
o meu, corre mais um tanto.
Mas, ainda é o meu amigo
que o seu lembrar aflora,
já sem percorrer o pranto,
só saudade de estar contigo.

Meu amigo, velho amigo
foi para mim e ainda o sou,
no porquê se faz lembrar...
Nas venturas que fundo abrigo
na matéria que me formou
e enquanto eu for, irá estar.

Foto de Oliveira Santos

Soneto póstumo

O tempo de se haver sobre esta terra
É repleto de incertezas, enigmático
É caótico, imperfeito, vão, é trágico
Fustiga o coração quando se encerra

O tempo de se haver sobre esta terra
Até que a Parca corte o fio do destino
E a partida cause aos seus um desatino
Seja ela imposta pela paz ou pela guerra

Celebrem os momentos sorridentes
As lembranças graciosas, tão queridas
Nos quais todos reconfortam suas mentes

Pois o pranto em frente à carne combalida
Entre soluços e lamentos dos viventes
Não são a glória de quem já deixou a vida

Foto de Arnault L. D.

Verniz

As cordas mudas de meu violão,
as lágrimas secas no olho meu,
encobrem melancólica canção
que ecoa no funda d’alma o breu.
Oca, silente, não feita ao clarão.

Águas contidas do choro ausente
a secar a vista, ainda são.
Formam turvo lago, lentamente,
águas de naufrágio, de imersão,
que o sabor a garganta se sente...

O silêncio grita o meu canto.
Nado, mergulhando na água em pó.
Quem ouve, escuta o oco sem pranto,
quem vê, enxerga a inércia e só.
Meu canto e lágrima que estanco.

Foto de HELDER-DUARTE

ZURIQUE

Neste dia, em zurique... ja vou pensando....
No dia, do adeus, a ti linda, cidade...
Cidade, antiga, perdida no tempo, sem idade....
Tu terra amiga da gente de Portucalen!

Sim Helveteia, do amor, onde cheguei....
A ti minha cidade, que me tiraste, a dor---
Eu te canto, no meu coraçäo, tanto, tanto....
Com tanto amor e louvor, oh cidade, sem pranto....

Adeus pois sim! Sim! Sim.... meu amor...
Vou ja, entäo, para Alvor, onde ficarei...
Mesmo, com muita dor.... Por te deixar, enfim...
Terra, santa de amor e de imenso calor....

HELDER DUARTE

Foto de Carmen Lúcia

Escrevo?

Escrevo...
a folha em branco me impele
provoca-me
convoca-me
remexe meus neurônios
os sentimentos à flor da pele
quer que me revele
que me rebele
trace recônditos da alma
a ansiedade que me transtorna
o momento em que me encontro.
Palavras se difundem
confundem as emoções
debatem-se em confronto
emudecem as razões.

Escrevo...
um emaranhado de letras
embargadas na mente,
de início, incoerentes,
mas que ganham sentido
de repente
à medida que descrevo
a verdade (in)contida
a palavra que não digo
o silêncio que consente
em calar o que sinto.

Escrevo...
no papel em branco
- meu cais-
onde aporto meu barco,
onde choro meus ais
onde volto e parto
e o branco do papel já não é mais
molhado e pardo
descreve a neblina
de pranto e de mágoa
expressa o que quero
o que grava a minha retina
mas que nunca revelo.

_Carmen Lúcia_

Foto de Fernanda Queiroz

Uma história de amor

A noite cai suavemente, o sono não vem, Porque uns dias são mais difíceis que outros?

Tentei ocupar minha mente em vão, teu rosto sobrepôs e depôs as tentativas, pensei que a noite calaria meu pranto, que a maciez dos lençóis embalasse meu corpo cansado mutilando meus pensamentos, mas não houve trégua.

Não preciso ir até a cômoda onde guardo minhas relíquias para rever tua foto, teu rosto esta cravado em minha mente, de uma forma tão presente que sinto poder tocá-lo, minhas mãos tateiam sozinhas como se procurassem as tuas, mas não as encontro, parecem tatear nas pedras negras de meu desespero.
Letra da canção do Filme Love Story sopra em meus ouvidos “Quando eu te encontrei, eu não pensei que um grande amor eu fosse ter, eu que só tinha amargura em meu viver e que já estava tão cansada de sofrer, vivendo só.”

Nada nunca me soou tão verdadeiro, você despontou em minha vida como um raio de sol, trazendo todas as cores da natureza, sons e belezas. Era um acordar exaltado, um sorriso velado um trabalho apressado e encontros marcados onde o relógio pulsava tão rápido como nossos corações e o tempo se ia, o dia amanhecia trazendo alegria e se as lágrimas brotassem você as secava, se o sofrimento jorrasse você o estancaria com tua suave melodia impondo curas as amarguras.

“Quando eu te encontrei, lendo em teus olhos eu fiquei a imaginar, que o meu mundo tu virias alegrar, que eras tudo que eu queria encontrar”
E foi assim... Mágico... Verdadeiro... A risada brotava sem que eu pudesse impedir, os olhos negros como a noite tinha o brilho das estrelas o andar parecia um embalo ritmado pela nossa coletânea, cabelos soltos ao vento que em declínio das grandes colinas, calçada de patins, parecia uma bandeira em haste, blusa gotejada de sorvete e boca lambuzada, sabor de chocolate, sabor de teus beijos ansiados.

“Meu coração... eu te entreguei. Me deste a vida enfim... me deste amor... me deste a razão para viver... me desde paz...”

Preencheste tudo, intensa e completamente... Pensamentos. Atos. Ações... Despertaram todos os sonhos postados, toda alegria não vivida de uma alma sofrida, entrou como um furacão não usando tua força em estragos, mas para cravar profundos alicerces que desafia a força de Sanção, brotou sementes que produziriam nas mais engrene rochas, calçou de sonhos minha alma peregrina, vestiu de branco meu corpo moreno, relutante em se entregas as emoções entorpecentes dos pensamentos, fez-me correr para o eco do penhasco onde gritar teu nome e ouvi-lo de volta era a certeza que você existia.

“E onde quer que eu vá irás comigo... nos sonhos meus... na minha mente... eu não irei só... comigo irás também...”

Não há como medir um grande amor... Um sentimento de paixão... Todas as raízes que escravizam nosso coração... é assim que eu sei te amar... Nem meios ou mais... Intensamente e completamente.

A música do filme Love Story , é como acordes agudos que tocam em meu coração, sem piedade ou ilusão.

Diga-me... Como esquecer alguém que gosta de flauta... de me olhar como se tivesse me inventado...e de mim...

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Foto de guilitwinski

Abolição

Adestrar-se com tempo que lhe sobra
Pandarecos adaptam-se em mosaico
A busca é em vão ou imposta
O deleite é resposta do pranto

O armistício acende em nirvana
Abate-se lubridiado no efêmero gozo
Nas desertas noites escuras
Traído pelo bastardo ensejo

O âmago sustenta o passado
Futuros afagos replicam no velho
O horizonte enclausurado na queixa
Deslembrar, árduo, vigente.

Foto de Rosamares da Maia

Está Tudo Bem

Está tudo bem

Permitam-me ficar só no meu canto,
Deixem-me chorar todo o meu pranto.
Preciso do espaço para gastar toda a dor.

Talvez ninguém entenda este amor.
Não importa!

Não necessito de compreensão, só quero respeito.
Somente necessito de espaço e solidão.
Palavras de conforto não me confortam. Não agora.
Acentuam apenas o que se parte em meu peito.

Qualquer ato de solidariedade é sem efeito.
Deixem-me ficar só, na presença de mim mesma,
Olhando no meu espelho.

Preciso encontrar o eixo, meu centro de gravidade.
Deixem-me valorizar cada lágrima salgada,
Destilar a magoa e o veneno,
Beber o vinho desperdiçado do meu amor.

Depois, quando o tempo passar,
Quando a dor finalmente for passado,
Fraqueza latente, mas, da vida presente ausente,
Experimentarei gritar teu nome aos quatro cantos.
Ao vento, como um lamento contido e maduro.

Depois, quando a distancia esfriar meu coração,
Espalharei os teus retratos pelo chão da sala,
E friamente remontarei as cenas em cada cenário,

Racionalmente enlouquecida representarei,
Como sempre desempenharei o meu papel.

Direi simplesmente que está tudo bem.

Rosamares da Maia – 11/02/2014

Foto de Paulo Gondim

Em cada nau

EM CADA NAU
Paulo Gondim
04/08/2014

Eis que já se levantam velas
E já se vão todas do cais
Em cada barco, vai minha saudade
Eco triste de meus pobres ais

Por quem és, amada minha, que ora partes
Deixando-me cá, envolto em pranto
No vazio que minh’alma invade
Pois já se faz triste também meu canto

E ao ouvir este fado triste
O som da guitarra me angustia
Faz lembrar-me mais de ti
Pois todo fado é melancolia

E volto meu olhar ao cais
Já não vejo mais as velas
Fizeram-se em mar a dentro
Levando meu amor com elas

E o mar que se faz inquieto
No seu bramir em surdo vendaval
Gela-me o peito, fere-me a alma
Na saudade que vai em cada nau.

Foto de CarmenCecilia

Mãe...Saudades...

MÃE

Quando penso em você...
Não sei nem o que dizer...
Penso na sua doação
Abnegação e solidão...
Fico a mercê da tristeza
Que me ronda...
Dos dias e noites e vazios
Sem teus conselhos sábios
Que vinham de teus lábios
Da profundeza do seu sentimento
E do teu profundo lamento...
Por doar tanto...
Por teu pranto...

Ah! Mãe...
Tão fragilizada
De tanto magoada...
E da vida desencantada...

Ah! Mãe...
Daria o mundo todo nesse momento
Por teu aconchego... Teu chamego...
Para soletrar teu nome...
Puro encantamento...

Ah! Mãe...
Tu te foste...
Olho para teu retrato...
E tua falta é o que sobressalta
Pois tua ausência... Tua essência
Frequenta-me em flashes...

Ah! Mãe...
Volta pra mim
Traga aquelas flores do jardim...
Que sorriam pra ti e pra mim...

Ah! Mãe...
Diga que não estará só em meus sonhos
E com seu ar risonho...
Diga que nunca ficarei sem você e sozinha...

Mãe minha eterna companheira...
Mãe da hora primeira e derradeira...

08/05/2014

Carmen Cecilia

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