Proteção

Foto de Wilson Madrid

ANJOS ESPANCADOS

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ANJOS ESPANCADOS

Hoje eu vou compor uma poesia diferente,
Mas eu bem sei que ela serve a muita gente...
Acabaram de assaltar e espancar um filho meu,
E isso só pode ser coisa de animal cruel e ateu...

Esse meu filho trabalha para poder estudar e ser um futuro ator
E atua como palhaço em asilos e creches, gratuitamente, por amor...
Voltando do aniversário de um amigo, a duas quadras da nossa residência,
Foi atacado pelas costas por dois ferozes animais irracionais e jogado ao chão...

Por estar sem dinheiro e nem sequer o seu celular o espancaram brutalmente;
Até mesmo os seus óculos de armação de aço ficaram distorcidos totalmente...
Graças à Deus, continua vivo porque Aquele que tudo vê envio-lhe socorro...
De um carro que passava pelo local, duas outras pessoas desceram e o salvaram...

Esse meu filho que trabalha, estuda e que foi covarde e cruelmente espancado,
Ainda teve que ir para uma delegacia de polícia e um hospital desaparelhado...
Chegou ainda há pouco aqui em casa e já foi dormir depois de medicado;
mas logo mais vai ter que ir trabalhar, mesmo muito estressado e assustado...

Eu sei muito bem que nesta mesma noite só aqui na minha cidade de São Paulo
Muitos outros anjos e pessoas honestas e decentes também foram espancados,
Furtados, assaltados, desrespeitados, violentados e até mesmo assassinados...
Não dá mais para tapar o sol com a peneira: contamos só com a proteção de Deus!

Mesmo sabendo disso não podemos nos conformar com essa calamidade pública!
Nos discursos os políticos candidatos sempre exploram esse drama para pedir o voto
Depois de eleitos os hipócritas só voltam a tratar do assunto para serem reeleitos?
O que mais prometem é justamente o que nunca dão: segurança, saúde e educação!

Até quando teremos que continuar convivendo com essa situação?
Nossas casas já tem mais grades do que no zoológico e do que na prisão!
E o nosso direito da nossa liberdade de ir e vir que é comum a todo cidadão?
Ficou exclusivo dos que andam com carros blindados e com seguranças armados?

E você que me leu até aqui: o que é que você está fazendo para mudar essa realidade?
Pelo menos nos teus pensamentos, palavras e atitudes você faz algo pela paz?
A justiça ou a injustiça social, a violência ou a tranqüilidade social,
É o resultado da somatória das nossas atuações individuais onde quer que atuemos...

Pelo amor de Deus!
E em nome de tantos anjos que são sendo espancados e exterminados todo dia,
Vamos cuidar cada um de fazer o máximo esforço para obtermos a nossa alforria:
Que os nossos pensamentos, palavras e atitudes promovam sempre o espírito da paz!

Os nossos filhos, netos e descendentes agradecem pelo inferno ou pela paz
que estamos construindo e que lhes deixaremos como inevitável herança...
Apesar de tudo tenhamos confiança, perseverança e esperança,
tomemos como modelo a verdade e a pureza da criança...

Foto de Maria Goreti

II EVENTO LITERÁRIO 2008 – MÃE

II EVENTO LITERÁRIO 2008 – MÃE
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MAMÃE, O ANJO LUZ DA MINHA VIDA!

Mamãe, todas as noites quando nos preparamos para dormir, ao te acompanhar até a cama, massagear teus pés, beijar tua testa, cobrir teu corpo, fico a orar...
Rogo a Deus que me dê a oportunidade de repetir tudo no dia seguinte.
Quando te cubro e apago as luzes, sinto um aperto no meu coração... Tenho muito medo mãe! Medo de não poder mais sentir teu perfume, ouvir tua voz, ver teus lindos olhinhos azuis...

Lembro-me das vezes que cantaste canções de ninar e contaste estórias, passando a mão sobre a minha barriga, até que eu adormecesse. E de manhãzinha, ao acordar-me com um beijo, tu me ensinavas a rezar. Minha cama mais parecia um ninho, tão cercada que era de proteção e amor!

Lembro-me das noites em que velavas meu sono enquanto bordava lindos vestidos, calcinhas e meias, para deixar-me ainda mais formosa. Algumas pessoas diziam que eu era filha de gente rica. O que elas não sabiam mamãe era que, para garantir o nosso sustento, trabalhavas durante o dia e virava a noite, bordando, cuidando dos filhos e marido doente. E depois que Deus levou papai, tiveste que trabalhar dobrado... Mas jamais deixaste de cuidar bem de nossas coisas e de tua família.
Sabe mamãe, na minha rebeldia de adolescente, cheguei a dizer que havia nascido na família errada.
Um dia perguntei a Deus por que Ele quis que eu nascesse tua filha, já que eu não me sentia merecedora de tamanho privilégio.

Quando pela manhã, eu acordo e te vejo acordar, meu coração pulsa de felicidade.
Hoje entendo que não poderia ter nascido noutra família, nem de outro ventre que não foste o teu.
Dou graças a Deus por cada fração de segundo nas nossas vidas!
Tu és, mamãe, dentre todos os anjos, o Anjo Dourado, que me guarda e me guia pelos caminhos da Luz!

©Maria Goreti Rocha
Vila Velha/ES – 31/05/08

Foto de Wilson Madrid

AVENTURA DE UM AMOR CIGANO

* ACRÓSTICO
* COM
* CONCRETISMO
*

A mor
V ital, fiel e
E ntusiasmado,
N atural e tão leal...
T ernura ambulante,
U m coração pulsante...
R einado da paz e da alegria,
A lforria, liberdade, paz cintilante...

D uas almas gêmeas dançando e cantando
E m torno de uma fogueira de paixão ardente...

U nidos pelo universo da carroça em movimento,
M ostrando ao mundo que o amor é puro sentimento...

A s danças ao som do violino,
M úsicas douradas bailando no ar,
O punhal cruzado sobre a rosa vermelha,
R itual da fogueira e a proteção de Santa Sara...

C omunhão da estrela do mar com a estrela do céu,
I mãs que se atraem e que se fundem no fogo caliente,
G itanas e gitanos dançando e batendo palmas ardentes,
A lua cheia e brilhante sorrindo, aprovando e aplaudindo...
N a roda da carroça, ouro, prata, castanholas, vinho extasiante...
O fuscando o sol o amor cigano resiste, persevera e segue adiante...

Foto de Cecília Santos

ORAÇÃO MATINAL

ORAÇÃO MATINAL
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Senhor!!!
Nesta manhã radiosa, venho te pedir.
Como faço todos os dias, saúde, proteção
para mim, e para os que amo e quero bem.
Mas tenho muito mais à agradecer, do que a pedir.
Pois o Senhor sabe das minhas necessidades
antes mesmo de proferi-las.
Obrigada Pai bondoso, por todas as maravilhas
que colocas diante de meus olhos.
Obrigada pela família linda que o Senhor me deu.
Obrigada pelas manhãs lindas e ensolaradas.
Obrigada também pelos dias chuvosos.
Que as vezes está como minha alma.
Triste, amuada, meio descrente da vida.
Obrigada Senhor, pela brisa gostosa que sopra.
Pois elas se encarregam de secar minhas lágrimas.
Quando a saudade é imensa, e não consigo sufocar
o meu pranto.
Obrigada Deus de amor, por me fazeres de rocha.
E me dares a delicadeza de uma criança, pra tocar
uma flor e sentir seu perfume.
Quero também Senhor, te agradecer nesta manhã pelos
meus amigos virtuais, a quem aprendi a querer bem.
Não os conheço pessoalmente, mas o Senhor me deu
o dom e a sensibilidade pra sentir como são suas almas.
Obrigada Pelo dom da inspiração que fizeste aflorar
em meu coração.
Me permitindo dividir, compartilhar com os meus amigos,
minhas alegrias, meus medos, meus desejos, minhas
dores, minhas lembranças, minhas lágrimas, meus sorrisos.
Obrigada Senhor, muito obrigada!!!

Direitos reservados*
Cecília-SP/19/05/2008*

Foto de ANACAROLINALOIRAMAR

*-* EU...SEM VOCÊ*-*

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EU.. .sem você,não vejo nada florescer.
As árvores perdem seu balançar.
As folhas secas no chão,
Fica como meu coração.

EU... Sem você, e como o rio que seca.
Minha alma não percorre,lágrimas não correm.
Por muito já chorar, é nada a derramar.

EU...sem você,sou atrapalhada,
Na mão uma espada, para defender-me.
Por falta da tua proteção,e
Engraçadinhos, não se aproximar,não!
Sabendo que dês de então: estou eu sem você.

EU...sem você, é como a noite sem luar,
Nada para clarear,não estas aqui para me amar.
E fraca estou a pensar, como é duro amar,
Se você aqui não esta.

EU...sem você,é como o dia nublado,
Nuvem carregadaameaça de trovoadas,
Paixão insaciada,tempestades em minha mente.
Só penso em te ver na minha frente.

EU ...sem você,é como páscoa sem bom bom.
Fica amargo o coração, sem adição de chocolate.
Não quero mais que você me escape,
Pois adoro chocolate.

Eu...sem você, é como fogo,que não queima,
E brasa que acaba, fogo que não aquece,
Só meu coração não endurece,por que
Meu coração ,não te esquece!!!

Anna C. *-*
loiramarcia.
Mantenha autoria do poema.

Foto de Rose Felliciano

II Evento Literário de 2008- Mãe.

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"Mais que gerar a vida
É trazer à vida
Ser a acolhida
Ensinar a viver....

Muito mais que dar à Luz
É mostrar a Luz
Luz que conduz
e separa das trevas...

Mais que ensinar a falar
É o que falar,
quando falar
E a importância de se calar...

Bem mais que ensinar a andar
É acompanhar os passos
Falar dos espaços
Incentivar a seguir...

Mais que corrigir e educar
É ensinar com seu exemplo
E em silêncio,
Falar as mais sábias palavras...

Bem mais que ovário e útero....
é Coração.
Sua maior proteção...
a Oração.

Mais que colo... é abrigo
E ter nos olhos, o sorriso
Que boca alguma jamais deu...
Mais que Mãe....Uma dádiva de Deus" (Rose Felliciano)

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*Mantenha a autoria do Poema*

Foto de Carmen Lúcia

Dia das Mães : "Silêncio"

Uma breve pausa...Calem-se todas as vozes,
Murmúrios de riachos, gorjeios de pássaros,
Assovios de ventos, lamentos, alaridos,
Gritos incontidos, infundados, indefinidos...

Somente as batidas de meu coração
Que agora chora, desmedida emoção...
Teu rosto nitidamente se retrata
Na moldura dourada de minha ilusão.
Teus olhos, dois faróis a iluminar...
Da janela da alma clareiam, me fazem enxergar.

Tua voz!Ah, tua voz que brandamente
Percorria os espaços, enchendo-os de alegria,
Era hino de harmonia, brado de sabedoria,
Nunca se calou...Ouço-a suavemente
Desde o início das manhãs até deitar-se o sol poente.

Mãos de anjo!Ainda sinto teus carinhos
A afagar devagarinho minhas dores e alegrias,
Ainda devem estar macias... Possuem supremacia...
Nem a morte é capaz de cessar!

Mãe, esse silêncio é mais que uma prece...
É uma doce saudade, jamais esmorece,
É um grito calado de dor, imbuído de amor,
Do amor que a mim destinaste, sem dimensão,
Que me faz caminhar, me dá proteção,
Que abraço por onde eu passo...

E toda vez que renasço!

_Carmen Lúcia_

Foto de Sirlei Passolongo

Mãe!

Mãe!
Acolheu-me
em teu ventre
Quando eu ainda
era uma semente.
Deu-me aconchego
e proteção
Até desabrochar
lindamente.

Ensinou-me
as primeiras palavras.
A comer com minhas
próprias mãos.
A dar os primeiros passos,
E feito anjo
Abençoou minha direção.

Mãe!
Você que me ninou
em teu colo
Pra me fazer dormir.
Brincou de esconde-esconde
Pra me fazer sorrir.
Obrigada Mãe...
Pela graça de existir!

(Sirlei L. Passolongo)

Foto de Vlad Silva

INJUSTA JORNADA

Cinco horas da matina,
Inicia-se a rotina,
Clama o despertador:
Acorda, pobre trabalhador!

O café da manhã é parco,
Só o tira do jejum.
Agradece pelo pouco,
Sabe que está no sufoco,
Mas há quem não tenha nenhum.

Despede-se de seu rebento
Com um terno e suave beijo
Promete-lhe um brinquedo
E pergunta o seu desejo.
Ele escolhe, sem pestanejar:
Quer que o pai fique em casa pra brincar.
Mas, esse presente, o pai não pode dar.

Ao pôr os pés fora de casa,
Já começa a preocupação:
Mora em área de risco
E o clima é de tensão.
Faz o sinal da cruz
E uma breve oração,
Pedindo, mais até para os que ficam,
A divina proteção.

O aceno da esposa
Da janela do barraco
Faz dele um homem forte,
Apesar do corpo franzino e fraco.

A primeira das batalhas
É encarar o transporte.
É uma tarefa árdua,
Requer força, destreza e sorte.
Se o patrão imaginasse
Como é penosa a jornada,
Por cada hora de transporte
Pagaria o dobro da trabalhada.

Mas o patrão vem de carro,
Com ar-condicionado,
E diz que não entende:
Como alguém já chega no trabalho cansado?

E assim se inicia
Mais um dia de labuta.
A hora rasteja-se ao passar,
Retardando o fim da luta.

Findo o primeiro turno,
É a hora da refeição.
Ao se benzer ele agradece
Pelo arroz com feijão.
O descanso é breve
E não faz do fardo
Algo mais leve.
Coragem, Camarada!
O segundo turno te aguarda.

Dez para as cinco da tarde,
Ele é chamado na administração:
Será mais uma bronca?
Ou a escala para o próximo serão?
Quiçá até um aumento ou promoção?
Ouviram-se rumores e boatos:
“Mudanças ocorrerão!”

Chega em casa cabisbaixo
E coloca sobre a mesa,
Onde deveria pôr o pão,
Uma folha de papel,
Que é a missiva mais cruel,
Sua CARTA DE DEMISSÃO.
(Vlad Silva)

Foto de Lou Poulit

A MONTANHA E O PINTASSILGO (CONTO)

A MONTANHA E O PINTASSILGO
(Parte 3)

Assim que o primeiro lilás de manhã rasgou delicadamente o horizonte, a montanha pôs-se a se catar, sentindo ainda o mesmo pressentimento da tarde anterior, que não a havia abandonado. Procurou em cada uma das suas reentrâncias, em galhos e entre relvas, porém, nem sinal do seu amigo pintassilgo. Nem uma sujeirinha que, ironicamente, lhe alimentasse a esperança. Então, com toda certeza ele não dormira na montanha. Ora, “sua” montanha tola ― ela tentou recompor-se falando sozinha ― serves de abrigo a tantos animais, tu mesmo dissestes a ele: Que me importa, azar o teu. Pois tome vergonha nesta tua cara larga e esqueça o pintassilgo. Quando precisar de ti ele te verá de longe e não se perderá nos seus caminhos de vento. Aliás, vento é o que não falta naquela sua cabecinha.

Piadinhas e ironias serviam para aliviar a tensão da montanha, porém não se pode tapar o sol com uma peneira. E no caso, o sol estava do lado de dentro. Por algum motivo incompreensível, que entretanto, naquele momento, tinha importância de último grau na sua lista de prioridades, ele havia se tornado tão querido, que os diversos perigos do vale se afiguravam muito mais que ameaçadores. A montanha havia criado um sentimento de proteção que jamais experimentara emergir dos seus subterrâneos. Apesar de crer na esperteza e admirar a agilidade do passarinho, via-o por demais pequeno e frágil. Em se lhe retirando as penas quase nada restaria. Era uma coisinha assim, à toa, que tinha medo até de vento... Onde já se viu? Medo de vento... Devia isso sim se preocupar com cobras, gatos e gaviões, que lá por baixo são em grande número e se aproveitam da mata densa para se aproximar sem que sejam percebidos, ou emboscar os desavisados. Não bastassem todos estes perigos, ainda haviam as redes espalhadas entre os ramos por caçadores impiedosos. Deve ser uma morte lenta e desesperadora ― ela gemia só por imaginar ― a se debater e embaraçar-se cada vez mais. E à noite, então? Preso na rede, logo chamaria a atenção de um morcego, que se regalaria a chupar calmamente o seu sanguinho tão pouquinho. Isso é menos o atendimento de uma necessidade básica e bem mais um exercício de degustação, nada charmoso na opinião da vítima.

Enquanto a montanha se catava, se torturava imaginando sanguinolentas desgraças, o sol prosseguia em seu caminho. Rapidamente a tarde chegou e logo os lilases acenavam no horizonte, o dia partia e a escuridão da noite não se demoraria. Durante aqueles imensos minutos, a montanha buscou freneticamente algum sinal do pintassilgo mas, para seu desespero, inutilmente. Então, entregue à sua própria fragilidade emocional, lamentou ser uma montanha. Tantas vezes invejara o pintassilgo quando ele saltitava em sua dança, ou quando fazia espetaculares manobras de vôo, ou ainda quando, tão despreocupadamente, ele simplesmente se espreguiçava. Observando-o nesses momentos, ela tinha a impressão de que, com tão comezinho gesto, ele era capaz de libertar do seu corpinho todas as energias noduladas e indesejáveis. Ah, como a montanha, há tantos milênios acomodada sob o próprio imenso peso, gostaria de saber fazer isso também. E com certeza não poderia fazê-lo em poucos meses.

Naquela noite a montanha não conseguiu pregar os olhos. Sabia que os pintassilgos não são notívagos, não havia uma chance de que ele surgisse das sombras, nem mesmo de que cantasse. Mas a cada pio de outros pássaros ela se permitia a ilusão, como forma de combater o desânimo, com base no reconhecido talento do pintassilgo para imitações. Chegou o novo dia e, um por um, seguiram-se vários outros dias e noites. A montanha havia se determinado a não desistir jamais e, investigando os sons do dia e da noite, descobriu uma grande variedade de animais que habitavam suas encostas e platôs, sem que, contudo, houvesse lhes dado antes alguma importância. Além disso, descobriu também uma outra variedade, em muito maior número, de animais que não emitiam nenhum tipo de som, mas que não apenas existiam como também mostravam-se muito ativos. E que todos tinham em comum uma relação vital consigo. Por todas as partes, na superfície e até mesmo nas suas entranhas, eles nasciam, viviam, se proliferavam e morriam. Muitos deles não viviam mais que um único dia, entretanto, enquanto esperava o reaparecimento do pintassilgo, a montanha pode acompanhar a vida de seres que vivem meses, no passo das estações climáticas, e de outros que vivem ainda por mais tempo. Nenhum deles substituiria o seu tão querido pintassilgo, que ela não cansava de esperar; nenhum deles, por mais tempo que vivesse, tinha longevidade comparável à da montanha; entretanto, nos últimos tempos ocorrera uma mudança de que apenas agora ela se dava conta. Não se tratava de uma mudança de nenhum dos animais individualmente, mas sim da própria montanha, e isso aumentava enormemente a ausência do pássaro, tão pequeno e tão importante, tão frágil e tão soberano na sua fantástica memória milenar. Mantivera com ele, até que desaparecera, um contato por demais curto, tempo usado na maior parte para críticas e julgamentos de pontos de vista particulares; todavia, ele estivera de tal modo presente na incansável busca da montanha, na esperança obstinada, que conseguira o que fora impensável para ela, somente por ser o motivo para isso: o pintassilgo não movera a montanha, mas fizera com que ela mesma deslocasse o seu próprio centro.

(Segue)

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