Razão

Foto de quimnogueira

Poema do grito...(Quim Nogueira)

Na solidão do meu remorso do bem que pude fazer e não fiz,

porque não pude ou porque não quis ?...

Eu revejo meus erros e me transformo em borracha;

borracha que apague a razão de aqui estar !

Na solidão do meu erro, do cometido consciente

ou do inconsciente assumido,

eu choro pelo vazio não preenchido,

pela vaga existente...

Por ficar, não ter ido...


Na solidão da minha mágoa sentida eterna e cadente,

eu revejo a ternura que em ti vive,

o carinho ardente do amor que busquei e... não tive.

Parto então em nuvens de gritos abafados

dum coração que arde sangrando,

não pela cruz que carrego mas pela cruz que outros,

irmãos meus, vão transportando.

As nuvens abafam meus gritos

sufocando as gargantas dos Deuses,

que nos seus pedestais,

me negam suas existências para num só Deus,

eu me mergulhe no cais.

Cais onde aporto meu arfar;

cais onde aporto meu ardor;

cais onde me fico, onde me sinto,

onde sou aquilo que sou !

As amarras então se me soltam e do cais me vejo partir...

Para onde vou ?...

Se é aqui que sinto que sou !...

Então, me agarro mais uma vez

e as ondas me embalam devagarinho...

ora fortemente, ora docemente...

E, então, o frio me invade.

Mas é nesse frio que me aqueço;

no frio das lágrimas dos que lentamente

enchem os sulcos do meu mar, deixando antever,

num só olhar, os adeuses perdidos

os choros sentidos

dum barco, só...a navegar !

E as amarras se me soltam...

e as ondas se revoltam...

e os outros barcos nunca mais aportam !

E na solidão do meu remorso do bem que pude fazer e não fiz,

sinto-me voar em altos céus

desejando vencer a inércia do meu desejo,

lutar a teu lado, meu Deus,

sentir-me junto, como um afago,

vencendo os medos,

vencendo os choros,

vencendo as ondas,

vencendo os gritos !

Quim Nogueira

Foto de LEOANDRADE

Planeta e Satélite (Leonardo Andrade)

Onde sou ciência,

Você é religião,

Onde sou paixão,

Você tem os pés no chão.

Somos tão diferentes

que chegamos a ser iguais

como que espelhados

inversamente proporcionais ...

A nossa improvável intersecção

é mais forte que qualquer repulsão,

o amor que nos une e ata

impede que nos afastemos

Vivemos como um planeta

e seu satélite girando ao redor

se aproximando...se distanciando

mas sem jamais deixar de se olhar

Oscilando dentro de um limite

brincando de pega - pega

segurando e largando ...

nunca perdendo o contato ...

Essa órbita que nos liga e distancia

é a razão do nosso viver

sem termos um ao outro

seríamos corpos solitários no infinito ...

Vagando ...

sem rumo ...

ao sabor de forças externas

alheias

Foto de LEOANDRADE

Partida (Leonardo Andrade)

Você se foi com a noite

e o novo dia não trouxe luz

Você levou minha alma,

deixou um corpo vazio ...

vagando entre rostos inexpressivos,

lugares sombrios,

palavras sem emoção,

vidas sem razão.

O jardim não tem mais flores,

as paisagens perderam suas cores.

Não há mais risos, só dores ...

Aqui, em mim, sobreviverá um terreno estéril, semi-morto.

Enterrada bem no fundo uma única semente,

tênue esperança de renascimento.

Só pode florescer sendo regada pela saliva dos seus beijos

ou pelas lágrimas de felicidade da sua volta...

Volte .. antes que o deserto queime a esperança e a semente seque.

Enterrando um amor que morreu por amar demais

Leonardo Andrade

Foto de LEOANDRADE

Desejo (Leonardo Andrade)

Desejo

seu molhado beijo

seguido do intenso cortejo

num insano ensejo

de um suave molejo



Desejo

seu corpo ardente

escultura quente

perfeito presente

de corpo e mente

Desejo

unir seu corpo ao meu

preciso himeneu

completo apogeu

enlace ateu

Incapaz de crer na vida além de nós

pois quando estamos sós

somos música sem voz

laços sem nós

hiato sem solução

ausência de definição

céu sem emoção

existência sem razão.

vem ,vamos seguir nosso caminho

construir nosso ninho

pisar nosso vinho

sem qualquer espinho ...

Leonardo Andrade

Foto de Glasswaltz

Por acaso (Glasswaltz)

Para a nuka

Como pelo brilho da manhã

Uma folha desperta do seu ramo

Como um sinal ou sintonia

Sem aparente razão

Ela sai do seu casulo

Desperta para um novo mundo

Um mundo onde tudo interage

Onde vê tudo pela primeira vez

Mostro o belo da vida

Mas ela recua...

Sem saber qual o seu destino ela

Revela-se um pouco distante

Talvez na desconfiança

Desconfianca que a vida

Não hesitou em lhe dar

Talvez seja das circunstâncias

Um acaso da vida

Um destino inconstante

Uma verdade escondida

Mas ela não resiste

Talvez seja a curiosidade

Talvez esteja perdida

Nesta vida inconstante

Nesta vida perdida



Glasswaltz

Foto de Patrícia

A uns olhos negros (Francisco de Vasconcelos)

Olhos negros, que da alma sois senhores

Duvido com razão desse atributo,

Que é muito, que quem mata, traga o luto,

E é muito ver na noite resplendores.


Se de negros, meus olhos, tendes cores,

Como as almas vos dão hoje tributo,

Quem viu que os negros com rigor astuto

Os brancos prendam com grilhões traidores.

Mas ah, que foi discreta providência

O fazê-los da cor da minha sorte,

Por não sentir rigor tão desabrido.

Para que veja assim toda a prudência

Que foi prodígio grande, e pasmo forte,

Em duas noites ver o Sol partido.

Francisco de Vasconcelos (1665-1723)

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