Ridículo

Foto de Ivone Boechat

Confissões de um menor abandonado

Eu sei que sou culpado,
não tive a capacidade de assumir a administração de minha vida, não fui capaz de resolver as emoções infantis nem consegui equilibrar-me sobre os obstáculos que herdei da sociedade.
Até que me esforcei! Olhei para a vida de meus pais, porém, os desentendimentos de seu casamento falido nublaram os tais exemplos de que ouvi falar, só falar.
Não tive o privilégio de me aquecer no meu próprio lar, porque faltou-lhe a chama do amor, sustentando-nos unidos. Cada qual saiu para o seu lado. Na confusão da vida me perdi.
Candidatei-me à escola. Juntei a identidade civil ao retrato desbotado, botei a melhor farda de guerreiro, entrei na fila. Humilhado por tantas exigências, implorando prazos, descontos e vaga, sentei-me num banco escolar, jurei persistência, encarei o desafio.
- Joãozinho, você não sabe sentar-se?
- Joãozinho, seu material está incompleto.
- Joãozinho, seu trabalho de pesquisa está horrível.
- Joãozinho, seu uniforme está ridículo.
A barra foi pesando, fui sendo passado para trás e vendo que escola é coisa de rico. Um dia, arrependi-me, mas a professora se escandalizou das faltas (nem eram tantas!) e disse que meu nome já estava riscado, há muito tempo. O que fazer? Dei marcha à ré ali e, olhando a turma, com vergonha, fui saindo.
Moro nas marquises, debaixo da ponte, nas calçadas e não moro em lugar nenhum. Tenho avós, pais, irmãos e primos, mas não tenho família. Tenho idade de criança e desilusões de adulto. Minha aparência assusta as pessoas e nada posso fazer. A cada dia que passa, estou mais sujo, mais anêmico, mais fraco.
Sou um rosto perdido, perambulando, em solo brasileiro. Na verdade, chamam-nos menores, todavia, somos os maiores desgraçados.
Vendo balas num sinal de trânsito que muda de cor a cada minuto. Quando o sinal fica vermelho, os carros param, meu coração dispara. Para nós, menores abandonados, o vermelho é a cor da esperança.

Ivone Boechat

Publicado no livro Por uma Escola Humana, pág.121 Ed. Freitas Bastos, RJ 1987

Foto de carlosmustang

TI AMO

Prantos olhares agora
Lugares estranho
Caminho enfadonhos
Tantas perguntas

Achava que eles sabiam!
E aquele amor que eu tinha
Ao ponto de que engravidasse
Enfim o mundo significasse

Vivia tão ridículo
Toda esmola não importava
Velei em me baixo estima

Quase me tiraram a vida
Não que eu implorasse que tira
Mas não naquele dia

Foto de carlosmustang

TI AMO

Prantos olhares agora
Lugares estranho
Caminho enfadonhos
Tantas perguntas

Achava que eles sabiam!
E aquele amor que eu tinha
Ao ponto de que engravidasse
Enfim o mundo significasse

Vivia tão ridículo
Toda esmola não importava
Velei em me baixo estima

Quase me tiraram a vida
Não que eu gostasse que tira
Mas não naquele dia

Foto de carlosmustang

SUBALTERNOS

Olhando do lado de fora
Valendo o ridículo
Exigir do amor, uma edicula
Fazendo da gata lagartixa

E o bebe, louca pra amar
Vergonha na cara e valorizar
Tem vida boa, amar em duo
Principalmente quem preza

Sua nenem é só sua
E amar é virar nessa gatinha
Nessa buscada, amada, venho

A noite é linda, tendo vc
Me conhecendo, sempre em detalhes
Já fazendo na as suas regras

Foto de carlosmustang

INDENCES

Estas ai, ai
To louco arranhando a tela
Desejo tocar-te, beijar seu semblante
To ridículo, te homenageando, amando!

Quero tocar seu sorriso, amar-te
Socorro to amando a tela

Quero arranhar você
Ti encher de prazer
Quero venerar sua carne.

Sentir o prazer de lhe sussurrar
Ver-te aqui pra amar

Foto de Rosamares da Maia

Vida de Palhaço

Vida de Palhaço

Não retirem a mascara do palhaço,
Há um riso impresso na caricatura
Que não podemos macular, arranhar,
Porque a mascara é sua marca impressa.
Não desmistifiquem os seus segredos,
Não desfaçam os gestos atrapalhados,
O seu desempenho ridículo e desengonçado.
Ouçam as gargalhadas da plateia!
O aplauso reforça a sua crença.
“...E o palhaço o que é?...”
Sem mascara? Sem pantomima ridícula?
É nada...sou ninguém.
Quem aplaudiria as lágrimas de um palhaço?
“...Hoje tem marmelada?...”
Sobrevive no peito a dor que mata o homem.
Mas viva o sorriso desenhado na máscara do rosto!
Lágrima é piada que escorre em uma gargalhada.
Quem ama um palhaço que chora?
Quem quer um palhaço triste?
E um palhaço triste o que é? É ladrão da risada.
Hoje te marmelada? Tem... é a vida do palhaço.

Rosamares da Maia /26 de março de 2012.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Sem Açúcar

Dizer o óbvio e nada mais que o óbvio;
O real sem firulas
Não sou o Neymar;
A retórica sincera
A habilidade dialética de um Sarney;
Mulheres de roupa
Social worker:
A dignidade é um caminho muito longo
E muito simples ao seu final.

A vontade de ganhar na loteria
A falta de medo de parecer banal.
Poesia posada?
O cacete

Despir-se do ideológico
É o cúmulo da seriedade:
A falta de medo de parecer ridículo
E ser.

Foto de carlosmustang

SÃO APENAS.....PEQUENAS

Que bom que a nossa existência fosse um filme
Via o que de ridículo exibiríamos, erros
Avaliaremos nossa posição, desejos
As escolhas, torcer para um time

Arrependimento, afetação a mim
Paralisar com críticas
Tolher com místicas
Obliquar enfim

Pra valer
Tambem
Amém

Viv

Q................................................
...................................................
........

Foto de João Victor Tavares Sampaio

A Flor do Desespero

“Para dizer a verdade, não nasci nem do Caos, nem do Orco, nem de Saturno, nem de Japeto, nem de nenhum desses deuses rançosos e caducos. É Plutão, deus das riquezas, o meu pai. Sim, Plutão (sem que o leve a mal Hesíodo, Homero e o próprio Júpiter), pai dos deuses e dos homens; Plutão, que, no presente como no passado, a um simples gesto, cria, destrói, governa todas as coisas sagradas e profanas; Plutão, por cujo talento a guerra, a paz, os impérios, os conselhos, os juízes, os comícios, os matrimônios, os tratados, as confederações, as leis, as artes, o ridículo, o sério (ai! não posso mais! falta-me a respiração), concluamos, por cujo talento se regulam todos os negócios públicos e privados dos mortais; Plutão, sem cujo braço toda a turba das divindades poéticas, falemos com mais franqueza, os próprios deuses de primeira ordem não existiriam, ou pelo menos passariam muito mal; Plutão, finalmente, cujo desprezo é tão terrível que a própria Palas não seria capaz de proteger bastante os que o provocassem, mas cujo favor, ao contrário, é tão poderoso que quem o obtém pode rir-se de Júpiter e de suas setas. Pois bem, é justamente esse o meu pai, de quem tanto me orgulho, pois me gerou, não do cérebro, como fez Júpiter com a torva e feroz Minerva, mas de Neotetes, a mais bonita e alegre ninfa do mundo. Além disso, os meus progenitores não eram ligados pelo matrimônio, nem nasci como o defeituoso Vulcano, filho da fastidiosíssima ligação de Júpiter com Juno. Sou filha do prazer e o amor livre presidiu ao meu nascimento; para falar com nosso Homero, foi Plutão dominado por um transporte de ternura amorosa. Assim, para não incorrerdes em erro, declaro-vos que já não falo daquele decrépito Plutão que nos descreveu Aristófanes, agora caduco e cego, mas de Plutão ainda robusto, cheio de calor na flor da juventude, e não só moço, mas também exaltado como nunca pelo néctar, a ponto de, num jantar com os deuses, por extravagância, o ter bebido puro e aos grandes goles.”

- O Elogio da Loucura (Erasmo de Roterdã)

Louçã
A filha da morte
Mãe dos desencontrados
A Loucura, quente frieza
Tem a razão;
A Loucura assim em clareza
É pura escuridão

Esqueçam de cobra ou maçã
Pecados
De um raciocínio consorte
Falso cristão:
A simbiose, que é doce ilusão
O educar do prazer
A realidade do reproduzir
Não tem efeitos comprovados;
Se alguém tentar introduzir
O dever
Ou outra asneira em semelhança,
Se lembre de quando em criança
O mundo que nos parece acolher
Trai-nos em manso
Em lento avanço
De sermos adultos e suficientes
Sábios e clarividentes

Em ser injusto e imperfeito
O mundo que soa ideal
Passa longe de satisfeito;
Ou seja:
No final da vida é o final
Ao invés do que se almeja
Que se encontra ao natural;
Sem moral ou solução
Sem nexo de orientação;
Sendo a falha em seu ardor
A máquina em seu labor;
Eis o humano enfim descrito
Pequeno e frágil ao infinito;
Entregue
Ao destinar que lhe carregue;
Sendo insano por lutar
Por nadar em naufragar;
Pois isso explica a loucura
E o amor:
Nada mais que a abertura
O botão da semeadura
De um desespero em flor

Foto de Belinha Sweet Girl

Estar só

E quando a solteirice é tão antiga e tão enraizada que chega a irritar? A mulher solteira conta vantagem sempre que pode sobre suas amigas comprometidas. "Gosto de ser livre", ela diz, com toda uma pompa de mulher independente. Pergunte a ela se é feliz, e essa pompa se desmanchará, dando lugar a uma cara de mulher desiludida e sem esperanças.
O mais incrível é que a mulher solteira [de orgulho ferido] se sente no direito de achar que qualquer casal que anda de mãos dadas e se beija em público é louco. E ainda diz "Que gente mais melosa!", como se fosse a cena mais absurda já vista. No fundo ela queria estar vivendo o mesmo, sentindo o mesmo frio na barriga. A verdade é que ela passou tanto tempo sem amar que passa a achar ridículo quem ama e se entrega a esse sentimento.
A mulher solteira que diz "gostar de ser livre" é apenas uma mulher desiludida com o amor. Simplesmente ainda não apareceu alguém que mexesse com ela. Não quer dizer que quando ela recusa convites pra sair ela realmente QUEIRA ser solteira.
Também tem muito de medo envolvido nessas situações. Talvez a mulher solteira tenha medo de se envolver a ponto de se apaixonar, e de repente descobrir que não é [não foi ou não será] correspondida. Tem medo de amar sozinha. Medo de sofrer. Sendo assim, ela prefere dizer que não se compromete, que não quer namorar e nem casar, que homem só traz problema, etc. Ah, e também costuma recusar mil convites pra sair, e na maioria das vezes culpa o trabalho por isso. A mulher solteira deixa de se dar uma oportunidade de ser feliz, por medo de amar, ou por medo de não agradar o outro, ou por falta de amor próprio.
Ela esquece que só se vive uma vez, e que a vida passa rápido. Esquece que faz parte da vida errar nas escolhas e sofrer por elas. Esquece que de tudo que se vive, se tira uma lição. Esquece de sonhar, de enlouquecer de vez em quando. Esquece de viver. Esquece que o amor é um mal necessário.

Páginas

Subscrever Ridículo

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma